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Administração de Materiais (João Jose Viana), Notas de estudo de Direito Administrativo

Administração de materiais

Tipologia: Notas de estudo

2017

Compartilhado em 28/07/2017

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jessica-pereira-94 🇧🇷

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Baixe Administração de Materiais (João Jose Viana) e outras Notas de estudo em PDF para Direito Administrativo, somente na Docsity! ; JOÃO JOSÉ VIANA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Um Enfoque Prático SÃO PAULO EDITORA ATLAS S.A. - 2006 nt e mm r 28] - BIBLIOTECA & 1999 by EDITORA ATLAS S.A. 1. ed. 2000; 6: reimpressão 2006 AQUISIÇÃO cai = Capa: Aldo Catelli Composição: Style Up Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Viana, João José Administração de materiais : um enfoque prático / João José Viana. — 1. ed. - 6º reimpressão - São Paulo : Atlas, 2006. Bibliografia. ISBN 85-224-2395-4 1. Administração de materiais 1. Título. 99-3468 CDD-658.7 Índice para catálogo sistemático: 1. Administração de materiais 658.7 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto nº 1.825, de 20 de dezembro de 1907. Impresso no Brasil/Printed in Brazil 8 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Evolução e mudanças significativas na área de administração de materiais, 45 3.1 A logística e a administração de materiais, 45 3.2 Técnicas de administração japonesas, 47 3.3 Código de barras, 48 3.4 Informática, 49 Principais desafios do administrador de materiais na empresa atual, 49 4.1 Problema da manutenção do estoque, 49 4.2 O que futuro nos espera, 50 2 CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS, 51 1 2 Conceituação, 51 Atributos para classificação de materiais, 52 2.1 Abrangência, 52 2.2 Flexibilidade, 52 2.3 Praticidade, 52 Tipos de classificação, 52 3.1 Por tipo de demanda, 52 3.1.1 Materiais de estoque, 52 3.1.2 Materiais não de estoque, 55 3.2 Materiais críticos, 56 3.3 Perecibilidade, 58 3.4 Periculosidade, 59 3.5 Possibilidade de fazer ou comprar, 60 3.6 Tipos de estocagem, 60 3.7 Dificuldade de aquisição, 60 3.8 Mercado fornecedor, 61 Metodologia de cálculo da curva ABC, 64 4.1 Técnica de montagem da curva ABC, 66 4.1.1 Tabela mestra para construção da curva ABC, 67 4.1.2 Cálculo da percentagem sobre o valor acumulado, 67 4.1.3 Construção do gráfico, 68 4.1.4 Resumo de percentuais, 69 4.1.5 Faixa de valores, 69 4.1.6 Interpretação, 70 Questões e exercícios, 71 sumário 9 ESPECIFICAÇÃO, 73 1 Considerações iniciais, 73 1.1 Definição, 74 Objetivo, 74 Critérios sobre a descrição, 74 Estrutura e formação da especificação, 75 Tipos padronizados de especificação, 77 Normalização, 78 6.1 Vantagens da normalização, 79 6.2 Definição, 79 6.3 Normalização no Brasil, 81 6.4 Normalização internacional, 82 7 Padronização, 83 7.1 Definição, 83 7.2. Objetivos da padronização, 83 7.3 Vantagens da padronização, 84 7.4 A experiência da Cosipa na padronização de materiais, 85 7.4.1 Parafusos, 85 74.2 Resultados obtidos, 86 8 Análise de Valor, 87 8.1 - Metodologia de Análise de Valor, 87 8.1.1 De ordem geral, 87 8.1.2 Que dizem respeito à manufatura, 88 8.1.3 Quanto à montagem, 88 8.1.4 Quanto à especificação e normas, 88 8.1.5 Quanto à possibilidade de fazer ou comprar, 89 8.2 Vantagens da Análise de Valor, 89 8.2.1 Benefícios não quantificáveis, 89 8.2.2 Benefícios quantificáveis, 89 8.3 A experiência da CSN na aplicação de Análise de Valor, 90 9 Abreviatura de termos técnicos utilizados em especificação, 92 10 Questões e exercícios, 92 nuas w nr CODIFICAÇÃO, 93 1 Conceituação, 93 2 Objetivo, 94 3 Tipos de codificação, 94 3.1 Codificação decimal, 95 3.2 Federal Supply Classification (FSC), 96 10 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 4 5 1 2 Jows 11 3.3 Chambre Syndicale de la Sidérurgie Française (CSSF), 98 3.3.1 Materiais normalizados, 98 3.3.2 Materiais específicos, 98 Aplicação prática — montagem de um plano de codificação, 103 Questões e exercícios, 106 FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE ESTOQUES, 107 Considerações iniciais, 107 Definições importantes, 109 2.1 Estoque, 109 2.2 Consumo, 110 2.2.1 Consumo regular, 110 2.2.2 Consumo irregular, 111 2.2.3 Consumo sazonal, 112 23 Demanda, 112 24 Previsão da demanda, 112 Inclusão de itens no estoque, 112 3.1 Informações do usuário, 114 3.2 Atribuições do gerenciamento, 114 Solicitação de materiais não de estoque, 114 Razões para a existência dos estoques, 115 Natureza dos estoques, 116 Fundamentos da gestão, 117 7.1 Política de gerenciamento de estoques, 118 7.2 Análise do comportamento de consumo, 118 7.3 |. Modelos de gerenciamento de estoques, 120 Formação dos estoques, 121 8.1 Influências internas, 121 8.2 Influências externas, 122 Acompanhamento de consumo por meio do sistema de cotas, 122 Materiais sujeitos a recondicionamento, 124 10.1 Sistema de recondicionamento, 125 10.2 Variáveis do sistema de recondicionamento, 129 10.2.1 Materiais similares, 129 10.2.2 Recondicionamento parcial, 129 10.2.3 Sucatamento do material, 129 10.2.4 Sucata nobre, 130 Obsolescência e alienação de materiais inservíveis, 130 11.1 Experiência da Cosipa no beneficiamento de materiais, 131 8 sumário 13 5.2 Compra em emergência, 179 Como comprar, 180 6.1 Por meio de concorrências repetitivas, 181 6.1.1 Inconstantes, 181 6.1.2 Constantes, 181 6.2 Por meio de contratos de longo prazo, 181 6.2.1 Vantagens, 181 6.2.2 Desenvolvimento, 182 6.2.3 Resultados obtidos pela Cosipa em contratações de longo prazo, 183 Regulamento de compras da empresa — manua! de compras, 184 7.1 Prefácio, 185 7.2 Cadastro de fornecedores, 185 7.3 Autoridade de compras, 185 7.4 Concorrência, 186 7.5 Dispensa de concorrência, 186 7.6 Relações com fornecedores, 186 7.7 Propostas, 186 7.8 Avaliação das propostas, 187 7.9 Formas de contratação, 187 7.10 Reajuste, 187 7.11 Penalidades, 188 Questões e exercícios, 188 8 CADASTRO DE FORNECEDORES, 189 1 2 Considerações iniciais, 189 Critérios de cadastramento, 191 2.1 Critérios políticos, 191 2.2 Critérios técnicos, 191 2.3 Critérios legais, 192 Procedimentos para cadastramento, 192 3.1 Fase inicial - análise preliminar, 192 3.1.1 Análise social, 193 3.1.2 Análise econômico-financeira, 193 3.1.3 Análise técnica preliminar, 193 3.2 Fase final - análise complementar, 193 3.2.1 Análise jurídica, 194 3.2.2 Análise técnica conclusiva, 194 Aprovação do cadastro, 196 14 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS a 9 Classificação de fornecedores, 196 Seleção de fornecedores para a concorrência, 197 Avaliação de fornecedores, 197 7.1 Desempenho comercial, 197 7.2 Cumprimento dos prazos de entrega, 198 7.3 Qualidade do produto, 198 7.4 Desempenho do produto em serviço, 198 A experiência da Companhia do Metropolitano de São Paulo — Metrô — na qualificação técnica de fornecedores, 200 8.1 Nível de aplicação, 200 8.2 Pontuação, 201 8.3 Planilha de avaliação, 201 8.4 Metodologia para a tabulação da planilha de avaliação, 201 8.4.1 Organização geral, 201 8.4.2 Recursos humanos, 203 8.4.3 Engenharia do produto, 203 8.4.4 Engenharia industrial, 204 8.4.5 Matéria-prima, 205 8.4.6 Armazenagem, manuseio e expedição, 205 8.4.7 Produção, 206 8.4.8 Organização do controle de qualidade, 206 8.4.9 Planejamento do controle de qualidade, 207 8.4.10 Aferição dos instrumentos de inspeção, 207 8.4.11 Seleção e controle de fornecedores e subcontratados, 208 8.4.12 Inspeção de amostras e peças iniciais de produção, 209 8.4.13 Inspeção na fabricação, 209 8.4.14 Inspeção final, 210 8.4.15 Materiais discrepantes, 210 8.4.16 Confiabilidade no produto final, 211 8.5 Resultado final, 211 Questões e exercícios, 211 9 CONCORRÊNCIA, 212 1 2 Considerações iniciais, 212 Modalidades de coleta de preços, 213 2.1 Coleta de preços normal, 213 2.2 Coleta de preços em emergência, 213 2.3 Coleta de preços para contratação mediante autorização de fornecimento, 213 10 sumário 15 24 Coleta de preços para contratação por longo prazo, 213 Dispensa de concorrência, 214 Condições gerais da concorrência, 214 4.1 Preço, 214 4.2 Alternativas, 215 4.3 Garantia, 215 4.4 Aceitação do material, 215 4.5 Outras condições, 215 4.6 Informações adicionais, 216 46.1 Preço-teto, 216 4.6.2 Preço de referência, 216 Etapas da concorrência, 217 Proposta, 218 6.1 Condições comerciais, 218 6.2 Condições específicas, 219 6.3 Apresentação do BDI - Benefícios e Despesas Indiretas, 219 Modelo de coleta de preços, 224 Avaliação da concorrência, 225 8.1 Critérios de avaliação, 225 8.2 Quadro comparativo dos resultados da concorrência, 225 Negociação, 225 9.1 Processo de negociação, 227 9.1.1 Quando e como negociar, 227 9.1.2 O que pode ser negociado, 228 9.2 Perfil do negociador, 228 9.3 Qualidades do negociador, 229 9.4 Estratégias e táticas de negociação, 229 Questões e exercícios, 230 10 CONTRATAÇÃO, 233 1 2 3 Considerações iniciais, 233 Condições gerais de fornecimento, 234 Adjudicação do pedido, 235 3.1 Por autorização de fornecimento, 235 3.2 Por contratos de longo prazo, 237 3.2.1 Gestor do contrato, 241 Diligenciamento (follow-up), 241 4.1 Procedimentos para diligenciamento, 242 42 Modalidades de diligenciamento, 245 18 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 7 8 5.2.6 Ensaios, 297 5.2.7 Testes, 297 5.2.8 Consulta ao usuário do material, 298 5.2.9 Resultado final, 298 Regularização, 298 6.1 Documentos envolvidos na regularização, 298 6.2 Processamento, 300 6.3 Devolução ao fornecedor, 301 6.4 Motivos de reclamação e/ou devolução ao fornecedor, 303 Entrada no estoque por devolução de material, 304 Questões e exercícios, 307 14 ARMAZENAGEM, 308 1 2 Joan sw Objetivos, 308 Arranjo físico (layout), 309 21 O layout na armazenagem, 309 2.1.1 Itens de estoque, 310 2.1.2 Corredores, 311 2.1.3 Portas de acesso, 311 2.1.4 Prateleiras e estruturas, 311 Utilização do espaço vertical, 313 Critérios de armazenagem, 313 Controle de materiais perecíveis, 321 Manuseio de materiais perigosos, 322 Utilização de paletes, 322 71 Definição, 324 7.2 Utilização, 324 7.2.1 Vantagens, 324 7.2.2 Dificuldades, 325 7.3 Classificação, 325 7.3.1 Tipos, 325 73.2 Seleção, 328 74 Materiais para fabricação, 328 7.41 Paletes de madeira, 329 7.4.2 Paletes de plástico, 329 7.4.3 Paletes metálicos, 329 Estruturas metálicas para armazenagem, 330 8.1 Estrutura leve em prateleira de bandejas, 330 8.2 Estrutura porta-palete, 331 15 10 11 12 13 14 15 sumário 19 8.3 Outros tipos de estrutura porta-palete, 334 8.3.1 Driveiin, 335 8.3.2 Drive-trough, 336 8.3.3 Armazenagem dinâmica, 336 8.3.4 Push back, 338 8.4 Armazenagem pelo sistema flow rack, 340 8.5 Estrutura cantilever, 342 Acessórios para armazenagem, 343 Equipamentos para manuseio de materiais, 345 Técnicas de conservação de materiais armazenados, 347 11.1 Conceitos, 348 11.2 Desenvolvimento de critérios, 348 11.3 A experiência da Cosipa em preservação, 351 Esquema de localização, 352 12.1 Esquema de localização da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), 356 Atendimento às requisições de material, 357 13.1 Tipos de requisição de material, 359 13.2 Controle de cotas por usuário, 359 Controle físico dos estoques, 359 Questões e exercícios, 362 DISTRIBUIÇÃO, 363 1 ron Objetivos, 363 1.1 Natureza dos produtos a transportar, 363 1.2 Origem dos recursos de transporte, 364 Características de transporte, 364 Seleção da modalidade de transporte, 366 Estrutura para a distribuição, 366 Transporte de produtos perigosos, 368 5.1 Classificação, 369 5.2 Identificação das unidades de transporte, 370 5.2.1 Rótulos de risco, 370 5.2.2 Números de risco, 371 Contrato de transporte, 371 A experiência da Cosipa na distribuição interna de materiais, 376 7.1 Considerações iniciais, 376 7.2 Evolução do sistema de distribuição de materiais, 376 7.3 Fundamentos do sistema trator x carreta, 377 20 — ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 8 74 Programação, 379 7.5 Resultados obtidos, 380 Questões e exercícios, 380 16 INVENTÁRIO FÍSICO, 381 17 1 2 va Conceituação, 381 Origem das divergências nos estoques, 382 2.1 Procedimentos, 382 2.2 Recebimento, 382 2.3 Localização, 383 2.4 Conferência de embarque, 383 Épocas indicadas para o inventário, 383 Inventário rotativo, 384 4.1 Inventário automático, 384 4.2 Inventário programado, 384 4.3 Inventário a pedido, 385 Metodologia para realização do inventário, 385 Avaliação e controle, 388 A experiência da Acesita em inventário, 392 Questões e exercícios, 393 VENDA DE MATERIAIS ALIENADOS, 394 DU Av o Considerações iniciais, 394 Modalidades de venda, 394 Procedimentos para venda em leilão, 396 Considerações históricas. Origens do leilão, 397 Organização do leilão, 398 Determinação dos preços mínimos, 398 6.1 Sucata ferrosa, 398 6.2 Sucata nobre, 398 6.3 Materiais sucatados diversos, 400 6.4 Materiais usados diversos, 400 6.5 Materiais sem uso, 400 6.6 Materiais em estado precário, 400 6.7 Materiais de pouco valor, 401 Formação dos lotes, 401 Contratação de leiloeiro, 401 Atribuições do leiloeiro, 402 10 Condições do leilão, 402 sumário 23 4.4.16 Pendências de regularização com pagamentos prestes a vencer, 434 4.4.17 Localização de materiais no almoxarifado, 434 4.4.18 Situação do estoque, 435 4.4.19 Requisições de material ainda não atendidas pelo almoxarifado, 435 4.4.20 Requisições de material efetuadas em emergência, 436 4.4.21 Requisições de material prejudicadas e canceladas por emergência, 436 44.22 Devoluções ainda não regularizadas pelo almoxarifado, 436 44.23 Devoluções de material ao fornecedor, 437 4.4.24 Inventário, 437 5 A Internet e a administração de materiais, 437 51 5.2 Conclusão, 441 Bibliografia, 443 O estoque zero, 438 5.1.1 A empresa Netflores, 438 5.1.2 A empresa Booknet, 438 A cotação eletrônica, 438 5.2.1 A empresa Volkswagen, 438 INTRODUÇÃO O objetivo fundamental da Administração de Materiais é determinar quando e quanto adquirir, para repor o estoque, o que determina que a estratégia do abastecimento sempre é acionada pelo usuário, à medida que, como consumidor, ele detona o processo. No entanto, como a formação de estoque é ponto crucial, induz imediata- mente à indagação “por que sempre há falta de materiais?”, queixas estas que en- frentam dilemas e frustrações de procurar, ao mesmo tempo, manter o nível ope- racional da empresa, suprir os consumidores por meio de adequado atendimento e manter Os investimentos em estoques em níveis ideais. Os problemas relacionados com gerenciamento de estoques estão princi- palmente ligados à ação e não a chegar a uma resposta. O que deve ser feito para controlar o equilíbrio e estabelecer ações apropriadas? A fim de obter resposta para essa questão, é necessária a formulação de outras indagações: Por que deve- mos ter estoques? O que afeta o equilíbrio dos estoques que mantemos? Atingir o equilíbrio ideal entre estoque e consumo é a meta primordial e, para tanto, a gestão se inter-relaciona com as outras atividades afins, no intuito de que as empresas e os profissionais envolvidos estejam contemplados com uma sé- rie de técnicas e rotinas, fazendo com que todo o gerenciamento de materiais, in- cluindo-se gestão, compras e armazenagem, seja considerado como atividade integrante do Sistema de Abastecimento. Assim como todos os outros componentes do sistema, os insumos mate- riais (Gnatérias-primas, materiais secundários e outros) carecem de uma coordena- ção específica, de forma a permitir a racionalização de sua manipulação. A Admi- O ada ATA UR NARIN A, 36 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS nistração de Materiais coordena esse conglomerado de atividades, o que implica necessariamente o estabelecimento de normas, critérios e rotinas operacionais, de forma que todo o sistema possa ser mantido harmonicamente em funcionamento, sendo importante destacar que para a realização de seus objetivos desenvolve um ciclo contínuo de atividades correlatas e interdependentes com as demais unida- des da empresa, motivo pelo qual uma série de informações tramita entre seus di- versos setores. O funcionamento harmônico, anteriormente mencionado, depende fun- damentalmente das atividades a seguir relacionadas, as quais serão esmiuçadas no decorrer deste livro: a. cadastramento, que compreende as atividades de classificar, especifi- car e codificar; b. gerenciamento do estoque, que compreende as atividades de formação do estoque; c. obtenção do material, que compreende a atividade comprar; d. guarda do material, que compreende as atividades receber, armaze- nar, conservar e distribuir. A área de materiais constitui componente indispensável no sentido do al- cance dos fins, para proporcionar os resultados almejados pelas empresas. Logica- mente, órgãos como a produção, por exemplo, que visam aos fins, permite-nos in- seri-la na condição meio, sendo, então, oportuno afirmar que nenhum setor de sua hierarquia existe senão para servir. A AMPLITUDE DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 39 1.2 As empresas e seus recursos Recurso é o meio pelo qual a empresa realiza suas operações. Os principais recursos empresariais são: a. recursos materiais: englobam os aspectos materiais e físicos que a em- presa utiliza para produzir; recursos financeiros: constituem todos os aspectos relacionados com o dinheiro utilizado pela empresa; recursos humanos: constituem toda a forma de atividade humana na empresa; recursos mercadológicos: constituem toda a atividade voltada para o atendimento do mercado de clientes e consumidores da empresa; recursos administrativos: constituem todo o esquema administrativo e gerencial da empresa. 1.3 As empresas e a administração de materiais Para melhor entendimento dos enunciados expostos, apresentamos as Fi- guras 1.1 e 1.2, que relacionam, na prática, esses conceitos com a Administração de Materiais: EMPRESAS EXISTENTES CARACTERÍSTICAS É Industriois 4. Compram matérias-primas. b. Transformam as matéries-primas em produtos acabados. «. Vendem os produtos acabados às empresas comerciais. 2. Comerciais Campram e vendem produtos scabados. 3. Prestadoras de serviços Não compram nem vendem materiais. Figura 1.1 Tipos de empresa. ENTRADA SAÍDA CONTROLE REPOSIÇÃO q. Por compro. a. Por venda. a. Eletivação. a. Por compra. b. Por fabricação interno. | b. Por utilização interna fmanutenção). | b. Cálculo de níveis. | b. Por fabricação interna. €. Por transferência (entre filiais). £. Processamento. Figura 1.2 Entendimento simplificado da movimentação de estoque nas empresas. 40 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 1.4 O administrador de materiais Independentemente da habilitação selecionada, o administrador é o pro- fissional a quem cabe o gerenciamento, o controle e a direção de empresas na área de sua habilitação, buscando os melhores resultados em termos de lucratividade e produtividade, Dessa maneira, o administrador prevê, planeja, organiza, comanda e controla o funcionamento da máquina administrativa privada ou pública, visando aumentar a produtividade, rentabilidade e controle dos resultados. Determina os métodos gerais de organização e planejaa utilização eficaz de mão-de-obra, equipa- mentos, material, serviços e capital. Orienta e controla as atividades de organiza- ção, conforme os planos estabelecidos e a política adotada, bem como as normas previstas nos regulamentos da empresa. Elabora rotinas de trabalho, tendo em vis- ta a implantação de sistemas que devem conduzir a melhores resultados com me- nores custos, o que demanda a utilização de organogramas, fluxogramas e outros instrumentos de trabalho. 1.5 Procedimentos fundamentais de administração de materiais Com base no exposto, podemos afirmar que administrar com eficiência e exatidão o movimento de entradas e saídas dos materiais necessários à empresa — o quê, quanto, quando e como comprar - não é tarefa simples. A Figura 1.3 apro- funda esse raciocínio. PROCEDIMENTO ESCLARECIMENTO O que deve ser comprado Implica a especificação de compra, que traduz as necessidades da em presa. Como deve ser comprado Revela o procedimento mis recomendável, Quando deve ser comprado Identifica q melhor época. Onde deve ser comprado Implica o: conhecimento dos melhares segmentos de mercado. De quem deve ser comprado Implico o conhecimento dos fornecedores da empresa. Por que preço deve ser comprado Evidencia o conhecimento da evolução dos preços no mercado. Em que quantidade deve ser comprado | Estabelece a quemtidade ideal, por meio du qual haja economia na compra. Figura 1.3 Procedimentos fundamentais de Administração de Materiais. AE intao ooo map à AMPLITUDE DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 4Ê Existem diferentes razões que recomendam atenção especial das empresas à função abastecimento: a. de seu desempenho dependem inúmeros órgãos (vendas, produção, manutenção, setores administrativos etc.); b. necessidade de gerenciar grande variedade de itens, geralmente em consideráveis quantidades, ao menor risco de falta e ao menor custo possível; c. a exigência de grande número de informações, rápidas e precisas, a qualquer instante; d. fato de os estoques representarem parcela razoável do ativo torna-os uma inversão demasiadamente vultosa para que seja ignorada, o que merece grandes cuidados, pois, muitas vezes, os lucros ficam retidos nos estoques excessivos, os quais, contudo, nem sempre garantem ade- quado atendimento das necessidades da empresa. É necessário, porém, salientar que nenhum modelo ou sistema pode subs- tituir ou prescindir da análise do administrador, pois as características de consu- mo, importância, valor e métodos de compra dos materiais são muito variáveis. Agora, podemos, então, definir: a. material: Todas as coisas contabilizáveis que entram como elementos constituídos ou constituintes na linha de atividade de uma empresa; b. administração de Materiais: planejamento, coordenação, direção e controle de todas as atividades ligadas à aquisição de materiais para a formação de estoques, desde o momento de sua concepção até seu con- sumo final, Na verdade, todos nós somos Administradores de Materiais, só que não percebemos. Pense no abastecimento de sua própria casa: comprar mantimentos, produtos de limpeza, de higiene pessoal, vestuário etc. Para isso é necessário: a. saber comprar, para garantir a qualidade e a quantidade do que será consumido, ao menor custo; b. controlar, para evitar consumo desnecessário e não correr risco de fal- ta; c. armazenar adequadamente, para evitar perdas. Administrar materiais é uma tarefa bastante semelhante a essa, só que em proporção maior. Assim, já se pode analisar, em maior profundidade, a amplitude da Administração de Materiais identificada esquematicamente na Figura 1.4. ea Or vaquina 44 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Órgãos superiores na escola hierárquica da Administração Produção Finanças Comercial Compras Gerenciamento e Controte de Estoques Figura 1.5 Organograma gerencial tradicional. Para atender ao moderno conceito de gerenciamento, as empresas adotam o modelo apresentado na Figura 1.6: Órgãos superiores na escala hierárquico da Administração Materiais Finanças — Comercial Produção bestão Compras LI Almoxarifado Figura 1.6 Sistema moderno de gerenciamento. A AMPLITUDE DA ADMINISURAÇÃO DE MATERIAIS 45 3 EVOLUÇÃO E MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS NA ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Embora não seja parte do escopo desta obra, é importante mencionar al- guns importantes avanços, como a logística, as técnicas de administração japone- sas, o código de barras e a informática e suas consegiiências para a Administração de Materiais, especialidade que, como se vê, proporciona constantes evoluções, vi- sando otimizar suas atividades. 3.1 A logística e a administração de materiais Logística é uma operação integrada para cuidar de suprimentos e distribui- ção de produtos de forma racionalizada, o que significa planejar, coordenar e exe- cutar todo o processo, visando à redução de custos e ao aumento da competitivida- de da empresa. Merece destaque a afirmação de Ronald H. Ballou, em Logística empresa- rial (1995 : 24): “A logística empresarial trata de todas atividades de movimenta- ção e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o pro- pósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.” Em consegiiência, deve ser estimulado não só o conhecimento pleno desse processo, como também o desenvolvimento de novos modelos, naturalmente com base em um ponto de vista logístico, para uma moderna e apropriada administra- ção, culminando em estudar o impacto de tais mudanças. Assim, pretende-se apre- sentar sistema que facilite as relações cliente/fornecedor, contribuindo, dessa for- ma, na divulgação da Logística, bem como oferecendo às empresas método mo- demo e eficaz de gerenciamento de estoques. Em face do quadro de mudanças no cenário econômico, a Logística surge como ferramenta fundamental a ser utilizada para produzir vantagens competitivas. Já é hora de se estabelecer o organograma de Administração de Materiais para atender ao moderno enfoque logístico, confor- me demonstrado na Figura 1.7. aaa VA VAGA A 46 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Administração de Materiais [>= om | 1 Gestão de Estoques Compras Almoxarifado Cadastramento Codostro de . de Materiais Fornecedores Recebimento Previsão de Compras Armazenagem Consumo Locais Compras por Impariação Foliow-ug Diligenciamento Figura 1.7 Organograma logístico para Administração de Materiais. Venta de Inservíveis Tradicionalmente, as atividades logísticas têm se concentrado em dois se- tores diferenciados, suprimentos e distribuição física, conforme demonstra a Figu- ra 1.8. Dando segiiência ao raciocínio, cumpre destacar a significância dos custos logísticos na composição total dos custos da empresa, conforme demonstram as Fi- guras 1.9e 1.10. Pela análise dos dados apresentados, conclui-se, em consegiiência, que o sucesso do gerenciamento de materiais nas empresas depende da aplicabilidade dos conceitos logísticos. A AMPLITUDE DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 49 3.4 Informática Atualmente, a logística está se disseminando no meio empresarial, como plataforma de eficiência e produtividade, motivo pelo qual não há como conceber empresa que não esteja informatizada. Há cerca de quatro anos, a Internet está revolucionando os meios de infor- mação; seu impacto nos negócios é um fenômeno que ainda vem sendo assimila- do. Poucas pessoas sabiam o que era a grande rede e nem imaginavam qual seria seu potencial de crescimento. E o que dizer, então, das Intranets? Ainda hoje exis- tem usuários que desconhecem essa tecnologia. A Intranet é uma rede que interliga os vários equipamentos da empresa, como clientes e servidores PC e impressoras de rede, com a vantagem de utilizar a tecnologia da Internet, por meio dos protocolos TCP-IP, http e e-mail. Assim, po- de-se dispor rapidamente de mais informações, deixando-se de lado os entraves burocráticos para o processamento de qualquer expediente. Alntranet não se resume a disponibilizar documentos. As empresas também autilizam para criar novos serviços e ferramentas. A partir do momento em que es- sas ferramentas possam ser acessadas pelos distribuidores, parceiros, fornecedores e clientes, temos uma Extranet, ou seja, as ferramentas e os documentos, antes limi- tados às consultas internas, podem agora ser acessados de modo controlado fora da empresa, o que permite maior rapidez e economia de tempo nas transações. A Volkswagen foi a primeira montadora brasileira a criar um ambiente Intranet, de comunicação virtual de baixo custo. Além de agilizar seus procedi- mentos, a rede possibilita ganho de tempo no processo de fabricação dos compo- nentes, pois as necessidades de aquisição estão disponíveis para 700 fornecedores cadastrados, por meio da cotação eletrônica, em que são identificados os fornece- dores homologados quanto à qualidade, fornecimento e custo. Os que estiverem aptos acessam a Intranet e definem seu preço. 4 PRINCIPAIS DESAFIOS DO ADMINISTRADOR DE MATERIAIS NA EMPRESA ATUAL 4.1 Problema da manutenção do estoque Quando se encomendam quantidades maiores, eleva-se o estoque médio, juntamente com o custo de mantê-lo. Manter um estoque custa os juros sobre o ca- pital empatado mais as despesas da própria manutenção física — o aluguel ou amortização dos armazéns e os salários dos funcionários envolvidos. Portanto, para reduzir o custo de sua manutenção, deve-se simplesmente encomendar aos fornecedores entregas menores e mais frequentes. As encomendas menores e espaçadas, contudo, também têm seu custo. qn ne vequina O santa na a A 50 — ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS A mão-de-obra empregada na preparação da maquinaria, o custo das pe- ças sucatadas e as correspondentes despesas de administração podem demandar muitos recursos financeiros. Os gerentes de produção gostam de preparar sua ma- quinaria menos vezes e de fabricar volumes maiores, para conservar baixas as des- pesas com essa operação. Ocorre aí o conflito clássico: o setor financeiro quer reduzir o custo da manutenção do estoque por meio da fabricação fregiente de pequenos lotes, en- quanto a gerência de produção quer reduzir as despesas com a preparação da maquinaria (e não interromper as operações) mediante fabricações prolongadas e espaçadas. Independentemente do aspecto da economia do país, a qual reflete inten- samente na formação de estoques, a maneira de resolver esse conflito é mediante um acordo pragmático. Há um lote de tamanho economicamente correto - nem tão grande que acarrete despesas excessivas de manutenção, nem tão pequeno que acarrete despesas excessivas com a preparação da maquinaria. Essa quantida- de de meio-termo chama-se lote econômico de compra e foi montada em 1915 por meio de formulação matemática, constituindo, há muitos anos, a peça fundamen- tal do gerenciamento dos estoques. 4.2 O queo futuro nos espera O campo da previsão e suas técnicas altamente diversificadas dependem muito da natureza da empresa, dos recursos de processamento de informações e da análise dos meios disponíveis. As tendências mundiais, por intermédio da globalização da economia e seus efeitos, exigem postura mais dinâmica e eficiente das empresas, as quais de- vem estar preparadas para reagir o mais rápido possível às sinalizações e tendên- cias do mercado, a fim de que possam continuar sendo competitivas e eficazes. Assim, as tendências futuras rumam, indiscutivelmente, para o advento da praticidade e da economia, com o intuito de se atingir o ponto máximo, objetivo de toda empresa, a qualidade total. Nesse contexto, a informática, cada vez mais disseminada no meio empre- sarial, propiciando eficiência e rapidez das informações, evoluirá de tal forma que as relações, principalmente entre clientes e fornecedores, processar-se-ão via Internet ou Intranets, fazendo com que a dinâmica seja a tônica predominante. Consegiientemente, os conceitos serão preservados, evoluindo as formas. Por mais estranho que possa parecer, o futuro do gerenciamento de esto- ques é administrar estoque nenhum. 2 CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS NESTE CAPÍTULO: E A influência da classificação no gerenciamento dos estoques E Alguns tipos de classificação adotados E Interface entre tipos de classificação 1 CONCEITUAÇÃO A classificação é o processo de aglutinação de materiais por características semelhantes. Grande parte do sucesso no gerenciamento de estoques depende fundamentalmente de bem classificar os materiais da empresa. Assim, o sistema classificatório pode servir também, dependendo da situação, de processo de sele- ção para identificar e decidir prioridades. Existem infinitas formas de classificação. Abordaremos apenas o alicerce, que permitirá adaptações às necessidades de cada empresa. Uma boa classificação deve considerar alguns atributos. ps DS OM vapuas 54 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS acessório, voltando nossas atenções para o que realmente é importante quanto a valor de consumo. Para tanto, conta-se com a ferramenta Curva ABC ou Curva de Pareto, método pelo qual se determina a im- portância dos materiais em função do valor expresso pelo próprio con- sumo em determinado período. Não é recomendado analisar a Curva ABC isoladamente, devendo-se estabelecer uma interface com a im- portância operacional, Assim, os materiais são classificados em A, Bou €, de acordo com a curva ABC de consumo anual; bl. materiais A: materiais de grande valor de consumo; b2. materiais B: materiais de médio valor de consumo; b3. materiais C: materiais de baixo valor de consumo. Em virtude da importância que esta classificação representa, apresentamos adi- ante no item 4 a metodologia de cálculo da Curva ABC, bem como suas origens históricas; e. quanto à importância operacional: a maioria dos órgãos de gestão ba- seia suas análises de ressuprimento e define as quantidades de reposi- ção por meio dos resultados referentes aos consumos históricos e tem- pos necessários para recompor os níveis de estoque. Esse tratamento matemático não diferencia os diversos materiais de estoque e não con- sidera sua individualidade, com exceção para matérias-primas, por te- rem suas demandas suportadas por programas de produção e vendas. Todavia, existem materiais que, independentemente de fraco consumo, poderão, caso venham a faltar, prejudicar seriamente a continuidade de produção de uma empresa ou ainda, por exemplo, trazer sérios riscos de poluição ambiental e segurança industrial, tornando o custo da falta mais oneroso do que o custo do investimento em estoque. Dessa forma, adota-se a classificação da importância operacional, visando identifi- car materiais imprescindíveis ao funcionamento da empresa; cl. materiais X: materiais de aplicação não importante, com possibi- lidade de uso de similar existente na empresa; c2. materiais Y: materiais de importância média, com ou sem similar na empresa; c3. materiais Z: materiais de importância vital sem similar na empre- sa, cuja falta acarreta a paralisação de uma ou mais fases operati- vas. Facilmente, podem ser classificados pelo critério de importância operacio- nal matérias-primas, materiais “Z” (vitais) ou materiais de limpeza e apoio admi- nistrativo. Para os demais, é necessário análise complexa e criteriosa. CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS 55 Em se tratando de empresa industrial, a seleção de XYZ pode ser facilitada, conforme demonstra a Figura 2.2, por meio das seguintes indagações: a. material é imprescindível ao equipamento? b. equipamento pertence à linha de produção? c. material possui similar? Ê Assim, as respostas a tais indagações conduzirão às seguintes situações: É E Indagações Classificação z Material é imprescindível Equipamento é da linha Material possui similar? | x | Y | Z co equipamento? de produção? Sim Sim Sim Y Sim Sim Não 1 Sim Não Sim X Sim Não Não X Não Não Não X Não Não Sim X Não Sim Não X Não Sim Sim X Figura 2.2 Seleção para a classificação de importância operacional. 3.1.2 MATERIAIS NÃO DE ESTOQUE São materiais de demanda imprevisível para os quais não são definidos pa- râmetros para o ressuprimento automático. A inexistência de regularidade de consumo faz com que a aquisição desses materiais somente seja efetuada por solicitação direta do usuário, na oportunida- de em que se constate a necessidade deles. Os materiais não de estoque devem ser comprados para utilização imedia- ta e são debitados no centro de custo de aplicação. Poderão ser comprados para utilização posterior, em período determinado pelo usuário, ficando, nesses casos, estocados temporariamente no almoxarifado. 56 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 3.2 Materiais críticos Classificação pertinente a empresas industriais. São materiais de reposi- ção específica de um equipamento ou de um grupo de equipamentos iguais, cuja demanda não é previsível e cuja decisão de estocar é tomada com base na análise de risco que a empresa corre, caso esses materiais não estejam disponíveis quan- do necessário. Utilizando linguagem comum, material crítico é como seguro de vida: todos têm mas não querem utilizá-lo. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, devem permanecer estocados até sua utilização, não estando, portanto, sujeitos ao controle de obsolescência. O próprio conceito in- duz que deve haver pouquíssimos materiais críticos cadastrados. Como identifi- cá-los, então? Do ponto de vista de gestão de estoques, podem-se identificar materiais críticos, conforme demonstrado na Figura 2.3. * Material importado * Existência de um único fornecedor Por problemas de obtenção * Escassez no mercodo * Materiol estratégico * De difícil fabricação ou obtenção * Material de elevado valor Por razões econômicas * Material com elevado custo de armazenagem * Material com elevado custo de transporte * Múterial perecível * Material de altu periculosidade Por problemas de armazenagem e transporte 4 * Material de elevado peso * Material de grendes dimensões Por problemos de previsão * Material com utilização de difícil previsão * Material de reposição de alto custo Por razões de segurança * Material para equipamento vital da produção Figura 2.3 Razões para a existência de materiais críticos. Do ponto de vista eminentemente técnico, pode-se identificar materiais críticos por meio da Figura 2.4. CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS 59 c. instáveis: produtos químicos que se decompõem ou se polimerizam es- pontaneamente ou têm outro tipo de reação na presença de algum mate- rial catalítico ou puro. Exemplos: peróxido de éter, óxido de etileno etc.; d. voláteis: produtos que se reduzem a gás ou vapor, evaporando natural- mente e perdendo-se na atmosfera. Exemplo: amoníaco; e. por contaminação pela água: materiais que se degradam pela adição direta de água. Exemplo: óleo para transformadores; f. por contaminação por partículas sólidas: materiais que, em contato com partículas sólidas, como areias e poeiras, poderão perder parte de suas características físicas e químicas. Exemplo: graxas; g. pela ação da gravidade: materiais que, estocados de forma incorreta, podem sofrer deformações. Exemplo: eixos de grande comprimento; h. por queda, colisão ou vibração: engloba os materiais de grande fragili- dade ou sensibilidade. Exemplos: cristais, vidros, instrumentos de me- dição etc.; i pela mudança de temperatura: materiais que perdem suas característi- cas para aplicação, se mantidos em temperatura diferente da requerida. Exemplos: selantes para vedação, anéis de vedação em borracha etc.; j. pela ação da luz: materiais que se degradam por incidência direta da luz. Exemplo: filmes fotográficos; k. por ação de atmosfera agressiva: materiais que sofrem corrosão quan- do em contato com atmosfera com grande concentração de gases ou vapores. A corrosão atmosférica pode ocorrer principalmente por va- pores de água e ácidos, como sulfúrico, fosfórico, nítrico, sais, cloro, flúor etc.; 1. pela ação de animais: materiais sujeitos ao ataque de insetos e outros animais, durante a estocagem. Exemplos: grãos, madeiras, peles de animais etc.; 3.4 Periculosidade A adoção dessa classificação visa à identificação de materiais, como, por exemplo, produtos químicos e gases, que, por suas características físico-químicas, possuam incompatibilidade com outros, oferecendo riscos à segurança. A adoção dessa classificação será de muita utilidade quando do manuseio, transporte e armazenagem de materiais aí incluídos. 60 — ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), pela Norma NBR-7502, aborda o transporte de cargas perigosas e a Norma P-NB-98 classifica os líquidos infla- máveis. 3.5 Possibilidade de fazer ou comprar Esta classificação visa determinar quais os materiais que poderão ser re- condicionados, fabricados internamente ou comprados. O material é considerado recondicionável quando, após a utilização, pode ser beneficiado e novamente utilizado sem diminuição de suas qualidades. Deve-se entender que a recuperação de um material deve ter custo inferior ao da compra de um novo item. a. fazer internamente: são materiais que são fabricados na empresa; b. comprar: são materiais que devem ser adquiridos no mercado, para os quais não há possibilidade de fabricação na empresa; c. decidir por fazer ou comprar: são materiais que estão sujeitos à análise de fazer internamente ou comprar, por ocasião do ressuprimento; d. recondicionar: são materiais passíveis de recuperação que devem ser recondicionados após desgaste e uso, não devendo ser comprados ou fabricados internamente. 3.6 Tipos de estocagem a. estocagem permanente: materiais para os quais foram aprovados ní- veis de estoque com parâmetros de ressuprimento estabelecidos para renovação automática do estoque, devendo sempre existir saldo no al- moxarifado; b. estocagem temporária: materiais que não sejam de estoque, que neces- sitam ficar estocados no almoxarifado durante determinado tempo até sua utilização. 3.7 Dificuldade de aquisição Para efeito desta classificação, deve-se considerar apenas as características intrínsecas da obtenção difícil, deixando-se de lado as extrínsecas, como excesso de burocracia, pobreza de especificações, recursos humanos não qualificados ou falta de poder de decisão do órgão de compras, os quais refletem problemas inter- nos de organização da empresa. CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS 61 Assim, as dificuldades intrínsecas na obtenção de materiais podem provir de: a. fabricação especial: envolve encomendas especiais com cronogramas de fabricação longos, acompanhamento e inspeções nas diversas fases da fabricação, fabricações pioneiras, materiais em pesquisa etc.; b. escassez no mercado: os materiais, em razão da pouca oferta, podem colocar em risco o processo industrial; sazonalidade: a oferta sofre alterações em diversas épocas do ano; d. monopólio ou tecnologia exclusiva: existe a dependência de um único fornecedor; e. logística sofisticada: os materiais necessitam de transporte especial ou os locais de retirada ou entrega são de difícil acesso; f. importações: algumas vezes, independentemente dos entraves buro- cráticos, os materiais a serem importados dependem de liberação de verbas ou financiamentos externos. e Quanto à dificuldade de aquisição, os materiais também podem ser classi- ficados em: Destacamos alguns benefícios proporcionados pela classificação “dificul- dade de aquisição”: a. dimensionar os níveis de estoque; b. subsidiar aos gestores de estoque para a seleção do método a ser adota- do para o ressuprimento; c. propiciar maior experiência aos compradores em materiais com maior grau de dificuldade; d. propiciar maior experiência aos diligenciadores, pois tais materiais ne- cessitam de ações ágeis e prioritárias. 3.8 Mercado fornecedor Esta classificação está muito ligada à anterior e complementa-a. Assim, te- mos: a. mercado nacional: materiais fabricados no próprio país; b. mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país, mesmo que o fornecedor esteja aqui sediado; 64 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 4 METODOLOGIA DE CÁLCULO DA CURVA ABC Trata-se de método cujo fundamento é aplicável a quaisquer situações em que seja possível estabelecer prioridades, como uma tarefa a cumprir mais impor- tante que outra, uma obrigação mais significativa que outra, de modo que a soma de algumas partes dessas tarefas ou obrigações de imporrância elevada represen- ta, provavelmente, uma grande parcela das obrigações totais. Após ordenados pela importância relativa, as classes da curva ABC podem ser definidas assim: Classe A: grupo de itens mais importante que devem ser tratados com atenção bem especial; Classe B: grupo deitensem situação intermediária entre as classes A e C; Classe C: grupo de itens menos importantes que justificam pouca atenção. Para facilitar o entendimento, apresentamos a síntese histórica do método. Vilfredo Pareto, economista, sociólogo e engenheiro italiano (1848-1923), em 1897, muito antes do aparecimento das pesquisas econométricas, descobriu, ao estudar a distribuição de renda entre a população do sistema econômico em que vivia, certa regularidade na distribuição da renda nos países capitalistas e também naqueles onde imperavam relações feudais ou de capitalismo nascente, estabele- cendo um princípio, segundo o qual o maior segmento da renda nacional concen- trava-se em uma pequena parte da mesma renda. Com base em estatísticas de diferentes países, Pareto anotou uma série de dados sobre o número de pessoas correspondentes a diferentes faixas de renda re- cebida. A seguir, com os dados obtidos, traçou um gráfico, marcando as diferentes faixas de renda no eixo das abscissas e, no eixo das ordenadas, o número de pes- soas que recebiam rendas iguais ou superiores às de cada faixa, observando que 80 a 90% da população pertencem a duas ou três classes inferiores, do que concluiu que qualquer medida que atingisse duas ou três classes majoritárias estaria englo- bando o grosso da população. Assim nasceu o diagrama de Pareto. Nos últimos 30 anos, após os esforços iniciais da General Electric america- na, o princípio de Pareto foi sendo adaptado ao universo dos materiais, particular- mente ao gerenciamento dos estoques, com a denominação de classificação ou curva ABC, importante instrumento que permite identificar itens que justificam atenção e tratamento adequados em seu gerenciamento. Assim, a classificação ABC poderá ser implementada de várias maneiras, como tempo de reposição, va- lor de demanda/consumo, inventário, aquisições realizadas e outras, porém a pre- ponderante é a classificação por valor de consumo, da qual se obtêm, em conse- giiência, as definições já anteriormente analisadas. CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS 65 A Figura 2.7 demonstra uma curva ABC típica: 100 9 4 E / s s a s 2d & E 5 x 100 LIL 5 75 % de quantidade de itens Figura 2.7 Distribuição típica e usual da curva ABC. A interpretação do gráfico da Figura 2.7 conduz-nos ao resumo abaixo, objeto da Figura 2.8: CLASSE Yo QUANTIDADE DE ITENS % DE VALOR A 5 75 B n 20 c 75 5 Figura 2.8 Interpretação e resumo do gráfico da curva ABC referente à Figura 3.1. Interpretando-se os resultados obtidos, pode-se afirmar que: a. a classe A representa o grupo de maior valor de consumo e menor ' quantidade de itens, que devem ser gerenciados com especial atenção; b. aclasse B representa o grupo de situação intermediária entre as classes AeB; 66 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS e. a classe € representa o grupo de menor valor de consumo e maior quantidade de itens, portanto financeiramente menos importantes, que justificam menor atenção no gerenciamento. 4.1 Técnica de montagem da curva ABC É importante esclarecer que a curva construída com base em quaisquer da- dos sempre apresenta o caráter típico apresentado na Figura 2.7. A construção da curva ABC compreende três fases distintas: a. elaboração de tabela mestra; b. construção do gráfico; c. interpretação do gráfico, com identificação plena de percentuais € quantidades de itens envolvidos em cada classe, bem como de sua res- pectiva faixa de valores. Para entendermos a mecânica do processo, adotaremos, pedagogicamen- te, para facilidades de cálculo e de elaboração, o rol de 10 itens de uma hipotética empresa, como está representado na Figura 2.9: MATERIAL R$ PREÇO UNITÁRIO ARS - UA RS xa 25,00 20 5.000,00 x 16,00 5.000 80.000,00 3 50,00 mr 500,00 xm 100,00 100 10.000,00 xo 015 200.000 30.000,00 X-06 20 100.000 1.000,00 17 800 1.000 8.000,00 18 200 20,000 40.000,00 19 70,00 10 7000 xo 500 o 300,00 Figura 2.9 Relação anual de materiais utilizados pela empresa. 100 CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS 69 9 804 n+ 60 A 49 40 30 À +) 95 I 1a I 34 5 6 Figura 2.11 Determinação das áreas A, Be C. 4.1.4 RESUMO DE PERCENTUAIS Os percentuais de quantidade são obtidos pela leitura do eixo das abscis- sas, enquanto os percentuais de valor são obtidos pela leitura do eixo das ordena- das, respectivamente para cada classe À, B e €, conforme a Figura 2.12: CLASSE *% QUANTIDADE DE ITENS % DE VALOR A u 49 B 3 % | í 51 5 Figura 2.12 Resumo de percentuais. 4.1.5 FAIXA DE VALORES As faixas de valores de cada classe são obtidas pelas seguintes etapas: a. da leitura no gráfico dos valores percentuais correspondentes às clas- sesAÃec, no caso 49 e 95%, respectivamente; - E Ê E É = E É “ z 70 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS b. da identificação, na tabela mestra, Figura 2.10, dos valores de consu- mo anual respectivos aos percentuais das classes A e C. Nota: Em virtude da demonstração referente à técnica de montagem da curva ABC ter sido elaborada, conforme já afirmado, por motivos pedagógicos, com o rol de 10 itens, não será possível identificar na tabela mestra o va- lor real correspondente a cada classe, motivo pelo qual, no caso em apre- ço, o valor de R$ 70.000,00, que corresponde à classe A, 49%, foi obtido pela leitura de um valor de consumo anual qualquer correspondente aos percentuais de 45,58 e 68,37%, portanto situados imediatamente nos ex- tremos dos 49% mencionados. A Figura 2.13 demonstra os resultados obtidos: ARS 70.000,00 RS 8.000,00 < B < R$ 70.000,00 €<R$ 8.000,00 Figura 2.13 Faixa de valores, 4.1.6 INTERPRETAÇÃO Interpretando-se os resultados obtidos, pode-se reafirmar, como visto an- teriormente, que: a. a classe A representa o grupo de maior valor de consumo é menor quantidade de itens, os quais devem ser gerenciados com especial atenção, pois deles é a grande massa de imobilização de capital empa- tado na formação de estoques da empresa, confirmando-se, o quod erat demonstratum, o diagrama de Pareto, objeto de nossa síntese histórica anterior; b. a classe B representa o grupo de situação intermediária entre as classes Ace B; c. a elasse C representa o grupo de menor valor de consumo e maior quantidade de itens; portanto, menos importantes, que justificam me- nor atenção no gerenciamento. A curva ABC tem sido usada, entre outros casos, no gerenciamento de esto- ques, para a definição da política de vendas e no estabelecimento de prioridades para a programação da produção. CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS 71 5 QUESTÕES E EXERCÍCIOS 1. Imaginemos uma empresa que fabrique e recondicione motores elétricos para utilização residencial, comercial e industrial, a qual, para o exercício de suas atividades, conta com uma frota de veículos e, normalmente, mantém em seu : =. estoque os seguintes produtos: 5 & a. artigos de escritório; e E b. materiais de limpeza; Ê z . - c. óleos automotivos; x d. sobressalentes para veículos; e. componentes elétricos diversos utilizados em motores; f£. matéria-prima (como a carcaça, por exemplo) para fabricação de moto- res. Considerando que a classificação é primordial para o gerenciamento dos es- toques, pois seleciona os itens de maior relevância na empresa, classificar os agrupamentos de materiais anteriormente relacionados, em conformidade com sua imaginação e entendimento, no tocante a: a. valor de consumo (ABC); b. importância operacional (XYZ); c. perecibilidade; d. periculosidade; e. dificuldade de aquisição; f. mercado fornecedor. Justificar resumidamente a classificação adotada. Determinar os percentuais de quantidade e de valor, por meio do método da curva ABC, de determinada empresa que apresentou os resultados a seguir: 74 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 1.1 Definição Talvez a mais sintética definição de especificação seja “descrição das ca- racterísticas de um material, com a finalidade de identificá-lo e distingui-lo de seus similares”. No entanto, pode-se adotar definições mais complexas: a. “é a representação sucinta de um conjunto de requisitos a serem satis- feitos por um produto, um material ou um processo, indicando-se, sempre que for apropriado, o procedimento por meio do qual se possa determinar se os requisitos estabelecidos são atendidos”; Ou: b. “é a definição dos requisitos globais, tanto gerais como mínimos, que devem obedecer aos materiais, tendo em vista a qualidade e a seguran- ça deles”; Ou, ainda em conformidade com a Resolução nº 03/76, do Conselho Na- cional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Conmetro —, usando das atribuições que lhe confere a Lei nº 5.966, de 11-12-1973: e. “é otipo de norma que se destina a fixar condições exigíveis para acei- tação e/ou recebimento de matérias-primas, produtos semi-acabados, produtos acabados ete”. 2 OBJETIVO A especificação propicia, entre outras, facilidades às tarefas de coleta de preços, negociação empreendida pelo comprador com o fornecedor, cuidados no transporte, identificação, inspeção, armazenagem e preservação dos materiais, apresentando um conjunto de condições destinadas a fixar os requisitos e caracte- rísticas exigíveis na fabricação e no fornecimento de materiais. Entre as inúmeras vantagens, destacamos: a eliminação de dúvidas que porventura se apresentem na identificação de um material, jamais podendo ser confundidas com um ou mais similares. 3 CRITÉRIOS SOBRE A DESCRIÇÃO A descrição deve ser concisa, completa e permitir a individualização; de- ve-se abolir a utilização de vocábulos referentes a marcas comerciais, gírias e regio- nalismos, que inadequadamente consagram a nomenclatura dos materiais. ESPECIFICAÇÃO 75 Para tanto, os requisitos para a montagem da especificação devem ser: des- crição sumária e objetiva, termos técnicos adequados e usuais e critério de quali- dade para determinado uso. A descrição padronizada de um material obedece a determinados critérios racionais, entre os quais merecem destaque: a. a denominação deverá, em princípio, ser sempre no singular; b. adenominação deverá prender-se ao material especificamente e nãoa sua forma ou embalagem, apresentação ou uso; Exemplo: Barradeoço — errado Açoembarra — certo c. utilizar, sempre que possível, denominações únicas para materiais da mesma natureza; d. utilizar abreviaturas devidamente padronizadas, conforme disposto no item 9 adiante e relacionadas no Apêndice C. ESTRUTURA E FORMAÇÃO DA ESPECIFICAÇÃO Monta-se a especificação por meio da seguinte estrutura: a. Nome básico: trata-se do primeiro termo da especificação. Exemplos: a. lâmpada; b. snbão. b. Nome modificador: trata-se do termo complementar. Exemplos: 0. lâmpado incandescente; b. Iimpoda fluorescente; <. sabão em pá; d. sabão líquido. - É É É % = = z = 76 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Cc. Características físicas: trata-se de informações detalhadas referentes às propriedades físicas e químicas dos materiais, tais como densidade, peso específico, granulometria, viscosidade, dureza, resistência e ou- tros, devendo-se ainda apontar tolerâncias das propriedades indica- das, métodos de análise dessas propriedades, padrões ou normas a se- rem observadas (ABNT, DIN, AN: SI, SAE etc.) que podem ser obtidas nos manuais e desenhos construtivos dos equipamentos e em catálogos técnicos de fabricantes. Independentemente dos componentes que formam a regra retrodefi- nida para sua formação, a especificação deve conter, conforme o caso, alguns elementos auxiliares com informações destinadas a com- Plementá-la, para evitar ou reduzir os denominados “esclarecimen- tos técnicos”, que são responsáveis pela perda ocasional de tempo du- rante o processo de ressuprimento. Numa maior amplitude, a especi- ficação está associada ao perfeito conhecimento de normalização e padronização. Os elementos auxiliares referidos são: Unidade metrológica: a boa especificação deve conter em seu bojo as informações referentes à unidade de fornecimento do material, a uni- dade de controle adotada pela empresa, bem como o fator de conver- são da unidade de fornecimento para a unidade de controle, caso essas sejam diferentes. Medidas: se for o caso, devem ser fornecidos desenhos dimensionais e tolerâncias limites de qualidade nos quais o material pode ser fa- bricado e aceito pelo consumidor, bem como outras medidas, como capacidade, potência (HP), fregúência (HZ), corrente (A), tensão (V) etc. Características de fabricação: indicar os processos de fabricação, deta- lhes de construção ou execução, acabamento do material etc. Características de operação: garantias exigidas, testes a serem execu- tados durante o processo de produção e testes de aceitação. Cuidados com relação ao manuseio e armazenagem: devem ser forne- cidos todos os detalhes sobre manuseio, transporte e precauções com relação à preservação e armazenagem dos materiais. Embalagem: deve levar em conta a finalidade do material, como ineios de transporte, manuseio e armazenagem, visando a sua integridade e evitando perdas até o consumo final. especiricação 79 6.1 Vantagens da normalização Em termos de empresa, destacam-se, entre outras, as seguintes vantagens: simplificação, intercambialidade, comunicação, adoção racional de símbolos e có- digos, economia geral, segurança, defesa do consumidor etc. Convém destacar também as vantagens técnicas oriundas de procedimen- tos de normalização: a. menor tempo utilizado no planejamento; b. maior segurança e menor possibilidade de diferenciações pelo uso de produtos normalizados; c. menor possibilidade de falhas técnicas na seleção; d. economia de tempo para o processo técnico de produção; simplificação das decisões pelos responsáveis; f. simplificação nos entendimentos entre projetistas, montadores e enge- nheiros de produção; g. menor tempo de preparação do pessoal técnico; h. simplificação dos métodos de montagem em conformidade com as normas; i limitação de correções no decorrer da produção; ij. asseguramento da intercambialidade e reutilização de peças, dese- nhos, embalagens e gabaritos de verificação, processos e produtos me- lhorados; k. eliminação de preconceitos que possam surgir pela programação mal elaborada; 1 possibilidade de cálculos mais econômicos; m. etc. 6.2 Definição A normalização tem recebido várias definições, cada uma de acordo com sua origem, algumas mais filosóficas ou econômicas e outras puramente técnicas. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na NB-0, definiu nor- ma como: “f a classe de norma técnica que constitui um conjunto metódico e preciso de preceitos destinados a estabelecer regras para execução de cál- 80 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS culos, projetos, fabricação, obras, serviços ou instalações, prescrever con- dições mínimas de segurança na execução ou utilização de obras, máqui- nas ou instalações, recomendar regras para elaboração de outras normas e demais documentos normativos.” Pela Resolução nº 03/76 e amparado pela Lei nº 5.966, de 11-12-1973, 0 Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Conme- tro - define Norma Brasileira: “É o documento elaborado segundo procedimentos e conceitos emanados do sistema nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, conforme a Lei nº 5.966, de 11-12-1973, e demais documentos legais dela decorrentes. De acordo com a sua classificação, as normas bra- sileiras são resultantes de um processo de consenso nos diferentes Fóruns do sisterna, cujo universo abrange o Governo, o setor produtivo, o comér- cio e os consumidores. As normas brasileiras em suas prescrições visam a obter: defesa dos interesses nacionais; racionalização na fabricação ou produção e na troca debens e serviços, por meio de operações sistemáticas e repetitivas; proteção dos interesses dos consumidores; d. segurança de pessoas e bens; uniformidade dos meios de expressão e comunicação.” As normas diferem quanto à forma e ao tipo, dependendo dos aspectos particulares de um assunto a ser abordado. Os tipos de norma são: a. procedimento ou norma propriamente dita; b. especificação; c. padronização; d. método de ensaio; e. terminologia; f. simbologia; 8. classificação. Os níveis de elaboração ou aplicação das normas podem ser: a. nível individual; b. nível de empresa; e. nível de associação; esprerricação 81 d. nível nacional; e. nível regional; f. nível internacional. A normalização envolve os seguintes princípios: a. a normalização é essencialmente um ato de simplificação; b. a normalização é uma atividade social, bem como econômica, e sua promoção deve ser fruto de cooperação mútua de todos os interessa- dos; a simples publicação de uma norma tem pouco valor, a menos que ela possa ser aplicada; logo, a aplicação pode acarretar sacrifícios de pou- cos para q benefício de muitos. x é z ê E = = = = = z 6.3 Normalização no Brasil Uma característica marcante nos países tecnologicamente desenvolvidos é a existência de significativo número de normas. Como não poderia deixar de ser, há carência de normas no Brasil, não obstante os instrumentos legais e disponibili- dade de recursos para tanto, fato este refletido em inúmeras citações técnicas que contêm normas internacionais. Anormalização é um instrumento eficiente na produção de rentabilidade e competitividade para mercados estrangeiros, na eliminação do desperdício, por garantia de qualidade e no estímulo à produtividade, permitindo o desenvol- vimento de tecnologia específica, mesmo com a absorção de know-how interna- cional. No Brasil, até 1973, a entidade responsável pela normalização era a ABNT, órgão de sociedade civil criado em 1940, sem finalidade lucrativa e reconhecida pelo Governo Federal como de utilidade pública, com estrutura interna semelhan- te à de outros organismos congêneres internacionais. Pela Lei nº 5966, de 11-12-1973, foi instituído o Sistema Nacional de Me- trologia, Normalização e Qualidade Industrial - Sinmetro —e seu órgão normativo, o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Con- metro —, com a finalidade de formular e executar a política nacional de metrologia, normalização industrial e certificação de qualidade dos produtos industriais. Tam- bém, por meio da mesma lei, foi criado o Instituto Nacional de Metrologia, Norma- lização e Qualidade Industrial - Inmetro -, como órgão executante do sistema ins- tituído. Especiricação 85 b. permitir compra em grandes lotes: ampliando o poder de compra pela aquisição de maiores quantidades de menos itens, a padronização re- duz o número de concorrências, as compras mais eficientes e possibili- ta, inclusive, a obtenção de preços mais convenientes: reduzir a quantidade de itens no estoque: reduzindo as variedades, consegue-se diminuir o custo de armazenamento, simplificar os meios de estocagem, melhorando o layout e diminuindo o espaço físico. 7.4 A experiência da Cosipa na padronização de materiais 7.4.1 PARAFUSOS A Figura 3.2 reflete fielmente a necessidade de padronização. r . DESCRIÇÃO QUANTIDADE | 1. Quantidade instalada de parafusos 65.082 itens | 2. Parafusos no sistema métrico 54.789 itens I ab Parafusos com rosca grossa 99,0% 3. Pornfusos no sistema inglês (polegada) 10.123 itens q. Porafusos com rosca UNC 96,5% b. Parafusos com rosca BSW 28% c. Parafusos com rosca UNF 07% 4. Parafusos em aço SÃE 1030, 1035, 1040 e 1045 1793 itens ! 5. Parafusos em aço liga SAE 4140, ASTM-A-193 e 325 3.250. itens | 6. Parafusos em aço inoxidável 217 itens 7. Pornfusos em aço SAE 1020 (o restunte) 59.822 itens | 8. Consumo anual 170.000 peças 1a. Consumo de parafusos de rosca métrica 87.060 peças b. Consumo de parnfusos de rosca UNC 83.000 peços 9. Universo de porafusos passantes 78,0% Figura 3.2 Situação de parafusos utilizados na Cosipa. Independentemente de padronização de medidas, a situação apresentada gerou: 8 1. a. simplificação para apenas dois materiais: para parafusos de uso geral, em aço SAE 1020, equivalente a JIS SS41, JES 4T, DIN St 38, DIN 4 D, ASTM-A-307 e UNI Aq 42; oeequna mp qua A) 86 — ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS b. parafusos de alta resistência, em aço SAE 1040/1045, temperado e re- venido, que, assim tratado, substitui os seguintes aços: JIS SCM 3, JIS SCM 4, ASTM-A-325, SAE 4140 e DIN 86. 2. como 78% são passantes e, também, porque existe folga entre o furo e o diâmetro, adotou-se a padronização para parafusos métricos e de rosca grossa. Exemplo: parafusos passantes de diâmetros 3/8" e 1/2" foram substituídos para diâmetros de 10 e 12 mm, respectivamente. 7.4.2 RESULTADOS OBTIDOS A Figura 3.3 reflete os resultados significativos obtidos com o programa de redução de variedades implementado pelo Grupo de Normalização da Cosipa, em 1978. ITENS EXISTENTES % MATERIAL e DE ANTES APÓS REDUÇÃO Elementos de fixação (parafuso, porcas, arruelas) 2.350 o BA Material hidráulico (válvulas, tubos, mangueisus) 4702 9m 80,8 Material para soldo eletrodos, varetas, arames) 165 56 64,1 Muteriol de vedação (anéis, reentores, goxetos) 4014 697 86,2 Construção mecânica (barras, chapas etc.) 484 195 597 Usinagem (bits, pastilhas, insertos, brocas) 316 190 557 Rolamentos 2.27% 8 60,7 Correias transportadoras 57 8 50,9 Rodas de pontes rolantes 144 2 87 Lômpados 342 139 “47 Motores elétricos trifásicos 560 103 81,6 Fusíveis st 249 520 Isoluntes elétricos 1.024 106 89,6 Disjuntores de baixa tensão 357 7 BA Contatores [CA e CC) 398 143 640 Cabos e fios elétricos 22 o B5 Terminais para condutores de cobre 228 4 198 Eletradutos e acessórios 290 19 934 RESULTADOS TOFAIS ATÉ JULHO/1986 18.468 4.608 750 Figura 3.3 Resultados gerais obtidos pela Cosipa com padronização. Por meio dos resultados apresentados, observa-se que os estudos de padro- nização deveriam ser estimulados nas empresas, pois seus resultados compensam e comprovam as inúmeras vantagens advindas. EspECIFICAÇÃO 87 8 ANÁLISE DE VALOR A Análise de Valor é um recurso sistemático para conseguir redução de cus- tos, mediante a utilização de certas técnicas básicas e de um trabalho planejado para desenvolver novos meios de obtenção da mesma função por menores gastos; esses conceitos são plenamente identificados com a Administração de Materiais, mediante especificações de compra, que, por motivos econômicos, devem, conti- nuamente, ser submetidas às técnicas explicitadas. A atividade consiste na análise preliminar da especificação e/ou desenho do material que se deseja comprar, utilizando o conhecimento da tecnologia de fa- bricação e providenciando, quando procedente, a alteração da especificação ou re- visão do projeto, com o objetivo de obter maior desempenho do material, menor custo de fabricação ou preço final da compra, adequação ao mercado fornecedor ou, ainda, nacionalização. 8.1 Metodologia de Análise de Valor Para a estruturação do plano de trabalho de desenvolvimento da Análise de Valor, recorre-se a uma lista de indagações, como demonstrado a seguir. 8.1.1 DE ORDEM GERAL a. pode o projeto ser alterado ou eliminado em parte? b. pode o projeto ser vantajoso? e. pode ser usada peça padronizada? d. será uma peça padronizada alterada mais econômica? e. é justificável um melhoramento na aparência da peça? f. existe uma peça menos custosa que satisfaça à mesma função? g. pode o projeto ser alterado para simplificar a peça? h projeto permite o uso de equipamento normal de inspeção? ii pode uma peça projetada para outro equipamento ser usada? j. pode ser utilizado um material mais barato? k. pode ser reduzido o número de materiais diferentes? 1 existem materiais recém-desenvolvidos que podem ser usados? 4 pa nen OE amo matem Mid DI v 90 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS e. peso; f. custo de documentação; g. ferramenial; h. tempo total entre emissão da compra e entrega do material; economia final. 8.3 A experiência da CSN na aplicação de Análise de Valor Muitas são as oportunidades de aplicação da Análise de Valor. Por motivos didáticos, porém, apresentaremos um caso que envolve a compra de um material, conforme desenho, para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1983. Trata-se da aquisição de seis eixos para o conjunto de translação de ponte rolante (eixo principal), montados, conforme demonstra a Figura 3.4, em uma ponte rolante de 31.394 mm de vão. Cada eixo do conjunto é suportado por uma ou duas caixas de mancal SKF-SN-520, ou seja, por mancais ajustados no eixo por bucha de fixação SKF-HE-220 e interligados, que compõem o conjunto por acopla- mentos. A Figura 3.5 demonstra o desenho construtivo original. VÃO Da PONTE = 31.288 E mancaL sur - sn = eo Rev. 2 cm Figura 3.4 Desenho representativo do eixo principal do conjunto de translação de ponte rolante da CSN. 4.283 nm O hssem Ç =) "Ret ns “!Bogy Figura 3.5 Desenho construtivo original referente ao eixo da Figura 4.4 (antes da Análise de Valor). especiriCAçÃO 91 Questionou-se a tolerância (ret. h.9), que condiciona a confecção do eixo por usinagem de barra de aço com diâmetro de 3.3/4" em toda sua extensão, o que demandaria no mínimo 55 h/m (homem-hora/máquina). Aplicando a metodologia de Análise de Valor, indagou-se: a. Qual a função básica da tolerância em todo o comprimento do eixo? Resposta: função desnecessária. b. Qual a função básica da tolerância no eixo? Resposta: ajuste dos acoplamentos. Com base nesses fatos, foi perfeitamente possível a alteração do projeto do eixo e especificação da matéria-prima para sua obtenção, que passa a ser aço trefila- do em barra de 3.1/2" de diâmetro, exigindo apenas pequena usinagem nas extre- midades, em virtude da variação dimensional permissível nos aços trefilados, nos diâmetros de 80 a 120 mm, que admite a variação de mais zero a menos 0,022 mm, conforme demonstra a Figura 3.6. a.3 Rr + ses? 00,003 L Dm A Nm E DJ) Figura 3.6 Desenho construtivo referente ao eixo da Figura 4.4 modificado em rela- ção à Análise de Valor. Essa alteração sugerida proporcionou redução a preços da época da ordem de US$ 4.970,00 por unidade ou US$ 29.820,00 por conjunto, conforme demons- tra a Figura 3.7. Preço - US$ Descrição : Antes da Anélise de Valor | Após a Análise de Valor Economia obtida Preço da confecção 5.800,00 850,00 4.950,00 Preço unitário 6.750,00 1.780,00 4.970,00 Preço total 40.500,00 10.680,00 29.820,00 Nota: O preço da confecção refere-se a operações de usinugem, serrar, tornear e abrir rasgos, e envolve 55 h anterior- mente e & h após a Análise de Valor. Figura 3.7 Síntese das vantagens obtidas pela Análise de Valor. 92 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 9 ABREVIATURA DE TERMOS TÉCNICOS UTILIZADOS EM ESPECIFICAÇÃO A abreviatura das unidades geométricas e mecânicas, das unidades elétri- cas e magnéticas, das unidades térmicas, das unidades ópticas, das unidades de ra- dioatividade e de outras unidades aceitas para uso deve seguir o padrão adotado pelo Decreto nº 63.233, de 12-9-1968, modificado pelo Decreto nº 81.621, de 3-5-1978, os quais aprovam e regulamentam no Brasil o Sistema Internacional de Unidades, que é baseado nas seis unidades fundamentais: comprimento (metro), massa (kg), tempo (segundo), intensidade de corrente elétrica (ampére), tempe- ratura (kelvin) e intensidade luminosa (candela), Independentemente das unidades convencionais regulamentadas para uso no país, adotam-se abreviaturas de termos técnicos para facilidade de comuni- cação e também para permitir o entendimento e o trabalho de especificar. 10 QUESTÕES E EXERCÍCIOS 2. Qual a importância da normalização para a especificação de materiais? 2. Qual a importância da padronização para a especificação de materiais? 3. Qual a importância da Análise de Valor para a especificação de materiais? coprricação 95 c. número identificador: qualquer que seja o sistema, há necessidade de individualizar o material, o que é feito a partir da faixa de 001 a 999, reservada para a numeração correspondente de identificação; dígito de controle: para os sistemas mecanizados, é necessária a cria- ção de um dígito de controle para assegurar confiabilidade de identifi- cação pelo programa. x . anã , . . , á O sistema de codificação selecionado deve possuir as seguintes caracterís- É ticas: E e a. expansivo: o sistema deve possuir espaço para a inserção de novos É itens e para a ampliação de determinada classificação; E x b. preciso: o sistema deve permitir somente um código para cada mate- = rial; = c. conciso: o sistema deve possuir o mínimo possível de dígitos para defi- ã nição dos códigos; d. conveniente: o sistema deve ser facilmente compreendido e de fácil aplicação; | e. simples: o sistema deve ser de fácil utilização. ! A seguir, os sistemas de codificação relacionados serão analisados: a. codificação decimal; b. codificação do FSC (Federal Supply Classification); c. codificação da CSSF (Chambre Syndicale de la Sidérurgie Française). 3.1 Codificação decimal Esse tipo de codificação divide o universo dos materiais em grandes gru- pos, de acordo com o campo de emprego, numerando-os de 01 a 99. Os grupos são, por sua vez, divididos em subclasses (por tipo de equipamento ou tipo de mate- rial), numerando-os de 001 a 999. Finalmente, reserva-se a última segiiência de três dígitos (001 a 999) para identificar o item em sua subclasse. Exemplo: para o Rolamento SKF 6303-2Z, de 17 x 47 x 14 mm, vamos esti- pular que a classe do rolamento seja 59, a subclasse para rolamento fixo de uma carreira de esferas seja 001 e o número identificador desse rolamento na subclasse seja 194. Assim, o código do rolamento em pauta será 59.001.194. 96 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 3.2 Federal Supply Classification (FSC) Em face dos problemas deparados com o suprimento de materiais durante a Segunda Guerra Mundial, o Federal Supply foi criado após o conflito pelo Depar- tamento de Defesa e pela Administração dos Serviços Gerais dos Estados Unidos, para estabelecer e manter um sistema uniforme de codificação, identificação e ca- talogação de materiais sob o controle dos Departamentos Governamentais. O ESC classifica, descreve e numera uniformemente todos os itens de suprimento, de modo que possam ser identificados em qualquer lugar do mundo onde os órgãos do governo dos EUA atuam, sendo sua amplitude universal, de estrutura simples e flexível, permitindo seu emprego em grandes empresas com as devidas adapta- ções. Por meio de ampla divulgação, o governo dos EUA permite a utilização do ESC por outros países. Sua estrutura é composta por 11 dígitos, conforme demonstra a Figura 4.1, assim identificados: a. número de classe (NC), com quatro dígitos, sendo que os dois primei- ros representam os grupos de materiais, conforme disposto na Figura 4.2; os quatro dígitos definem a classe do material, conforme disposto na Figura 4.3; b. múmero de identificação (NI), com sete dígitos, segiencial dentro da classe e codificado por um único órgão da Defense Logistics Services Center, podendo ainda ser subdivididos em dois grupos: 1. os três primeiros dígitos podem indicar a unidade de aplicação do ma- terial ou a região em que o mesmo será utilizado; 2. os quatro últimos dígitos indicam a segiiência de cadastramento do material, podendo ser geral ou específico da área de utilização; c. o décimo segundo dígito será o dígito verificador. r Grupo de Material ” o toooçoo L, Closse de Material L, Número Identificador (Segiiencial dentro da classe) Figura 4.1 Disposição dos dígitos no FSC. CODIFICAÇÃO 97 4y Tubos, mangueiras e conexões 48 | Válvulas 5 Ferramentas manuais 52 Instrumentos de medição 53 Ferragens, abrasivos é materiais para: vedação 55 Madeiras, esquadrias, compensados e folheados 58 | Equipamentos de comunicação 59 Componentes de equipamentos elétricos e eletrônicos 61 Materiais é equipamentos para geração e distribuição de energia elétrica 62 Lâmpodos e aparelhos de iluminação 63 Equipamentos de sinalização e olurme Figura 4.2 Exemplos de grupos de materiais. 58 — Equipumentos de comunicação 5805 | Acessórios e equipomentos telefônicos e telegráficos 5835 | Acessórios e equipamentos para gravação é reprodução de som 59 — Componentes e equipamentos elétricos e eletrônicos 5905 | Resistores 5910 | Copaciores 5915 | Filtros e redes, 5920 | Fusíveis e pára-raios 5925 | Disjuntores 5930 | Chaves, interruptores e conectores elétricos 5940 | Terminais elétricos 5945 | Relés, contatores e solenóides 5950 | Bobinas e transformadores 5960 | Válvulas eletrônicas, transistores e cristais retificadores 5970 | Isoludores elétricos e maieriais isolontes. 5975 | Ferragens e artigos para eletricidade 5977 | Escovas de contato e eletrodos 5985 | Anienos, anterés direcionais e equipamentos correlatos 5999 | Componentes diversos elétricos e eletrônicos Figura 4.3 Exemplos de classes de materiais. Fundacao Educacional Municipal da Estância Turística de Ibitingo 100 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Faixa de Descrição Códigos - 30.420 30.44 | Metais brutos 30.45 030.47 | Ligas metálicas brutas 30.48 Sucatas metálicas brutos 3075 Materiais diversos para modelagem de fundição a. Tuhos mecânicos 31.22 Aços redondos SAE-1020, 1030, 1035, 1040, 1045, 1050 31.28 Aços para concreto 331 Acos quadrados SAE-1020, 1030, 1040, 1045, 1050, 1060 3133 Aços sextavados SAE 1020, 1035, 1040, 1045, 1060, 1080 31.41 031.46 | Aços chatos SAE-1030, 1045, 6150 3150031.54 | Perfilados 31,74031.79 | Choposdogço = 61.61 0 61,85 | Marretas, martelos, ponteiros 61.89 Fesrumentas de marcar e gravar, sobressalentes e acessórios 62.21 063.67 | Ferramentas de corte, usinagema, abrasivos, insertos de wídia 64.67 065.33 | Portu-bit, porta-bedome, porta-ferramento, mandris p/ tornos 65.61 066.54 | Ferramentas manuais diversos Figura 4.6 Identificação do 2º e 3º grupamentos de dígitos da codificação normali- zada (parcial). 8 0. 1 o 4 .0 4.0 1º Grupamento 2º Grupamento 3º Grupamento 4º Grupamento Grupamento | Dígitos Correspondentes Identificação u 8 Sobressulente específico mecânico, conforme visto na Figura 4.4. p o Indica o equipamento. Foram extraídos da PO (Purchase Order), con- forme a Figura 4.8, a seguir. 3 D4 Indica cr máquina ou conjunto de máquinas do equipamento. Foram extraídos do item do PO. 4 040 Número de identificação da peça ou conjunto, seguencial dentro da máguino ou conjunto de máquinas. No caso de pegas, a numeração se- gue em ordem crescente a portir de 001, e no de conjuntos, segue em ordem decrescente a partir de 999. Figura 4.7 Montagem da codificação de materiais específicos. CODIFICAÇÃO 101 Digito Identificação 1 Laminador de tiras a frio nº 1 02 Lominodor desbastador 03 Laminador de chopos grossas e linha de acabamento 04 05 Estripador de lingotes. 06 Fornos poco 07 Fornos de recozimento nº 1 0 Lominador de encruamento 09 Laminador de acabamento de bobinas a quente 10 Linha de decapagem contínua nº 1 N Estações de compressares de ar fixos e redes de distribuição 12 Laminador de tiras a quente né 1 8 Fornos de reaquecimento de placas, pátios de placas e escarfagem 14 Pontes rolantes. 15 Linha de tesouras a frio nº 1 16 Pontes rolantes y Pontes rolantes 18 Fornos de reaquecimento de plncos e pútio de placas 19 Lominador de chapos grossas 2 Linha de acobamento e pátio de embarque 2 Trujumento térmico e processos paralelos 2 B inha de tesouras a quente M 3 % Estruturas de pontes rolantes isolados 7 28 ”» 30 Oficinas elétricos 3 Oficinas mecânicas 102 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Digito Identificação 3 3 35 Usina de subprodutos 36 Pátio e manuseio de carvão e coque 3 Coqueria nº 1 e usina de subprodutos 38 Coqueria nº 2 Eu Turbo soprador nº ] 40 Linka de decapogem continua nº 2 41 Alto-forno nº 1 42 Máquinas de moldar gusa e quebrador de cosção 48 Cusa de força nº] M Transferidor de bobinas 45 Turbo soprador nº 2 46 Fábrica de oxigênio 47 48 Acioria nº 1 49 Pontes rolantes 50 Sinterização nº 1 51 Sinferização nº 2 52 Alto-forno nº 2 53 Pátio e manuseio de carvão e coque nº 2 5a Pátio de minérios nº 1 5 Caleinação né 1 5 Cosas de bomba, poços de carepa 5 Fundição 58 Fornos de recozimento nº 2, transferidores de bobinas e Hessulfurização 59 Fóbrica de refratários 8 Sinterização nº 3 E Torres de circulação e resfriamento de água 62 Linhas de inspeção de bobinas 63 64 Linha de tesouras a frio nº 2 copricação 105 Grupo Descrição do grupo Closse Descrição da classe 10 | Insulina humana n Hormônios 15 | Insulina bovina Eu NPH-140-U80 10 | Yitumina À o 15 | Complexo B 92 Vitaminas » Vitamina ( 25 | Vitomina E 30 | Algodão 35 | Esporadrupo 93 Primeiros socorros 49 Gases, compressas, ataduras 45 | Seringas e agulhos 50 | Soros e hidrantes 55 Xampu o 60 | Subonete 94 | Higiene pessoal 65 | creme dem 70 | Absorventes higiênicos 75 | Perfumes 80 | Baton 85 Esmaltes 95 | Perfumaria 90 Maquiagem 95 | Timturu 00 | Alizadores e permanentes 10 | Mamadeira 96 | Artigos infontis 15 | Ghupeo 20 | Froldos 25 | Mordedores 97 Medicamentos controlados 99 | Psicatrópicos 10 | Produtos dietéticos B Artigos diversos 15 Chás e infusões 20 | Agua mineral Figura 4.9 Plano de codificação para farmácia (resumido). PR a] rapa O Tr a 106 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 5 QUESTÕES E EXERCÍCIOS 1. Qual a utilidade da codificação de materiais? 2. Elaborar Plano de Codificação para empresa do ramo de supermercados. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE ESTOQUES E A importância do gerenciamento de estoques E Razões fundamentais para a existência de estoques E Formação dos estoques M Sistemas auxiliares no gerenciamento de estoques E Problema da obsolescência 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Função do sistema de administração de materiais, O gerenciamento de es- toques reflete quantitativamente os resultados obtidos pela empresa ao longo do exercício financeiro, o que, por isso mesmo, tende a ter sua ação concentrada na aplicação de instrumentos gerenciais baseados em técnicas que permitam a avalia- ção sistemática dos processos utilizados para alcançar as metas desejadas. Em con- segiiência, podemos afirmar que, manter em níveis economicamente satisfatórios o atendimento às necessidades em material de qualquer empresa constitui seu mais amplo objetivo. un qué ANE Cama romana did VMA att 110 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS usuários para a continuidade das atividades da empresa, sendo o esto- que gerado, consequentemente, pela impossibilidade de prever-se a demanda com exatidão; ou b. reserva para ser utilizada em tempo oportuno. 2.2 Consumo Quantidade de material requerido para o atendimento das necessidades de produção e de comercialização, relacionada a determinada unidade de tempo. Assim, conforme o ritmo em que se processa a utilização, pode-se classificar o con- sumo da seguinte forma: 2.2.1 CONSUMO REGULAR Caracteriza-se por materiais utilizados significativamente, em quantidades de pequena variação entre sucessivos intervalos de tempo constantes. Nessas condi- ções, materiais com comportamento regular, dependendo da situação, podem pas- sar a ter consumo crescente ou decrescente, conforme demonstra a Figura 5.2. Quantidade [LS 0 Distribuição horizontal Tempo Figura 5.2 Demonstração gráfica de consumo regular. 2.2.1.1 Consumo com tendência crescente Caracteriza-se pelo crescimento vegetativo da utilização de materiais, de forma crescente e ordenada, conforme demonstra a Figura 5.3. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO Dk ESTOQUES 111 Quantidade TO [+ 0 Distribuição com tendência (crescente) Tempo Figura 5.3 Demonstração gráfica de consumo com tendência crescente. 2.2.1.2 Consumo com tendência decrescente Caracteriza-se pelo decréscimo da utilização, anteriormente definida e perfeitamente regular, sendo seu comportamento inverso ao demonstrado grafi- camente na Figura 5.3. 2.2.2 CONSUMO IRREGULAR Caracteriza-se por materiais utilizados em quantidades aleatórias, por meio de grande variação entre sucessivos intervalos de tempo, conforme demons- tra a Figura 5.4. Quantidade 5 4 3 2 1 01234 5 6 7.8 Distribuição aleatória Tempo Figura 5.4 Demonstração gráfica de consumo irregular. 112 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS 2.2.3 CONSUMO SAZONAL Caracteriza-se por padrão repetitivo de demanda, que apresenta alguns períodos de considerável elevação em determinado periodo. 2.3 Demanda A demanda caracteriza intenção de consumo e tem o objetivo básico de fazer previsões, levando-se em consideração dois aspectos relevantes, quais se- jam sua evolução histórica e seus afastamentos, que podem ser identificados analisando-se tipos de funções (distribuições) da própria demanda. 2.4 Previsão da demanda Como não poderia deixar de ser, a previsão da demanda é de competência do usuário, quando o-material será adquirido pela primeira vez. Normalmente, essa primeira previsão é fixada por estimativa, estando sujeita a distorções pela falta de dados anteriores que o auxiliem a prever com exatidão. Após a ocorrência de movimentação do estoque, a reposição passa a ser au- tomática, com base nos dados de consumo, prazo de aquisição e demais índices de classificação, objeto do Capítulo 2. 3 INCLUSÃO DE ITENS NO ESTOQUE A previsão de demanda deve ser elaborada pelo usuário, por meio do for- mulário Proposta de inclusão de material no estoque, demonstrado na Figura 5.5, em que são fornecidos os elementos necessários à perfeita identificação do mate- rial e, consegientemente, à gestão eficaz do estoque. Alguns cuidados devem ser observados no Processamento e consequente cadastramento de novos materiais no estoque, tanto da parte do usuário como da gestão.
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