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Platão: Dialética, Reminiscência e a Concepção dos Dois Mundos, Manuais, Projetos, Pesquisas de Filosofia

Filosofia da EducaçãoFilosofia AntigaPlatãoTeoria da ReminiscênciaDialética

Platão discute a dialética, a teoria da reminiscência e a concepção dos dois mundos: o mundo sensível e o mundo inteligível. Ele descreve o processo dialético e a importância da contemplação das idéias. Historicamente, o platonismo influenciou a academia e o desenvolvimento da filosofia ocidental.

O que você vai aprender

  • Qual é a importância da contemplação das idéias na filosofia de Platão?
  • O que é a teoria da reminiscência segundo Platão?
  • Como Platão descreve o processo dialético?
  • Como o platonismo influenciou a filosofia ocidental?
  • Qual é a importância da dialética na filosofia de Platão?

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Reginaldo85
Reginaldo85 🇧🇷

4.5

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Baixe Platão: Dialética, Reminiscência e a Concepção dos Dois Mundos e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Filosofia, somente na Docsity! Filosofia UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DISCIPLINA: FILOSOFIA PROFESSOR: FÁBIO DOS SANTOS Aula 1 - Filosofia e mito A filosofia ocidental teve seu início na Grécia antiga. A palavra "filosofia" - philosophia palavra de origem grega. Philo vem de philia a ver com companheirismo, amor fraterno, amizade. Sophia vem de sophos, que quer dizer sábio. Assim, em geral, quando se parte da etimologia da palavra, temos que "filosofia" é o amor ao saber, a amizade profunda à sabedoria; e o filósofo, então, é aquele que tem um apreço especial pela sabedoria. A filosofia, nesta perspectiva grega, é uma atividade que visa levar ao saber. E sua história, para a maioria dos manuais, tem como primeiro adversário o mito, que, aos olhos do filósofo, não estaria preocupado em levar ao saber, ao conhecimento, tomando aqui a palavra conhecimento como saber verdadeiro, não contraditório, que não busca causas em relações sobrenaturais, mas em relações naturais. A palavra mito também tem uma origem grega, ela vem de mythos. Há dois verbos que confluem para mytheo, que tem a ver com a convers designação, e mytheyo, que tem a ver com a narração, com o contar algo para outro. O mito narra algo que é inquestionável para quem está inserido fielmente na atividade de ouvi-lo. Ele tem a função de dizer algo que tal pessoa acredita sem pensar muito de modo a colocá-lo em dúvida. Seu papel é de informar e dar sentido à existência de quem crê nele, mas, principalmente, o de socializar as pessoas e criar uma comunidade que forma o "nós", os que se organizam socialmente da mesma f exatamente porque, entre o que possuem de comum, o mito é não só alguma coisa forte, mas é exatamente a narrativa (única) que diz o que é comum para este "nós". Cosmogonia e cosmologia As cosmogonias são de certa forma, narrativas sobre as origens do mundo. Em geral elas estão presentes nos mitos, isto quando não são a sua essência. Falam de união sexual entre deuses, que geram o mundo, ou união sexual entre deuses e humanos, que em geral criam situações complexas e dão o enredo a uma história que explica divisões, guerras, ciúmes, paixões, disputas sobre a justiça, etc. As cosmologias já estão mais para o campo do pensamento filosófico do que para o pensamento mitológico. Para vários autores da história da filosofia, elas são a origem do pensamento filosófico, e outros, mais propensos a verem continuidade do que rupturas na história do pensamento tendem a ver as cosmologias como o início do pensamento científico. As cosmologias são teorias a respeito da natureza do mundo. As cosmogonias são genea Pré-Vestibular Popular da UFF na - é uma , que tem mythos: ação e a que venha orma, logias, diferentemente, as cosmologias são conhecimento a respeito de elementos primordiais, mas naturais. O pensamento cosmológico remete à phýsis, a palavra grega que tem a ver com o que é eterno e de onde tudo surge, nasce, brota. Trata-se de um element gera todos os outros elementos naturais, que são perecíveis. Filosofia – definição. É difícil dar-se uma definição genérica de filosofia, já que esta varia não só quanto a cada filósofo ou corrente filosófica, mas também em relação histórico. Atribui-se a Pitágoras a distinção entre a o saber, e a philosophia, que seria a "amizade ao saber", a busca do saber. Com isso se estabeleceu, já desde sua origem, uma diferença de natureza entre a ciência, enquanto saber específico, conhecimento sobre um domínio do real, e a filosofia que teria um caráter mais geral, mais abstrato, mais reflexivo, no sentido da busca dos princípios que tornam possível o próprio saber. No entanto, no desenvolvimento da tradição filosófica "filosofia" foi freqüente-mente usado para designar a totalidade do saber, a ciência em geral, sendo a metafísica a ciência dos primeiros princípios, estabelecendo os fundamentos dos demais saberes. O período medieval foi marcado pelas sucessivas tentativas de conciliação entre razão e fé, entre a filosofia e os dogmas da religião revelada, passando a filosofia a ser considerada theologiae, a serva da teologia, na medida em que fornecia as bases racionais e argumentativas para a construção um sistema teológico, sem, contudo, poder questionar a própria fé. O pensamento moderno recupera o sentido da filosofia como investigação dos primeiros princípios, tendo, portanto, um papel de fundamento da ciência e de justificação da ação humana. A f mente a partir do Iluminismo, vai atribuir à filosofia exatamente esse papel de investigação de pressupostos, de consciência de limites, de crítica da ciência e da cultura. Pode-se supor que essa concepção, mais contemporâne tem raízes no ceticismo, que, ao duvidar da possibilidade da ciência e do conhecimento, atribuiu à filosofia um papel quase que exclusivamente questionados. Na filosofia contemporânea, encontramos assim, ainda que em diferentes correntes e perspectivas, como investigação crítica, situando nível essencialmente distinto do da ciência, embora intimamente relacionado a esta, já que descobertas científicas muitas vezes suscitam questões e reflexões filosóficas e freqüentemente problematizam teorias científicas. Essa relação reflexiva entre a filosofia e os outros campos do saber fica clara, sobretudo, nas chamadas "filosofia de": filosofia da ciência, filosofia da arte, filosofia da história, filosofia da educação, f matemática, filosofia do direito etc. Mito (gr. mythos: narrativa, lenda) Engenharia 1 o imperecível, que a cada período sophia, , o termo ancilla de ilosofia crítica, principal- a, um sentido de filosofia -se, portanto, em um ilosofia da Filosofia 1. Narrativa lendária, pertencente à tradição cultural de um povo, que explica através do apelo ao sobrenatural, ao divino e ao misterioso, a origem do universo, o funcionamento da natureza e a origem e os valores básicos do próprio povo. Ex.: o mito de Ísis e Osíris, o mito de Prometeu etc. O surgimento do pensamento filosófico científico na Grécia antiga (séc.Vl a.C.) é visto como uma ruptura com o pensamento mítico, já que a realidade passa a ser explicada a partir da consideração da natureza pela própria, a qual pode ser conhecida racionalmente pelo homem, podendo essa explicação ser objeto de crítica e reformulação; daí a oposição tradicional entre mito e logos 2. Por extensão, crença não-justificada, comumente aceita e que, no entanto, pode e deve ser questionada do ponto de vista filosófico. Ex.: o mito da neutralidade científica, o mito do bom selvagem, o mito da superioridade da raça branca etc. A critica ao mito, nesse sentido_ produziria uma desmistificação dessas crenças. 3. Discurso alegórico que visa transmitir uma doutrina através de uma representação simbólica. Ex.: o mito ou alegoria da caverna e o mito do Sol, na República de Platão. Aula 2 – Os pré-socráticos Os pensadores pré-socráticos viveram no "mundo grego", mas nem todos antes de Sócrates. Alguns sim, outros não. Eles viveram entre o século sete e o meio do século quarto A.C. Sócrates nasceu em 470 e morreu em 399 A.C. (todas as datas, antes de Cristo, são, na sua maioria, estimativas). Uma boa parte desses pensadores foram, antes de tudo, cosmólogos. E vários deles trabalharam em um sentido reducionista, isto é, tentaram encontrar uma substância única, ou força exclusiva, ou princípio básico capaz de ser apresentado como o elemento efetivamente real e primordial do cosmos. A filosofia dos Pré-socráticos (Filósofos da Natureza) voltava o seu pensamento para a origem (racional) do mundo, do cosmos. Ou seja, estes filósofos dedicavam-se às in cosmológicas, buscando a arché (o princípio fundamental de todas as coisas). De seus escritos quase tudo se perdeu, restando apenas poucos fragmentos. Cosmologia: estudo, teoria ou descrição dos cosmos, do universo. Alguns filósofos Tales de Mileto (640-548 a.C.) – É considerado filosofia grega”. Para ele a água seria o elemento primordial (a arché) de tudo o que existe. Atribui Tales a demonstração do primeiro teorema de geometria (embora o estudo sistemático desta ciência tenh começado na escola de Pitágoras, no séc. VI a.C.). Anaximandro de Mileto (610-547 a.C.) gerador de todas as coisas, segundo Anaximandro, seria apeiron (ilimitado / indeterminado / que não tem Pré-Vestibular Popular da UFF na - . vestigações “o pai da -se a a realmente – O princípio o limite / infinito). A ordem do mundo virtude deste princípio. Assim, o original de todos os seres, tanto de seu aparecimento quanto de sua dissolução. Anaxímenes de Mileto (588 pensador, o elemento gerador de tudo é rarefação e da condensação, o ar forma tudo o que existe. “Da mesma maneira que a nossa alma, que é ar, nos mantém vivos, também o sopro e o ar mantém o mundo inteiro”. Heráclito de Éfeso (séc. VI- filósofo do devir, da mudança. De acordo com Heráclito, o logos (razão/inteligência /discurso / pensamento) governa todas as coisas, e está associado ao processo cósmico. Tudo está em incessante trans “panta rei” (tudo flui). As coisas estão, pois, em constante movimento, nada permanece o mesmo (“não nos banhamos duas vezes no mesmo rio”). Todavia, não se deve deduzir dessa afirmação que Heráclito defendeu uma teoria da mudança contínua desregrada. Ao contrário, ele entendia que havia uma lógica - o logos contínua. Parmênides de Eléia (544-524 a.C.) ser é uno, imóvel, eterno, imutável mudança, seria ilusão e simples aparência assim, engano dos nossos sentidos é”. Ou seja: o ser imutável, eterno, permanente das coisas, é o único que existe, enquanto o não mudança, não existe. Pré-socráticos - Definição Termo que designa, na história da filosofia, os primeiros filósofos gregos anteriores a Sócrates, também denominados fisiólogos por se ocuparem com o conhecimento do mundo natural (physis). Tales de Mileto (640-c. 548 a.C.) é considerado, já por Aristóteles, como o "primeiro filósofo", devido à sua busca de um primeiro princípio natural que explicasse a origem de todas as coisas. Tales é tido como fundador da escola inclui seu discípulo Anaximandro. filosóficas pré-socráticas, além da e atomista, incluindo Leucipo (450 (c.460-c. 370 a.C.); a pitagórica, fundada por Pitágoras de Samos (século VI a.C.); a Eleata, de Xenófanes (século VI a.C.) e Parmênides (c.510 a.C.) e seu discípulo Zenão; a mobilista, de Heráclito (c.480 a.C.). sofistas, a filosofia grega toma novo rumo, sendo que a preocupação cosmológica deixa de ser predominante, dando Lugar a uma preocupação maior com a experiência humana, o domínio dos valores e o problema d conhecimento. Ver jônica, escola; atomismo; pitagorismo; eleatas; mobilismo; sofista. Engenharia 2 surgiu do caos em apeiron seria o princípio -524 a.C.) – Segundo este o ar. Através da V a.C.) - É conhecido como o fogo, gerador do formação: - governando tal mudança – Para Parmênides, o . Desse modo, o devir, a ; o movimento é, . “O ser é, o não-ser não -ser, que seria a jônica, que As principais escolas scola jônica, são: a -420 a.C.) e Demócrito Com Sócrates e os o Filosofia representações que são proveitosas e salutares. Temos aí uma espécie de "pragmatismo" humanista. Sofística (do lat. sophisticus, do gr. sophistike Denominação genérica do conjunto de doutrinas de filósofos contemporâneos de Sócrates e Platão, conhecidos como sofistas. A sofística se caracteriza pela preocupação com questões práticas e concretas da vida da cidade, pelo relativismo em relação à moral e ao conhecimento, pelo antropocentrismo, pela valorização da retórica e da oratória como instrumentos da persuasão que caracterizava a função do sofista, e, em conseqüência, pelo conhecimento da linguagem e domínio do discurso, essenciais para o desenvolvimento da argumentação sofística. não chegou a constituir propriamente uma escola, porém o termo é utilizado, freqüentemente com sentido negativo, sobretudo para designar o contraste entre o racionalismo teórico e especulativo da filosofia de Sócrates, Platão e Aristóteles, com a atitude pragmática e antimetafísica dos sofistas. Aula 4 – Platão e o mundo do outro Platão (c.427-348 ou 347 a.C.) Filósofo grego, discípulo de Sócrates, Platão deixou Atenas depois da condenação e morte de seu mestre (399 a.C.) Peregrinou doze anos. Conheceu, entre outros, os pitagóricos. Retornou a Atenas em 387 a.C, com 40 anos, procurando reabilitar Sócrates, de quem guardava a memória e o ensinamento. Retomou a teoria de seu mestre sobre a "idéia", e deu-lhe um sentido novo: a idéia é mais do que um conhecimento verdadeiro: ela é o ser mesmo, a realidade verdadeira, absoluta e eterna, existindo fora e além de nós, cujos objetos visíveis são apenas reflexos. A doutrina central de Platão é a distinção de mundo visível, sensível ou mundo dos reflexos, e o mundo invisível, inteligível ou mundo das idéias. A essa concepção dos dois mundos se ligam as outras partes de seu sistema: a) o método é a dialética, consistindo em que o espírito se eleve do mundo sensível ao mundo verdadeiro, o mundo inteligível, o mundo das idéias; ele se eleva por etapas, passando das simples aparências aos objetos, em seguida dos objetos às idéias abstratas e, enfim, dessas idéias as idéias verdadeiras que são seres re fora de nosso espírito; b) a teoria da reminiscência: vivemos no mundo das idéias antes de nossa encarnação" em nosso corpo atual e contemplamos face a face em sua pureza; dessa visão, guardamos uma mudança confusa; nós a reencontramos, pelo trabalho da inteligência, a partir dos dados sensíveis, por "reminiscência"; c) a Pré-Vestibular Popular da UFF na ) A sofistica dois mundos: o ais que existem às idéias doutrina da imortalidade da alma, demonstrada no Fédon. Das obras de Platão, as mais importantes são: Apologia de Sócrates (trata-se do discurso que Sócrates pode pronunciado diante de seus juízes; descreve seu itinerário, seu método e sua ação); Hippias Maior (o que é o belo?); Eutifron (o que é a piedade?); Menon (o que é a virtude? Pode ser ensinada? São os diálogos constituindo o exemplo perfeito da maiêutica; são aporéticos: a questão colocada não é resolvida, o leitor é convidado a prosseguir a pesquisa após ter purificado seu falso saber); Teeteto (o que é a ciência? Expõe e faz a crítica da tese que faz derivar a ciência da sensação e que afirma ser o todas as coisas); Fédon (sobre a imortalidade da alma; diálogo que relata os últimos dias de Sócrates e trata da atitude do filósofo diante da morte); Crátilo (quais as relações entre as coisas e os nomes que lhes são dados? Há denominações naturais ou elas dependem todas da convenção?); O banquete (do amor das belas coisas ao amor do belo em si. Papel pedagógico do amor); Górgias (sobre a retórica; estuda a forma particular de violência que pode ser exercida pelo domínio da retórica e op sofística à filosofia); A república (da justiça; definição do homem justo a partir do estudo da cidade justa; a cidade ideal, papel da educação, lugar do filósofo na cidade; como o regime ideal é levado a degenerar Político e nas Leis, Platão enuncia as condições da cidade harmoniosa, governada pelo filósofo rei, personalidade que governa com autoridade, mas com abnegação de si, com os olhos fixos na idéia do bem. A virtude suprema consiste no "desapego" do mundo sensível e dos be de orientar-se para a contemplação das idéias, notadamente da idéia do bem, e realizar esse ideal de perfeição que é o bem. Abaixo dessa virtude quase divina situa propriamente humana: a justiça, que consiste na harmonia interior da alma. Outros livros ou diálogos: Críton, Fedro, Parmênides, Timeu e Filebo. Toda a doutrina de Platão pode ser interpretada como uma crítica em relação ao dado sensível, social ou político, e com uma exortação a transformá-lo se inspirando nas id (cognitiva, moral e política) deve reproduzir, o mais fielmente possível, a ordem perfeita no mundo do futuro. Para realizar seu "projeto" filosófico, Platão funda a Academia, assim chamada por situar herói ateniense Academos. Mundo sensível: realidade material, constituída pelos objetos da percepção sensorial; mundo da experiência. Especialmente em Platão, o mundo sensível opõe mundo inteligível, do qual é cópia. Engenharia 5 ria ter homem a medida de õe a -se). Na República, no ns exteriores a fim -se a virtude éias, cuja ação -se nos jardins do -se ao Filosofia Mundo inteligível: mundo das idéias ou fo Platão entendido como tendo uma realidade autônoma, tanto em relação ao mundo sensível, do qual constitui o modelo perfeito, quanto ao pensamento humano, que entanto o atinge pela dialética. Alegoria da Caverna No livro VII da República, Platão narra uma história que se tornou célebre com o nome de mito ou alegoria da caverna. Seu objetivo é fazer compreender a diferença entre o conhecimento grosseiro, que vem de nossos sentidos e de nossas opiniões (doxa), e o conhecimento verdadeiro, ou seja, aquele que sabe apreender, sob a aparência das coisas, a idéia das coisas. Numa caverna, cuja entrada é aberta à luz, encontram-se alguns homens acorrentados desde sua infância, com os olhos voltados para o fundo, não locomover-se nem virar as cabeças. Um fogo brilha no exterior, iluminando toda a caverna. Entre o fogo e a caverna passa uma estrada, ladeada por um muro da altura de um homem. Na estrada, por detrás do muro, vários homens passam conversando e levando nas cabeças figuras de homens e de animais, projetadas no fundo da caverna. Assim, tudo o que os acorrentados conhecem do mundo são sombras de objetos fabricados. Mas como não sabem o que se passa atrás deles, tomam essas sombras por seres vivos que se movem e falam, mostrando serem homens que não atingiram o conhecimento verdadeiro. Platão descreve o processo dialético através do qual o prisioneiro se liberta e, lutando contra o hábito que tornava mais cômoda sua situação de prisioneiro, sai em busca do conhecimento da verdade, passando por diversos e sucessivos graus de conversão de sua alma, até chegar à visão da idéia de hem. Uma vez alcançado esse conhecimento, o prisioneiro, agora transformado em sábio, deve retornar à caverna para ensinar o caminho aos outros prisioneiros, arriscando inclusive, a ser rejeitado por eles. Platonismo – definições 1. Denominação da filosofia de Platão e de seus seguidores, ou de qualquer pensamento filosófico influenciado por Platão. Foi imensa a influência d na formação da tradição filosófica ocidental, sendo que Whitehead chegou mesmo a afirmar que toda a filosofia ocidental não passa de um conjunto de notas de pé de página à obra de Platão. 2. Historicamente, o platonismo desenvolveu juntamente com a Academia fundada por Platão em 338 a.C., existindo até o ano 529 da era cristã, quando o imperador romano Justiniano, em Constantinopla, ordenou Pré-Vestibular Popular da UFF na rmas, em , no podendo -se, e Platão -se o fechamento das escolas filosóficas pagãs. O pensamento da Academia, entretanto, passa por períodos se limitando a uma simples preservação, comentário e difusão do pensamento de Platão, mas interpretando diferentes maneiras, incluindo uma fase cética. O platonismo não se restringe, contudo, apenas à doutrina transmitida pela Academia. helenismo é muito grande, dando origem ao neoplatonismo. Também o desenvolvimento da filosofia cristã com a escola de Alexandria, a escola de Capadócia e o pensamento de Santo Agostinho são diretamente influenciados pelo platonismo. Durante todo o período medieval, até pratica-mente o século XII, quando a obra de Aristóteles torna-se mais conhecida no Ocidente, o platonismo foi a filosofia predominante, devido basicamente à influência do pensamento de Santo Agostinho. Por sua vez, o fechamento da Academia em 529 acarretou a emigração dos filósofos platônicos para o Oriente, sobretudo para a Pérsia, fazendo com que o platonismo tivesse também posteriormente grande importância na formação do pensamento árabe. Embora perca, em parte, sua influência a partir do séc.XIII, devido ascensão do aristotelismo, o platonismo ressurge durante o Renascimento. Mesmo no pensamento moderno e contemporâneo, muitas das questões tratadas nos diálogos de Platão continuam a ser discutidas, e esses diálog continuam a ser estudados e comentados. 3. 0 platonismo, no entanto, não está ligado apenas à obra e ao pensamento de Platão, mas, em linhas gerais, caracteriza-se pelo dualismo entre corpo e alma, matéria e espírito, inteligência e sensação: pela de formas ou objetos abstratos, autônomo de nosso conhecimento; pelo espiritualismo e a crença em uma doutrina da reminiscência: pelo recurso à dialética como forma de elevação do espírito para além do mundo sensível; por uma visão polít aristocracia do espírito nos moldes da República. Em muitos dos filósofos que podem ser considerados representantes do platonismo podemos encontrar, freqüentemente, uma ou algumas dessas características, embora não necessariamente todas exemplo, que podemos falar contemporaneamente em filosofia da matemática, no platonismo de Frege, na medida em que este considera os objetos matemáticos (tais como os números) existentes independentemente de nosso pensamento e de nosso conhecimento sobre eles. Dialética (lat. dialectica, do gr. dialektike: discussão) Engenharia 6 distintos, não -o de Sua importância durante o os crença em um mundo ica que defende uma . E nesse sentido, por Filosofia Em nossos dias, utiliza-se bastante o termo "dialética" para se dar uma aparência de racionalidade aos modos de explicação e demonstração confusos e aproximativos. M a tradição filosófica lhe dá significados bem precisos. 1. Em Platão, a dialética é o processo pelo qual a alma se eleva, por degraus, das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou idéias. Ele emprega o verbo dialeghestai em seu sentido etimológico de "dialogar", isto é, de fazer passar o logos na troca entre dois interlocutores. A dialética é um instrumento de busca da verdade, uma pedagogia científica do diálogo graças ao qual o aprendiz de filósofo, tendo conseguido dominar suas pulsões corporais e vencer a crença nos dados do mundo sensível, utiliza sistematicamente o discurso para chegar à percepção das essências, isto é, à ordem da verdade. 2. Em Aristóteles, a dialética é a dedução feita a partir de premissas apenas prováveis. Ele opõe ao silogismo científico, fundado em premissas consideradas verdadeiras e concluindo necessariamente pela "força da forma", o silogismo dialético que possui a mesma estrutura de necessidade, mas tendo apenas premissas prováveis, concluindo apenas de modo provável. 3. Em Hegel. a dialética é o movimento racional que nos permite superar uma contradição. Não é um método, mas um movimento conjunto do pensamento e do real: "Chamamos de dialética o movimento racional superior em favor do qual esses termos na aparência separados (o ser e o nada) passam espontaneamente uns nos outros, em virtude mesmo daquilo que eles são, encontrando eliminada a hipótese de sua separação". Para pensarmos a história, diz Hegel, importa-nos concebê-la como sucessão de momentos, cada um deles formando uma totalidade, momento que só se apresenta opondo-se ao momento que o precedeu: ele o nega manifestando suas insuficiências e seu caráter parcial; e o supera na medida em que eleva a um estágio superior, para resolvê-los_ os problemas não resolvidos. E na medida em que afirma urna propriedade comum do pensamento e das coisas, a dialética pretende ser a chave do saber absoluto: do movimento do pensamento, poderemos deduzir o movimento do mundo: logo, o pensa mento humano pode conhecer a totalidade do mundo (caráter metafísico da dialética). 4. Marx faz da dialética um método. Insiste na necessidade de considerarmos a realidade socioeconômica de determinada época como um todo articulado, atravessado por contradições específicas, entre as quais a da luta de classes. A partir dele, mas graças, sobretudo, à contribuição de Engels, a dialética se converte no método Pré-Vestibular Popular da UFF na as -se - - do materialismo e no processo do movimento histórico que considera a Natureza: a) como um todo coerente em que os fenômenos se condicionam reciprocamente; b) como um estado de mudança e de movimento: c) como o lugar onde o processo de crescimento das mudanças quantitativas gera, por acumulação e por saltos, mutações de ordem qualitativa: d) como a sede das contradiçõe fenômenos tendo um lado positivo e o outro negativo, um passado e um futuro, o que provoca a luta das tendências contrárias que gera o progresso (Marx Aula 5 - Aristóteles (384-322 a.C.) Filósofo grego nascido em Estagïra, M Discípulo de Platão na Academia. Preceptor de Alexandre Magno. Construiu um grande laboratório, graças à amizade com Felipe e seu filho Alexandre. Aos cinqüenta anos, funda sua própria escola, o Liceu, perto de um bosque dedicado a Apolo Líelo. Daí o nome de seus alunos: os peripatéticos. Seus últimos anos são entremeados de lutas políticas. O partido nacional retoma o poder em Atenas. Aristóteles se exila na Eubéia, onde morre. Sua obra aborda todos os ramos do saber: lógica, física, filosofia, b zoologia, metafísica etc. Seus livros fundamentais: Retórica, Ética a Nicômaco, Ética a Eudemo, Órganon: conjunto de tratados da lógica, Física, Política e Metafísica. Para Aristóteles, contrariamente a Platão, que ele critica, a idéia não possui separada. Só são reais os indivíduos concretos. A idéia só existe nos seres individuais: ele a chama de "forma". Preocupado com as primeiras causas e com os primeiros princípios de tudo, dessacraliza o "ideal" platônico, realizando as idéias nas coisas. O primado é o da experiência. Os caminhos do conhecimento são os da vida. Sua teoria capital é a distinção entre potência e ato. O que leva à segunda distinção básica, entre substância é a forma". Daí sua concepção de Deus Ato puro, Primeiro Motor do mundo, motor imóvel, Inteligência, Pensamento que ignora o mundo e só pensa a si mesmo. Quanto ao homem, é um "animal político" submetido ao Estado que, pela educação, obriga realizar a vida moral, pela prática das vir é uni meio, não o fim da vida moral. A felicidade suprema consiste na contemplação da realização de nossa forma essencial. A política aparece como um prolongamento da moral. A virtude não se confunde com o heroísmo, mas é uma atividade racional por excelência. O equilíbrio da conduta só se realiza na vida social: a verdadeira humanidade só é adquirida na sociabilidade. Ato (lat. actum: fato realizado) Engenharia 7 s internas, seus -Engels). acedônia. otânica, uma existência matéria e forma: "a corno -o a tudes: a vida social Filosofia num ambiente imerso na cultura helenística. Por isso, não se intimidou quando, em Atenas, viu-se diante de “filósofos epicureus e estóicos”, como narra o livro Atos, do Novo Testamento: “Atenienses, tudo indica que sois de uma religiosidade sem igual. (...) Encontrei inclusive um alta com a inscrição: ‘Ao deus desconhecido’. Pois bem! Justamente aqui estou para vos anunciar este Deus que adorais sem conhecer. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe (...)”. Mas, quando Paulo entrou no terreno cristão, os atenienses não o compreenderam. A idéia de que Deus enviara um homem para julgar o mundo, e que, como prova disso, ressuscitara esse mesmo homem entre os mortos, provocou risos. Paulo foi obrigado a retirar relato também afirme que ele conquistou alguns fiéis. Outra é a atitude do apóstolo na Primeira Carta aos Coríntios. Em vez de empregar os argumentos dos adversários – como havia feito com os atenienses parte para o confronto direto: “Onde está o sábio? Onde está o letrado? Onde o pesquisador da mundo? Não é verdade que Deus mudou a sabedoria do mundo em falta de bom senso? (...) Pois a loucura de Deus é mais sábia que os homens (...). Anunciamos a sabedoria de Deus, misteriosa e oculta (...)”. Por fim, quando utiliza deliberadamente a palavra “filosofia”, não deixa nenhuma margem de dúvida: “Ficai atentos, para que ninguém vos arme uma cilada com a filosofia, esse erro vazio que segue a tradição dos homens e os elementos do mundo, e não segue Cristo” (Carta aos Colossenses). As duas atitudes de Paulo – a de converter os gregos, conciliando-se com seus valores, e a de confronto coexistem nesse período inicial do cristianismo. De modo geral, o confronto corresponde a períodos em que os cristãos sofrem violenta perseguição, conciliação representa os momentos em que o cristianismo é tolerado. É o que fazem os padres apologistas, que, no final do século II, enviam inúmeras apologias (defesa e justificação) do cristianismo ao imperador. Argumentam com valores greco-romanos, afirmando, por exemplo, que Heráclito e Sócrates eram cristãos antes mesmo de Cristo. Do ponto de vista teórico, ambas as atitudes são viáveis. De um lado, a idéia cristã de Deus que se fez homem e que se deixou crucificar é um escândalo não só pagãs, mas sobretudo para a filosofia, que havia construído a noção de um deus abstrato, indiferente ao mundo, ou, no melhor dos casos, coincidente com o próprio mundo. Para a Pré-Vestibular Popular da UFF na r -se, embora o –, Paulo s coisas desse – enquanto a para as religiões filosofia, é absurda a idéia de um deus que ama o homem e que se sacrifica por ele. Assim, o cristianismo só pode combater a filosofia. Por outro lado, porém, a conciliação é possível. Pois o Evangelho Segundo São João não se inicia com a célebre frase: “No princípio era o Verbo”? E o que é o verbo senão o logos? Há inúmeros outros pontos em comum entre a filosofia e o cristianismo, principalmente no uso de certas palavras – ainda que fosse freqüente a adulteração de vocábulos, na tradução da Bíblia do hebraico para o grego. O esforço dos padres apologistas antes da conversão – dirige-se no sentido de tecer, a partir desses pontos de contato, um pensamento que acomode o cristianismo e a tradição filosófica, a fé e a razão. Ao mesmo tempo, vários filósofos também passaram a incorporar elementos bíblicos na elaboração de seu pensamento. Mais destacado dos padres apologistas é Clemente de Alexandria (c. 150-215), que introduz uma série de termos gregos (e portanto filosóficos) na linguagem cristão. Dentre eles está a palavra gnosis (conhe perfeição do cristianismo. Mas isso logo se revelou uma faca de dois gumes: a gnosis, incorporada ao cristianismo, deu asas ao gnosticismo, uma seita secreta e esotérica. O gnosticismo logo ultrapassaria os limites do cristia possuir o conhecimento dos mistérios divinos. A Igreja, cada vez mais institucionalizada, acabaria achando um meio de combater essas pretensões de um conhecimento superior, acima da fé. Santo Agostinho (354-430) Aurélio Agostinho, bispo de Hipona, nasceu em Tagaste, hoje Souk-Ahras, na Argélia, e é um dos mais importantes iniciadores da tradição platônica no surgimento da filosofia cristã, sendo um dos principais responsáveis pela síntese entre o pensamento filosófico clássico e o cristianismo. Estudou em Cartago, e depois em Roma e Milão, tendo sido professor de retórica. Reconverteu cristianismo, que fora a religião de sua infância, em 386, após ter passado pelo maniqueísmo e pelo ceticismo. Regressou então à Africa (388), fund religiosa. Suas obras mais conhecidas são (400), de caráter autobiográfico, e composta entre 412 e 427. Santo Agostinho sofreu grande influência do pensamento grego, sobretudo da tradição platônica, através da escola de Alexandria e do neoplatonismo, com sua interpretação espiritualista de Engenharia 10 – muitos eram filósofos cimento), que indicaria a nismo, afirmando -se ao ando uma comunidade As confissões A cidade de Deus, Filosofia Platão. Sua filosofia tem como preocupação central a relação entre a fé e a razão, mostrando que sem a fé a razão é incapaz de promover a salvação do homem e de trazer felicidade. A razão funciona assim como auxiliar da fé, permitindo esclarecer, tornar inteligível, aquilo que a fé revela de forma intuitiva. Este o sentido da célebre fórmula agostiniana Credo ut intelligam (Creio para que possa entender). Na Cidade de Deus, Santo Agostinho interpreta a história da humanidade como conflito entre a Cidade de Deus, inspirada no amor a Deus e nos valores cristãos, e a Cidade Humana, baseada exclusivamente nos fins e interesses mundanos e imediatistas. Ao final do processo histórico, a Cidade de Deus deveria triunfar. Devido a esse tipo de análise, Santo Agostinho é considerado um dos primeiros filósofos da história, um precursor da formulação dos conceitos de historicidade e de tempo histórico. A influência do pensamento agostiniano foi decisiva na formação e no desenvolvimento da filosofia cristã no período medieval, sobretudo na linha do platonismo. Tanto as Confissões quanto as Retratações (escritas no final de sua vida) fazem dele um precursor de Descartes, de Rousseau e do existencialismo: "Se eu me engano, eu existo". Santo Tomás de Aquino (1227-1274) Nasceu na Itália, de família nobre, e entrou cedo na Ordem dos Dominicanos. Percorreu toda a Europa medieval. Depois dos estudos em Nápoles, Paris e Colônia (onde teve por mestre Alberto Magno), ensina em Paris e nos Estados do papa. Morreu quando se dirigia ao Concílio de Lyon. Sua imensa obra compreende duas Sumas: contra os gentios e Suma teológica, vários tratados e comentários sobre Aristóteles, a Bíblia, Bo pensamento de Santo Tomás está profundamente ligado ao de Aristóteles, que ele, por assim dizer, "cristianiza". Seu papel principal foi o de organizar as verdades da religião e de harmonizá-las com a síntese filosófica de Aristóteles, demonstrando que não há ponto de conflito entre fé e razão'. Sua teoria do conhecimento pretende ser, ao mesmo tempo, universal (estende-se a todos os conhecimentos) e crítica (determina os limites e as condições do conhecimento humano). O conhecimento verdadeiro s uma "adequação da inteligência á coisa". Retomando a física e a metafísica de Aristóteles, estabelece as cinco "vias" que nos conduzem a afirmar racionalmente a existência de Deus: a partir dos "efeitos", afirmamos a causa. Estabelece sua concepção de natureza como ordem do mundo. ordem decifrável nas coisas e que permite fixar fins particulares a cada uma delas. Deus é a causa de tudo, Pré-Vestibular Popular da UFF na -lhe Suma écio etc. O eria mas não age diretamente nos fatos da criação: Ele instaurou um sistema de leis, causas segundas, ordenando cada um dos domínios naturais segundo sua especificidade própria. Deus é o primeiro motor imóvel, é a primeira causa eficiente, é o único Ser necessário, é o Ser absoluto, o Ser cuja Providência governa o mundo. Santo Tomás mostra que há, em Aristóteles, uma filosof verdadeiramente autônoma e independente do dogma, mas em harmonia com ele. Assim, Santo Tomás introduz no teísmo cristão o rigor do naturalismo peripatético. Porém, distingue o Estado e a Igreja, o direito e a moral, a filosofia e a teologia, a natureza e o sobrenatural. "A última felicidade do homem não se encontra nos bens exteriores. nem nos bens do corpo, nem nos da alma: só pode encontrar-se na contemplação da verdade." Aula 7 – Idade Moderna - Racionalismo “Primeiramente, considero haver em n primitivas, as quais são como originais, sob cujo padrão formamos todos os nossos outros conhecimentos” (Descartes) “De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência” (Locke). “... penso não haver mais dúvida que não há princípios práticos com os quais todos os homens concordam e, portanto, nenhum é inato” (Locke). O século XVII representa, na história do homem, a culminação de um processo em que se subverteu a ima que ele tinha de si próprio e do mundo. A emergência da nova classe dos burgueses determina a produção de uma nova realidade cultural, a ciência física, que se exprime matematicamente. A atividade filosófica, a partir daí, reinicia um novo trajeto: ela reflexão cujo pano de fundo é a existência dessa ciência. A revolução científica determinou a quebra do modelo de inteligibilidade apresentado pelo aristotelismo, o que provocou, nos novos pensadores, o receio de enganar novamente. A procura da maneira de evitar o erro faz surgir a principal característica do pensamento moderno: a questão do método. Essa preocupação centraliza as reflexões não apenas no conhecimento do ser (metafísica), mas, sobretudo, no problema do conhecimento (t conhecimento ou epistemologia). Podemos dizer que até então a filosofia tem uma atitude realista, no sentido de não colocar em questão a existência do objeto, a realidade do Engenharia 11 ia ós certas noções gem se desdobra como uma -se eoria do Filosofia mundo. A Idade Moderna inverte o pólo de atenção, centralizando no sujeito a questão do conhecimento. Se o pensamento que o sujeito tem do objeto concorda com o objeto, dá-se o conhecimento. Mas qual é o critério para se ter certeza de que o pensamento concorda com o objeto? Isto é, "um dos problemas que a teoria do conheciment terá que propor e solucionar é aquele de saber quais são os critérios, as maneiras, os métodos de que se pode valer o homem para ver se um conhecimento é ou não verdadeiro. As soluções apresentadas a essas questões vão originar duas correntes, o racionalismo e o empirismo. O racionalismo de René Descartes (1596- René Descartes nasceu na França, de família nobre. Aos oito anos, órfão de mãe, é enviado para o colégio dos jesuítas de La Flèche, onde se revela um aluno brilhante. Termina o secundário em 1612, contente com seus mestres, mas descontente consigo mesmo, pois não havia descoberto a Verdade que tanto procurava nos livros. Decide procurá la no mundo, Viaja muito. Alista-se nas tropas h de Maurício de Nassau (1618). Sob a influência de Beeckmann, entra em contato com a física copernicana. Em seguida, alista-se nas tropas do imperador da Baviera. Para receber a herança da mãe, retorna a Paris, onde freqüenta os meios intelectuais. Aconselhado pelo cardeal Bérulle, dedica-se ao estudo da filosofia, com o objetivo de conciliar a nova ciência com as verdades do cristianismo. A fim de evitar problemas coro a Inquisição, vai para a Holanda (1629), onde estuda matemática e física. Escre muitos livros e cartas. Os mais famosos: método, As meditações metafísicas, Os princípios de filosofia, O tratado do homem e o Tratado do mando. Convidado pela rainha Cristina, vai passar uns tempos em Estocolmo, onde morre de pneumonia um frases mais conhecidas: "Toda filosofia é como uma árvore cujas raízes são a metafísica e as ciências os ramos"; "O bom senso (ou razão) é o que existe de mais bem repartido no mundo"; "Jamais devemos admitir alguma coisa como verdadeira a não ser que a conheçamos evidentemente como tal"; "A proposição Penso, logo existo é a primeira e mais certa que se apresenta àquele que conduz seus pensamentos com ordem". Toda a obra de Descartes visa mostrar que o conhecimento requer, para ser válido, fundamento metafísico. Ele parte da *dúvida metódica: se eu duvido de tudo o que me vem pelos sentidos, e se duvido até mesmo das verdades matemáticas, não posso duvidar de que tenho consciência de duvidar, portanto, de que existo enquanto tenho essa consciência. O *cogito é, pois, a descoberta do Pré-Vestibular Popular da UFF na o 1650) - olandesas ve O discurso do ano depois. Suas um espírito por si mesmo, que se percebe que existe como sujeito: eis a primeira verdade descoberta para o fundamento da metafísica e cuja evidência fornece o critério da idéia verdadeira. Assim, a metafísica é fundadora de todo saber verdadeiro. Racionalismo Corrente filosófica que enfatiza o papel da razão como fundamento do modo de conhecer a realidade. Nesta perspectiva, a razão vai possibilitar a apreensão e a justificação do conhecimento sem o recurso sensorial interferindo no processo do conhecimento. A razão é, assim, a única fonte de qualquer conhecimento, e é ainda capaz de, sozinha, chegar à verdade coisas. Dúvida metódica: É o método de conhecimento que tem por obj descobrir a verdade, consistindo em considerar provisoriamente como falso tudo aquilo cuja verdade não se encontra assegurada. Trata destinada a ser um método utilizado para atingir uma certeza maior do que as certezas da vid caracterizada pelo fato de ser indubitável. O sum será o indubitável, correspondendo, intelectualmente, à alavanca de Arquimedes e permitindo eliminar possibilidade de dúvida. O caráter voluntário e metódico dessa dúvida aparece claramente no recurso ao "gênio maligno", simples hipótese usada por Descartes para permanecer na dúvida enquanto não consegue encontrar o indubitável. Cogito (do lat. cogitare: cogitar, pensar; cogito: penso) Para Descartes, o cogito ergo sum é o primeiro princípio da filosofia, inaugurando uma revolução que consiste em partir da presença do pensamento e não da presença do Meditação metafísica que ele afirma essa verdade " sum" (penso, existo): a primeira verdade, o verdade e o lugar da autenticidade consistem nessa percepção que o sujeito presente tem de sua própria existência, nessa luz de si a si: "Esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que pronuncio ou que a concebo em meu espírito." Aula 8 – Idade Moderna – Empirismo É a doutrina ou teoria do conhecimento segundo a qual todo conhecimento humano deriva, direta ou indiretamente, da experiência sensível externa ou interna. Freqüentem Engenharia 12 da experiência absoluta das etivo -se da dúvida cartesiana, a cotidiana, cogito ergo -se toda ("penso logo existo") mundo. E na segunda cogito, modelo de toda a ente Filosofia embora elaborada dentro do quadro conceituai da metafísica tradicional, prenuncia alguns dos temas centrais da fase crítica, como a questão dos limites da razão e da solução dos problemas metafísicos. A fase crítica se inicia, nas palavras do próprio Kant, por influência de suas leituras dos empiristas ingleses, sobretudo de Hume. E famosa sua afirmação nos Prolegómenos de que "1 despertou-me de meu sono dogmático". As objeções céticas de Hume ao racionalismo dogmático e à metafísica especulativa levaram Kant a questionar e reconsiderar essa tradição, ao mesmo tempo procurando defender a possibilidade da ciência e da moral, contra o ceticismo arrasador de Hume. A filosofia crítica se resume, portanto, a quatro grandes questões: I) o que podemos saber? 2) o que devemos fazer? 3) o que temos o direito de esperar? e 4) o que é o homem? Em sua Kant afirma que "a filosofia ... é por um l relação entre todo conhecimento e todo uso da razão; e, por outro, do fim último da razão humana, fim este ao qual todos os outros se encontram subordinados e para o qual devem se unificar". A primeira questão é tratada essencialmente na Crítica da razão pura, em que Kant investiga os limites do emprego da razão no conhecimento, procurando estabelecer as condições de possibilidade do conhecimento e assim distinguir os usos legítimos da razão na produção de conhecimento, dos usos especulativ razão que, embora inevitáveis. não produzem conhecimento e devem ser distinguidos da ciência. São duas as fontes do conhecimento humano: a sensibilidade e o entendimento. Através da primeira, os objetos nos são dados; através do segundo, são pensados conjugação desses dois elementos é possível a experiência do real. Por outro lado, nossa experiência da realidade é condicionada por essa estrutura em que se combinam sensibilidade e entendimento, de tal forma que só conhecemos realmente o mundo dos fenômenos, da experiência, dos objetos enquanto se relacionam a nós, sujeitos, e não a realidade em si, tal qual ela é, independentemente de qualquer relação de conhecimento. O método transcendental, que Kant então formula, caracteriza-se precisamente como análise das condições de possibilidade do conhecimento, ou seja, como reflexão crítica sobre os fundamentos da ciência e da experiência em geral. A Crítica da razão prática (1788) analisa os fundamentos da lei moral, formulando o famoso princípio do imperativo categórico: "age de tal forma que a norma de tua ação possa ser tomada como lei universal". Trata um princípio formal e universal, estabelecendo que só devemos basear nossa conduta em valores que todos possam adotar, embora não prescrevendo Pré-Vestibular Popular da UFF na -lume Lógica (1800), ado a ciência da os da . Só pela -se de especifica-mente quais são esses valores. Na Crítica da faculdade de julgar (1790), Kant procura estabelecer as bases objetivas para o juízo estético, em um princípio semelhante ao ético. Na verdade, essa obra vai além da questão da estética, envolvendo todo juízo teleológico e o reconhecimento de um fim ou propósito que daria sentido à natureza. Assim, "a beleza é a forma da finalidade em um objeto, percebida, entretanto, separadamente da representação de um fim". Idealismo (do lat. tardio idealis) Em um sentido geral, "idealismo" significa dedicação, engajamento, compromisso com um ideal, sem preocupação prática necessariamente, ou sem visar sua concretização imediata. Ex.: o idealismo de fulano. O termo "idealismo" engloba, na história da filosofi diferentes correntes de pensamento que têm em comum a interpretação da realidade do mundo exterior ou material em termos do mundo interior, subjetivo ou espiritual. Do ponto de vista da problemática do conhecimento, o idealismo implica a redução do obje sujeito conhecedor; e. no sentido ontológico, equivale à redução da matéria ao pensamento ou ao espírito. O idealismo radical acaba por levar ao solipsismo. A teoria das idéias, de Platão, é, por vezes, impropriamente chamada de ser considerada um "realismo das idéias", já que para Platão as idéias constituem uma realidade autônoma mundo inteligível — existente por si mesma, independente de nosso conhecimento ou pensamento. Idealismo transcendental conhecida como idealismo crítico, que considera os objetos de nossa experiência, enquanto dados no espaço e no tempo, como fenômenos, isto é, aparências, devendo distinguir-se da coisa-em-si a realidade enquanto tal é para nós incognoscível. O objeto é algo, portanto, que só existe em uma relação de conhecimento. "Chamo de idealismo transcendental de todos os fenômenos a doutrina segundo a qual nós os consideramos sem exceção como simples representações, e não como cois Idealismo alemão pós-kantiano. da doutrina kantiana, sobretudo por Fichte e Schelling, que, no entanto, deram a essa doutrina uma interpretação mais subjetiva e menos crítica, prescindindo da noção de coisa em-si e considerando o real como constituído pela consciência. Engenharia 15 a, to do conhecimento ao idealismo. Na verdade, deve — o . Doutrina kantiana, também — que as-em-si" (Kant). É o desenvolvimento - Filosofia Idealismo absoluto. Termo empregado por Hegel para caracterizar sua metafísica. segundo a qual o real é a idéia, entendida contudo não em um sentido subjetivo, mas absoluto. Na tradição filosófica, o idealismo se opõe fundamentalmente ao materialismo, na medida em que, para ele, o universo se reduz, seja a dois princípios heterogêneos, a matéria e o pensamento, seja a um único princípio, o pensamento. Neste caso, os objetos materiais são apenas representações de nosso espírito, ou seja, o ser das coisas nada mais é do que a idéia que o espírito delas possui. Opõe-se ainda, neste sentido, a empirismo e a realismo. Contemporaneamente, sob influência da crítica marxista, o termo "idealismo" designa uma concepção generosa ou ambiciosa, mas irrealizável ou utópica. Especialmente na moral, freqüentemente significa uma ignorância das condições concretas do agir humano. Juízo (lat. judicium: julgamento, discernimento) 1. Ato de julgar ou decidir sobre algo. Ex.: fazer mau juízo de alguém. Capacidade de pensar ou discernir. "Como podemos relacionar todos os atos do entendimento a juízos, o entendimento em geral pode ser representado como uma faculdade de julgar''(Kant). Equilíbrio, racional tem juízo. 2. Relação que se estabelece através do pensamento entre diferentes conceitos, constituindo na atribuição de um predicado ou propriedade a um sujeito e tendo a forma lógica básica "S é P" (juízo predicativo). "Chamamos julgar a ação de nosso espírito, através da qual, unindo diversas idéias, este afirma de uma algo que pertence a outra, como quando tendo a idéia de Terra e a idéia de redondo, afirmo sobre a Terra que esta é redonda, ou nego que seja redonda". (Logique de Port-Roya Arnauld e Pierre Nicole). 3. Faculdade fundamental do pensamento humano que consiste no conjunto de condições que tornam possível o funcionamento do pensa-mento e sua aplicação a objetos. 4. Na filosofia contemporânea a noção de juí derivada, sobretudo, de Kant, que estabelece as seguintes distinções: l) juízo analítico: juízo em que o predicado ou atributo está incluído na essência ou definição do sujeito. Ex.: Todos os corpos são extensos; 2) juízo sintético: quando o predicado acrescenta algo à compreensão do sujeito. Ex.: Os corpos são pesados. Os juízos sintéticos, por sua vez, se dividem em sintéticos a priori, possuindo Pré-Vestibular Popular da UFF na idade: ele l. de Antoine zo caráter necessário, mas ao mesmo tempo representando conhecimento, ex.: os juízos da matemática e as leis g da física: e juízos sintéticos simplesmente derivados da experiência. Ainda segundo Kant, os juízos podem ser caracterizados: quanto à qualidade: afirmativos: "S é P" ("Sócrates é sábio"); negativos: "S não é P" ("Sócrat ou limitativos: "S é não P" ("Sócrates é não que se nega uma qualidade, sem, contudo atribuir uma outra que caracterize o sujeito. A distinção entre negativo e limitativo não é encontrada geralmente na tradição, se específica ao sistema kantiano, nem sempre aceita fora dele. Quanto à quantidade: universais: "Todo S é P" ("Todo homem é mortal"); particulares: "Algum S é P" ("Alguns vertebrados são mamíferos"); singulares: "Esse S é P" ("Este homem é brasileiro"). "S é P” ("Brasília é a capital do Brasil"); hipotéticos: "Se S, então P" ("Se chover, ele não virá"); disjuntivos: "Ou S, ou P" ("Ou ele virá ou não virá"). Quanto à modalidade: assertóricos: "S é P" ("José é carioca"); probl possível que S seja P" ("E possível que João seja eleito"); apodíticos: "E necessário que S seja P" ("Todo triângulo tem como soma de seus ângulos internos 180°"). 6. A discussão sobre a natureza do juízo, se lógica ou se psicológica, relaciona-se às tentativas de redução do pensamento à linguagem, ou vice contemporaneamente, sobretudo na filosofia da linguagem, tem levado à tese de que o juízo se exprime sempre através de uma proposição, ou seja, tem uma estrutura necessariamente lingüística. Aula 10 – Baruch Espinosa (1632 De família judia portuguesa, o filósofo Baruch Espinosa nasceu em Amsterdam. Holanda. Estudou o hebreu, o Talmude e a Bíblia. Aprendeu espanhol, português. holandês e francês. Logo rompeu com a ortodoxia mas sem se aproximar do cristianismo. Acusado de judeu e de ateu, de ímpio e de fatalista, tentou explicar seu ponto de vista sobre a religião. Em seu Tratado teológico (1670), colocou o problema das relações entre religião e Estado. Reconheceu ao Estado, poder soberano, o direito e o dever de fazer reinar a paz interior na comunidade, bem como de organizar as ações exteriores. A ética, demonstrada segundo o método geométrico (1677) é sua obra principal. Uma demonstração rigorosa, ordenad numa impecável série de teoremas. revela seu aspecto polêmico: trata-se de uma máquina de guerra contra a filosofia dominante, sobretudo contra a teoria do sujeito voluntário, pela qual o homem pretende converter mestre e possuidor da natureza. A e Engenharia 16 erais a posteriori, aqueles que são es não é sábio"); indefinidos -sábio"), em ndo Quanto à relação: categóricos: emáticos: "E -versa, e -1677) judaica, -político a -se em ssa vontade livre, Filosofia Espinosa opõe uma única necessidade, vida interna de todo o universo: todas as coisas (inclusive os homens) são modos da substância única que é Deus. A inteligência pode chegar ao saber absoluto; a essência de Deus e das coisas é totalmente inteligível; Deus é a natureza concebida como totalidade; dessa totalidade, o entendimento humano só pode conceber dois atributos: o pensamento e a extensão; mas as coisas singulares existem realmente; todo conhecimento verdadeiro se realiza por uma de tipo geométrico: a idéia não consiste na imagem nem nas palavras, mas no exercício do intelecto que coincide com seu objeto: o homem não é um império num império, mas está submetido às leis comuns da natureza. Precisamos analisar as diferentes instituições em seu funcionamento: que poder as produz? Quais são seus efeitos? Eis o objetivo da obra inacabada Tratado político (1677). tristeza e o desejo são três afeições primitivas das quais nascem todas as outras. O bem, o mal, o belo e o constituem propriedades das coisas, mas modos de imaginar. Como a superstição constitui a grande ameaça do homem, a tarefa do filósofo é eminentemente política: denunciar os sistemas políticos que só se impõem aos homens inspirando-lhes paixões tristes. E na cidade que o homem realiza sua liberdade: "O sábio é mais livre na cidade, onde obedece à lei comum, do que na solidão onde só obedece às suas paixões": "Não devemos confundir o sentido de um discurso com a verdade das coisas". Se o Deus sirve Natura “de Espinosa não é um Deus criador, pessoal e juiz, nem por isso pode ser dissolvido no mundo (panteísmo). Espinosismo Nome genérico dado ao destino póstumo da filosofia de Espinosa. fundada num racionalismo integral que recusa toda distinção "moral", toda subjetividade, toda finalidade da natureza e que concebe o homem como um simples "modo finito da substância infinita" e não mais como o centro e o fim do universo. O espinosismo, rejeitado no séc.XVIII como um "sistema ateu" e reabilitado no séc.XIX como uma filosofia panteísta da natureza. opõe vigorosamente ao irracionalismo, pois entende que tudo o que existe deve ter uma explicação racional. Marx, Nietzsche e Freud, na medida em que elaboram uma visão naturalista do homem e do mundo, adotam uma postura espinosista. A relação corpo-espírito para Spinoza Embora só no século XX tenham surgido correntes filosóficas que visam superar a dicotomia corpo consciência, restabelecendo a unidade humana, há uma Pré-Vestibular Popular da UFF na dução de A alegria, a feio não -se - exceção no século XVII, representa Spinoza (1632-1677) era judeu holandês e sofreu inúmeros reveses em sua vida. Cedo foi expulso da sinagoga, acusado de heresia. Deserdado pela família, ocupou como polidor de lentes, a fim de garantir a sobrevivência e dedicar-se à reflexão. Escreveu Trotado teológico Ética, entre várias obras mal compreendidas e quase nunca lidas, tanto no seu século como nos subseqüentes. Sempre sofreu acusações, ora de ateísmo, ora de panteísmo. Considerado por muitos um filósofo sentido de que negaria a liberdade humana, o que Spinoza faz, ao contrário, é a crítica a toda forma de poder, quer político, quer religioso, na tentativa de elucidar os obstáculos à vida, ao pensamento e à política livres. Ele quer descobrir o que leva o homem à servidão e à obediência. Sua análise teórica a respeito da superstição tem características que a aproximam do conceito marxista de ideologia, elaborado dois séculos depois. Por isso, ao analisar o comportamento moral, Spinoza proc possibilita e o que impede o exercício da liberdade. Ao mostrar as possibilidades de expressão da liberdade, Spinoza desenvolve uma teoria absolutamente nova no seu tempo e que desafia uma tradição vinda dos gregos. Vimos que Platão dicotomiza corpo- a superioridade e o poder de dominar as paixões, como condição da própria humanização. Também em Descartes persiste o dualismo psicofísico, a hierarquização e o princípio de causalidade. Essa posição, levada às últim conseqüências, abre caminho para a concepção materialista do corpo. A novidade de Spinoza é a teoria do paralelismo, segundo a qual não há nenhuma relação de causalidade ou de hierarquia entre corpo e espírito. Ou seja, nem o espírito é superior ao corpo, como queriam os idealistas, nem o corpo determina a consciência, como dizem os materialistas. A relação entre um e outro não é de causalidade, mas de expressão e simples correspondência. O que se passa em um deles se exprime no outro: a alma e o corpo exprimem, no seu modo próprio, o mesmo evento. Nesse sentido, também não convém dizer que o corpo é passivo enquanto a alma é ativa, ou vice versa. Tanto a alma como o corpo podem ser, por sua vez, ativos ou passivos. Quando passivos, o somos de corpo e alm Quando ativos, o somos de corpo e alma. Somos ativos quando autônomos, senhores de nossa ação, e passivos quando o que ocorre em nosso corpo ou alma tem uma causa externa mais poderosa que nossa força interna, daí decorrendo a heteronomia. Engenharia 17 da por Spinoza. Baruch -se -político e determinista, no ura o que consciência, dando ao espírito as a. Filosofia autor de Vida de Jesus, na interpretação do pensamento de Hegel. Os da direita são os discípulos conservadores e mantêm a filosofia idealista do mestre; na política, defendem o estado prussiano e, na religião, seguem o luteranismo. Os da esquerda transformam a filosofia idealista em materialista; na política, defendem a anarquia ou um regime socialista e, na religião, são ateus o Entre estes estão Feuerbach e, posteriormente, Marx e Engels, os quais, ao realizarem a inversão do idealismo hegeliano, assentam as bases do materialismo dialético: "A dialética de Hegel foi colocada com a cabeça para cima ou, dizendo melhor, ela que se tinha apoiado exclusivamente sobre sua cabeça, foi de novo reposta sobre seus pés. Outra divergência se encontra na concepção de Marx, para quem o Estado não representa a síntese que superaria os interesses contraditórios da sociedade civil, mas estaria a serviço da classe dominante. Hegelianismo Nome genérico atribuído ao destino póstumo da filosofia de Hegel, que formou um grande número de discípulos que logo se dividiram em dois grupos: os hegelianos de direita e os hegelianos de esquerda. Assim, o impacto do sistema hegeliano sobre a filosofia foi inegável. Esse sistema, que se esforça por reunir o espírito e a natureza, o universal e o particular, o ideal e o real, foi tomado como referência, tanto por pensadores conservadores (de direita) quanto por revolucionários (de esquerda), tanto por crentes quanto por ateus. Os hegelianos de direita se tornaram os campeões do liberalismo. Quanto aos hegelianos de esquerda, apoiando se na teoria da religião e da sociedade, converteram defensores ardorosos da transformação revolucionária da sociedade. Entre estes últimos, Feuerbach e Marx foram os mais ilustres. Lenin dizia: "Para se compreender Marx, é preciso ter compreendido Hegel”. Historicismo 1. Método filosófico que tenta explicar sistematicamente pela história, isto é, pelas circunstâncias da evolução das idéias e dos costumes ou pelas transformações das estruturas econômicas, todos os acontecimentos relevantes do direito, da moral, da religião e de todas as formas de progresso da consciência. 2. De modo especial, teoria segundo a qual o direito, como produto de uma criação coletiva, evolui com a Pré-Vestibular Popular da UFF na u anticristãos. - -se em comunidade que o criou, só podendo ser compreendido numa perspectiva histórica. Sob sua aparência liberal, essa teoria é bastante reacionária, pois faz do direito a estrutura inconsciente de uma comunidade sacralizada por seu próprio passado. 3. Convém distinguir entre historicismo filosófico e historicismo epistemológico ou met faz da história o fundamento de uma concepção geral do mundo ou, então, considera que todos os fenômenos sociais e humanos só são inteligíveis mediante o recurso da categoria "história" (freqüentemente fundada numa oposição radical entre natureza e história). O segundo recusa toda e qualquer concepção do mundo, vendo na história apenas uma das condições de inteligibilidade do real. Aula 12 – Filosofia contemporânea Marx, Karl (1818-1883) Filósofo alemão, nascido em Trier de uma família judia convertida ao protestantismo. Sua obra teve um grande impacto em sua época e na formação do pensamento social e político contemporâneo. Estudou direito nas Universidades de Bonn e de Berlim, doutorando-se pela Universidade de Iena ( tese sobre a filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro. Ligou-se aos "jovens hegelianos de esquerda", escrevendo em jornais socialistas. Depois de um intenso período de militância política, marcado pela fundação da "liga" dos comunistas (1847) e pela redação, com Engels, do Manifesto do Partido Comunista (1848), Inglaterra (1849), onde viveu até a sua morte, desenvolvendo suas pesquisas e escrevendo grande parte de sua obra na biblioteca do Museu Britânico, em Londres. Sua obra não se restringe ao campo da filosofia apenas, mas abrange ainda sobretudo os campos da história, da ciência política e da economia. O pensamento de Marx desenvolve-se a partir do contato com a obra dos economistas ingleses como Adam Smith e David Ric e da ruptura com o pensamento hegeliano e com a tradição idealista da filosofia alemã. E então que surge o *materialismo histórico, segundo o qual as relações sociais são determinadas pela satisfação das necessidades da vida humana, não sendo apenas forma, dentre outras, da atividade humana, mas a condição fundamental de toda a história. Logo, a economia política, que estuda a natureza dessas relações de produção, deve ser a base de todo estudo sobre o homem sua vida social e sua expressão cultural. Grande parte das obras de Marx foram escritas em colaboração com Engels, sendo por vezes Engenharia 20 odológico. O primeiro – Karl Marx 1841), com uma exilou-se na ardo, uma Filosofia difícil separar as idéias de um e as de outro. Apesar de ter elaborado um grande número de obras teóricas nos mais diversos campos da filosofia e das ciências socia nunca abandonou a militância política, nem a convicção de que a tarefa de uma filosofia, que se queira verdadeiramente crítica, deve ser a transformação da realidade. Escreveu também um grande número de artigos para jornais, meio como ganhou a vida em Londres. c de textos em que analisou os eventos históricos e políticos de sua época como as comunas de Paris. Suas principais obras são: A crítica da filosofia do direito de Hegel publicada postumamente); A sagrada família (1845) colaboração com Engels; A ideologia alemã (1845 em colaboração com Engels, também publicada postumamente; A miséria da filosofia: resposta à filosofia da miséria de Proudhon (1847); A luta de classes na França (1850); 0 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852); Critica da economia política (1859); 0 capital, 3 vols. (1867-1895), tendo Engels colaborado na edição desta obra. Marxismo Termo que designa tanto o pensa-mento de Karl Marx e de seu principal colaborador Friedrich Engels, como também as diferentes correntes que se desenvolveram a partir do pensamento de Marx, levando a se distinguir, por vezes, entre o marxismo (relativo a asses desenvolvimentos) e o pensamento marxiano (do próprio Marx). A obra de Marx estende-se em múltiplas direções, incluindo não só a filosofia, como a economia, a ciência política, a história etc.; e sua imensa influência se encontra em todas essas áreas. O marxismo é, por vezes, também conhecido como materialismo histórico, materialismo dialético e socialismo científico (termo Engels). O pensa-mento filosófico de Marx desenvolve partir de uma critica da filosofia hegeliana e da tradição racionalista. Considera que essa tradição, por manter suas análises no plano das idéias, do espírito, da consciência humana, não chegava a ser suficientemente crítica por não atingir a verdadeira origem dessas idéias na base material da sociedade, am sua estrutura econômica e nas relações de produção que esta mantém. Isto equivaleria, segundo Marx, a "co-locar o de cabeça para baixo". Seria, portanto, necessário analisar o capitalismo — modo de produção da sociedade contemporânea para Marx — a fim de revelar sua natureza de dominação e exploração do proletariado, e desmascará la. O pensamento de Marx, entretanto, não se restringe a unta análise teórica, mas busca formular os princípios de uma prática política voltada para a revolução que destruiria Pré-Vestibular Popular da UFF na is, Marx (1843, , em -1846), empregado por -se a — a qual estaria homem de Hegel - a sociedade capitalista para construir o socialismo, a sociedade sem classes, chegando ao fim do Estad filósofos sempre se preocuparam é preciso agora transformá-la." O marxismo se desenvolveu em várias correntes que podemos subdividir em políticas e teóricas, embora nem sempre a fronteira entre ambas seja muito nítida. Dentre as correntes políticas temos, p.ex., o marxismo-leninismo, ou simplesmente leninismo, também chamado de marxismo ortodoxo, ou materialismo dialético, que se tornou a doutrina oficial na União Soviética, após a revolução de 1917; o trotskismo, de Leon defendeu contra o leninismo a teoria da revolução permanente: o maoísmo, doutrina desenvolvida por Mao Tsé-tung, que chegou ao poder na China após a revolução de 1947. Dentre as correntes teóricas, podemos destacar os seguintes pensadores e escolas: o alemão Karl Kautsky (1854-1938), um dos principais seguidores de Marx, defensor de um marxismo revolucionário, contra tendências revisionistas como a de Eduard Bernstein; o húngaro Georg Lukács (1885 interpretação de Marx valorizando suas alemão Karl Korsch (1889 filosófica da teoria social e política de Marx; o austro marxismo de, dentre outros, Max Adler (1873 incorpora elementos kantianos à sua interpretação de Marx o alemão Ernst Bloch (1885- na tradição do idealismo alemão; o italiano Antonio Gramsci (1891-1937), fundador do Partido Comunista Italiano e que desenvolve uma filosofia da praxis; o francês Louis Althusser (19I 8-90), que faz uma leitura de Marx em uma perspectiva estruturalista; o marxismo de Sartre; o marxismo da escola de Frankfurt de Adorno. Horkheimer, Benjamin e posteriormente Marcuse e Habermas, que se volta para a análise da sociedade industrial, do capitalismo avançado e de sua produção cultural. Muitas dessas correntes encontram-se inclusive em conflito, cada uma buscando ser mais fiel ao pensamento autêntico de Marx; porém umas enfatizam seu aspecto econômico e político, outras a análise histórica, outras ainda o ca umas destacam a influência de Hegel, outras a doutrina revolucionária. Um dos aspectos mais polêmicos da interpretação do pensamento de Marx diz respeito à sua atualidade, ou seja. à validade da análise marxista, voltada para a realidade do surgimento do capitalismo no séc.XIX, cm sua aplicação agora à sociedade contemporânea com o capitalismo avançado, que possui características não previstas pelo próprio Marx. isso faz com que várias dessas correntes se denominem "neomarxistas", na medid Engenharia 21 o. "Os em interpretar a realidade, Trotski, que -1971), que propõe uma raízes hegelianas: o -1961). que enfatiza a base - -1937), que ; 1977), que insere o marxismo ráter filosófico: - a em que Filosofia constituem tentativas de desenvolvimento e adaptação do pensamento de Marx a essa nova realidade. A mais-valia Conceito fundamental utilizado por Marx para sublinhar a exploração imposta ao proletariado pelo proprietário dos meios de produção: a força de trabalho dos operários é o único valor de uso capaz de multiplicar o valor. Ao vender sua força de trabalho ao empregador, em troca de um salário, ela se torna um valor da troca como qualquer outra mercadoria: "o valor da força de trabalho é pela quantidade de trabalho necessária à sua produção". Todavia, o empregador prolonga ao máximo a duração do trabalho do operário. Este sobretrabalho cria um sobreproduto, uma mais-valia que não é paga ao trabalhador, que lhe é subtraída e marca a sua exploração. Quando a mais-valia é aumentada pela introdução de máquinas mais aperfeiçoadas, por um controle maior da produção individual ou por uma aceleração do ritmo de trabalho, falamos de mais-valia relativa. E o único modo, segundo a teoria marxista, de se acabar com a mais substituir a propriedade privada pela propriedade coletiva dos meios de produção. Materialismo dialético Termo utilizado inicialmente pelo filósofo marxista russo Plekhanov (1857-1918), sendo empregado posteri mente por Lenin para caracterizar sua doutrina, que interpreta o pensamento de Marx em ter socialismo proletário, enfatizando o método dialético em oposição ao materialismo mecanicista. Materialismo histórico Termo utilizado na filosofia marxista para designar a concepção materialista da história, segundo a qual os processos de transformação social se dão através do conflito entre os interesses das diferentes classes sociais: "Até o presente toda a história tem sido a história da luta entre as classes, as classes sociais em luta umas com as outras são sempre o produto das relações de produção e troca, em uma palavra, das relações econômicas de sua época; e assim, a cada momento, a estrutura econômica da sociedade constitui o fundamento real pel explicar em última análise toda a superestrutura das instituições jurídicas e políticas bem como as concepções religiosas, filosóficas e outras de todo período histórico" (Engels, Anti-Dühring). Luta de classes Pré-Vestibular Popular da UFF na determinado -valia, é or- -mos de um o qual devem-se Segundo o marxismo, conf capitalista entre a classe dominante, detentora do controle dos meios de produção, e a classe dominada proletariado — que vive de seu trabalho, a serviço dos interesses da classe dominante. Nas situações revolucionárias, este conflito, geral explicita gerando uma crise e urna revolta. "Nossa época, a época da burguesia, se distingue pelo fato de ter simplificado os antagonismos de classe. Toda a sociedade se divide, cada vez mais, em dois campos inimigos, em duas grandes classes diretamente opostas urna à outra: a burguesia e o proletariado" (K. Marx e F. Engels, Manifesto do partido comunista). Socialismo Termo que designa, sobretudo a partir do séc.XIX, diferentes doutrinas políticas tais como o socia Marx. de Saint-Simon, de Fourier, de Proudhon etc. Todas essas doutrinas têm, entretanto, em comum, uma proposta de mudança da organização econômica e política da sociedade, visando o interesse geral, contra o interesse de urna ou mais classes privilegiadas, com base nas idéias de igualdade e justiça social. Distingue democrático, que prega essas mudanças por via institucional, através de reformas defendidas c realizadas corno parte do processo democrático, do revolucionário, que defende a necessidade de mudanças radicais através de um processo revolucionário de transformação da sociedade. Comunismo Todo regime político (ou teoria política) fundado na colocação cm comum dos bens ou que absorve os indivíduos na coletividade. Na teoria marxista, o comunismo, sinônimo de marxismo designar a doutrina revolucionária que visa à emancipação do proletário pela apropriação coletiva elos meios de produção quanto o regime político coletivista no qual a ditadura do proletariado se estabelece pela destruição total da burguesia, pela abolição das classes sociais e pelo desenvolvimento das forças de produção segundo a fórmula: ''a cada um segundo seu trabalho ou a cada um segundo suas obras" ( segunda fase, a realização de uma sociedade da abundância deve levar à supressão total do Estado, segundo a fórmula: "a cada um segundo suas necessidades". Esta é a fase do comunismo propriamente dito: do poder público e. em virtude desse poder, transforma os meios de produção sociais, que escapam das mãos da burguesia, em propriedade pública. Por esse ato, ele libera Engenharia 22 lito existente na sociedade — o -mente latente, se lismo de -se o socialismo socialismo -leninismo, tanto pode -econômico de tipo fase do socialismo); numa "O proletariado se apodera Filosofia Esse retorno ao saber, não cientificista, permitiu a usa crítica ganhar força; pois encontrou resultados positivos ao se pautar em modelos desprivilegiados de saber. Demonstra a possibilidade de se conhecer a sociedade descartando o discurso científico e se amparando pela visualização do poder nos micros sujeitos históricos. Como exemplo do que foi proposto no parágrafo anterior, Foucault, em sua dissertação sobre a loucura, conclui que constituição da psiquiatria como ciência deve se antes ao acúmulo de saber adquirido através das instituições, do que a uma evolução do saber médico sobre a loucura. Outra forma de se constituir saberes é através de um poder específico, que para Foucault será o poder disciplinar. Se afastando do poder repressor do antigo regime, em que a punição era transformada num espetáculo de pura crueldade, o poder na modernidade projeta luz a essa “escuridão”. A disciplina possibilita o controle, o registro e o acúmulo de saber sobre os indivíduos vigiados, tornado-os dóceis e úteis à sociedade. Faz crescer e aumentar tudo, sobretudo a produtividade, não só âmbito econômico mas também na produção de saber e de aptidões nas escolas, de saúde nos hospitais e de força no exército.Para Foucault a disciplina tem então a função de intensificar efeitos do poder e ampliar a docilidade e a utilidade dos indivíduos. A idéia de poder em Foucault é a de demonstrar que suas relações não se passam fundamentalmente nem ao nível do direito, nem da violência; nem são basicamente contratuais, nem unicamente repressivas. O poder disciplinar introduz uma concepção positiva de poder. Episteme O termo grego episteme, que significa ciência, por oposição a doxa (opinião) e a techné (arte, habilidade), foi reintroduzido na linguagem filosófica por Michel Foucault com um sentido novo, para designar o "espaço" historicamente situado onde se reparte o conjunto dos enunciados que se referem a territórios empíricos constituindo o objeto de um conhecimento positivo (não científico). Fazer a arqueologia dessa episteme é descobrir as regras de organização mantidas por tais enunciados. Genealogia (gr. genealogia) Em seu sentido corrente, designa o estudo e a definição da filiação de certas idéias. O conceito de genealogia aparece na filosofia com a obra de Nietzsche (Genealogia da moral) como uma forma crítica que questiona a origem Pré-Vestibular Popular da UFF na - - dos valores morais e das categorias filosóficas que mascaram esses valores a serviço de interesses particula O empreendimento genealógico supõe que valores ou verdades não devam ser considerados em si mesmos, pois só possuem sentido quando ligados à sua origem. Essa origem é derivada. A "genealogia da moral", indo "para além do bem e do mal", utiliza um méto da hierarquia dos valores, mas invertendo e os escravos que dão um sentido aos valores morais. Os atuais valores mascaram sua decadência e sua ausência de querer-viver. O ressentimento e a denegação constituem a base da positividade dos valores. Michel Foucault retoma o método genealógico inaugurado por Nietzsche, mas para investigar os processos de formação dos discursos, sua formação ao mesmo tempo dispersa, descontínua e regular. A genealogia passa a ser uma arqueolo conceituais, que ele considera como um tipo novo de epistemologia histórica, englobando tanto a filosofia, a literatura e as artes quanto os métodos científicos. Esse estudo se distingue da genealogia pelo fato de não procurar as origens e as continuidades históricas, mas de detectar, para uma fase dada, as mais fortes estruturas: as formações culturais deixam de ser consideradas ''documentos" e se convertem em "monumentos". Aula 15 – Sartre (1905-1980) e o existencialismo “Ser livre não é ter o poder de fazer não importa o quê, é poder ultrapassar o dado para um futuro aberto” (Simone de Beauvoir) “O importante não é o que fazem do homem, mas o que ele faz do que fizeram dele”. (Sartre) Principal representante do chamado existenciali francês, Sartre foi um dos pensadores mais famosos deste século, destacando-se não só como filósofo, mas como romancista, autor de peças teatrais de grande sucesso e militante político. Nasceu em Paris, onde estudou na Escola Normal Superior. Após um p fenomenologia c da obra de Heidegger na Alemanha, foi professor de liceu em várias cidades do interior da França, militou na resistência francesa, tendo sido preso pelos alemães, e em 1945 fundou a influente revista modernes, passando a dedicar foi um dos poucos filósofos importantes de nossa época a não pertencer ao mundo acadêmico. Inicialmente marcado pela fenomenologia de Husserl, à qual dedicou algumas Engenharia 25 res. do de interpretação -os: são os fracos gia dos conjuntos smo eríodo de estudos de Les temps -se à atividade literária. Sartre Filosofia obras, como L 'imagination (A imagina Esquisse d'une théorie des émotions (Esboço de uma teoria das emoções, 1939) e L'imaginaire (O imaginário, 1940), Sartre desenvolveu em seguida sua filosofia da existência, a partir de uma análise da condição humana, do homem como "um ser em que a existência precede a essência". Para Sartre, cujo pensamento é ateísta, a descoberta do absurdo da vida pelo homem que toma consciência de sua condição de ser finito, marcado pela morte, deve levar à busca de uma justificativa, de um sentido para a exi humana. O existencialismo é assim um humanismo. A consciência é, portanto, o elemento central dessa busca de sentido, e é essa consciência que revela a existência do outro, sem o qual ela não pode existir, já que a consciência só existe através daquilo de que é consciência. Sua principal obra desse período é L'être et le néant nada, 1943), que contém o núcleo da filosofia do existencialismo. Sartre defende a liberdade como uma das características mais fundamentais da existência humana. Segundo ele, paradoxalmente, "o homem está condenado a ser livre", e precisa assumir essa liberdade vivendo autenticamente seu projeto de vida — seu engajamento recusando os papéis sociais que lhe são impostos pelas normas convencionais da sociedade. E ass somos aquilo que fazemos do que fazem de nós". A partir da década de 60, Sartre aproximou-se da filosofia marxista, passando a considerar o marxismo como "a filosofia insuperável de nosso tempo", sobretudo como pensamento revolucionário comprometido com a transformação da sociedade. Questionou, porém, o materialismo e o determinismo marxistas, continuando a defender o papel central do homem no pensamento filosófico. Sua obra Critique de La raison dialectique (Crítica da razão dialética, 1960) inaugura a aproximação entre existencialismo e marxismo. Posteriormente, Sartre retomou os temas mais centrais de seu existencialismo inicial, em sua monumental biografia do romancista francês Flaubert, L'idiot de la famille (O idiota da família, 1972), recorrendo à psicanálise para interpretar, através da consideração de um caso concreto, o sentido da existência humana e de um projeto de vida. Dentre suas obras mais importantes destacam-se, além das já citadas: L'existentialisme est un humanisme existencialismo é um humanismo, 1946), (1947), a autobiografia Les mots (As palavras, 1963) e uma dezena de volumes intitulados Situations (Situações, 1947 1976) reunindo artigos e ensaios sobre temas diversos. Alguns consideram que a expressão mais significativa do existencialismo sartriano está em sua obra literária: nos romances La nausée (A náusea, 1937), Le mur Pré-Vestibular Popular da UFF na ção, 1936), stência (O ser e o — im que "nós (O Baudelaire - (O muro, 1939), coletânea de contos, e caminhos da liberdade, 1944 peças teatrais, algumas de grande sucesso, como mouches (As moscas), em que revive a tragédia clássica de Orestes, e Huis clos (Entre quatro paredes). Existencialismo (fr. existentialisme) Filosofia contemporânea segundo a qual, no homem, a existência, que se identifica com sua liberdade, precede a essência: por isso, desde nosso nascimento, somos lançados e abandonados no mundo, sem apoio e sem refe valores; somos nós que devemos criar nossos valores através de nossa própria liberdade e sob nossa própria responsabilidade. Quando Sartre diz que a existência precede a essência, quer mostrar que a liberdade é a essência do homem: "A liberdade do seu ser." Assim, a filosofia existencialista é centrada sobre a existência e sobre o homem. Ela privilegia a oposição entre a existência e a essência. Quanto ao homem, ele e aquilo que cada um faz de sua vida, nos limites das determinações físicas, psicológicas ou sociais que pesam sobre ele. Mas não existe uma natureza humana da qual nossa existência seria um simples desenvolvimento. O cerne do existencialismo é a liberdade, pois cada indivíduo é definido por aquilo que ele faz. Daí o existencialistas pela política: somos responsáveis por nós mesmos e por aquilo que nos cerca, notadamente, a sociedade: aquilo que nos cerca é nossa obra. Como o pensamento filosófico (abstrato e generalizante) não apreende a existência individual, na qual a angústia tem um papel preponderante, o existencialismo abre literatura e para o teatro, fazendo a filosofia despontar em romances e peças teatrais. O existencialismo é uma moral da ação, porque considera que a única coisa ato. Ato livre por excelência, mesmo que o homem sempre esteja situado em determinado tempo ou lugar. Não importa o que as circunstâncias fazem do homem, "mas o que ele faz do que fizeram dele". Vários problemas surgem no pensamento sartriano, desencadeados pela consciência capaz de criar valores e, ao mesmo tempo, se responsabilizar por toda a humanidade, o que parece gerar uma contradição indissolúvel. Sartre se coloca nos limites da ambigüidade, pois, se a moral é impossível po rigor de um princípio leva à sua destruição, a realização do homem, da sua liberdade, exige o comportamento moral. Sartre sempre prometeu escrever um livro sobre moral, mas não realizou seu projeto. Uma tentativa nesse sentido foi levada Engenharia 26 Les chemins de la liberté (Os -1949), em 3 volumes; e nas Les rência a para-si aparece como interesse cios -se para a que define o homem é o seu rque o Filosofia a efeito por Simone de Beauvoir no livro ambigüidade. Essencialismo Doutrina filosófica que confere, contrariamente ao existencialismo, o primado à essência sobre a existência, chegando mesmo, em suas reflexões, a fazer total abstração dos existentes concretos. Trata-se de uma filosofia do ser ideal, que prescinde dos seres reais. A filosofia de Hegel pode ser considerada essencialista. Na filosofia contemporânea, a essência não define nem revela a natureza do homem. Porque o homem, ao vir a ser, não possui essência, apenas uma condição, uma situação: "a essência do ser-aí (Dasein) consiste apenas em sua existência" (Heidegger); é o homem mesmo quem produz aquilo que ele é, por sua liberdade: ele é projeto, isto é, aquilo que ele é capaz de fazer de si mesmo; nele, "a existência precede a essência" (Sartre). Fenomenologia - definições 1. Termo criado no séc. XVIII pelo filósofo J.H. Lambert (1728-1777), designando o estudo puramente descritivo do fenômeno tal qual este se apresenta à nossa experiência. 2. Hegel emprega o termo em sua Fenomenologia do espírito (1807) para designar o que denomina de da experiência da consciência ', ou seja, o exame do processo dialético de constituição da consciência desde seu nível mais básico, o sensível, até as formas mais elaboradas da consciência de si, que levariam finalmente à apreensão do absoluto. 3.Corrente filosófica, fundada por Husserl, visando estabelecer um método da fundamentação da ciência e de constituição da filosofia como ciência rigorosa. O projeto fenomenológico se define como uma "volta às coisas mesmas'', isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece á consciência, que se dá como seu objeto intencional. O conceito de intencionalidade ocupa um lugar central na fenomenologia, definindo a própria consciência como intencional, como voltada para o mundo: "toda consciência e consciência de alguma coisa" (Husserl). Dessa forma, a fenomenologia pretende ao mesmo tempo combater o empirismo e o psicologismo e superar a oposição tradicional entre realismo e idealismo. A fenomenologia pode ser considerada unha das principais correntes filosóficas deste século, sobretudo na Alemanha e na França, tendo influenciado fortemente o Pré-Vestibular Popular da UFF na Moral da 'ciência pensamento de Heidegger e o existencialismo de Sartre, e dando origem a importantes desdobramentos na obra de autores como Merleau-Ponty e Ricouer. Morte (lat. mors) 1. Em seu sentido filosófico, a morte sempre foi entendida como o desaparecimento ou cessação da existência humana, mas levando a se pensar o senti vida. Para Platão. "filosofar é aprender a morrer"; e a imortalidade da alma é "um belo risco a ser corrido". Na filosofia existencial de Heidegger, a morte é o sinal da finitude e da individualidade humana que o homem precisa assumir para escapar da alienação de si e da banalidade do cotidiano: "A morte se desvela como a possibilidade absolutamente própria, incondicional e intransponível". Contudo, "a limitação de nossa existência peia morte e sempre decisiva para nossa compreensão e nossa apreciação da vida". Assim, "este fim que designamos pela morte não significa, para a realidade humana (Dessein), um “ser-terminado”, mas um ser para o fim, que é o ser desse existente. Conceitos: "Temer a morte. atenienses. não é outra coisa senão acreditar-se sábio, sem sê sabemos o que não sabemos" necessidade interna da morte não passa de uma das numerosas ilusões que criamos para nos tornar suportável o fardo da existência... no fundo, ninguém acredita em sua própria morte ou. o que dá no mesmo, em seu inconsciente cada um está persuadido de sua própria imortalidade” (Freud). "A morte não é um acontecimento da vida. A morte não pode ser vivida" (Wittgenstein). Liberdade (lat. libertas) Condição daquele que é livre. Capacidade de agir por si mesmo. Autodeterminação. Independência. Autonomia. Em um sentido político, a liberdade civil ou individual é o exercício, por um indivíduo, de sua cidadania dentro dos limites da lei e respeitando os direitos dos outro liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro" (Spencer). Em um sentido ético, trata indivíduo de seu modo de agir, independentemente de qualquer determinação externa. unicamente em que, ao afirmar ou negar, realizar ou enviar o que o entendimento nos prescreve, agimos de modo a sentir que, em nenhum momento, qualquer força exterior nos constrange" (Descartes). Engenharia 27 do da -lo, pois é crer que (Platão). "A crença na s. "A -se do direito de escolha pelo "A liberdade consiste Filosofia 3. Artes liberais: conjunto das "artes" que, na Idade Média, compunham o curso completo dos universidades, conduzindo ao domínio das artes e compreendendo o trivium (gramática, retórica, dialética ou lógica) e o quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia). 4. Hegel define a arte como "o meio entre a insuficiente existência objetiva e a representação puramente interior: ela nos fornece os objetos mesmos, mas tirados do interior... limita nosso interesse à abstrata aparência que se apresenta a um olhar puramente contemplativo". Conhecer (lat: cognoscere) Apreender direta-mente algo: "Conhecer designa um gênero cujas espécies são constatar, compreender, perceber, conceber etc." (A. Lalande). Conhecimento (do lat. cognoscere: procurar saber, conhecer) - definições 1. Função ou ato da vida psíquica que tem por ef tornar um objeto presente aos sentidos ou à inteligência. 2. Apropriação intelectual de determinado campo empírico ou ideal de dados, tendo em vista dominá utilizá-los. O termo "conhecimento" designa tanto a coisa conhecida quanto o ato de conhecer (subjetivo) e o fato de conhecer. 3. A teoria do conhecimento é uma disciplina filosófica que visa estudar os problemas levantados pela relação entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. Crítica (gr. kritiké: arte de julgar) 1. Juízo apreciativo, seja do ponto de vista estético (obra de arte), seja do ponto de vista lógico (raciocínio), seja do ponto de vista intelectual (filosófico ou científico), seja do ponto de vista de uma concepção, de uma teoria, de uma experiência ou de uma conduta. 2. Atitude de espírito que não admite nenhuma afirmação sem reconhecer sua legitimidade racional. Difere do espírito crítico, ou seja, da atitude de espírito negativa que procura denegrir sistematicamente as opiniões ou as ações das outras pessoas. 3. Na filosofia, a crítica possui o sentido de análise. Assim, a filosofia crítica designa o pensamento de Kant e de seus sucessores. Suas três obras principais se intitulam: Crítica da razão pura, Crítica da razão prática e Crítica do juízo. Nessas obras, a palavra "crítica" tem o sentido de Pré-Vestibular Popular da UFF na estudos nas eito -los e "exame de valor". Do uso kantiano da palavra "critica", deriva o termo ''criticismo" que designa a filosofia de Kant. Cultura (lat. cultura) - definições 1. Conceito que serve para designar tanto espírito humano quanto de toda a personalidade do homem: gosto, sensibilidade, inteligência. 2. Tesouro coletivo de saberes possuído pela humanidade ou por certas civilizações: a cultura helênica, a cultura ocidental etc. 3. Em oposição a natura (natureza), a cultura possui um duplo sentido antropológico: a) é o conjunto das representações e dos comportamentos adquiridos pelo homem enquanto ser social. Em outras palavras, é o conjunto histórica e geograficamente definido das instituições características de determinada sociedade, designando "não somente as tradições artísticas, científicas, religiosas e filosóficas de uma sociedade, mas também suas técnicas próprias, seus costumes políticos e os mil usos que caracterizam a vida cotidiana" ( processo dinâmico de socialização pelo qual todos esses fatos de cultura se comunicam e se impõem em determinada sociedade, seja pelos processos educacionais propriamente ditos, seja pela difusão das informações em grande escala, a todas as estruturas sociais, mediante os meios de comunicação de massa. Nesse sentido, a cultura praticamente se identifica com o modo de vida de uma população determinada, vale dizer, com todo o conjunto de regras e comportamentos pelos quais as insti adquirem um significado para os agentes sociais e através dos quais se encarnam em condutas mais ou menos codificadas. 4. Num sentido mais filosófico, a cultura pode ser considerada como um feixe de representações, de símbolos, de imaginário, de atitudes e referências suscetível de irrigar, de modo bastante desigual, mas globalmente, o corpo social. 5. Cultura de massa é uma expressão, de uso ambíguo, freqüentemente utilizada para designar a possibilidade de uma população ter acesso aos be produzidos no passado e no presente, seja o processo de degradação. Democracia (do gr. demos: povo e kratos: poder) definições 1. Regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos, que e Engenharia 30 a formação do Margaret Mead); b) é o tuições ns e obras culturais - xercem o Filosofia sufrágio universal. "Quando, na república. o povo detém o soberano poder, temos a democracia" (Montesquieu). Segundo Rousseau, a democracia, que realiza a união da moral e da política, é um estado de direito que exprime a vontade geral dos cidadãos, que se afirmam como legisladores e sujeitos das leis. 2. Democracia direta é aquela em que o poder é exercido pelo povo, sem intermediário; democracia parlamentar ou representativa é aquela na qual o povo delega seus poderes a um parlamento eleito; democracia autoritária é aquela na qual o povo delega a indivíduo, por determinado tempo, ou vitaliciamente, o conjunto dos poderes. 3. Geralmente, as democracias ocidentais constituem regimes políticos que, pela separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário, visam garantir e professar os direitos fundamentais da pessoa humana, sobretudo os que se referem à liberdade política dos cidadãos. Estado (lat. status, de stare: ficar em pé) A idéia de "estado" implica as idéias de passividade e de imobilismo, sendo oposta à de ação e (:i de movimento. Na física, o estado de um corpo significa esse corpo em determinado momento. Mas o termo "estado" pode ser tomado em vários sentidos: 1. Estado de consciência: é um fato psíquico (sentimento, emoção) consciente. 2. Estado de natureza: situação, imaginada por certos filósofos (Hobbes e Rousseau), na qual seriam encontrados os homens antes de se organizarem em sociedade reconstituição hipotética, sem validade histórica. 3. O Estado: conjunto organizado das instituições políticas, jurídicas, policiais, administrativas, econômicas etc., sob um governo autônomo e ocupando um território próprio e independente. E diferente de governar (conjunto das pessoas às quais a sociedade civil delega, direta ou indiretamente, o poder de dirigir o Estado); diferente ainda da sociedade civil (conjunto dos homens ou cidadãos vivendo numa certa sociedade e sob leis comuns); diferente também da nação (conjunto dos homens que possuem um passado e um futuro comuns, entre outras nações), o Estado constitui a emanação da sociedade civil e representa a nação. Pré-Vestibular Popular da UFF na um único — 4. Para os empiristas Hobbes e Locke, o Estado é o resultado de um pacto entre os cidadãos para evitar a autodestruição através da guerra de todos contra todos. Na concepção marxista, o Estad forma de organização que a burguesia se dá no sentido de garantir seus interesses e de manter seu poder ideológico sobre os homens: "Através da emancipação da propriedade privada da comunidade, o Estado adquiriu uma existência particular, do lado de fora da sociedade civil; mas ele não é senão a forma de organização que necessariamente os burgueses se deram ... com objetivo de garantir reciprocamente a sua propriedade e seus interesses" (Marx- Engels). Este Estado-nação se define pela Estado tal como ele se constitui na Europa do século XVIII, como soberania e administração dos homens e do território que eles ocupam — novo, caracterizada pela propriedade privada burguesa, tendo por fim a rentabilidade, o lucro e o crescimento das riquezas. Ética (gr. ethike, de ethikós: que diz respeito aos costumes) Parte da filosofia prática que tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre os problemas fundamentais da moral (finalidade e sentido da vida humana, os fundamentos da obrigação e do dever, natureza do bem e do mal, o valor da consciência moral etc.), mas fundada num estudo metafísico do conjunto das regras de conduta consideradas como universalmente válidas, Diferentemente da moral, a ética está mais preocupada em detectar os princípios de uma vida conforme à sabedoria filosófica, em elaborar uma reflexão sobre as razões de se desejar a justiça e a harmonia e sobre os meios de alcançá preocupada na construção de um conju destinadas a assegurar uma vida em comum justa e harmoniosa. Linguagem (do lat. lingua) 1. Em um sentido genérico, pode como um sistema de signos convencionais que pretende representar a realidade e que é usa humana. Distinguem-se, em algumas teorias, a língua empírica, concreta (por ex., o português, o inglês etc.) da linguagem como estrutura lógica, formal e abstrata, subjacente a todas as línguas. Teorias como a de Chomsky, por exemplo, buscam nesse sentido a determinação de universais lingüísticos que constituiriam precisamente essa Engenharia 31 o nada mais é do que a fusão entre o e uma sociedade civil de tipo -las. A moral está mais nto de prescrições -se definir a linguagem do na comunicação Filosofia estrutura. Algumas teorias valorizam mais o aspecto comunicacional da linguagem, considerando que isso define sua natureza; outras definem a linguagem como um sistema de signos cujo propósito é a referência ao real representação da realidade. 2. A linguagem torna-se um conceito filosoficamente importante, sobretudo, na medida em que, a partir do pensamento moderno, passa-se a considerá elemento estruturador da relação do homem com o real. A partir daí afirma-se mesmo a natureza intrinsecamente lingüística do pensamento, discussão essa que permanece em aberto ainda hoje na filosofia. Igualmente, uma vez que toda teoria tem necessariamente uma formu lingüística e se constrói lingüisticamente, o problema da natureza da linguagem e do significado passa a ser de grande importância para a epistemologia. Política (lat. politicos, do gr. politikós) Tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos da cidade, aos negócios públicos. A filosofia política é assim a análise filosófica da relação entre os cidadãos e a sociedade, as formas de poder e as condições em que este se exerce, os sistemas de governo, e a natureza, a validade e a decisões políticas. Segundo Aristóteles, o homem é um animal político, que se define por sua vida na sociedade organizada politicamente. Em sua concepção, e na tradição clássica em geral, a política corno ciência pertence ao domínio do conhecimento prático e é de natureza normativa, estabelecendo os critérios da justiça e do bom governo, e examinando as condições sob as quais o homem pode atingir a felicidade (o bem-estar) na sociedade, em sua existência coletiva. A República de Platão e a de Aristóteles estão entre as obras mais famosas da tradição filosófica sobre política, podendo-se incluir ainda príncipe (1512-1513) de Maquiavel, O leviatã Hobbes, o Segundo tratado do governo (1690) de Locke, contrato social (1762) de Rousseau, a Filosofia do direito (1821) de Hegel, O capital (1867) de Marx e Engels, e o Tratado Sobre a liberdade (1859) de Stuart Mill, todos considerados obras clássicas na formação da teoria política. Sociedade (lat. societas) A sociedade não é um mero conjunto de indivíduos vivendo juntos. em um determinado lugar, mas define essencialmente pela existência de uma organização, de instituições e leis que regem a vida desses indivíduos e suas relações mútuas. Algumas teorias distinguem a soci Pré-Vestibular Popular da UFF na - a -la como lação e ao governo justificação das Política O (1651) de O -se edade, que se define pela existência de um contrato social entre os indivíduos que dela fazem parte, e a comunidade que possui um caráter mais natural e espontâneo. Trabalho (lat. vulgar tripalium: instrumento de tortura de três paus) 1. Em um sentido genérico, atividade através da qual o homem modifica o mundo, a natureza, de forma consciente e voluntária, para satisfazer suas necessidades básicas (alimentação, habitação, vestimenta etc.). E através do trabalho que o homem "põe em movimento as fo seu corpo é dotado... a fim de assimilar a matéria, dando lhe uma forma útil à vida" (Marx, 2. A partir das teorias econômicas do séc. XVIII, principalmente com Adam Smith (1723 torna-se a noção central da eco substituição à concepção clássica de que a riqueza de uma nação consistia no ouro que esta possuía. Assim, na concepção de Marx, o trabalho da existência do homem. uma necessidade eterna, o mediador da circulação material entre o homem e a natureza" (O capital). 3. Na linguagem bíblica, a idéia de trabalho está ligada à de sofrimento e de punição: "Ganharás o teu pão com o suor do teu rosto" (livro do esforço doloroso que o homem Enquanto os gregos consideravam o trabalho como a ex pressão da miséria do homem, os latinos opunham o (lazer, atividade intelectual) ao vil negócio). Por sua vez, enquanto para os filósofos modernos o trabalho que nos torna "mestres e possuidores da natureza" (Descartes) foi percebido como o remédio à alienação primeira do homem, na dialética do senhor e do escravo Hegel declara que é por seu trabalho que o escravo encontra sua liberdade e se torna o ve 4. A divisão do trabalho, ou seja, a repartição ou separação das tarefas necessárias à sobrevivência de um grupo entre os diversos membros desse grupo, embora já tenha existido nas sociedades pré consideravelmente com o surgimento da sociedade industrial. Adam Smith foi o primeiro a elaborar uma teoria sobre a repartição dos trabalhadores num espaço dado. Karl Marx deu um alcance filosófico a essa expressão, fazendo dela o fundamento lógico de todas as c sistema capitalista. A divisão do trabalho atinge seu grau máximo com a taylorização, Engenharia 32 rças de que - O capital). -1790), o trabalho nomia política, em "é a condição indispensável Gênese). Assim, é por um sobrevive na natureza. - otium negotium (trabalho, rdadeiro mestre. -industriais, desenvolve-se ontradições econômicas do isto é, com a repartição
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