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AS LÍNGUAS ROMÂNICAS DA PENÍNSULA IBÉRICA, Exercícios de Espanhol

Duas destas línguas desfrutam do status de línguas na- cionais: o espanhol (ou castelhano) e o português. No território espanhol, a língua oficial, ...

Tipologia: Exercícios

2023

Compartilhado em 17/01/2023

Leila_89
Leila_89 🇵🇹

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Baixe AS LÍNGUAS ROMÂNICAS DA PENÍNSULA IBÉRICA e outras Exercícios em PDF para Espanhol, somente na Docsity! AS LÍNGUAS ROMÂNICAS DA PENÍNSULA IBÉRICA Alfredo Maceira Rodríguez (UCB) 1. AS LÍNGUAS DA PENÍNSULA IBÉRICA Com exceção da língua basca (ou vasconço), língua não indo-européia, falada num território denominado País Basco, atualmente uma comunidade autônoma da Espanha1, o restante da Península pertence lingüisticamente ao domínio neolatino. Duas destas línguas desfrutam do status de línguas na- cionais: o espanhol (ou castelhano) e o português. No território espanhol, a língua oficial, originária da parte central da península (Castela), superpõe-se às demais variedades lingüísticas devido a fatores políticos e à sua universalidade, porém algumas dessas línguas não desapareceram, embora tenham sobrevivido em condições de bilingüismo e/ou diglossia. No entanto, vários conflitos lingüísticos se manifestaram no decorrer da história, tendo recrudescido pela influência do Romantismo, no século XIX e, recentemente por uma política mais liberal do Estado Espa- nhol. A nova constituição espanhola facultou a elevação das antigas regiões históricas à condição de comunidades autônomas, podendo fazer uso oficial da língua regional, ao par do espanhol, aquelas comunidades que dispuses- sem de outro vernáculo. Tal é o caso do basco, já mencionado, mas do qual não nos ocuparemos por não se tratar de língua românica, do catalão, língua da comunidade da Catalunha, Valência e Ilhas Baleares e do galego, perten- cente à Comunidade autônoma da Galiza. 2. O CATALÃO 2.1. Origem Inicialmente considerou-se o catalão um dialeto do provençal2. Alguns estudiosos pretenderam filiá-lo ao grupo dos dialetos ibero-românicos, mas parece que T. H. Maurer chegou a uma solução mais acertada ao declarar: Espero que estas páginas sejam suficientes para mostrar o erro de se tomar o catalão como simples dialeto do provençal, ou mes- mo dialeto fundamentalmente galo-românico, pois que ele tem 1 O domínio da língua basca estende-se ao País Vasco francês, na França, e à comu- nidade autônoma de Navarra, na Espanha. 2Meyer-Lübke citado em BALDINGER, Kurt. La formación de los dominios lin- güísticos en la Península Ibérica. Madrid: Gredos, 1972. p. 125 feições muitas vezes transparentemente ibéricas. Visto também que se desvia freqüentemente do grupo peninsular, aproximan- do-se incontestavelmente das línguas transpirenaicas, creio ser mais razoável e acorde com os fatos não forçar a sua inclusão em qualquer dos dois grupos, reconhecendo o seu caráter de zona lingüística intermediária entre os dois grupos dialetais românicos mais claramente definidos e opostos.3 2.2. Domínio O domínio do catalão está repartido em duas grandes áreas dialetais: a oriental e a ocidental. Cada uma destas áreas comporta diversos subdialetos em seu território. Entre os mais O catalão é a língua das comunidades autô- nomas da Catalunha, de Valência e das Ilhas Baleares. Como geralmente acontece, as isoglossas dificilmente coincidem com as fronteiras políticas, assim ocorre com o catalão ao longo das fronteiras políticas com as outras comunidades. O domínio do catalão não se limita ao Estado Espanhol. É também a língua do Rossilhão e de outras localidades do sul da França, do Principado de Andorra, e da pequena localidade de Algero, na ilha da Sar- denha. 2.3. Dialetos e subdialetos O domínio do catalão está repartido em duas grandes áreas dialetais: a oriental e a ocidental. Cada uma destas áreas comporta vários dialetos em seu território. Entre os mais difundidos estão o valenciano, o maiorquino e outros dialetos insulares nas Ilhas Baleares. 2.4. Situação atual Com a autonomia das comunidades do Estado Espanhol, o catalão está sendo intensamente cultivado em todo o seu domínio. A sua diversidade dialetal causa problemas na padronização, que se faz necessária. Parece que a solução está sendo considerar a unidade na diversidade. Sua população deve superar os seis milhões de falantes. É a língua política e socialmente mais desenvolvida no Estado Espanhol, depois da língua nacional. 3. O CASTELHANO 3.1. Origem 3 MAURER, T. H. O catalão, o ibero-romance e o provençal. Separata de Filosofia , Ciências e Letras, No 12,1949. p. 41 4.2. Independência de Portugal A Galiza atual, um amplo território do norte de Portugal e parte das atu- ais comunidades de Astúrias e Castela-Leão, constituíam uma unidade cultu- ral e lingüística. Os romanos elevaram-na a província romana com o nome de Galécia, no séc. III. Com a invasão germânica, os suevos estabeleceram um reino nesse território, que durou até ser incorporado ao reino visigodo, em 585. Com a invasão da península pelos árabes, em 711, o reino visigodo foi destruído, mas o território da Galiza foi logo reconquistado e incorpora- do ao novo reino de Astúrias, mais tarde passando a fazer parte do reino de Leão. Em 1139, o Condado Portucalense, território situado entre os rios Minho e Douro, tornou-se independente do Reino de Leão e transformou-se num novo reino. Rompia-se assim a unidade política, embora, durante al- gum tempo se mantivesse a unidade lingüística, como vimos ao tratar da literatura lírica. A Galiza permaneceu unida à Espanha, tendo o espanhol como língua oficial, ficando assim sua língua nativa relegada quase exclusi- vamente ao uso oral, conservando-se nessa condição durante vários séculos. 4.3. Ruptura da unidade lingüística galaico-portuguesa Ao tornar-se reino independente e expandir seu território para o sul, Por- tugal deslocou seu centro de influência lingüística para o sul do país, afas- tando-se do galego e dos dialetos minhotos e recebendo influência dos diale- tos moçárabes dos territórios conquistados. Além disso, Portugal tornou-se um império ultramarino e teve necessidade de adequar e enriquecer sua língua para satisfazer as necessidades da nova potência marítima. O galego permaneceu quase exclusivamente como língua de camponeses porque a função de língua oficial e língua escrita em geral correspondia ao espanhol. Essa situação persistiu quase sem alteração do séc. XV ao séc. XIX, quando o Romantismo fez com que também na Galiza se buscassem os valores da tradição e da identidade do povo, entre elas a língua, talvez como a mais importante. 5. O PORTUGUÊS 5.1. Origem O português, juntamente com o galego, constituíam o romance peninsu- lar mais ocidental. O romanço, originado no latim vulgar ibérico, como os demais romanços peninsulares, foi denominado a posteriori galego- português para referir-se ao romanço em que se produziu a literatura lírica de influência trovadoresca. Depois da independência do país, o português foi-se afastando aos poucos do galego, até se transformar no português mo- derno, cujo divisor de águas é situado no séc. XVI, com a publicação da conhecida epopéia camoniana. 5.2. Domínio e situação atual O território português não possui regiões históricas com língua própria, como ocorre no Estado Espanhol, embora existam vários dialetos, limitados ao uso oral. Por isso pode-se considerar um país monolíngüe, com uma população de cerca de dez milhões de habitantes. 6. O GALEGO 6.1. Origem O galego, como o português, teve início no romanço originado no latim vulgar ibérico, em seu extremo peninsular mais ocidental. É neste território que se situa o cabo Finisterre, o Finis Terrae dos romanos, região tardia- mente romanizada, pela distância de Roma e pela resistência dos nativos. O galego e o português originaram-se no mesmo romanço e, ainda hoje, pos- suem muito em comum, em sua estrutura, fonologia, léxico e morfologia. 6.2. Classificação do galego É sabido que o galego pertence ao mesmo sistema do português, está muito mais próximo deste do que do espanhol, apesar da influência que a língua do Estado exerce sobre ele, por motivos extralingüísticos que não nos cabe aqui analisar. O certo é que têm sido controvertidas as opiniões sobre sua classificação, mas o que até hoje pode ter sido motivo de controvérsia, parece encerrar-se com o novo status de língua oficial da comunidade autô- noma da Galiza. A classificação de dialeto só pode ser aceita do ponto de vista da lingüística, segundo o qual as línguas românicas são dialetos do latim, como este o é do itálico e assim por diante. É claro que não é este critério classificatório o que considerava ou considera o galego um dialeto. Ele se prende a fatores de prestígio, nada tendo a ver com a ciência lingüís- tica. 6.4. Ressurgimento do galego Depois de um longo período sem cultivo literário, na época do apogeu romântico, o galego foi intensamente empregado na literatura e, desde en- tão, tomou-se consciência de seu valor para a identidade do homem galego. Durante o período ditatorial (1936-1975), o galego, assim como as demais línguas históricas da península, se não foram especificamente proibidas, foram desestimuladas, cessando sua atividade literária. O galego não cessou totalmente porque grandes colônias de galegos no continente americano continuaram produzindo obras literárias. 6.5. Domínio O galego é a língua da comunidade autônoma da Galiza, penetrando em áreas fronteiriças de outras comunidades autônomas. Sua população é de cerca de três milhões de habitantes. 6.6. Situação atual A Galiza, a partir de sua instituição como comunidade autônoma, come- çou a lutar pela padronização de sua língua, tarefa bastante dificultada pela dialetalização causada por tão longo período em que ficou abandonada quase exclusivamente à oralidade. A luta pela padronização tornou-se difícil por causa de opiniões divergentes, uns querendo uma língua moderna e aceitando até algo da influência do espanhol e outros pretendendo sua rein- tegração ou aproximação ao português, mesmo tendo em conta o grande o afastamento do português atual. Finalmente, em 1982, foi publicado um trabalho conjunto de duas entidades lingüísticas, Instituto de Lingua Galega e Real Academia Galega, com o título Normas ortográficas e morfolóxicas do idioma galego. Este documento estabelece as normas do que seria o galego padrão, embora não fique totalmente fechado a outras possíveis rea- lizações. Existem notas explicando e justificando a escolha de determinadas variantes dialetais: Unha lingua común asentada na fala, pero depurada de caste- lanismos, supradialectal, enraizada na tradición, coherente e harmónica coas demais linguas de cultura, esixe: 1. Excluí-lo diferencialismo radical porque, aínda querendo ser unha postura de defensa frente ó castelán, manifesta de feito unha posición dependente e dominada con respecto a esta lingua. Han de excluírse, con maior razón, solucións diferencialistas que só sexan falsas analoxías e vulgarismos. 2. Excluír tamén a evasión cara a lingua medieval: formas definitivamente mortas e arcaicas non deben suplantar outras vi- vas e galegas. 3. Valora-lo aporte do portugués peninsular e brasileiro, pero excluír solucións que, aínda sendo apropiadas para esa lingua, sexan contrarias á estructura lingüística do galego. O punto de partida e de chegada en calquera escolla normativa ha de ser sempre o galego, que non debe sacrifica-las súas características Com referência ao galego sabemos que no início formou parte do ro- manço mais ocidental da Península, sendo posteriormente denominado gale- go-português devido a ter sido utilizado como língua de compromisso na escola de poesia lírica denominada galego-portuguesa. Deste tronco afastou- se o português por motivos políticos. Tornou-se a língua oficial de uma nova nação e sofreu influência de dialetos do sul do território português, inclusive dos moçárabes (povos que preservaram alguma espécie de roman- ço oral, mesmo durante séculos de dominação árabe). O galego foi conservado como língua falada, com bastante dialetaliza- ção, porém com surpreendente unidade em sua diversidade. É a língua pe- ninsular mais conservadora. A partir da elevação da Galiza a comunidade autônoma, o galego foi padronizado e desfruta do status do catalão e do basco: é a língua de uma comunidade autônoma. Apesar do afastamento do português, o galego é ainda mais próximo de- le, lingüisticamente, do que do castelhano e do catalão, contudo existem grandes diferenças, particularmente fonológicas e semânticas, que parecem tornar impossível a reintegração. O fato real, objeto deste estudo, é que no domínio das línguas da Península Ibérica, a Galiza é uma comunidade bilín- güe, como as outras mencionadas, cuja língua é autônoma, possuindo nor- mas, gramática e dicionários próprios, elementos que, entre outros, segundo Fishman7, caracterizam a autonomia de uma língua. Vemos que o campo é vasto e permite uma ou várias linhas de pesquisa nesta direção, o que só pode enriquecer não só os estudos desta área em particular mas também outros das ciências lingüísticas em geral, entre nós tão pouco prestigiados. 8. BIBLIOGRAFIA FERNÁNDEZ REI, Francisco. Dialectoloxía da lingua galega. Vigo: Edi- cións Xerais de Galicia, 1990. FISHMAN, Joshua A. Sociolinguistics: a brief introduction... 4. ed. Massa- chusetts: Yeshiva University, 1975.. GARCÍA NEGRO, María Pilar. O galego e as leis: Aproximación sociolin- güística. Vigo: Edicións do Cumio, 1991. MACEIRA RODRÍGUEZ, Alfredo. O catalão e sua contribuição ao léxico português. In: Revista Philologus, 5: 9-20, maio/ago, 1996. 7 FISHMAN, Joshua A. Sociolinguistcs...., p. 24-28. NORMAS ORTOGRÁFICAS E MORFOLÓXICAS do idioma galego. Santiago de Compostela: Instituto da Lingua Galega/Real Academia Galega, 1982.
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