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Guias e Dicas
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agentes químicos e biológicos, Manuais, Projetos, Pesquisas de Segurança do Trabalho

Fundamentos de agentes quicos e biológicos

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

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Baixe agentes químicos e biológicos e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Segurança do Trabalho, somente na Docsity! Manual de Formação UFCD 3778 Agentes químicos e biológicos Formador: Carlos Pires INDICE Conteúdo 1. Contaminantes Químicos....................................................................................................... 3 1) Introdução...............................................................................................................................3 2) Contaminantes Químicos no Estado Sólido e Líquido. Partículas......................................... 5 3) Partículas inertes.................................................................................................................. 10 4) Partículas irritantes...............................................................................................................10 5) Partículas fibrogéneas ou pneumoconióticas....................................................................... 10 6) Partículas tóxicas (sistémicas)..............................................................................................10 7) Partículas alergéneas............................................................................................................ 11 8) Contaminantes Químicos no Estado Gasoso. Gases e Vapores............................................11 9) Classificação de Gases e Vapores......................................................................................... 11 10) Substâncias e Preparações................................................................................................12 11) Utilização de Produtos Químicos..................................................................................... 14 12) Noções Gerais de Toxicologia..........................................................................................15 13) Vias de Entrada dos Produtos Químicos no Organismo...................................................16 14) Exposição e Dose............................................................................................................. 17 15) Efeitos no Organismo.......................................................................................................19 16) Classificação dos Efeitos Nocivos................................................................................... 19 17) Exposição Multifactorial.................................................................................................. 21 18) Ciclo Toxicológico........................................................................................................... 22 2. Amianto................................................................................................................................24 1. Caracterização dos Riscos Associados ao Amianto............................................................. 24 3. Agentes Biológicos.............................................................................................................. 34 4. Grupos e Caracterização dos Agentes Biológicos................................................................35 1) Microorganismos..................................................................................................................35 2) Agentes Biológicos. Vias de Entrada e Acção no Organismo..............................................39 3) Vias de entrada..................................................................................................................... 39 4) Acção no organismo.............................................................................................................40 5) Nocividade dos Agentes Biológicos.....................................................................................40 6) – Infestação.......................................................................................................................... 42 7) BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................44 O aerossol é definido pela Norma NP EN 132:2004 como uma suspensão de partículas sólidas, líquidas ou sólidas e líquidas, num meio gasoso, tendo uma velocidade de queda desprezável (geralmente considerada inferior a 0,25 m/seg). Segundo a mesma norma, define-se como aerossol em fase líquida aquosa o conjunto de aerossóis produzidos a partir de soluções e/ou suspensões aquosas de materiais particulados. Assim, a única fonte de contaminação do local de trabalho é atribuída a este material sólido. No caso das partículas líquidas, e de acordo com a sua dimensão, distinguem-se duas situações: Nevoeiros (mist): suspensão, no ar, de partículas de pequena dimensão, não visíveis à vista desarmada, provenientes da dispersão de um líquido; Neblina (fog): suspensão, no ar, de partículas líquidas visíveis, produzidas por condensação de um vapor. Os aerossóis de partículas sólidas formam o que geralmente se designa por empoeiramento, que pode ser constituído por: Poeiras: partículas de forma esferoidal irregular, de substâncias cristalinas ou não, que resultam de manuseamento de materiais sólidos ou de processos mecânicos de desintegração. Podem também ser constituídas por aglomerados de várias partículas; Fibras: partículas acidulares de natureza mineral ou química provenientes de desagregação mecânica e cuja relação comprimento / largura é superior a 3:1; Fumos: mistura de partículas de pequena dimensão procedentes de uma combustão incompleta (smoke) ou resultante da sublimação de vapores de metais fundidos (fumes). No caso das poeiras, a maioria das partículas tem uma forma irregular, sendo as suas dimensões caracterizadas pelo diâmetro projectado, o qual é definido como sendo o diâmetro da circunferência cuja área mais se aproxima da área da projecção da partícula. As partículas, uma vez libertadas, têm um determinado comportamento no ar que vai condicionar a sua possibilidade de atingirem e penetrarem no aparelho respiratório do indivíduo exposto. A movimentação das partículas no ar e a rapidez com que se depositam ou sedimentam são, portanto, determinantes para a exposição de um indivíduo. Considera-se que as partículas de diâmetro projectado superior a 50µ tendem a depositar-se por acção da gravidade, rapidamente. As partículas de menor dimensão (diâmetro projectado inferior a 50µ), são submetidas a outras forças, com acção contrária à da gravidade, que as obrigam a permanecer suspensas no ar durante algum tempo, e, por isso, há maior probabilidade de serem inaladas. Quando estas partículas, de diâmetro inferior a 50µ, se encontram suspensas num ar parado, a velocidade máxima atingida na deposição no processo de sedimentação (Vs) depende da resistência oposta pelo ar, sendo calculada através da seguinte fórmula, designada por fórmula de Stokes : Onde: Vs – velocidade limite; d – diâmetro da partícula (= Dp para partículas não esféricas); F 0 7 2 F 0 2 0 – massa específica da substância da partícula (corresponde à densidade); F 0 7 2 a – massa específica do ar; g – aceleração da gravidade; F 0 6 8 F 0 2 0 – viscosidade do ar. Como num determinado local os valores atingidos pela aceleração da gravidade (g) e a massa específica (F 07 2 a ) e viscosidade do ar ( F 0 2 0 F 0 6 8 F 0 2 0 ) são constantes, a velocidade de sedimentação é directamente proporcional ao diâmetro projectado (d) e à massa específica da substância que constitui o empoeiramento (F 02 0 F 0 7 2 F 0 2 0). Considerando o exposto anteriormente, para caracterizar as partículas tendo em conta o aspecto da sua permanência no ar, é definida uma nova grandeza que integra não só a sua dimensão (diâmetro geométrico), mas também a densidade do material que a constitui. Esta grandeza é designada por diâmetro aerodinâmico. conforme a Norma NP EN 1540:2004 o diâmetro aerodinâmico é definido como: O diâmetro de uma esfera de densidade 1 (massa volúmica= 1g/cm3) com a mesma velocidade terminal da partícula, devido à força da gravidade em ar calmo, nas mesmas condições de temperatura, pressão e humidade relativa. O diâmetro aerodinâmico (Da) é calculado pela expressão seguinte: Onde: Da – diâmetro aerodinâmico; Dp – diâmetro projectado; F 0 7 2 F 0 2 0 – massa específica da substância da partícula. Do exposto se conclui que para o mesmo diâmetro aerodinâmico, a dimensão real das partículas varia muito, dependendo da sua densidade. Apresentam-se na tabela seguinte os valores do diâmetro aerodinâmico para a sílica livre e para o chumbo cujas massas específicas são muito diferentes (respectivamente, de 2,5 e 11,3): Diâmetro aerodinâmico Diâmetro projectado – Dp (µ) Da (µ) Sílica livre Chumbo 0,5 0,31 0,15 1,0 0,62 0,30 3,0 1,86 0,90 5,0 3,10 1,50 7,10 4,40 2,11 Observando os valores apresentados no quadro, verifica-se que, para o mesmo padrão de deposição, a «dimensão» das partículas de sílica é duas vezes superior à «dimensão» das partículas de chumbo (substância muito mais densa). Na inalação, as partículas seguem o percurso das vias respiratórias e o local de retenção bem como a quantidade de partículas retidas vai depender do seu diâmetro aerodinâmico. As partículas com maior diâmetro aerodinâmico ficam retidas no tracto respiratório superior, enquanto as de menor diâmetro aerodinâmico conseguem atingir os alvéolos pulmonares, e, portanto, podem passar para a corrente sanguínea, apresentando, assim, padrões de maior toxicidade. Tendo em atenção o papel relevante que a dimensão da partícula tem na inalação e no percurso no aparelho respiratório, num empoeiramento distinguem-se seis fracções: Fracção total; Fracção inalável; Fracção extra-torácica; – 6. Partículas tóxicas (sistémicas) Partículas cuja acção nociva se manifesta noutro órgão que não o pulmão, que se limita a ser o local de entrada (e.g.: poeiras metálicas). Os efeitos podem-se manifestar de imediato para grandes quantidades inaladas (intoxicações agudas) ou a longo prazo para exposição a baixos níveis (intoxicação crónica); – 7. Partículas alergéneas Partículas que provocam reacções alérgicas sobre a pele ou sobre o aparelho respiratório (e.g.: algumas madeiras tropicais, resinas). 8. Contaminantes Químicos no Estado Gasoso. Gases e Vapores Entre os factores químicos que se apresentam no estado gasoso distinguem-se dois grupos: gases e vapores. As definições destes dois grupos são as seguintes: – Gases: substâncias que, apresentando-se no estado gasoso, só podem mudar de estado com uma acção conjunta de um aumento de pressão e uma descida de temperatura; – Vapores: formas gasosas de substâncias que, nas condições normais de pressão e temperatura (pressão = 760 mm Hg ou 1 013 mbar; temperatura = 25ºC), se encontram noutro estado – líquido ou sólido – e que podem transitar para esse estado por acção isolada de um aumento de pressão ou de uma descida de temperatura. 9. Classificação de Gases e Vapores Existem vários critérios para classificar os gases e vapores. Contudo, para efeito dos riscos para a saúde, a classificação mais frequente é a seguinte: Irritantes: exercem uma acção química ou corrosiva nos tecidos com que contactam. Atuam principalmente nos tecidos de revestimento como a pele, as mucosas respiratórias e a conjuntiva ocular. Quando estes poluentes são muito solúveis (e.g.: amoníaco, ácido acético, formaldeído) são absorvidos pelos primeiros tecidos das vias respiratórias – nariz e garganta – onde, de imediato, exercem a sua acção. No caso de se tratar de substâncias de solubilidade moderada, a sua acção irritante estende-se a todas as partes do sistema respiratório (e.g.: ozono, cloro, fosgénio, óxidos nitrosos). Existem ainda compostos com características particulares, nomeadamente a acroleína que, embora pouco solúvel, tem uma acção irritante sobre as vias aéreas superiores e os vapores de ácido sulfúrico que, além de irritante, afecta as terminações nervosas olfactivas; – Asfixiantes: são consideradas asfixiantes as substâncias que impedem o processo da respiração. Este impedimento pode ter origem na redução da concentração de oxigénio, sem existir interferência no organismo, e estamos perante os chamados asfixiantes simples (e.g.: hidrogénio, azoto, dióxido de carbono), ou, então, os poluentes actuam quimicamente no processo de absorção do oxigénio no sangue e tecidos e são designadas por asfixiantes químicos (e.g.: monóxido de carbono); – Narcóticos: substâncias que exercem uma acção depressiva do sistema nervoso central, produzindo um efeito anestésico após absorção (e.g.: álcool etílico, acetona, éter); – Tóxicos: compostos que, sendo absorvidos, exercem efeitos sistémicos, podendo causar lesão a nível de diferentes órgãos e sistemas, nomeadamente o fígado, o rim e os sistemas nervoso central e reprodutor (e.g.: hidrocarbonetos alifáticos, aromáticos e clorados). Alguns gases e vapores, entre os quais a maioria dos solventes industriais orgânicos, apresentam propriedades explosivas e inflamáveis, pelo que, para além de constituírem um factor de risco para a saúde, colocam também problemas no âmbito da segurança. 10. Substâncias e Preparações As produtos químicos são um dos pilares do desenvolvimento das sociedades modernas. Nos últimos 50 anos, o consumo de produtos químicos aumentou exponencialmente e, hoje em dia, são parte integrante de todos os tipos de processos de produção e de diversas actividades. Nos anos trinta do século XX, a produção de produtos químicos situava-se em 1 milhão de toneladas por ano, mas, actualmente, a produção atinge os 400 milhões de toneladas por ano. No Chemical Abstract Service (CAS) estão registados cerca de 27 milhões de substâncias químicas, das quais 200 000 são utilizadas mundialmente. No conjunto dos produtos químicos tomam particular relevância os designados por produtos químicos perigosos. Este grupo inclui todos os produtos químicos que, pelas suas características físicas, químicas, toxicológicas e ecotoxicológicas, apresentam nocividade para o homem e/ou o ambiente. Os produtos químicos podem apresentar-se em duas formas: – Substâncias: elementos químicos e os seus compostos, no seu estado natural, ou tal como são obtidos por qualquer processo de produção, incluindo qualquer aditivo necessário para preservar a sua estabilidade ou qualquer impureza derivada do processo de produção utilizado, com excepção de qualquer solvente que possa ser separado, sem afectar a estabilidade da substância, nem alterar a sua composição (e.g.: chumbo, acetona, álcool etílico, óxido de níquel, etc.); – Preparações: misturas ou soluções compostas por duas ou mais substâncias (e.g.: tintas, vernizes, colas, diluentes, desengordurantes, etc.). Os dados do International Programme on Chemical Safety (IPCS), uma iniciativa conjunta da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), apontam para que sejam cerca de 100 000 o número de substâncias químicas existentes, de quatro milhões o número de produtos químicos com utilização comercial e que, anualmente, sejam introduzidos no mercado várias centenas de produtos químicos de síntese. Na Europa, a indústria química representa um importante sector da economia. Dados do ano de 2005 mostram que este sector foi o terceiro sector produtivo desta região, representando um valor de 440 mil milhões de euros por ano e empregando 1,3 milhões de pessoas em cerca de 27 000 empresas. Dados da Agência Europeia apontam para que, das 100 000 substâncias químicas presentes no mercado europeu, 10 000 são comercializados em quantidades superiores a 10 toneladas/ano e 20 000 em quantidades entre 1 e 10 toneladas/ano. A complexidade de um estudo toxicológico completo, através do qual se possa inferir sobre os efeitos de uma substância na saúde, não é compatível com a velocidade com que são lançados no mercado tantos novos produtos. Assim, reconhece-se que estão a utilizar produtos químicos sem que se disponha de dados sobre os seus efeitos na saúde. Em 1995, a OMS considerava que, das 100 000 substâncias químicas que se encontravam no mercado, apenas 4 000 tinham sido submetidas a um estudo toxicológico completo, cerca de 3 000 apresentavam acção alérgica, e que entre 200 a 300 substâncias teriam acção mutagénica. O conhecimento das características toxicológicas das substâncias é um elemento muito importante para as actividades que têm por objectivo a protecção da saúde dos utilizadores de produtos químicos. Existem variadas fontes de informação sobre as características físicas, químicas, toxicológicas e ecotoxicológicas das substâncias químicas. Uma dessas fontes é da autoria do National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH – EUA) e toma a forma de uma base de dados toxicológicos e de informação adicional, designada por Registry of Toxic Effects of Chemical Substances (RTECS). Esta base contém elementos de interesse para a indústria e para os técnicos de segurança, higiene e saúde. A informação sobre os produtos químicos também pode ser obtida através do International Programme on Chemical Safety (IPCS). Este programa foi estabelecido, em 1980, por três organismos, que trabalharam em parceria: A Organização Internacional do Trabalho (OIT ou ILO); O United Nations Environment Programme (UNEP); e A Organização Mundial de Saúde (OMS ou WHO). Uma análise da evolução do interesse e conhecimento da toxicidade das substâncias químicas permite destacar as fases que em seguida são descritas. Inicialmente, no período das Civilizações Primitivas, o Homem descobre os venenos existentes na natureza (plantas e animais), aprende a evitá-los e utiliza- os para sua defesa e para as actividades de caça. Em seguida, no Antigo Egipto e na civilização Grego-Romana, inicia-se a utilização dos venenos para fins punitivos e homicidas. Esta utilização prolonga- se no tempo, atingindo o seu auge na Idade Média e Renascimento. Neste período começam também a ser reconhecidas doenças relacionadas com certas profissões, ou seja, a acção dos agentes químicos sobre o organismo humano, em doses não mortais. As primeiras referências à associação de certas doenças com a profissão devem- se a Hipócrates (460-380 a.C.). Ao longo do tempo foram surgindo novas referências, nomeadamente de Plínio (79-23 a.C.), de Gálio (120-160), de Agrícola (1494–1555) e de Ramazzini (1633–1714). Este último autor, considerado o pai da Medicina do Trabalho, publicou um tratado, Des morbis artificum (Doenças do Trabalho), que é um documento importante no contexto das intoxicações associadas ao trabalho. No início do século XV, Paracelsus (1496–1541) – alquimista e médico suíço – desenvolveu estudos que permitiram o estabelecimento de conceitos fundamentais para a toxicologia moderna. Uns desses estudos permitiram reconhecer que são algumas substâncias químicas responsáveis pela toxicidade demonstrada por plantas e animais. Outra descoberta veio esclarecer que a resposta dos organismos vivos ao tóxico depende da dose recebida. Assim, pequenas doses de uma substância não são nocivas e podem até ser benéficas, enquanto que uma dose elevada pode ser mortal. Este facto, conhecido pela relação dose-resposta, é um princípio fundamental em toxicologia, expresso na célebre frase, conotada com Paracelsus, «todas as substâncias são tóxicas. Não há nenhuma que o não seja, tudo depende da dose». Posteriormente, no século XVIII, Orphila (1787–1859) – médico espanhol – referenciado como o pai da toxicologia moderna, dedicou-se ao estudo sistemático da correlação entre a constituição química e as propriedades biológicas dos venenos conhecidos na época. O seu trabalho Tratado dos Venenos – Toxicologia Geral é um texto de referência em particular na medicina legal. O século XX marca uma nova fase na compreensão dos mecanismos da intoxicação com a descoberta da molécula da vida – o ADN – e dos mecanismos bioquímicos que mantêm as funções do organismo. Hoje é possível reconhecer os efeitos nos órgãos e células ao nível molecular, sendo consensual considerar que, virtualmente, todos os efeitos tóxicos são causados por alterações bioquímicas em mol éculas celulares específicas. Nos nossos dias – século XXI – são grandes as expectativas criadas com o desenvolvimento das nanotecnologias, não só no campo do reconhecimento muito precoce das alterações ao nível das estruturas moleculares, mas também na melhor compreensão dos mecanismos bioquímicos. 13. Vias de Entrada dos Produtos Químicos no Organismo No ar ambiente, em particular num local de trabalho, podem estar presentes contaminantes químicos, gerados e/ou libertados durante o processo produtivo. Como consequência da poluição do ar do local de trabalho surge a exposição dos trabalhadores, com a possibilidade de entrada no organismo dos agentes químicos. Considerando o contexto do ambiente de trabalho, a principal via de entrada de um agente químico no organismo é a via respiratória. A entrada por via cutânea ocorre associada ao manuseamento incorrecto de certos produtos químicos e, para situações muito particulares, há ainda a possibilidade da via digestiva. A inalação é a via de entrada de agentes químicos na forma sólida (partículas ou fibras em suspensão no ar), gasosa (gases e vapores) e líquida (nevoeiros e aerossóis). A entrada faz-se pelas vias respiratórias superiores, onde o nariz actua como um filtro que retém as partículas de maior dimensão, e a penetração (passagem para a corrente sanguínea) faz-se no pulmão, sendo utilizado o mecanismo existente para o intercâmbio do oxigénio e dióxido de carbono. Na via cutânea, apenas viável para alguns agentes, o tóxico difunde-se através da epiderme, atinge os vasos capilares sanguíneos e linfáticos da derme e passa à corrente sanguínea. Em certas situações de más práticas de trabalho (e.g.: comer no local de trabalho e comer e fumar sem lavar as mãos), há a probabilidade de pequenas quantidades de substância química entrarem no organismo pela via digestiva. Também pode ocorrer a ingestão de tóxico, quando este se apresenta na forma sólida; as partículas de maiores dimensões ficam retidas nas vias respiratórias superiores, e, posteriormente, podem ser deglutidas. Nestes casos, o tóxico é ingerido, passa para o intestino e daí para a corrente sanguínea. 14. Exposição e Dose Quando o tóxico entra na corrente sanguínea diz-se que penetrou no organismo. O sangue transporta-o aos diferentes órgãos e sistemas e, num ou em vários, pode causar um dano permanente. Após a entrada, por qualquer uma das vias, os agentes são absorvidos, distribuídos, biotransformados (metabolizados), podem desencadear efeitos e são eliminados. O nível da exposição e a sua frequência (curto, médio e longo prazo) são factores determinantes para o aparecimento dos efeitos nocivos. A possibilidade de um agente atingir as estruturas orgânicas e causar dano (lesão) vai depender de duas situações: A primeira situação refere-se à quantidade do agente presente no meio que contacta com o organismo que, no caso da exposição profissional, é essencialmente o ar do ambiente de trabalho. A outra situação diz respeito à porção de tóxico que passa para o interior do organismo (corrente sanguínea). Qualquer destas quantidades é, quase sempre, expressa em termos relativos, ou seja numa concentração (quantidade em determinado volume) e num determinado meio (concentração no ar, concentração no sangue, etc.). Em todas as circunstâncias o elemento quantitativo é determinante para o grau de nocividade, quanto mais tóxico (ou maior dose) mais intensas são as consequências. No caso particular de o agente se encontrar no ar, e, por isso, a via de entrada no organismo ser a inalatória (inalação de um ar com determinado nível de poluição), há outro factor relevante para o desenvolvimento dos efeitos: o tempo de contacto com o agente, ou seja, o tempo de permanência no local com aquela poluição. Integrando estes dois factores – quantidade e tempo – resulta a designada Dose Teórica que é calculada através da lei de Haber, através da seguinte equação: Dose Teórica (D) = c * t c – Concentração do tóxico no meio t – Tempo durante o qual a concentração se mantém no ar inalado. Aplicando esta lei aos processos que estão envolvidos na relação Tóxico / Organismo, surgem as noções de Dose Externa, de Dose Interna e de Dose Biológica Efectiva. – Dose Externa: é a quantidade de substância que está disponível para entrar em contacto com o organismo. Pode ser expressa como a concentração do agente no ar inalado pelo trabalhador. A dose externa é muitas vezes referida como a «exposição do trabalhador». – Dose Interna ou de Impregnação: é a quantidade de substância que, depois de entrar no organismo e ser absorvida por este, se encontra em determinado meio orgânico, na sua forma inicial ou como subproduto das reacções no organismo. A dose interna representa, portanto, a parte que é capaz de interagir com as estruturas orgânicas. – Dose Biológica Efectiva: é a quantidade de substância que efectivamente, de forma directa ou indirecta, reage com as estruturas orgânicas, podendo daí resultar efeitos nocivos (reversíveis ou irreversíveis). De acordo com a velocidade de absorção do tóxico pelo organismo e o tempo de aparecimento, os efeitos e a intoxicação podem classificar-se em três tipos: agudos, sub-agudos e crónicos: • Efeitos agudos / Intoxicação aguda: verificam-se quando a exposição é de curta duração e há rápida absorção do tóxico. A dose é única ou múltipla em período inferior a 24 horas. As manifestações aparecem rapidamente, com frequência e intensidade elevadas, podendo conduzir à morte. • Efeitos sub-agudos / Intoxicação sub-aguda: resultam da absorção de doses repetidas num intervalo de tempo de dias ou semanas; as manifestações são de menor intensidade que nos efeitos agudos e geralmente determinam um evoluir dos efeitos de modo subtil, com características sub-clínicas. • Efeitos crónicos / Intoxicação crónica: são resultantes de uma exposição de longa duração, determinada pela absorção de pequenas doses de tóxico que se repetem por longos períodos de tempo (meses ou anos). As doses absorvidas são pequenas e os efeitos não se evidenciam de imediato, nem em curto prazo, vindo a manifestar-se tardiamente. As intoxicações crónicas tomam particular relevância no caso das exposições profissionais, estando na origem da maioria das doenças profissionais. No caso da maioria das doenças profissionais, por exposição a agentes químicos, estão em causa exposições de longa duração, a níveis baixos de tóxico, cujos efeitos se manifestam tardiamente. Esta manifestação tardia tem origem em dois tipos de fenómenos: a acumulação de tóxico e a acumulação de efeito . No primeiro caso – acumulação de tóxico – está presente uma situação em que a velocidade de eliminação da substância ou de subprodutos é inferior à velocidade de absorção. Neste caso, assiste-se a uma acumulação do tóxico no organismo até atingir concentrações suficientes para desencadear efeitos, ou então há uma deposição em determinados locais de armazenamento, sendo libertado em quantidades actuantes quando surge alguma situação particular. Por exemplo, no caso do chumbo, este acumula-se durante a exposição no compartimento ósseo; quando surge, e.g., uma fractura, mesmo que muito tempo depois da exposição, há libertação do chumbo e podem surgir sinais de intoxicação de origem interna. No segundo caso – acumulação de efeito – o tóxico vai sendo eliminado do organismo, mas os efeitos gerados pelas exposições sucessivas somam-se, sem que haja acumulação de tóxico no organismo (e.g.: intoxicação por sulfureto de carbono < > efeitos no sistema nervoso central). 17. Exposição Multifactorial A exposição a agentes químicos, nomeadamente no local de trabalho, é frequentemente multifactorial, ou seja, tem vários agentes envolvidos, de forma simultânea ou sequencial. Nestes casos é necessário ter em linha de conta uma potencial interacção entre os diferentes agentes. Nesta interacção podem acontecer cinco situações: Independência; Adição; Sinergismo; Potenciação; Antagonismo Independência: quando as características tóxicas de um agente são completamente diferentes das do outro(s) em presença; ou seja, quando a toxicidade de um agente é exercida independentemente da acção de outro(s) agentes. Aditividade (adição): quando o efeito da exposição combinada é igual à soma dos efeitos de cada um dos agentes. Nesta caso, o processo de interacção de um agente com o organismo é semelhante à de outro(s) agentes e, por isso, há um somatório dos efeitos produzidos. Sinergismo: quando o efeito da exposição combinada é maior que a soma dos efeitos de cada agente, quando considerado. Potenciação: quando a presença de um tóxico, sem toxicidade para determinado órgão, eleva o efeito tóxico de outro agente. Antagonismo: quando os agentes químicos em presença: • têm características toxicológicas de efeitos opostos; • reagem criando substâncias menos tóxicas; • competem, no organismo, pelos mesmos receptores. 18. Ciclo Toxicológico Após a entrada no organismo e para que se manifestem os efeitos sistémicos, o tóxico necessita de ser absorvido para os meios orgânicos (atravessar as membranas celulares) e distribuído de modo a atingir as estruturas onde pode interagir. Por sua vez, o organismo reage ao tóxico, desenvolvendo um conjunto de reacções de defesa tendentes à sua neutralização. O tóxico e/ou subprodutos daquelas reacções de neutralização são finalmente eliminados e/ou excretados. Contudo, uma parte consegue fixar-se a estruturas orgânicas e exercer os respectivos efeitos. Na figura seguinte encontra-se esquematizado o ciclo toxicológico. O ciclo toxicológico compreende, por um lado, um conjunto de passos que determinam a reacção do organismo à entrada de um corpo estranho (xenobiótico) – Toxicocinética e, por outro lado, a acção do tóxico no organismo, gerando efeitos – Toxicodinâmica. Toxicocinética Os processos que se desenvolvem, desde que o tóxico contacta o organismo, são os seguintes: Penetração / Absorção Distribuição / Fixação Transformação (Biotransformação) < > Acção Eliminação / Excreção Após a entrada no organismo – penetração – através do tecido pulmonar, da pele ou do intestino, o tóxico é absorvido – absorção – através de um conjunto de equilíbrios bioquímicos que vai permitir ao tóxico passar para a corrente sanguínea, atravessando as membranas celulares dos tecidos do pulmão, da pele e do intestino. Depois de absorvidos, os tóxicos são distribuídos, tendo como principal transportador, o sangue. Nesta distribuição, tendem a fixar-se em grupos celulares, podendo apenas depositar-se – fixação – ou então exercer a sua acção. Durante a distribuição, as estruturas orgânicas vão interagir com o tóxico – biotransformação – procedendo à metabolização do tóxico. O processo de biotransformação, que ocorre principalmente no fígado, é constituído por reacções de fase I e de fase II, cuja função é facilitar a destoxificação, O amianto (ou o asbesto) é um termo utilizado para designar um grupo de seis silicatos minerais naturais que podem ser desagregados em fibras e que constituem o objecto do Decreto-Lei n.º 266/2007, de 24 de Julho. Dos vários tipos de fibras de amianto, as que têm sido mais usadas em aplicações industriais são as seguintes: Crisótilo, ou amianto branco (CAS n.º 12001-29-5) que constitui a grande maioria do amianto que foi usado na indústria; – Grunerite ou amosite, o amianto castanho (CAS n.º 12172-73-5), com maior resistência aos ácidos; – Crocidolite, ou amianto azul (CAS n.º 12001-28-4), que tem a maior resistência mecânica. Por referência à natureza da sua formação geológica, o crisótilo pertence ao grupo de rochas serpentinas (fibras curvas enroladas, muito flexíveis, finas e longas, normalmente de cor clara) e a amosite e a crocidolite pertencem ao grupo das anfíbolas (fibras rectas, cilíndricas, em forma de agulha, de cor escura). As outras fibras de asbesto, cuja utilização comercial não é tão frequente, são a tremolite (CAS n.º 77536-68-6), a actinolite (CAS n.º 77536-66-4) e a antofilite (CAS n.º 77536-67-5). Estas fibras são caracteristicamente fortes, duráveis e resistentes ao calor e ao fogo. Etimologicamente, o termo «asbesto» é um adjectivo grego que significa «inalterável», «imperecível», «incombustível» e o termo «amianto» significa «incorruptível». As fibras de amianto, por serem também longas, finas, flexíveis e fortemente resistentes à tracção e à secção, podem ser tecidas e trançadas. A sua resistência química aos ácidos e às bases e a baixa condutividade ao calor e à electricidade suscitaram utilizações diversas em situações em que se necessitava de um produto capaz de funcionar como: Componente de reforço (e.g.: produtos como o fibrocimento); Isolamento térmico (uma das utilizações mais comuns designadamente em tubagens e caldeiras); ou Isolamento eléctrico ou acústico. Tais qualidades fizeram com que o asbesto fosse utilizado desde a antiguidade e, principalmente durante o séc. XX, tivesse conhecido uma aplicação industrial massiva praticamente em todo o mundo. Na Europa, o amianto foi utilizado em grande escala – centenas de milhares de toneladas – nomeadamente entre 1945 e 1990. A OIT, que aprovou a Convenção n.º 162 sobre a segurança na utilização do amianto (ratificada por Portugal através do Decreto do Presidente da República n.º 57/88, de 2 de Dezembro, e da Resolução da Assembleia da República n.º 64/98, de 9 de Outubro), estima que o amianto esteja a causar cerca de 100 000 mortes por ano em todo o mundo e na 95.ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho (2006), adoptou uma Resolução sobre o tema. Nessa resolução declara-se que a eliminação, no futuro, do uso de todas as formas de amianto e a identificação dos procedimentos de gestão adequados para a sua eliminação, constituem os meios mais eficazes para proteger os trabalhadores e prevenir o aparecimento de doenças e mortes. Na União Europeia já se optou pela proibição de utilizar amianto, mas a implementação dessa proibição não foi simultânea nos diferentes países que a integram. A partir de 1 de Janeiro de 2005, essa proibição concretizou-se em toda a União Europeia. No nosso país a publicação do Decreto-Lei n.º 101/2005, de 23 de Junho (alterando o Decreto-Lei n.º 264/98, de 19 de Agosto), que transpôs a Directiva n.º 1999/77/CE, materializa a proibição da colocação no mercado e da utilização do amianto ou de quaisquer produtos que o contenham. De acordo com esse diploma a «utilização de produtos que contenham fibras de amianto e que já se encontrem instaladas e ou em serviço antes da data da sua entrada em vigor … continua a ser autorizada até à data da sua destruição ou fim de vida útil.» As Características Agressivas do Amianto para o Organismo O acto de respirar é tão natural que raramente pensamos nele. Os pulmões expandem-se e contraem-se ao ritmo da inspiração e da amianto é mais elevado para os fumadores do que para os não fumadores. Para além de inalação deste contaminante, será de considerar, ainda, a hipótese de o amianto poder ser engolido. Será o caso, por exemplo, quando se engole o muco nasal e a saliva que contenha um volume significativo de fibras, ou quando se bebe água contendo fibras de amianto. Suspeita-se que algumas daquelas fibras possam causar danos à laringe ou ao aparelho gastrointestinal. Embora seja possível equacionar que a deslocação de fibras afiadas e irritantes no interior do estômago ou no tracto intestinal possa produzir dano ou irritação, parece não haver confirmação consistente desta hipótese. Todavia, a lei atribui ao médico do trabalho o encargo de, ao monitorizar o estado da saúde dos trabalhadores expostos, considerar a possibilidade de a exposição ao amianto poder originar cancro gastrointestinal (artigo 19.º, n.º 4 do Decreto-Lei n.º 266/2007). Trata-se, pois, de uma manifestação do «princípio da precaução» que implica o exercício de uma acção proporcionada perante a possibilidade de se configurar um risco que ainda não foi caracterizado de forma suficiente pelo conhecimento científico. Produtos que Contêm Amianto O que é mais comum aos produtos que estiveram em utilização até à proibição do amianto e se encontram incorporados em edifícios e equipamentos, mesmo os de utilização doméstica, decorre, muito particularmente, das propriedades do amianto como isolante térmico e como produto de reforço. Os exemplos de materiais ou produtos que contêm fibras de amianto incluem isolantes térmicos para protecção contra incêndios, tais como placas / painéis para tectos. Foram largamente utilizados produtos de fibrocimento para coberturas (chapas / placas / telhas) ou para revestimentos em edifícios, e.g., em condutas de água, condutas de drenagem, caleiras, etc.. O amianto aplicado à pistola foi muito utilizado em estruturas de aço e betão. Foram muito utilizados materiais que continham amianto para isolamento de tubagens e, sobretudo, de caldeiras domésticas e industriais. Ainda se pode encontrar amianto em papel, feltro, cartão, têxteis, cobertores resistentes ao fogo e frio. Este material foi utilizado em produtos de fricção, tais como travões, embraiagens e placas, pelo que é possível encontrar a presença deste material em ascensores e máquinas transportadoras (incluindo navios / aeronaves / comboios / tanques e outros veículos não rodoviários) ou em correias de transmissão e correias transportadoras de maquinaria diversa. Além disso, foram adicionadas fibras de amianto a produtos, tais como, revestimentos texturados (paredes e tectos), diversas colas e resinas, bem como a revestimentos de piso, nomeadamente em ladrilhos vinílicos. Alguns destes produtos contêm uma proporção muito elevada de amianto, enquanto outros incorporaram quantidades pequenas. A concentração de fibras num produto ou material pode, pois, variar consideravelmente, sendo certo que todos os produtos que contêm amianto têm a propriedade de poderem libertar fibras. Em qualquer caso, é importante considerar a propensão de um dado produto para libertar fibras de amianto, tendo em conta dois factores: A respectiva concentração; A matriz que contém as fibras em causa. São estes dois factores que vão determinar o risco de libertação de fibras de amianto para o ar, ou seja, qual a quantidade que está presente no material e qual a facilidade com que essas fibras se podem libertar. As probabilidades de isso acontecer aumentam com o tempo (e.g.: com a deterioração e a degradação naturais dos materiais), ou em caso de estragos que possam acontecer, ou de intervenções sobre esses materiais que possam realizar-se. Esta noção de propensão para a libertação de fibras vai determinar se o produto ou material que contém amianto é: – Friável (com uma matriz de ligação fraca): susceptível de emitir fibras em resultado de choques, de vibrações ou de correntes de ar, caso em que apresenta um maior risco de exposição; Não friável (com uma matriz de ligação forte): caso em que apresenta um menor risco de exposição. Em geral, são exemplos de amianto friável os revestimentos de conservação do calor, o amianto projectado (flocado), o amianto a granel, o cartão de amianto, os cordões, almofadas e têxteis de amianto, o revestimento, o gesso e a argamassa amiantados de fraca densidade, o cordão de amianto, o feltro de amianto, os filtros de ar, gases e líquidos. São exemplos de amianto não friável os seguintes produtos em que ele possa estar presente: as juntas planas, o fibrocimento, o vinil-amianto, os produtos de impermeabilização, as matérias plásticas, as colas, os mástiques, as espumas carregadas de fibras, os revestimentos e as argamassas de densidade elevada, os revestimentos rodoviários e os elementos de fricção. Principais Materiais com Amianto que podem ser Encontrados em Edifício e suas Características Principais Tipo de Material Composição Friabilidad e Risco Fibras soltas 100 % de amianto em qualquer das variedades (crocidolite, amosite ou crisótilo), podendo encontrar-se mesclas de várias fibras. Friável Risco médio em caso de estar confinado atrás de paredes, placas metálicas, etc., e não tenha nenhuma manipulação. Risco alto em qualquer tipo de intervenção de manipulação, actuação de inspecção, manutenção, desamiantação ou demolição. Projectados e argamassas Pode-se encontrar até 85 % de fibra que pode ser amosite e crisótilo. Friável Risco médio em caso de argamassas com alta proporção de cimento ou gesso se não tiver manipulação. Risco alto na sua manipulação frequente e para a manutenção de instalações. Painéis e tectos falsos e em isolantes acústicos, térmicos e tabiques ligeiros Composiçõe s variadas, podendo encontrar-se fibras de diferentes tipos de amianto mescladas, em proporção até cerca de 85 %. Friável Risco alto na sua manipulação frequente e para a manutenção de instalações. Cartões, papéis, etc. Pode-se encontrar fibra de crisótilo a 100 %. Friável Risco alto com a manipulação, com desprendimento de fibras com o uso e o desgaste do material. (Fonte: INSHT/ES) 3. Agentes Biológicos 1. – Introdução e Conceitos Nesta secção serão abordados; definição, grupos e caracterização dos agentes biológicos; vias de entrada e acção no organismo humano; nocividade e riscos biológicos associados a estes agentes. Também serão abordadas as fontes de exposição, em particular no ambiente laboral e referidos aspectos da legislação actual sobre controlo e prevenção de riscos biológicos. Por último serão tratados procedimentos de eliminação e/ou neutralização de agentes biológicos. – Definições: • Agentes biológicos são definidos, desde 1994, pelo Control of Substances Hazardous to Health Regulation (COSHH) como sendo «microorganismos, culturas de células, incluindo os geneticamente modificados e material biológico, susceptíveis de provocar infecções, alergias, intoxicações ou de qualquer outro modo provocar alterações na saúde humana». • Célula, é a matéria prima constituinte de todos os seres vivos tomando a forma de uma substância mais ou menos densa e translúcida – protoplasma. O protoplasma é fundamentalmente constituído por duas partes: o núcleo que representa o centro da célula e o citoplasma, circundado por uma membrana; esta membrana é, na maioria dos casos, circundada por um revestimento de composição variável. 4. Grupos e Caracterização dos Agentes Biológicos De acordo com a definição de agentes biológicos, são variadas as formas como estes agentes se podem apresentar, existindo diferentes tipos de agentes biológicos com características bem definidas. Assim podemos considerar os seguintes grupos: microorganismos, células e cultura de tecidos, organismos geneticamente modificados e material biológico. 1. Microorganismos Os microorganismos são definidos como as entidades microbiológicas celulares ou não celulares, dotadas de capacidade de se reproduzir ou de transferir o seu material genético. Caracterizamse por serem constituídos por uma só célula ou por um conjunto de células similares. Estão incluídos nesta categoria os vírus, as bactérias, os microfungos, os protozoários e as algas. Estes dois últimos grupos de microorganismos, embora importantes no contexto da saúde pública, não têm relevância na saúde ocupacional. Os microorganismos formam colónias em praticamente todo o ambiente, integrando-se nos diferentes ecossistemas. Muitos microorganismos são positivos para o homem, pois além de terem um papel muito activo na decomposição de produtos orgânicos, podem constituir uma fonte de enriquecimento dos solos, sendo também utilizados no sector industrial para os processos de fermentação. A classificação do reino dos seres vivos segue um critério de divisão, num sistema hierarquizado, em grupos de características similares. Surgem, assim, as ordens, as famílias, os géneros e finalmente as espécies. Conforme o grupo, os microorganismos são designados pelo nome da família, iniciado com maiúscula, seguido do nome da espécie, em minúsculas (ex.: Baccillus anthracis ou mais simplesmente B. Anthracis). No caso particular dos vírus apenas é referido o nome da família (ex.: Retrovirus) Como unidade de medida dos microorganismos utiliza-se o micrometro ou micron (mm) – 1mm = 10-6 m – e o nanómetro (µm) – 1µm = 10-9 m. – Vírus: Embora os vírus estejam incluídos nos microorganismos, eles não são entidades “vivas”, mas apenas replicações de moléculas que, em geral, se apresentam com uma forma helicoidal ou poliédrica. Os vírus são constituídos por ácido nucleíco (ADN – ácido desoxirribonucléico ou ARN-ácido ribonucléico) rodeado por um revestimento de proteína (cápsula). Alguns vírus têm invólucros membranosos. Os vírus existem no exterior das células como partículas inertes infecciosas. Quando se ligam às células do seu hospedeiro, o ácido nucleíco entra nas células deste e desenvolve-se utilizando o material da célula. A localização e o modo de actuar na célula depende do tipo de vírus. Os vírus de ADN introduzem-se no interior do núcleo da célula, enquanto que os de ARN se alojam no citoplasma. Embora com actuação diferente, o resultado final é o mesmo: a morte da célula. Quando a célula morre os vírus são libertados, podendo penetrar noutras células e continuar o seu processo de destruição. – Bactérias: As bactérias são organismos de uma só célula rodeada por uma parede externa semi-rígida que lhe vai permitir conservar a forma. Esta parede envolve uma membrana citoplasmática muito fina, que por sua vez contem todo o citoplasma bacteriano e seu conteúdo. A célula não tem um núcleo definido e o seu material genético é uma estrutura linear difusa que se enovela sobre si mesma. Também existe material genético independente, na forma de plasmídeos, que controla certas actividades da bactéria, nomeadamente a sua resistência aos antibióticos. A reprodução típica das bactérias é por divisão directa ou cisão. Nesta divisão a célula divide-se em duas novas entidades. Em condições favoráveis esta divisão é muito rápida pelo que depressa se geram milhões de novos microorganismos. Após a divisão, as duas células podem separar-se ou manterem-se unidas pela superfície da parede. Neste último caso formam-se agregados de formas e tamanho muito variados, consoante o número e plano das divisões, destacando-se as formas de cacho e em cadeia. Morfologicamente as bactérias podem apresentar-se como esferas (cocos – cocci), como bastonetes (bacilos), em espiral, tipo saca-rolhas ou vírgula (espiroletas e vibrião) e com filamentos (actinomicetes). • Os cocos, cuja dimensão mais frequente ronda 1mm, apresentam-se isolados ou em agregados (staphylococci), aos pares (diplococci) ou cadeias (streptococci); • Os bacilos podem possuir apêndices capilares, designados por flagelos, que lhes confere mobilidade. Os bacilos variam nas dimensões do comprimento e largura, de 2*0,5 a 10*2 µm; • As espiroletas e vibrião podem tomar formas isoladas ou de espirais firmemente enroladas, variando muito de tamanho, de 3*0,0 a 15*2 µm; • As actinomicetes são filamentosos em geral ramificados, contudo continuam a ser unicelulares, e as suas dimensões podem variar entre 1 a 2 µm. Os bolores consistem numa estrutura tubular muito fina – hifa – e o conjunto de hifas é designado por micélios. Os bolores vivem em colónias que se tornam visíveis a olho nu. Algumas hifas específicas formam estruturas reprodutivas nas suas extremidades (conídia) ou em bolsas (esporângios) que libertam e dispersam esporos. Os esporos, libertados em ambiente favorável, crescem, dando origem a novas hifas. Alguns microfungos também se reproduzem bissexualmente por fusão da hifa masculina com a hifa feminina. As leveduras aparecem como células separadas, arredondadas que se multiplicam por gemação – quebra em estruturas mais pequenas que depois se desenvolvem. Nalguns casos, estas estruturas também formam esporos. Existem microfungos, designados por dimórficos, que apresentam as duas formas – filamentosa e levedura – dependendo da forma como se desenvolveram. A classificação dos microfungos segue o sistema hierárquico como nas bactérias, embora mais complexo. Para a sua designação utiliza-se o nome genérico e da espécie. Tal como acontece com algumas bactérias, muitos microfungos são úteis ao homem e têm importância económica. Contudo, existem outros que produzem toxinas que são nocivas à saúde – Protozoários: Os protozoários são animais de uma só celula. Na maioria dos casos têm vida própria, mas alguns são parasitas, com complicados ciclos de vida. A sobrevivência dos protozoários exige ambientes húmido; em condições adversas formam cistos. A reprodução dos protozoários pode fazer-se por simples divisão (fissão), mas noutros casos existe reprodução sexual e assexual, tendo na maioria dos casos lugar em diferentes hospedeiros. O ciclo de vida de alguns protozários, em especial dos parasitas, necessita de dois hospedeiros: vertebrado/vertebrado ou vertebrado/invertebrado. No que diz respeito ao problema da transmissão ao Homem, o hospedeiro mais importante é o hospedeiro definitivo, onde se efectiva a reprodução, resultando um oócisto que é o agente infectante. A classificação dos protozoários é hierárquica, constituindo a subdivisão dos protozoários uma das mais importantes sub-divisões do reino animal. Os protozoários são fonte de doenças para o homem, algumas de grande gravidade, pelo que é importante o seu controlo. – Algas: As algas verdes são classificadas como microorganismos e ocupam uma posição intermédia entre as bactérias e as plantas, uma vez que contêm clorofila e outros pigmentos e, por isso, são capazes do processo de fotosíntese. Estes microorganismos unicelulares vivem em colónias, reproduzindo-se por divisão. Em certas condições multiplicam-se rapidamente e formam “blooms”. Aparecem nas águas paradas e o seu controlo é da maior importância na saúde pública, pois por contacto ou ingestão são tóxicas. No contexto da saúde ocupacional não têm importância relevante. 2 – Células e cultura de tecidos Para fins determinados os tecidos humanos e/ou animais são tratados com certas enzimas que provocam a separação das células. Estas células são recolhidas e colocadas em tubos de ensaio ou noutros recipientes aos quais se adicionam complexos de aminoácidos e soluções salinas. Com este procedimento as células podem multiplicar-se e, sendo alimentadas regularmente com soluções de cultura, tornam-se “imortais”. Designa-se por cultura de tecidos a multiplicação in vitro de células, a partir de organismos multicelulares. As células e cultura de tecidos são utilizados para cultivar vírus para o diagnóstico de doenças virais, para a preparação de vacinas e para a manufactura de produtos biológicos usados na medicina e indústria. Embora estas células, em si mesmas, não sejam nocivas à saúde, podem ser portadoras de vírus nocivos ou podem produzir proteínas nocivas ao homem. 3 – Organismos geneticamente modificados (OGM) Designam-se por organismos geneticamente modificados as bactérias cujos genes foram alterados por adição de genes de outros organismo. Este procedimento visa produzir determinados efeitos no hospedeiro. Estes organismos, tal com os protozoários e as algas, embora colocando problemas de saúde pública, não são relevantes na óptica da exposição profissional. 4 – Material biológico O material constituído por minúsculos resíduos de insectos e outros artrópodos, de restos de outros animais (películas, pelo e penas, excreções, etc.), de proteínas animais e de pólens pode dispersar-se no ar ambiente, agregar-se entre si ou a outras partículas e por inalação causar reacções alérgicas. Este conjunto de material biológico é muitas vezes designado na exposição profissional por poeiras orgânicas. A exposição profissional a este factor do ambiente tem relevância em algumas actividades. 2. Agentes Biológicos. Vias de Entrada e Acção no Organismo 3. Vias de entrada – Considerando as características dos agentes biológicos, são determinantes as seguintes vias de entrada no organismo humano: • via inalatória (aparelho respiratório); • via digestiva (aparelho digestivo: alimentos e hábito de fumar); • via cutânea (pele); • via percutânea (penetração no revestimento cutâneo, atingindo outros tecidos); • contacto com as mucosas, nomeadamente oculares. No sentido de reagir aos agentes biológicos, o corpo humano tem um conjunto de mecanismos de defesa contra os efeitos da exposição aos agentes biológicos, que inclui: • pele intacta; • epitélio ciliar das vias aéreas respiratórias; • acidez antibacteriana da actividade do estômago; • enzimas da saliva e das lágrimas. Quando um destes mecanismos apresenta deficiência o agente biológico pode penetrar no organismo, seguindo-se a reacção do organismo através do sistema imunitário. 4. Acção no organismo Os agentes biológicos que são capazes de causar alterações da saúde (doença) designam-se por patogénicos, distinguindo-se dois subgrupo: parasitas e patogénicos oportunistas, que se caracterizam, respectivamente, por: • parasitas: agentes biológicos que não tendo capacidade para se reproduzirem fora de um corpo vivo (hospedeiro), penetram no organismo e aí se multiplicam e desenvolvem, originando alterações na saúde; • patogénicos oportunistas: agentes biológicos que vivem e reproduzem-se no ambiente exterior. Contudo, quando entram no organismo por uma via não usual, ou quando as defesas do organismo estiverem deficitárias, podem causar doenças. Os agentes biológicos comensais caracterizam-se por se fixarem na pele ou por penetrarem no organismo e alojarem-se nas vias respiratórias, no pulmão ou no aparelho digestivo, sem provocarem qualquer efeito nocivo. 5. Nocividade dos Agentes Biológicos Embora existam milhares de espécies de microorganismos, apenas um número reduzido apresenta risco para a saúde humana. Alguns microorganismos, com destaque para as bactérias gramnegativas e alguns microfungos, têm a capacidade de produzir toxinas. Estas toxinas podem ser designadas por exotoxinas, no caso de serem libertadas durante o período de vida do microorganismo, ou por endotoxinas no caso de a sua libertação se efectuar apenas após a morte e desintegração do microorganismo. No caso dos microfungos aquelas toxinas também se podem designar por micotoxinas. As endotoxinas são reconhecidas, desde há muito tempo, como uma molécula biologicamente potente, com importantes actividades biológicas principalmente relacionadas com processos inflamatórios. Estudos recentes, desenvolvidos nos últimos dez anos, apontam também para uma associação entre a exposição a endotoxinas e desenvolvimento de sintomatologia pulmonar e doença sistémica. Da exposição profissional aos agentes biológicos resultam de processos de infecção, de alergia, e com menor frequência de infestação, dos quais decorre uma situação de alteração da saúde. – Infecção A infecção é um processo em que se verifica a invasão das células do corpo e a produção de toxinas. Os requisitos para a ocorrência da doença são: • o microorganismo ser patogénico; Na indústria alimentar, no fabrico de algumas espécies de queijo são utilizados microfungos para melhorar a sua maturação e qualidade (paladar e odor). Estes microfungos podem produzir esporos que são libertados para a superfície do queijo e inalados aquando do seu manuseamento. Na biotecnologia são utilizados microorganismos para a produção de vários produtos de que são exemplo as gomas, alcoóis e vinagre. Na indústria farmacêutica é frequente a utilização de agentes biológicos nos seus processo produtivos, de que são exemplo a utilização de microorganismos patogénicos para a produção de vacinas; – Óleos de corte Na indústria metalomecânica é frequente a utilização de óleos minerais, como lubrificante, e emulsões desses óleos e água quando se pretende também o arrefecimento de peças móveis de máquinas. Em qualquer dos casos são utilizados diversos aditivos como detergentes, antioxidantes, anticorrosivos, etc. Estes óleos, utilizados em circuito, podem facilmente ser contaminados com variados microorganismos e respectivas endotoxinas. Esta situação coloca os profissionais que os manuseiam em risco de contacto e/ou inalação de agentes biológicos. – Esgotos e resíduos urbanos e hospitalares As águas residuais domésticas contêm um número apreciável de agentes biológicos, incluindo agentes patogénicos. O tratamento destes esgotos pode gerar aerosóis que, contaminando o ar ambiente, pode colocar os trabalhadores em risco de exposição a agentes biológicos. Do mesmo modo a remoção e tratamento dos resíduos sólidos pode gerar partículas contaminadas que sendo inaladas coloca os trabalhadores em risco. – Actividades profissionais A exposição a agentes biológicos nos locais de trabalho, com consequentes riscos para a saúde, está, assim, presente em várias actividades produtivas, com destaque para as seguintes: • serviços hospitalares; • laboratórios de investigação e desenvolvimento, de clínica e diagnóstico e de controlo da produção; • matadouros; • criação e tratamento de animais; • recolha e tratamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos; • trabalhos do sector primário – agricultura e pecuária; • determinadas actividades da indústria transformadora (metalomecânica). Embora com menor relevância também se coloca o problema da exposição a agentes biológicos no caso das actividades que lidam com matérias primas de origem animal ou vegetal, nomeadamente os casos da indústria têxtil e de lanifícios, da indústria de farinhas e rações e dos trabalhos com madeira. A exposição profissional aos agentes biológicos pode ter origem não só no contacto com material contaminado, mas também quando estão criadas condições climatéricas de temperatura e de humidade propícias ao desenvolvimento de microorganismos e a manutenção e limpeza é descurada. Não foi encontrada nenhuma entrada de índice remissivo.Para controlo do risco biológico é necessário proceder à destruição (morte) do agente biológico ou à desactivação da sua nocividade. Os processos utilizados são, respectivamente, a esterilização, que implica a morte de toda a matéria viva, e a desinfecção, que desactiva os agentes capazes de causar doença. Esterilização: Na esterilização utilizam-se métodos físicos, (aplicação de calor ou radiação). Nos processos de esterilização por calor distinguem-se a aplicação de calor seco (estufas com temperatura controlada) ou de vapor (água em ebulição ou autoclaves) e a incineração. A esterilização por aplicação de radiação ionizante exige tecnologia mais complexa, sendo utilizada para a produção de material estéril – material plástico descartável e outros artigos para actos médicos e laboratório – e, também, na indústria alimentar. Desinfecção: A desinfecção tem por objectivo a morte ou impedir o desenvolvimento de agentes biológicos utilizando um produto químico. Contudo, a aplicação deste processo tem de ter em consideração que existem agentes biológicos resistentes a alguns desinfectantes e, por outro lado que estas substâncias químicas apresentam nocividade para o homem. Existem vários grupos de desinfectantes que, quando utilizados de acordo com as recomendações e as boas práticas de trabalho, tornam a desinfecção um método muito eficaz no controlo de microorganismos. Os grupos de desinfectantes mais utilizados são os fenólicos, os hipocloritos, os aldeídos, os álcoois e os compostos quaternários de amónio. A concentração do desinfectante a utilizar deve ser cuidadosamente calculada, pois as soluções muito concentradas ou demasiado diluídas são ineficazes. 7. BIBLIOGRAFIA Manual se segurança e higiene no trabalho Verlag Dashöfer Manual de Riscos químicos e biológicos
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