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A RELAÇÃO ENTRE STRESS, PADRÃO TIPO A DE ..., Slides de Energia

fontes internas de stress: o padrão Tipo A de comportamento (Friedman ... stress, oriundo de suas próprias características de personalidade, ...

Tipologia: Slides

2023

Compartilhado em 16/01/2023

Jandiara62
Jandiara62 🇵🇹

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Baixe A RELAÇÃO ENTRE STRESS, PADRÃO TIPO A DE ... e outras Slides em PDF para Energia, somente na Docsity! A RELAÇÃO ENTRE STRESS, PADRÃO TIPO A DE COMPORTAMENTO E CRENÇAS IRRACIONAIS* Marilda E. Novaes Lipp** Pontifícia Universidade Católica de Campinas Maria José Gomes da Silva Nery** Centro Psicológico de Controle do Stress Maria Auxiliadora Chelegon Curcio Maria Rocha Pádua Pereira Pontifícia Universidade Católica de Campinas RESUMO - O presente trabalho avaliou a relação entre stress e duas fontes internas de stress: o padrão Tipo A de comportamento (Friedman & Rosenman, 1974) e crenças irracionais (Ellis, 1973). Cem pacientes que procuraram o treino de controle de stress no CPCS foram analisados em termos do nível de stress que apresentavam, o número e o tipo de crenças irracionais e a presença do padrão do Tipo A de comportamento. Observou-se que 73% dos pacientes foram classificados como Tipo A contra 27% clasificados como Tipo B. Pacientes do Tipo A tinham um número maior de crenças irracionais. A crença mais freqüentemente exi­ bida foi a de que "se deve ser absolutamente competente, inteligente e merecedor de todo o respeito". A variável sexo não fez diferença signfi- cativa nas comparações feitas. Verificou-se também que a maioria dos pacientes se encontrava na fase de resistência do stress. Os dados fo­ ram interpretados a favor da hipótese de que há uma correlação entre stress, Tipo A de comportamento e crenças irracionais. THE RELATIONSHIP BETWEEN STRESS, TYPE A BEHAVIOR AND IRRATIONAL BELIEVES ABSTRACT - The present study evaluated the relationship between stress and two internal sources of stress: Type A behavior pattern (Friedman and Rosenman, 1974) and irrational believes (Ellis, 1973). One hundred patients who had seeked stress management training at the CPCS were analysed in terms of their stress level, the number and type of irrational believes endorsed and the presence or absence of Type A * Esta pesquisa foi parcialmente financiada pelo CNPq através de Bolsas de Aperfeiçoamento para as duas últimas autoras. Agradecemos a colaboração das psicólogas Ana Silvia F. Romano e Maria Aparecida Covoian, por reverem e nos cederem os dados dos pacientes do CPCS. Agradecemos também ao Senhor Rei­ naldo Curcio pela cooperação prestada com o estudo computacional dos dados. ** Endereço: PUCCAMP: Rua Villagelin Jr., 175, Cambuí, 13025, Campinas, SP; CPCS: Rua Hilde- brando Siqueira, 44, Cambuí, 13023, Campinas, SP. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, V. 6, № 3, pp. 309-323 309 behaviors. It was found that 73% of the patients were classified as Type A, against 27% Type B. Patients who exibited Type A behavior pattern had a greater number of irrational believes. The belief most often held was that "one should always be competent, inteligent and deserving of all respect". Sex had no significant difference in all comparisons and most patients were found to be at the resistance phase of stress. The data obtained was interpreted in favor of the hipothesis that there is a correlation between stress, Type A behavior pattern and irrational believes. Stress e o Padrão Tipo A de comportamento são fenômenos que gradualmente têm recebido mais e mais atenção por parte dos cientistas da área da psicologia da­ das as conseqüências físicas e psicológicas que acarretam. O número mais recente do American Psychologist (out. 1990), por exemplo, contém nada menos do que três artigos sobre stess (Hatfield, 1990; Keita, 1990; e Levi, 1990). No Brasil estes tópicos são ainda pouco estudados cientificamente e, portanto, é interessante rever como estes conceitos se desenvolveram em outros países. Em 1936 Selye, pela primeira vez, usou o termo Síndrome do Stress ou Sín­ drome geral de adaptação para descrever as reações negativas do organismo a di­ versos estímulos. No mesmo artigo, ele propôs o nome de reação de alarme ou de alerta para designar as mudanças que ocorrem no organismo num primeiro momento, quando ele se depara com um estressor. Duas outras fases do stress foram também identificadas por Selye: a de resistência e da exaustão. Se, durante a fase de alerta, a exposição ao estressor for muito drástica, o indivíduo vem a perecer. Se ele conse­ gue sobreviver, a reação inicial é seguida pela fase de resistência e ele se adapta temporariamente. Interessantemente, esta adaptação é perdida, se o organismo con­ tinuar a sofrer pressão em demasia e ele entra, então, na fase de exaustão caracteri­ zada pelo desgaste ou perda de energia adaptativa. As reações bioquímicas de cada fase diferem significativamente e, portanto, é possível identificar em que fase de stress o organismo se encontra. Selye (1984) salienta que a energia adaptativa é finita e que várias doenças podem ocorrer quando ela está chegando ao fim, como enfarte, úlceras, problemas dermatológicos, etc. Definições mais recentes indicam que stress ê a reação que se tem a um evento diante do qual o organismo necessite fazer um esforço maior para se adaptar (Everly, 1990). Tudo aquilo que possa, bem ou mal, manter o organismo em inquietude cria stress (Lipp, 1984; Lipp, Romano, Covolan e Nery, 1986). Do mesmo modo que bons e maus eventos podem causar stress, a natureza da fonte de stress pode ser tanto de origem física (frio, fome, etc.) como psicológica. Pincus e Hoagland (1943) foram os primeiros a demonstrar a importância dos fatores psicológicos na indução do stress, quando comprovaram aumento de excreção de 17 corticosteróides em pilotos e instrutores de avião, após situação de vôos simulados. Um fator psicológico que parece estar diretamente relacionado a índices altos de stress é o que se refere ao Tipo A de comportamento. A noção de sua importância foi desenvolvida por dois cardiologistas, Meyer Friedman e Ray Rosenman (1974) após terem notado algumas características em comum em pacientes enfartados. Em uma de suas pesquisas iniciais nesta área foi perguntado a um grupo de homens de negó­ cios o que achavam que causara o enfarte de seus amigos. Mais de setenta por cento 310 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, V. 6, № 3, pp. 309-323 adulto precocemente. Neste trabalho apontou-se que 42% dos Tipo A eram primogê­ nitos ou filhos únicos (Lipp e col., 1988). Na opinião dests autores, tudo o que uma pessoa fizer para reduzir esse com­ portamento Tipo A, reduzirá os riscos de enfarte; por isto, estudos nesta área tornam- se de vital importância no sentido de se entender melhor o comportamento Tipo A e de se desenvolver formas de evitá-lo e controlá-lo. Rotman (1984) menciona que estudos recentes com animais e seres humanos demonstraram que o stress e outras emoções afetam as reações imunológicas e muitas funções vitais. Menciona também que o que é estressante para uma pessoa pode ser estimulante para outra e que é a maneira como a pessoa reage aos aconte­ cimentos da vida, e não os acontecimentos em si, que influencia a suscetibilidade a doenças. Não lidar bem com a tensão pode prejudicar a capacidade de combater a enfermidade, enquanto que enfrentá-la adequadamente pode refletir uma dureza psi­ cológica que protege. No entanto, Lipp (1984) observa que a suscetibilidade das pes­ soas ao stress varia dependendo da habilidade das mesmas em lidarem com os eventos estressores. Kobasa (1979) sugere a existência de um fator ao qual denomi­ nou de hardiness (resistência), que implica na habilidade de se lidar com estressores e que explica porque algumas pessoas adoecem e outras não, quando sujeitas ao mesmo nfvel de stress. Esse fator se relaciona a um conjunto de atitudes para com a vida, que envolve: 1) abertura para mudanças; 2) sentimento de envolvimento e com­ prometimento com o trabalho, a família, emprego, religião e/ou quaisquer empreendi­ mentos realizados; 3) uma sensação de controle sobre os eventos. De Longis, Folkman, Gruen e Lazarus (1985) oferecem um modelo de stress que se centraliza nas reações da pessoa a um estressor. Para eles o indivíduo reage de forma global: fisiológica, psicológica e comportamental nas situações de stress, em relação ao grau de ameaça percebido e em função de experiências passadas, sendo que a resposta do indivíduo é medida pelo seu Sistema de Avaliação que compreende processos cognitivos e emocionais. Spielberger (1979) observou que um determinado estressor pode afetar dife­ rentes pessoas de diferentes maneiras, dependendo das avaliações e interpretações individuais. Como o nfvel de stress experimentado pela pessoa depende em grande parte da interpretação que é dada ao evento (Ellis, 1973), isto é, das crenças que se tem quanto àquela situação, a pesquisa sobre interpretações e crenças, torna-se de grande importância para os trabalhos na área do stress, pois se sabe que crenças podem atuar como potentes fontes de stress. Além disto, observou-se que indivíduos Tipo A têm auto-expectativas muito acima da média e que eles próprios não se apercebem de todas as exigências que se auto-impõem (Kelly e Stone, 1987). Suls, Bucker e Mullem (1981) verificaram que os indivíduos Tipo A parecem comparar seu desempenho sempre com o desempenho ideal e não com a média, atitudes estas que são baseadas nas crenças relativas à necessidade de ser perfeito e ter controle sobre tudo. Estas crenças, entre muitas outras, foram designadas por Ellis (1973) de crenças irracionais porque contrariam a lógica e a razão, já que correspondem a expectativas que são impossíveis de se­ rem satisfeitas. Em suma, a literatura indica que o nfvel de stress do indivíduo, em da­ do momento, depende não só dos eventos externos (Holmes e Rahe, 1967), mas também do seu mundo interno (McGuigan, 1989) que é constitufdo de suas crenças, isto é, seu modo de ver a vida e reagir às ocorrências e de suas características de comportamento A ou B. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, V. 6, № 3, pp. 309-323 313 Frente aos vários aspectos mencionados, a presente pesquisa pretendeu ava­ liar e correlacionar o nível de stress dos sujeitos, seu Tipo A ou В de comportamento e suas crenças irracionais. MÉTODO Sujeitos Foram levantados dados dos cem primeiros pacientes que procuraram o Centro Psicológico de Controle do Stress (CPCS). O CPCS é uma entidade que se dedica a pesquisas sobre o stress psicológico e ao seu tratamento desde 1985 em Campinas, São Paulo. Os sujeitos (51 mulheres e 49 homens), com idades entre 25 e 45 anos, eram de classe sócio-econômica média-alta. Destes sujeitos, 11% tinham primeiro grau completo, 26% o segundo grau e 63% eram de nível universitário. Dentro do referencial comportamental em que atua, o CPCS mantém dados detalhados sobre todos os casos tratados, o que inclui resultados de testagens, linha de base quanto a problemas identificados, plano objetivo de tratamento e avaliação fi­ nal do trabalho realizado. Esta informação é mantida em pastas individuais que foram analisadas na obtenção dos dados aqui apresentados. Total sigilo quanto aos nomes dos pacientes foi mantido, já que estes foram co­ bertos nas pastas, com fita crepe, pelas psicólogas do CPCS que fizeram o atendi­ mento clínico, antes das pastas serem encaminhadas ao setor de pesquisa. Material utilizado Utilizou-se pastas de pacientes do CPCS, destacando-se os dados obtidos na entrevista inicial, dados clínicos quanto à fase do stress em que o paciente se encon­ trava, dados contidos em um formulário para compilação dos dados e material de testa­ gem (Inventário do Comportamento Tipo A e Levantamento de Crenças Irracionais). O material de testagem utilizado (Tipo A e Crenças) fornece informações sobre como a pessoa interpreta o seu mundo e como nele ela atua. Inventário de Comportamento Tipo A Este inventário conta com 10 afirmações que devem ser respondidas pela es­ colha falso ou verdadeiro, feita' pelo paciente. Os itens foram elaborados por Lipp (1985) com base nas características do padrão Tipo A identificadas por Friedman e Rosenman (1974) e o conjunto das respostas indica se a pessoa possui o padrão de comportamento Tipo А, В ou misto dos dois. Este inventário se refere a três traços do padrão A de comportamento: pressa, hostilidade e polifasia (ou seja, a habilidade de pensar ou fazer mais do que uma coisa de cada vez). Itens típicos são: - "Sinto um vago desconforto ou remorso quando não estou fazendo nada". - "Irrito-me com as pessoas que incluem muitos detalhes em sua fala". Inventário de Crenças Este instrumento, composto de doze afirmativas em relação às quais o paciente deve responder concordo, discordo ou não sei (Quadro 1), foi elaborado com o fim de estudar as crenças irracionais descritas por Ellis (1973). 314 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, V. 6, № 3, pp. 309-323 VOCÊ VAI LER ABAIXO 12 FRASES. COLOQUE NA COLUNA O QUE EXPRESSE MAIS DE PERTO A SUA PRÓPRIA OPINIÃO EM RELAÇÃO A CADA UMA DAS FRASES. EXPLIQUE O PORQUÊ: С = Concordo; D = Discordo; N = Não sei 1) É extremamente necessário para um ser humano ser aprovado ( ) por todos, em tudo que faz 2) Certos atos são terríveis e pecaminosos e, por isso, devem ser ( ) severamente punidos 3) É horrfvel quando as coisas não são exatamente do jeito que gosta- ( ) ríamos que fossem 4) As desgraças do ser humano são causadas por pessoas e/ou ( ) eventos externos 5) Se alguma coisa pode ser perigosa ou amedontradora, deve-se fi- ( ) car extremamente perturbado por isso 6) É mais fácil evitar do que enfrentar as dificuldades da vida e as ( ) próprias responsabilidades 7) As pessoas sempre precisam de alguém mais forte do que elas ( ) próprias para se apoiar 8) Deve-se ser absolutamente competente, inteligente e merecedor ( ) de todo respeito 9) Porque algo afetou fortemente a vida de alguém um dia, vai conti- ( ) nuar a afetá-lo indefinidamente 10) Deve-se ter um controle absoluto e perfeito sobre as coisas. . . . ( ) 11) A felicidade humana pode ser adquirida através da inércia e ina- ( ) ção 12) Não se tem praticamente nenhum controle sobre as próprias emo- ( ) ções. Não se pode cotrolar as emoções que certos eventos nos causam Quadro 1 - Inventário de crenças. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, V. 6, № 3, pp. 309-323 315 Tabela 2 - Quantidade de crenças dos sujeitos em cada tipo de comportamento. Quantidade de Crenças Tipo de Comportamento A В Número de sujeitos % Número de sujeitos % Nenuma 5 6,8% 7 25,9% 3 crenças ou mais 58 79,4% 14 51,8% 5 crenças ou mais 35 47,9% 6 22,2% 8 crenças ou mais 11 15% 3 11% dependente do sexo, quando comparadas com os pacientes que se encontravam em fase mais avançada de stress. A média de crenças das pessoas na fase de Alerta fi­ cou em torno de 1,8, enquanto que na fase de Resistência a média das crenças esta­ va em torno de 4,0 e na fase de Exaustão em torno de 4,2. DISCUSSÃO Como se pode constatar nos resultados do presente trabalho, da amostra de cem clientes que procuraram tratamento em controle do stress, 73% tinham o Tipo A de comportamento. Tal descoberta pode ser interpretada de vários modos que care­ cem de averiguação futura. Primeiro, é possível que o Tipo A seja mais vulnerável ao stress, oriundo de suas próprias características de personalidade, como por exemplo: hostilidade, pressa. competitividade, pensar e/ou fazer duas ou mais coisas ao mesmo tempo e outras, conforme proposto por Friedman e Rosenman (1974). Por outro lado, pode ser que, simplesmente, o Tipo A tenha uma maior abertura ou motivação para procurar auxílio psicológico, ou que exista um número maior de pessoas do Tipo A, pelo menos na cidade onde a pesquisa foi realizada. Seria interessante comparar clientes do CPCS que procuram terapia em geral, em oposição ao controle do stress especificamente para se verificar se estes pa­ cientes são também em sua maioria Tipo A. Tal pesquisa seria útil para determinar as porcentagens de Tipo A e Tipo В de pacientes em terapia ou na população em geral. Outro ponto que merece ser destacado é que dos clientes que procuraram tra­ tamento para controle do stress, 51% eram mulheres e 49% homens; por observa­ ções clínicas, constata-se que a grande maioria das pessoas que procura tratamento psicológico, no geral, são mulheres; dado este que não se confirma quando se trata de controle do stress. Isto talvez porque os homens resistam menos a procurar ajuda quando se trata de controle do stress que, provavelmente, tenha para eles uma co­ notação de algo diferente, haja visto alguns artigos que enfatizam que o "stress é o Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, V. 6, № 3, pp. 309-323 318 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, V. 6, № 3, pp. 309-323 319 Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino A AB В TOTAL A AB В TOTAL A AB В TOTAL A AB В TOTAL A AB В TOTAL A AB В TOTAL 30 5 6 41 28 8 2 38 5 1 1 7 4 2 6 3 3 3 5 5 4,43 4,80 3,67 5 0,75 5,50 5,80 0,00 6,00 5,75 3,50 2,67 2,0 Tabela 3 - Fases do stress, sexo dos sujeitos, tipos de comportamento e média de crenças irracionais. Fase Sexo Tipo de Número Média comportamento pessoas crenças mal dos competentes"; tirando também o estigma de se ter algum problema psicológi­ co ou emocional. Quanto à fase do stress, verificou-se que 8,2% dos Tipo A e 18,1% dos Tipo В se encontravam em fase de Alerta. Isto talvez signifique que menos sujeitos Tipo A procurem tratamento a nível preventivo, só buscando numa fase mais adiantada, a de Resistência. Nesta fase do stress, como afirma Selye (1956), a pessoa sente um mal estar sem causa específica, e experiência problemas de concentração e memória, que foram os sintomas encontrados nas queixas constantes das pastas dos pacientes diagnosticados como estando em fase de Resistência. Tais sintomas certamente in­ terferem no desempenho profissional de qualquer pessoa. Como para os indivíduos Tipo A o desempenho profissional é muito importante, talvez eles tendam a procurar mais ajuda, quando ocorrem os sintomas desta fase do stress - a de Resistência. No que se refere às crenças irracionais, notou-se que as mais freqüentes di­ zem respeito a ser competente e exercer controle sobre os acontecimentos (crenças número 3, 8 e 10). Isto denota que as pessoas testadas que procuraram tratamento em controle do stress apresentavam uma fonte interna de stress muito potente, isto é, acreditar e almejar metas impossíveis de se obter: ser sempre competente e inteli­ gente e ter um controle absoluto sobre os acontecimentos, frustrando-se ou deixando- se afetar muito emocionalmente quando isto não ocorre. As crenças menos freqüentes (números 11,12 e 6) denotam que a maioria dos sujeitos acredita que se deve atuar nas situações, enfrentando dificuldades, perse­ guindo metas e exercendo controle de suas emoções. Isto porque poucos deles crê­ em que é mais fácil evitar as dificuldades, que a felicidade pode ser adquirida através de inércia, e de que não se tem controle sobre as emoções. Além disto, constatou-se que os indivíduos do Tipo A apresentam maior número de crenças irracionais do que os do Tipo B. Por mais este fator, levanta-se a hipótese de que os indivíduos do Tipo A sejam mais vulneráveis ao stress, já que estas cren­ ças acrescentam níveis altos de stress à vida das pessoas. Aqui, levanta-se também uma outra questão: as crenças irracionais colaboram para que as pessoas desenvolvam comportamento Tipo A ou as características de comportamento Tipo A levam a ter mais crenças irracionais? Como enfatizado por Ellis (1973), a socialização da criança provavelmente con­ corre substancialmente para que as pessoas adquiram estas crenças no decorrer da vida. No que toca à aquisição do padrão de comportamento Tipo A, existe ainda gran­ de polêmica quanto a se é um traço geneticamente determinado ou se é aprendido, embora haja maior evidência a favor da hipótese de que seja o produto de influências ambientais, conforme revisto por Rosenman e Chesney (1984). Pesquisas futuras deverão focalizar mais detalhadamente a contribuição destas duas variáveis. Confirmando o fato de que crenças irracionais são potentes fontes internas de stress, notou-se que os sujeitos que estavam na fase de Alerta do stress apesenta- vam uma média de 1,8 crenças enquanto que os na fase de Resistência apesenta- vam 4,0 e os na fase de Exaustão, 4,2. Além disto, pode ser que as pessoas com a crença de que se deve ser sempre competente e inteligente e que se deva exercer controle sobre os eventos, julguem-se mais auto-suficientes e só procurem ajuda em fases mais adiantadas do stress, após tentarem resolver o problema por si mesmas. Ocorreram neste levantamento, portanto, constatações de que os indivíduos Ti­ po A são mais vulneráveis ao stress e apresentam maior número de crenças irracio­ nais. 320 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, V. 6, № 3, pp. 309-323 Spielberger, С. (1979). Understanding stress and anxiety. N. Y.: Harper and Row. Suls, J. M., Bucher, A., & Mullem, B. (1981). Coronary prone behavior, social insecured and stress among college-aged adults. Journal of Human Stress, 7, 27-34. Williams, R. В., Thomas, T. L, Lee, K. L., Kong, Y., Blumenthal, J. A., & Whalen, R. E. (1980). Type A behavior, hostility, and coronary atherosclerosis. Psychosomatic Medicine, 42, 539-549. Wright, L. (1988). The Type A behavior pattern and coronary artery disease. American Psychologist, 43 (1), 2-14. Recebido em 01/03/90. Psic.: Teor. e Pesq., Brasilia, V. 6, № 3, pp. 309-323 323
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