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Guias e Dicas
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analise dos lusiadas, Resumos de Português (Gramática - Literatura)

Os Lusíadas é uma obra de poesia épica do escritor português Luís Vaz de Camões, a primeira epopeia portuguesa publicada em versão impressa. Provavelmente iniciada em 1556 e concluída em 1571, foi publicada em Lisboa em 1572 no período literário do Classicismo, ou Renascimento tardio, três anos após o regresso do autor do Oriente, via Moçambique. A obra é composta por dez cantos, 1 102 estrofes e 8 816 versos em oitavas decassilábicas, sujeitas ao esquema rímico fixo AB AB AB CC – oitava rima r

Tipologia: Resumos

Antes de 2010

Compartilhado em 06/11/2022

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Baixe analise dos lusiadas e outras Resumos em PDF para Português (Gramática - Literatura), somente na Docsity! Época - 1524 (?) - 1580 Para melhor compreenderes a oposição da sociedade, dos valores e da cultura destas duas épocas, observa o quadro. Idade média Renascimento Estratificação social rígida: m Ascensão social da burguesia. NÍVEL SOCIAL Clero E Queda do prestígio do clero Nobreza (reforma) e crise na igreja católica. Povo | NÍVEL ECONÓMICO |Economia agrária de tipo feudal E Economia mercantil. m Certa independência do poder | m Centralização do poder real (cf. NÍVEL POLÍTICO senhorial relativamente ao poder | Descobrimentos) régio. As características da epopeia: * A epopeia é um género narrativo em verso; * visa celebrar feitos grandiosos de heróis fora do comum reais ou lendários.; * tem pois sempre um fundo histórico; * é um género narrativo e que exige a presença de uma acção, desempenhada por personagens num determinado tempo e espaço. * O estilo é elevado e grandioso e possui uma estrutura própria, cujos principais aspectos são: PROPOSIÇÃO - em que o autor apresenta a matéria do poema; Invocação — pedido de inspiração às musas ou outras divindades e entidades míticas protectoras das artes; DEDICATÓRIA - em que o autor dedica o poema a alguém, sendo esta facultativa; NARRAÇÃO - a acção é narrada por ordem cronológica dos acontecimentos, mas inicia-se já no decurso dos acontecimentos (“in medias res”), sendo a parte inicial narrada posteriormente num processo de retrospectiva, “flash-back” ou “analepse”; PRESENÇA DE MITOLOGIA GRECO-LATINA - contracenando heróis mitológicos e heróis humanos. A narrativa organiza-se em Quatro planos: Plano da viagem - A viagem de Vasco da Gama de Lisboa até à Índia. Saída de Belém, paragem em Melinde e chegada a Calecut Plano Mitológico, em alternância, ocupam uma posição importante. Plano da História de Portugal —- Quando Vasco da Gama ou outro narrador conta, por exemplo ao rei de Melinde, a História de Portugal. Está encaixada na viagem. Plano do Poeta — ou as considerações pessoais aparecem normalmente nos finais de canto e constituem, de um modo geral, a visão crítica do poeta sobre o seu tempo. A narrativa organiza-se de forma anacrónica: Passado — reconto da História de Portugal desde as origens até D. Manuel |. (analepse) Presente — tempo da acção central do poema, ou seja, da viagem de Vasco da Gama, iniciada “ in media res”. Futuro — Profecias . (prolepse) » gu Cabo Verde NE tá FÃS mit > dE, v enterro Baia de Santal, e Adamastor enumeração mbém as/memórias gloriosa Conjunção coordenativa copulativa — enumeração de figuras a ser exaltadas 12 pessoa do singular — envolvimento do poeta Gerúndio — processo de continuidade E aqueles reis que estiveram envolvidos na reconquista cristã [nas cruzadas contra os mouros/infiéis em África e na Ásia E aqueles que fazem obras com valor e que, por isso, não cairão no esquecimento — se vão imortalizando O sujeito poético compromete- se a exaltar a louvar, a cantar os feitos daqueles que enumerou anteriormente. Usando a primeira pessoa — plano do poeta. Herói de Odisseia - Ulisses a” Herói de Eneida - Eneias Num tom imperativo, de ordem As navegações grandes que fizeram; manda suspender/cessar a fama dos gregos e romanos Imperativo de Alexandro e de Trajano Manda suspender a fama das vitórias de reis e imperadores clássicos A fama das vitórias que Porque o poeta louva o povo lusitano ao qual pertence. Povo esse que dominou o mar (Neptuno)e a guerra (Marte). Conjunção / subordinativa que a Musa antiga canta, causal (= porque) . Apresenta a ais alto se alevanta. causa da desvalorização dos clássicos Continua em tom imperativo, ordenando que os clássicos suspendam a sua fama, porque agora há um novo povo que apresenta feitos ainda mais valerosos. Neptuno — deus do mar Marte — deus da guerra 1º pessoa do singular — envolvimento Patriotismo, valores nacionais do poeta ” Para demonstrar a superioridade e a legitimidade da realização desta epopeia, o poeta compara os feitos dos Portugueses aos de Ulisses, herói da Odisseia de Homero e aos de Eneias, o troiano que, na Eneida de Virgílio, chegou ao Lácio e fundou Roma, ou seja compara o seu herói com os heróis das epopeias de referência. Proposição 5 E OS BARÕES ASSINABADOS, NTÃE PIRATA LUSITA o ata ANDI Ca dA ND O A ADOS Canto |, est. 1-3, : Ef * Camões proclama ir cantar as grandes vitórias e os homens ilustres — “as armas e os barões assinalados”; *as conquistas e navegações no Oriente (reinados de D. Manuel e de D. João Ill); “as vitórias em África e na Ásia desde D. João a D. Manuel, que dilataram “a fé e o império”; * e, por último, todos aqueles que pelas suas obras valorosas “se vão da lei da morte libertando”, todos aqueles que mereceram e merecem a “imortalidade” na memória dos homens. Funcionamento da língua Identificação de orações subordinada SEaUSaIs / relativas Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandeslalefizeram de Alexandro e de Trajano A fama das vitória [Que eu canto o peito lustre Lusitano) e Funcionamento da língua Identificação de Conjugação perifrástica E também as memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando E. A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando. EE Ea CU no Funcionamento da língua Identificação de classes e subclasses de palavras | as pm JM Parse assinalados Que, da Ocidental praia Lusitana, Por mares dantes navegados, Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia Aforsahumana E entre gentelr edificaram Novo Reino,|queitanto sublimaram; Em Nome comum [o] E EEE = E AS E di o [] Determinante artigo definido Eltambém as memórias gloriosas reis oram dilatando A Fé, o Impéri as terras viciosas D ERAS ancorar devastando; E que obraslv Se vão da lei da Morte libertan Ii Pronome demonstrativo = RR Vs e Invocação Canto |, est. 4-5, o poeta pede ajuda a entidades mitológicas, chamadas musas. Isso acontece várias vezes ao longo do poema, sempre que o autor precisa de inspiração: Tágides ou ninfas do Tejo (Canto |, est. 4-5); Calíope - musa da eloquência e da poesia épica (Canto Il, est. 1-2); Ninfas do Tejo e do Mondego (Canto Vll, est. 78-87); Calíope (Canto X, est. 8-9); Calíope (Canto X, est. 145). Auáfora - é uma figura de estilo que consiste em repetir a Invocação estrófes 4-5 póstrof É Eai fégidefminhas p ois criado fTiOvO engenho ardente Dai-me Aghra m som alto e sublirrade Cet ide díloco e corrente, Por quê de vossas aguas Febo ordene Que nãq teNnham enveja às de Hipocre Daire he (adpeste avena O Mas deftubá canora e que Geo Acende as (Dame Jpnareqnto dos FeRos da famose iara Que se &spalie ETIO Universo à preço cabe em verso. Conjunção subordinativa condicional Q Imperativo Rate Metáfora - Rar Cora enA Invogár significa apelar, pedir, suplicar. Déi a presença do Imperativo. Nestas estrofes, Camões dirige-se às Tágides, as ninfas do Tejo, pedindo-lhes que o ajudem a cantar os feitos dos portugueses de uma forma sublime. Até aí apenas usou a inspiração na humilde lírica, mas agora precisa de uma inspiração superior. portugueses O estilo da epopeia aparece aqui descrito: “alto e sublimado” “Um estilo grandiíloco e corrente.“ “fúria grande e sonorosa” “tuba canora e belicosa” “Que se espalhe e se cante no Universo” -“Que se espalhe e se cante no Universo, Se tão Sublime preço cabe em verso” Ou seja jCamões quer que a mensagem se espalhe e que cante ao universo os feitos dos Dedicatória ***(sem leitura obrigatória) Canto |, est. 6-18, é o oferecimento do poema a D. Sebastião, que encara toda a esperança do poeta, que quer ver nele um monarca poderoso, capaz de retomar “a dilatação da fé e do império” e de ultrapassar a crise do momento. Termina com uma exortação ao rei para que também se torne digno de ser cantado, prosseguindo as lutas contra os Mouros. Exórdio (est. 6-8) - início do discurso; Exposição (est. 9-11) - corpo do discurso; Confirmação (est. 12-14) - onde são apresentados os exemplos; Peroração (est. 15-17) - espécie de recapitulação ou remate; Epílogo (est. 18) - conclusão. EUROPA SENA Esissou 1): qa o Legenda: |. Consího dos Deuses 2. Velho do Restelo . Fogo-de-santelmo Tromba marítima Veloso 5. Adamastor 7, Escorbuto Consílio dos Deuses marinhos MOÇAMBIG Cd 9. Os doze de Inglaterra o i 10, Tempestade 11. Chegada a Calecul 12. Ilha dos Amores N Pi ado NES CARO DAS É id 2101 El ORMENTA pocta = 1,8, 10,1 (8) Vasco da Gama ao o BS INI Rei de Melinde — 2, 3, 4,5,6,7 Paulo da Gama ao Catual = |] Veloso = 9 MELÍNDE 6) MOMBAÇA ay to dim Lad se | - plano mitológico Canto | - 19-41c Consílio dos Deuses - plano mitológico Canto | — 19-41c Os Deuses reúnem-se para decidir se ajudam ou não os portugueses a chegar à Índia. Esta reunião foi presidida por Júpiter, tendo estado presentes todos os Deuses convocados. Os Deuses sentem a necessidade de reunir face aos feitos gloriosos conseguido até ao momento. Júpiter decide ajudá-los, pois considera que os portugueses, pelos seus feitos passados, são dignos de tal ajuda. Baco, pelo contrário, não queria que os portugueses fossem para a Índia, com medo de perder a sua fama no Oriente. Vénus apoia Júpiter, pois vê reflectida nos portugueses a força e a coragem do seu filho Eneias e dos seus descendentes, os romanos. Vénus defende os portugueses não só por se tratar de uma gente muito semelhante à do seu amado povo latino e com uma língua derivada do Latim, como também por terem demonstrado grande valentia no norte de África. Marte - deus defensor desta gente lusitana, porque o amor antigo que o ligava a Vénus o leva a tomar essa posição e porque reconhece a bravura deste povo. Marte consegue convencer Júpiter a não abdicar da sua decisão e assim, os portugueses serão recebidos num porto amigo. Pede a Mercúrio - o Deus mensageiro - que colha informações sobre a Índia, pois começa a desconfiar da posição tomada por Baco. Este consílio termina com a decisão favorável aos portugueses e cada um dos deuses regressa ao seu domínio celeste. Descrição de um local rico, luxuoso, sublime. m luzentes assentos, marchetados De ouro e de perlas, mais abaixo esta Os outros Deuses, todos assentados Como a Razão e a Ordem concertavam (Precedem os antigos, mais honrados, Mais abaixo os menores se assentavam); Quando Júpiter alto, assi dizendo, 24 — «Eternos moradores do luzente, Apóstrofe e perifrase elífero Pólo e claro Assento: Se do grande valor da forte gente De Luso não perdeis o pensamento, Deveis de ter sabido claramente Como é dos Fados grandes certo intento Que por ela se esqueçam os humanos De Assírios, Persas, Gregos e Romanos. > Enumeração Cum tom de voz começa grave e horrendo: Caracterização do espaço do Olimpo e Organização do espaço. Os deuses sentam-se segundo a sua hierarquia. Introdução ao discurso de Júpiter — Discurso directo. Apóstrofe, indicação dos destinatários do seu discurso — os restantes deuses Início do discurso de Júpiter Júpiter começa por recordar que é do conhecimento geral que os Fados têm a intenção de tornar este povo luso superior aos antigos heróis. 25 Já lhe foi (bem o vistes) concedido, Cum poder tão singelo e tão pequeno, Tomar ag(Mouro forte e guarnecido terra que rega o Tejo ameno. 6 Castelhanotão temido pre alcançou favor do Céu sereno: Pois contra sinédoque Assi que sempre, enfim, com fama e glória, Os inimigos que teve de enfrentar são apresenta dos como “fortes” e “temidos”, reforçando seu valo Teve os troféus pendentes da vitória. 26 atrás a fama antiga, Qde co a gente de Rómulo alcançaram, Quando com Viriato, na inimiga Guerra Romana, tanto se afamaram; Também deixo a memória que os obriga A grande nome, quando alevantaram Um por seu capitão, que, peregrino, Fingiu na cerva espírito divino. Júpiter recorda as vitórias e a protecção concedidas e realizadas pelos lusos. Lutou contra os Mouros e contra os castelhanos e sempre foi protegido pelas divindades. Júpiter continua a relembra as raízes do povo português: . Guerra com os Romanos, . À importância e valor de Viriato, . Lendas romanas. 27 <— Q Agora vedes bem que) cometendo O duvidoso mar num lenho leve, advérbio “agora” — antes esteve a falar do passado, “agora” falará do presente Por vias nunca usadas, não temendo de Áfrico e Noto a força, a mais s'atreve: EH O:5555555335» Que, havendo tanto já que as partes vendo Onde o dia é comprido e onde breve, Inclinam seu propósito e perfia A ver os berços onde nasce o dia. 28 Prometido lhe está do Fado eterno, Cuja alta lei não pode ser quebrada, Que tenham longos tempos o governo Do mar que vê do Sola roxa entrada. A gente vem perdida e trabalhada; Já parece bem feito que lhe seja Mostrada a nova terra que deseja. Júpiter reconhece a força a coragem para descobrir e explorar territórios em locais tão diferentes. E diz que agora querem explorar o oriente. Júpiter reafirma que os Fados já determinaram a glória dos portugueses. Júpiter considera os portugueses merecedores de algum recobro e reconforto, pois as tripulações estão cansadas. Apresenta pois a sua posição pessoal Posição de Vénus Sustentava contra ele Vénus bela, Afeiçoada à gente Lusitana Vénus defendia os portugueses: Por quantas qualidades via nela -Descendentes dos e il d % romanos; Da antiga, tão amada, sua Romana; oocagene loiça Nos fortes corações, na grande estrela demonstrada; -Uso da língua com Que mostraram na terra Tingitana, origem latina. E na língua, na qual quando imagina, Com pouca corrupção crê que é a Latina. 34 dO . . : Vénus defendia os Estas causas moviam Citereia, portugueses, pois sabe +, que se eles tiverem sucesso ela também Que há-de ser celebrada a clara Deia será louvada. E mais, porque das Parcas claro entende Onde a gente belígera se estende. CÁssi que, um pela infâmia que arreceia, Enquanto Baco se opõe, porque não (£o outrôppelas honras que pretende, quer perder a fama, Debatem, e na perfia permanecem; Vénus defendia, pois deseja ser louvada. A qualquer seus amigos favorecem. Balanço da discussão Qual Austro fero ou Bóreas na espessura De silvestre arvoredo abastecida, Rompendo os ramos vão da mata escura A agitação dos ventos era grande, evidenciando a Brama toda montanha, o som murmura, agitação da discussão gerada no Olimpo. Rompem-se as folhas, ferve a serra erguida: A nauirsssrelleciao EPP]. PPS Tal andava o tumulto, levantado humor dos deuses. Com ímpeto e braveza desmedida, Entre os Deuses, no Olimpo consagrado. Posição de Marte Mas Marte, que da Deusa sustentava Entre todos as partes em porfia, C Ou porquê porquêjo amor antigo o obrigava, ss porquêya gente forte o merecia, qa antre os Deuses em pé se levantava: Merencório no gesto parecia; O forte escudo, ao colo pendurado, Deitando pera trás, medonho e irado; 37 Aviseira do elmo de diamante Alevantando um pouco, mui seguro, Por dar seu parecer se pôs diante De Júpiter, armado, forte e duro; E dando íia pancada penetrante Co conto do bastão no sólio puro, O Céu tremeu, e Apolo, de torvado, Um pouco a luz perdeu, como enfiado; Marte, porque amava Vénus, ou porque a gente lusa o merecia, tomou a palavra e uma posição. | Descrição de Marte Descrição de Marte — deus forte, decidido, duro. Faz-se ouvir e respeitar. Episódio de Inês de Castro - plano história de Portugal — episódio lírico Canto Ill- 119- 135 Episódio inclui-se no plano da História de Portugal, pois: * é narrado por Vasco da Gama, cujo narratário/destinatário é o Rei de Melinde. * surge na continuidade da apresentação do reinado de D. Afonso IV. Episódio é considerado um momento lírico, pois: *Exploram-se os sentimentos pessoais do narrador; * Dá-se expressão à emotividade e à exploração de sentimentos como o Amor, a crueldade, o sofrimento... * pode-se mesmo considerar que as principais características da tragédia clássica estão patentes: * Há o desenvolvimento de uma acção, que termina com a morte da protagonista; * Observa-se a lei das três unidades (acção, tempo e espaço); * Há uma motivação para sentimentos de terror e piedade; * A catástrofe é simbolizada pela morte da protagonista. Estrutura deste episódio A primeira parte, referente as causas da morte de Inês, vítima do amor. A segunda, constitui o desenvolvimento em que se descreve o modo de vida feliz e despreocupado que Inês tinha em Coimbra - é apresentada a razão de estado para que Inês deixe a vida, pois o perigo que representa a ligação de D. Inês com D. Pedro, receia o domínio espanhol. O poeta põe em questão a grandeza moral do Rei por solucionar o problema de seu reino mandando matar a sua própria filha: “Tirar Inês co mundo, determina”; “Que furor consentiu que a espada fina, Que pôde sustentar o grande peso Do furor Mauro, fosse alevantada Contra úa fraca dama delicada ?”. Também nesta segunda parte é redigido o discurso suplicante de Inês ao rei de Portugal, seu pai. Ela utiliza súplicas e argumento para comover o Rei na sua determinação - apresenta a sua situação de mãe e a orfandade de seus filhos, declara-se inocente perante toda a situação de futuro conflito, comove o rei dizendo-lhe que sendo um cavaleiro que sabe dar morte, também sabe “dar vida, com clemência” e como alternativa à morte, dá preferência ao exílio. A terceira e última parte, constitui a reprovação do narrador, sublinhada pelo pranto comovente das “filhas do Mondego” e pela animização da Natureza, que chora a morte de Inês, sua antiga confidente. 122 De outras belas senhoras e Princesas Os desejados tálamos enjeita, Que tudo enfim, tu, puro amor, despreza, Quando um gesto suave te sujeita. E]D]]JDoIIIITA. O Príncipe D. Pedro rejeita todas as outras damas, pois está apaixonado. Vendo estas namoradas estranhezas O velho pai sesudo, que respeita O murmurar do povo, e a fantasia Do filho, que casar-se não queria, Reacção do pai, D. Afonso IV: -O pai determina a morte de Inês. - tem em conta dois elementos: o povo e o filho. Eufemismo - matar Hipérbato: Determina tirar Inês ao mundo Tirar Inês ao mundo determina Por lhe tirar o filho;que tem preso, SM rrendo co'o sangue só da morte indina Oração Matar do firme amor o fogo aceso. subordinada A imparcialidade do narrador Que furor consentiu que a espada fina, Que pôde sustentar o grande peso Do furor Mauro, fosse alevantada Contra uma fraca dama delicada? O rei acredita que ao matar Inês de Castro acabará com o seu amor O narrador mostra a sua indignação e questiona o exercício deste poder e desta força, pois usa-se a mesma força contra o Mouro feroz e contra uma fraca dama delicada. Desenvolvimento 124 Traziam-na 65 horríficos algozes Ante o Rei, jáfnovido a piedade: Mas o po VÔ,) om falsas e ferozes RazõesZa morte crua o persuade. Ela gôm tristes o piedosas vozes, Oração coordenada Início da narração da sua execução: -Os executores trazem-na à presença do rei; - mais uma vez são apresentadas as motivações desta morte, da responsabilidade do povo; - há aqui alguma desresponsabilização do rei... áídas só da mágoa, e saudade Do seu Príncipe, e filhos que deixava, Que mais que a própria morte a magoava, 125 Descrição da reacção de Inês à prisão e condenação: - O seu sofrimento não é pela sua morte, mas por aqueles que deixa: Pedro e os filhos. Para o Céu cristalino alevantando Anteposição do adjectivo — reforça a crueldade dos executores. Com lágrimas os olhos piedosos, Os olhos, porque as mãos lhe estava atando (duros ministros rigorosos; 1r ao E depois nos meninos atentando, Que tão queridos tinha, e tão mimosos, Cuja orfandade como mãe temia, Para o avô cruel assim dizia: -Inês com os olhos repletos de lágrimas ... -... etendo em atenção os seus filhos, dirigiu-se ao rei, avô dos seus filhos. Introdução ao discurso de Inês. Desenvolvimento - "Se já nas brutas feras, cuja mente Natura fez cruel de nascimento, E nas aves agrestes, que somente Nas rapinas aéreas têm o intento, Com pequenas crianças viu a gente Terem tão piedoso sentimento, Como coa mãe de Nino já mostraram, Início do discurso de Inês: -Começa por referir que a Natureza e as feras não conseguem ser cruéis com as crianças, protegem-nas. - ilustra com exemplo latino. E colos irmãos que Roma edificaram; Oração relativa e explicativa a (6 tu) que tens de humano o gesto e o peito, (Se de humano é matar uma donzela Apóstrofe ao rei Fraca e sem força, só por ter sujeito O coração a quem soube vencê-la) A estas criancinhas tem respeito, Pois o não tens à morte escura dela; Mova-te a piedade sua e minha, Pois te não move a culpa que não tinha. Continuação do discurso de Inês: . Dirige-se directamente ao rei: -apelando à sua humanidade e piedade; -Invocando os seus filhos. - afirma-se fraca, frágil e inocente. Desenvolvimento 132 Tais contra Inês os brutos matadores No colo de alabastro, que sustinha As obras com que Amor matou de amores Aquele que depois a fez Rainha; As espadas banhando, e as brancas flores, Que ela dos olhos seus regadas tinha, Se encarniçavam, férvidos e irosos, No futuro castigo não cuidosos. 133 Bem puderas, ó Sol, da vista destes Teus raios apartar aquele dia, Como da seva mesa de Tiestes, Quando os filhos por mão de Atreu comia. sses)?)p?] pPPP]JBFBS»SB É*Ê>HÊ* <HH tiittI[ PE Vós, 6 côncavos vales, que pudestes À voz extrema ouvir da boca fria, O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes, Por muito grande espaço repetisses! Continuação da reprovação do narrador e a exploração da parte mais lírica. Animização da Natureza, que chora a morte de Inês, sua antiga confidente. Conclusão 134 Assim como a bonina, que cortada Antes do tempo foi, cândida e bela, Sendo das mãos lascivas maltratada Da menina que a trouxe na capela, O cheiro traz perdido e a cor murchada: Tal está morta a pálida donzela, Secas do rosto as rosas, e perdida A branca e viva cor, coa doce vida. 135 As filhas do Mondego a morte escura Longo tempo chorando memoraram, E, por memória eterna, em fonte pura As lágrimas choradas transformaram; O nome lhe puseram, que inda dura, Dos amores de Inês que ali passaram. Vede que fresca fonte rega as flores, Que lágrimas são a água, e o nome amores. - Estado contemplativo desta morte, destacando-se as características da inocente e comparando-a às flores. -É sublinhado o pranto comovente das “filhas do Mondego” e é apresentada a animização da Natureza, que chora a morte de Inês, sua antiga confidente. “Natureza que criou uma fonte deste choro. — Quinta das lágrimas. Conclusão 136 Não correu muito tempo que a vingança Não visse Pedro das mortais feridas, Que, em tomando do Reino a governança, Atomou dos fugidos homicidas. Que ambos, imigos das humanas vidas, O concerto fizeram, duro e injusto, Que com Lépido e António fez Augusto. 137 Este, castigador foi rigoroso De latrocínios, mortes e adultérios: Fazer nos maus cruezas, fero e iroso, -O narrador apresenta a reacção feroz de D. Pedro a esta execução: - - logo que se tornou rei, perseguiu e puniu os executores de Inês. - comparação com exemplos de Espanha e dos clássicos. -Pocto entre os reis que obrigava um a entregar os criminosos ao outro se os capturasse Eram os seus mais certos refrigérios. EDJTTooO As cidades guardando justiçoso De todos os soberbos vitupérios, D. Pedro tornou-se um rei rigoroso e justo em relação a todos os crimes. D. Pedro, o justo. Mais ladrões castigando à morte deu, Que o vagabundo Aleides ou Teseu. Conclusão Batalha de Aljubarrota - Plano da História de Portugal Canto — IV 28-45 E? q nm [e = E a i HM | Ea 4 1 Br Es) Episódio bélico apresentado em tom hiperbólico E, E. - referências ao número e valor dos inimigos a L— . dé 1 nt - pormenores dos preparativos a LE à =" - valentia demonstrada o ST 2 Está Vasco da Gama a contar a História de Portugal ao Rei de Melinde; - refere a morte de D. Fernando e respectivas consequências; Depois da morte de D. Fernando, o Formoso, cuja filha D. Beatriz — com 11 anos apenas — casara com o rei de Castela, Portugal insurge-se contra a ideia de ser governado por um estrangeiro. A arraia-miúda das cidades e vilas e dos campos acompanhada por abastados mercadores e por alguns fidalgos, aclama D. João, mestre de Avis, defensor e regedor ou regente do Reino. -Refere toda a história da nomeação de D. João |, a Regedor e Defensor do Reino dá origem à batalha contra Castela que se travou em 14 de Agosto de 1383. -O Rei de Castela invade Portugal, e poucos eram os que queriam combater pela Pátria. Mas os que estavam dispostos a defender o seu Reino, de entre os quais se destacava Nuno Álvares Pereira, iriam defendê-lo com a convicção da vitória, pois o país vizinho tinha enfraquecido bastante no reinado de D. Femando e D. João | era garantia de valor e sucesso e nunca Portugal tinha saído derrotado dos combates contra os Castelhanos. Na descrição da batalha, destacam-se as actuações de Nuno Álvares Pereira e de D. João, Mestre de Avis; salienta-se também o facto dos irmãos de Nuno combaterem contra a própria Pátria, acabando por morrer numa batalha em que foram traidores de Portugal. No final, Camões refere o desânimo e a fuga dos Castelhanos, que novamente foram derrotados pelos lusitanos. A partir do casamento, D. Leonor Teles tornara-se cada vez mais influente junto do rei manobrando a sua intervenção política nas relações exteriores, e ao mesmo tempo cada vez mais impopular. Aparentemente, D. Fernando mostra-se incapaz de manter uma governação forte e o ambiente político interno ressente- se disso, com intrigas constantes na corte. Em 1382, no fim da guerra com Castela, estipula-se que a única filha legitima de D. Fernando, D. Beatriz de Portugal, case com o rei D. João | de Castela. Esta opção significava uma anexação de Portugal e não foi bem recebida pela classe média e parte da nobreza portuguesa. Quando D. Fernando morre em 1383, a linha da dinastia de Borgonha chega ao fim. D. Leonor Teles é nomeada regente em nome da filha e de D. João de Castela, mas a transição não será pacífica. Respondendo aos apelos de grande parte dos Portugueses para manter o pais independente, D. João, mestre de Avis e irmão bastardo de D. Fernando, declara-se rei de Portugal. O resultado foia crise de 1383-1385, um período de interregno, onde o caos político e social dominou. D. João tornou-se no primeiro rei da Dinastia de Avis em 1385. 33 Ó tu, Sertório, ó nobre Coriolano, Catilina, e vós outros dos antigos, Que contra vossas pátrias, com profano Coração, vos fizestes inimigos, Se lá no reino escuro de Sumano Receberdes gravíssimos castigos, Dizei-lhe que também dos Portugueses Alguns tredores houve algumas vezes. 34 Rompem-se aqui dos nossos os primeiros, Tantos dos inimigos a eles vão! Está ali Nuno, qual pelos outeiros De Ceita está o fortíssimo leão, Que cercado se vê dos cavaleiros Que os campos vão correr de Tetuão: Perseguem-no com as lanças, e ele iroso, Torvado um pouco está, mas não medroso. 35 Com torva vista os vê, mas a natura Ferina e a ira não lhe compadecem Que as costas dê, mas antes na espessura Das lanças se arremessa, que recrescem. Tal estã o cavaleiro, que a verdura Tinge co'o sangue alheio; ali perecem Alguns dos seus, que o ânimo valente Perde a virtude contra tanta gente. Apóstrofe a figuras que traíram a sua pátria Se estes traidores receberem castigos, também os portugueses têm casos destes. Começa a haver perda de vidas. Entre todos está Nuno Álvares Pereira, general com experiência nas guerras de Ceuta. Ele encontra-se a ser atacado, perturbado, mas não com medo. Valorização do perfil de Álvares Pereira. A sua natureza guerreira faz com que não desista e continue a lutar. Morrem alguns portugueses, pois apesar de corajosos enfrentavam um poder maior. | =+ ) oo | | [9º] = fo ds [4º] co 36 Sentiu Joane a afronta que passava Nuno, que, como sábio capitão, Tudo corria e via, e a todos dava, Com presença e palavras, coração. Qual parida leoa, fera e brava, Que os filhos que no ninho sós estão, Sentiu que, enquanto pasto lhe buscara, O pastor de Massília lhos furtara; 37 Corre raivosa, e freme, e com bramidos Os montes Sete Irmãos atroa e abala: Tal Joane, com outros escolhidos Dos seus, correndo acode à primeira ala: -"Ó fortes companheiros, ó subidos Cavaleiros, a quem nenhum se iguala, Defendei vossas terras, que a esperança Da liberdade está na vossa lança. 38 Vedes-me aqui, Rei vosso, e companheiro, Que entre as lanças, e setas, e os arneses Dos inimigos corro e vou primeiro: Pelejai, verdadeiros Portugueses!"- Isto disse o magnânimo guerreiro, E, sopesando a lança quatro vezes, Com força tira; e, deste único tiro, Muitos lançaram o último suspiro. D. João |, sabendo que D. Nuno Álvares corria perigo, acudiu à linha da frente para apoiar os guerreiros com a sua presença e palavras de encorajamento. Comparação com uma leoa que protege as suas crias (norte de África) -Apelo ao patriotismo, à coragem, à superioridade, responsabilidade, liberdade... - reforça a ideia de que ele próprio está no campo de batalha e deve ser o exemplo a seguir! Discurso de encorajamento de D. João |. Com um único tiro, matou muitos adversários. | =+ ) oo a] | [9º = fo Era] [4º] co Reacção ao discurso de rei Entre os muitos mortos são apontados: o mestre de Santiago, D. Pe Moniz, ou Munoz, e os irmãos de D. Nuno, os renegados, um deles mestre de Calatra-va. Alguns comentadores dão, porém, o mestre de Santiago como morto em Valverde. Perifrase - inferno Resultado da Batalha 39 Porque eis os seus acesos novamente Duma nobre vergonha e honroso fogo, Sobre qual mais com ânimo valente Perigos vencerá do Márcio jogo, Porfiam: tinge o ferro o sangue ardente; Rompem malhas primeiro, e peitos logo: Assim recebem junto e dão feridas, Como a quem já não dói perder as vidas. 40 A muitos mandam ver o Estígio lago, Em cujo corpo a morte e o ferro entrava: stre morre ali de Santiago, Que fortíssimamente pelejava; Morre também, fazendo grande estrago, Outro Mestre cruel de Calatrava; Os Pereiras também arrenegados Morrem, arrenegando o Céu e os fados. 41 Muitos também do vulgo vil sem nome Vão, e também dos nobres, ao profundo, de o trifauce Cão perpétua fo em das almas que passam deste mune E porque mais ag amanse e dome A soberba do amigo furibundo, sublime bandeira Castelhana oi derribada aos pés da Lusitana. O ânimo volta e continuam a lutar com coragem e progredindo na batalha. Já nem temem perder a vida. São mortas várias figuras ilustres, entre elas, os irmãos de Nuno Alvares Pereira. São mortos outros menos ilustres e outros nobres. Muitos são feridos, muitos morrem, mas a bandeira castelhana é derrubada aos pés da lusitana. | =+ ) oo a] | [9º ne [80] ds [4º] co atsS. OI anto IV 83-89 o - plano da História de Portugal e início da viagem 94-104 Portugal (, 3 de Maio de 1455 — Alvor, 25 de Outubro de 1495) Portugal (, 31 de Maio de 1469 — Lisboa, 13 de Dezembro de 1521) O projecto para o caminho marítimo para a Índia foi delineado por D. João Il como medida de redução dos custos nas trocas comerciais com a Ásia e tentativa de monopolizar o comércio das especiarias. A juntar à cada vez mais sólida presença marítima portuguesa, D. João almejava o domínio das rotas comerciais e expansão do reino de Portugal que já se transformava em Império. Porém, o empreendimento não seria realizado durante o seu reinado. Seria o seu sucessor, D. Manuel | que iria designar Vasco da Gama para esta expedição, embora mantendo o plano original. Na preparação da partida das naus de Vasco da Gama para a Índia, sobressai no meio da confusão um alvoroço e ao mesmo tempo um desejo de alcançar o trajecto pretendido. Após a citação do chamado Velho do Restelo, deu-se a partida; ficaram para trás as terras portuguesas e apenas o mar e o céu infinitos cabiam na visão dos lusitanos. Partida das naus , o velho do restelo - plano da História de Portugal e início da viagem Canto — IV 83-89 / 94-104 Preparação do rei Foram de Emanuel remunerados, Porque com mais amor se apercebessem, E com palavras altas animados Para quantos trabalhos sucedessem. Assim foram os Mínias ajuntados, Para que o Véu dourado combatessem, Na fatídica Nau, que ousou primeira Apresentação dos Tentar o mar Euxínio, aventureira. 84 marinheiros e e — a soldados Tr Ejána porto da inclita Ulisseia C'um alvoroço nobre, e é um desejo, “M Perifrase - Lisboa Narrador participante: Vasco da Gama a contar a própria viagem Onde o licor mistura e branca afeta o'o salgado Neptuno o doce Tejo As naus prestes estao, e ndo refreia Temor nenhum o juvenil despejo, Porque a gente maritima e a de Marte Pelas praias vestidos os soldados De várias cores vêm e várias artes, E não menos de esforço aparelhados Para buscar do mundo novas partes. Nas fortes naus os ventos sossegados Ondeam os aéreos estandartes; Elas prometem, vendo os mares largos, De ser no Olimpo estrelas como a de Argos. D. Manuel é o responsável pela organização deste grupo. Té-lo- á incentivado e motivado. Tal como já acontecera no mar Negro Já no Porto de Lisboa, em Belém, onde o rio Tejo encontra o mar. As naus já estão prontas e o ânimo dos marinheiros e soldados é elevado. Descrição dos soldados, prontos para descobrir novos mundos. As naus são personificadas e prometem levar aqueles homens à imortalidade. 90 Qual vai dizendo: -" Ó filho, a quem eu tinha Só para refrigério, e doce amparo Desta cansada já velhice minha, Que em choro acabará, penoso e amaro, Por que me deixas, mísera e mesquinha? Por que de mim te vás, ó filho caro, A fazer o funéreo enterramento, Onde sejas de peixes mantimento!" — 91 "Qual em cabelo: -"Ó doce e amado esposo, Sem quem não quis Amor que viver possa, Por que is aventurar ào mar iroso Essa vida que é minha, e não é vossa? Como por um caminho duvidoso Vos esquece a afeição tão doce nossa? Nosso amor, nosso vão contentamento Quereis que com as velas leve o vento?" - 92 Nestas e outras palavras que diziam De amor e de piedosa humanidade, Os velhos e os meninos os seguiam, Em quem menos esforço põe a idade. prófites de mais perto respondia Quase movidos de alta piedade; A branca areia as lágrimas banhavam, a em multidão com elas se igualavam Apresentam-se dois casos de lamúrias/queixas: - Os filhos que deveriam acompanhar os pais e ajudá-los são afastados. - Os homens que abandonavam os lares para se aventurarem no mar. * Crítica aos descobrimentos ao facto de se abandonar o país eo seu desenvolvimento. O narrador diz que todos tinham esta perspectiva. E até a natureza responde a esta dor. Personificação 93 Nós outros sem a vista alevantarmos Nem a mãe, nem a esposa, neste estado, Por nos não magoarmos, ou mudarmos Do propósito firme começado, Determinei de assim nos embarcarmos Sem o despedimento costumado, Que, posto que é de amor usança boa, A quem se aparta, ou fica, mais magoa. O narrador diz que a tripulação não parou os seus olhos naqueles que deixava para não sofrerem, nem se deixarem mover dos seus propósitos. Vasco da Gama não quis demorar as despedidas que sempre magoam. Leitura 94 Mas um velho d'aspeito venerando, Que ficava nas praias, entre a gente, Postos em nós os olhos, meneando Três vezes a cabeça, descontente, A voz pesada um pouco alevantando, Que nós no mar ouvimos claramente, C'um saber só de experiências feito, Tais palavras tirou do experto peito: 95 - Ó glória de mandar! Ó vã cobiça Desta vaidade, a quem chamamos Fama! Ó fraudulento gosto, que se atiça C'uma aura popular, que honra se chama! Que castigo tamanho e que justiça Fazes no peito vão que muito te ama! Que mortes, que perigos, que tormentas, Que crueldades neles experimentas! Canto —V | 9- No plano histórico, simboliza: - a superação pelos portugueses do medo do “Mar Tenebroso”, das superstições medievais que povoavam o Atlântico e o Índico de monstros e abismos. - Adamastor é uma visão, um espectro, uma alucinação que existe só nas crendices dos portugueses. É contra seus próprios medos que os navegadores triunfam. No plano lírico é um dos pontos altos do poema, retomando dois temas constantes da lírica camoniana: - o do amor impossível e o do amante rejeitado. Adamastor, um dos gigantes filhos da Terra, apaixonou-se pela nereida Tétis. Não correspondido, tenta tomá-la à força, provocando a cólera de Júpiter, que o transforma no Cabo das Tormentas, personificado numa figura monstruosa, lançada nos confins do Atlântico. Este episódio é importante, pois nele se concentram as grandes linhas da epopeia: 1. O real maravilhoso (dificuldade na passagem do cabo). 2. A existência de profecias (história de Portugal). 3. Lirismo (história de amor); 4. É também um episódio trágico, de amor e morte; 5. É um episódio épico, em que se consolida a vitória do homem sobre os elementos (água, fogo, terra, ar); Resumo do Enredo Introdução (est. 37, 38, Canto V): * Preparação do ambiente para o aparecimento do gigante: depois de cinco dias claros, com ventos calmos, com os marinheiros “descuidados”, surge uma nuvem negra “tão temerosa e carregada” que põe “nos corações um grande medo” e leva Vasco da Gama interpelar o próprio Deus todo-poderoso. Aparecimento do monstro e sua descrição (est. 39, 40, Canto V). * Caracterização directa e indirecta do monstro, sobretudo através de uma adjectivação sugestiva e abundante, para realçar a imponência da figura e o terror e a estupefacção do Gama e dos seus companheiros (“Arrepiam-se as carnes e o cabelo/A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê- lo” (est. 40. Vv- 7-8, Canto V). Discurso do gigante (1º parte) (est. 41-48, Canto V). Glorificação épica. * Discurso de carácter profético e ameaçador, através do qual Adamastor, num tom de voz “horrendo e grosso” anuncia os castigos e danos por si reservados para aquela “gente ousada” que invadira o seu reino (dos mares): . À “suma vingança” (a morte) de quem o descobriu (Bartolomeu Dias); . Amorte de D. Francisco de Almeida, primeiro Vice-rei da Índia; . O naufrágio e a morte da família Sepúlveda; . E, para além destes casos particulares, as naus portuguesas terão sempre “inimiga esta paragem” através de “naufrágios, perdições de toda sorte/Que o menor mal de todos seja a morte”, Interpelação do Gama (est. 49, Canto V). * Gama já incomodado com todas aquelas profecias de desgraça, interroga o monstro sobre a sua identidade. É essa pergunta tão simples que promove a profunda viragem do seu discurso, fazendo-o recordar a frustração amorosa passada e meditar na sua actual condição de degredado solitário e petrificado. Discurso do gigante (22 parte) (est. 50-59, Canto V). Lirismo amoroso e elegíaco. "À resposta à pergunta de Gama tem carácter autobiográfico e tom elegíaco (lamentação, triste) (“com voz pesada e amara”) e disfórico, pois assistimos à evocação do seu passado amoroso infeliz. Epílogo (est. 60, Canto V). * Súbito desaparecimento do Gigante, agora choroso pela recordação do seu passado triste e levando consigo a nuvem negra e o “sonoro bramido” do mar com que aparecera. Pedido de Gama a Deus para que remova “os duros casos, que Adamastor contou futuros”, 41- E disse: ais que quantas undo to emrgrandes cousas, ue por guerras cruas, tais e tantas, or trabalhos vãos nunca repousas, Pois os vedados términos quebrantas E navegar nos longos mares ousas, Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho, Nunca arados d'estranho ou próprio lenho: is vens ver os segredos escondidos atureza e do úmido elemento, A nenhum gra Turmmano concedidos De nobre ou de imortal! merecimento, Ouve os danos de mi que apercebidos Estão a teu sobejo atrevimento, Por todo largo mar e pola terra Que inda hás de sojugar com dura guerra. 41 - O gigante reconhece o mérito dos portugueses. Chama os portugueses de ousados e afirma que nunca repousam e que tem por meta a glória particular, pois chegaram aos confins do mundo. Realça-se o facto de aquelas águas nunca terem sido navegadas por outros: o gigante diz que aquele mar, que há tanto ele guarda, nunca foi conhecido por outros. 42 - Já que os portugueses descobriram os segredos do mar, o gigante ordena- lhes que ouçam os sofrimentos futuros, conseguências do atrevimento de cruzar os mares. (premonições) OE CECTa| 43- Sabe que quantas naus esta viagem Que tu fazes, fizerem, de atrevidas, Inimiga terão esta paragem, Com ventos e tormentas desmedidas! E da primeira armada, que passagem Fizer por estas ondas insufridas, Eu farei d'improviso tal castigo, Que seja mor o dano que o perigo! 44 - Aqui espero tomar, se não me engano, cobriu suma vingança. E não se ó nisto o dano De vossa pertinace“sqnfiança: Antes, em vossas na O gigante afirma que os navios que fizerem a viagem que Vasco da Gama está fazendo terão aquele cabo como inimigo. A primeira armada a que se refere Adamastor é a de Pedro Álvares Cabral, que se seguiu à de Vasco da Gama perdeu ali quatro de suas naus: o dano - o naufrágio — foi maior que o perigo, pois os navegantes foram surpreendidos. O gigante afirma que se vingará ali mesmo de seu descobridor, Bartolomeu Dias, e que outras embarcações portuguesas serão destruídas por ele. As afirmações são ameaçadoras, como se verá: o menor mal será a morte. Futuro - premonições OE CECTa| Viaje de Bartoioeme Dias (ado may Tocos E Mi gula Ma tugas fito ir! vi ) comigo o melhor O ea e” Pirodo Aleac y A de - anta Meteo AM céatar Ju amas () cedo A tos Piper Soa do o do tome Bady che tonta Urempido da femicera —— oO o o o raia Cielhas ve quloco Pira [ra A LONGA VIAGEM Percurso completo de Cabral 49 - Mais ia por diante o monstro horrendo Dizendo nossos fados, quando, alçado, Lhe disse eu: - Que és tu? Que esse estupendo Corpo certo me tem maravilhado! A boca e os olhos negros retorcendo E dando um espantoso e grande brado, Me respondeu, com voz pesada e amara, Como quem da pergunta lhe pesara: 50 - O gigante continuaria fazendo as previsões se Vasco da Gama não o interrompesse, perguntando quem era aquela figura maravilhosa. O monstro responderá com voz pesada porque relembraria seu triste passado. Interpelação do Gama Eu sou aquele oculto e grande Cabo A quem chamais vós outros Tormentóário, Que nunca a Ptolomeu, Pompônio, Estrabo, Plínio e quantos passaram fui notório. Aqui toda a africana costa acabo Neste meu nunca visto promontório, Que pera o Pólo Antártico se estende, O gigante apresenta-se e localiza- se no espaço geográfico: eleé o Cabo Tormentoso, nunca conhecido pelos geógrafos da Antiguidade, última porção de terra do continente africano, que se alonga para o Pólo Sul, extremamente ofendido com a ousadia dos portugueses. A quem vossa ousadia tanto ofende. [o (42) a D po À “ A a E (D ml e+ - Moro CrETa| 51 - Fui dos filhos aspérrimos da Terra, Qual Encélado, Egeu e Centimano; Chamei-me Adamastor e fui na guêrra «Lontra o que vibra os raios de Vulcano> Não que pusesse serra sobre serra, Mas conquistando as ondas do Oceano, Fui capitão do mar, por onde andava A armada de Neptuno, que eu buscava. 52 - sá <= Amores da alta esposa de Peleu mA Me fizeram tomar tamanha empresa; Todas as Deusas desprezei do Céu, Só por amargas águas a princesa'> Um dia a vi, coas filhas de Nereu, Sair nua na praia e logo presa A vontade senti de tal maneira, Que inda não sinto cousa que mais queira. Perifrase - Jupiter Adamastor diz que era um dos Titãs, gigantes que lutavam contra Júpiter e que sobrepunham montes para alcançar o Olimpo. A sua missão era procurar a armada de Neptuno, nos mares. Adamastor cometeu a loucura de lutar contra Neptuno por amor a Tétis, por quem desprezou todas as Deusas. Recorda o dia em que a viu nua na praia e se apaixonou por ela. Adamastor continua apaixonado por ela. Q D w D E a A -. D 3 [mal o 53 - Como fosse impossíbel alcançá-la Pola grandeza feia de meu gesto, Determinei por armas de tomá-la E a Dóris meu caso manifesto. De medo a Deusa então por mi lhe fala. Mas ela, cum fermoso riso honesto, Respondeu: - Qual será o amor bastante De ninfa, que sustente o dum Gigante? 54 - Contudo, por livrarmos o Oceano De tanta guerra, eu buscarei maneira Com que, com minha honra, escuse o dano. Tal resposta me torna a mensageira. cair não pude neste engano (Que é grande dos amantes a cegueira), Encheram-me, com grandes abondanças, peito de desejos e esperanças. Como jamais conquistaria Tétis porque era muito feio, Adamastor resolveu conquistá-la por meio da guerra e manifestou sua intenção a Dóris, mãe de Tétis, que comunicou à filha, mas esta considera este amor impossível Continua a resposta de Tétis: ela, para livrar o Oceano da guerra, tentará solucionar o problema com dignidade. O gigante afirma que, já que estava cego de amor, não percebeu que as promessas que Dóris e Tétis lhe faziam eram mentirosas. Q D w D E a A -. D 3 [mal o 59- Converte-se-me a carne em terra dura; Em penedos os ossos se fizeram; Estes membros que vês e esta figura Por estas longas águas se estenderam; Enfim, minha grandíssima estatura Neste remoto Cabo converteram Os Deuses; e, por mais dobradas mágoas, Me anda Tétis cercando destas águas.” 60 - Assi contava; e, cum medonho choro, Súbito d'ante os olhos se apartou. Desfez-se a nuvem negra e cum sonoro ramido muito longe o mar soou. Eu, levantando as mãos ao santo coro Dos Anjos, que tão longe nos guiou, A Deus pedi que removesse os duros Casos que Adamastor contou futuros. A carne do gigante se transformou em terra e os ossos em pedra; seus membros e sua figura alongaram-se pelo mar; os Deus fizeram dele um Cabo. Para que sofra em dobro, Tétis costuma banhar-se nas águas próximas. Final do seu discurso. O gigante desapareceu chorando. Vasco da Gama ergue os braços ao céu e pede aos anjos que as premonições de Adamastor não se realizem. for: fo fifa / 92-94 —VI Canto t- plano da viagem — EUROPA SENA Esissou 1): qa o Legenda: |. Consího dos Deuses 2. Velho do Restelo . Fogo-de-santelmo Tromba marítima Veloso 5. Adamastor 7, Escorbuto Consílio dos Deuses marinhos MOÇAMBIG Cd 9. Os doze de Inglaterra o i 10, Tempestade 11. Chegada a Calecul 12. Ilha dos Amores N Pi ado NES CARO DAS É id 2101 El ORMENTA pocta = 1,8, 10,1 (8) Vasco da Gama ao o BS INI Rei de Melinde — 2, 3, 4,5,6,7 Paulo da Gama ao Catual = |] Veloso = 9 MELÍNDE 6) MOMBAÇA ay to dim Lad se 70- Mas, neste passo, assim prontos estando Eis o mestre, que olhando os ares anda, O apito toca; acordam despertando Os marinheiros duma e doutra banda; porque o vento vinha refrescando, Os traquetes das gáveas tomar manda: “Alerta, disse, estai, que o vento cresce Daquela nuvem negra que aparece." 71 Não eram os traquetes bem tomados, Quando dá a grande e súbita procela: “Amaina, disse o mestre a grandes brados, Amaina, disse, amaina a grande vela! “ Não esperam os ventos indinados Que amainassem; mas juntos dando nela, Em pedaços a fazem, com um ruído Que o mundo pareceu ser destruído. si = o jo [oJ e ja] 72 — O céu fere com gritos nisto a gente, Com súbito temor e desacordo, Que, no romper da vela, a nau pendente Toma grã suma d'água pelo bordo: "Alija, disse o mestre rijamente, Alija tudo ao mar; não falte acordo. Vão outros dar à bomba, não cessando; A bomba, que nos imos alagando!" 73- Correm logo os soldados animosos A dar à bomba; e, tanto que chegaram, Os balanços que os mares temerosos Deram à nau, num bordo os derribaram. Três marinheiros, duros e forçosos, A menear o leme não bastaram; Talhas lhe punham duma e doutra parte, Sem aproveitar dos homens força e arte. si = o jo [oJ e ja] 74 - A força dos ventos Os ventos eram tais, que não puderam Mostrar mais força do ímpeto cruel, Se para derribar então vieram A fortíssima torre de Babel. Nos altissimos mares, que cresceram, A pequena grandura dum batel Mostra a possante nau, que move espanto, Vendo que se sustém nas ondas tanto. 75 A nau grande, em que vai Paulo da Gama, Quebrado leva o masto pelo meio. Quase toda alagada: a gente chama Aquele que a salvar o mundo veio. Não menos gritos vãos ao ar derrama Toda a nau de Coelho, com receio, Conquanto teve o mestre tanto tento, Que primeiro amainou, que desse o vento. E) E O o E] Cm [a] [o D | a D ta [2] nê a) pah fo) a [o o Ea a D ES [s) 4
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