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as Revoltas populares da Primeira República, Notas de estudo de História

Apostilas de História sobre os deserdados da República: as revoltas populares da Primeira República, modernização do Rio de Janeiro, Revolta da Chibata.

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 25/11/2013

PorDoSol
PorDoSol 🇧🇷

4.5

(206)

443 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe as Revoltas populares da Primeira República e outras Notas de estudo em PDF para História, somente na Docsity! Os deserdados da República: as revoltas populares da Primeira República INTODRUÇÃO: Na primeira República (1889-1930), a vida política restringia-se às oligarquias que governavam os estados e o Brasil como se fossem propriedades particulares. Assim, já a partir dos primeiros anos do século XX, surgiam diversos movimentos de contestação à política do café-com-leite, principalmente nas cidades, que apresentaram grande crescimento populacional no período. Em 1980, o Rio de Janeiro registrava 522 mil habitantes e, em 1920, já contava com 1,1 milhão. São Paulo, no mesmo período, apresentou um crescimento populacional espetacular: de 65 mil atingiu 580 mil habitantes ---- quase 900%. No Nordeste as cidades também cresceram: Salvador, por exemplo, no mesmo período saltou de 175 mil para 288 mil habitantes. Essa população, insatisfeita em ser simplesmente um joguete nas mãos dos coronéis, queria participar da vida política, para que suas reivindicações fossem ouvidas e atendidas, o que não ocorria devido ao domínio exercido pelos coronéis. “Bota-abaixo”: a modernização do Rio de Janeiro A sociedade brasileira tornava-se cada vez mais complexa. As cidades cresciam, expandia-se o setor industrial, desenvolvia-se o setor industrial, desenvolvia-se a classe operária e ampliava-se o setor terciário (bancos, comércio, transporte): o Brasil não era mais só o café. O próprio governo tomou algumas iniciativas para modernizar o país, como durante a presidência de Rodrigues Alves (1902-1906), quando a cidade do Rio de Janeiro, então capital do país, passou por uma transformação radical: removeram-se morros, alagaram-se ruas, abriram- se praças, reformou-se o porto – a cidade foi profundamente remodelada. Da noite para o dia, expulsa dos cortiços para os bairros periféricos, a população pobre estabeleceu-se nos morros, distante de seu local de trabalho, aumentando assim as favelas que tinham surgido a poucos anos. Do Morro da Providência, as favelas espalharam-se pelas encostas da cidade: Saúde, Santo Antônio, Salgueiro, Mangueira... Nos morros, o samba desenvolveu-se rapidamente. Originário da Bahia, foi no Rio de Janeiro que se popularizou. A partir de 1916, começaram a aparecer os primeiros sambas, especialmente para o carnaval, que na época já era a maior festa popular. Logo foi gravado o primeiro samba, fazendo muito sucesso: Pelo telefone. Em 1904, o “bota-abaixo”, nome popular dado às reformas conduzidas pelo prefeito Pereira Passos, fez crescer o clima de revolta da população contra o que ironicamente Lima Barreto chamou de “civilização”. Em agosto de mesmo ano, iniciou-se a vacinação obrigatória, sob a coordenação do médico sanitarista Osvaldo Cruz, pois, apenas nesse ano, uma epidemia de varíola provocou a morte de 4 mil pessoas no Rio de Janeiro. A falta de esclarecimento sobre as razões da vacinação, aliada aos transtornos criados pela reforma da cidade, acabou por deflagrar uma revolta popular contra o governo, que ficou conhecida como a Revolta da Vacina. Durante quatro dias, o Rio de Janeiro viveu uma verdadeira guerra civil. A população, amotinada, construía barricadas e atacava as tropas mobilizadas pelo governo para retomar o controle da cidade. Alguns militares, descontentes com o governo, tentaram organizar um golpe militar. O caos tomou conta da capital. Depois de sufocar a rebelião militar, o governo cercou e bombardeou durante várias horas os últimos redutos dominados pelos revoltosos, conseguindo reassumir o controle total da cidade. Os suspeitos de participação nos conflitos, segundo o historiador José Maria dos Santos, “começaram a ser recolhidos em grandes batidas policiais. Não se fazia Corriam boatos de que haveria outra revolta. De fato, no dia 10 de dezembro, na Ilha das Cobras, na Baía de Guanabara, explodiu uma nova rebelião. Para alguns, o movimento tinha sido estimulado pela própria Marinha, para justificar a repressão contra os marinheiros. A Marinha, com o apoio do Exército, bombardeou a ilha, obrigando os rebeldes à rendição. Centenas de marinheiros morreram e muitos foram aprisionados. João Cândido ficou detido numa cela subterrânea com outros dezessete marinheiros. Considerado louco pelos médicos da Marinha, João Cândido permaneceu dezoito meses internado no hospício. Foi julgado e inocentado. Passou a viver de biscates e morreu com quase 90 anos, em 6 de dezembro de 1969, no Rio de Janeiro. Outros trezentos marinheiros foram presos e mandados para a Amazônia. Na viagem, diversos marinheiros que tinham se destacado na rebelião foram fuzilados. Após 31 dias no porão do navio, sem verem a luz do sol, os sobreviventes desembarcaram: “eram fisionomias esguedelhadas, mortas de fome, esqueléticas e nuas. As roupas esfarrapadas deixavam ver todo o corpo”. “Liberdade! Liberdade! Estamos agora em outro século”: a Guerra do Contestado Durante a república Velha – denominação que a Primeira República receberá posteriormente – ocorreram vários movimentos de oposição ao domínio político dos fazendeiros. Mas foi na fronteira entre o Paraná e Santa Catarina, numa região contestada pelos dois estados, que desejavam incorpora-la ao seu território, que aconteceu a maior e mais longa rebelião do período. Ficou conhecida como Guerra do Contestado (1912-1915). A região era marcada pela violência. Foi palco da Revolução Farroupilha, no século XIX, da Revolução Federalista, no início da República, e Santa Catarina. Assim como no Nordeste, havia na área vários beatos, chamados de monges, que percorriam os povoados rezando, aconselhando e curando doentes. Um deles, José Maria, tornou-se líder de um movimento de resistência à expulsão de centenas de camponeses de terras que ocupavam havia muitos anos; nessas terras se queria construir uma ferrovia e uma madeireira. Esta instalou-se numa área de 180 mil hectares. É preciso lembrar que, com o advento da República, as terras devolutas pertencentes ao governo central foram transferidas para os governos estaduais, controlados pelas oligarquias. Na região, as terras acabaram sendo entregues aos aliados do governo, os chamados coronéis, que expulsavam os camponeses para ocupa-las. O conflito militar começou em 1912, quando um destacamento da polícia do Paraná atacou os sertanejos. No combate, com muitas baixas, morreram o “monge” José Maria e o chefe da tropa paranaense, o coronel João Gualberto. Até setembro de 1914, ocorreram diversos combates entre os sertanejos e os destacamentos do Exército e das polícias estaduais, que chegaram a reunir setecentos soldados. Como as tropas governamentais não conseguiram nenhuma vitória definitiva contra os sertanejos, em setembro de 1914 o governo federal enviou o general Setembrino de Carvalho com ordens expressas de expressas de exterminar os camponeses rebelados. Reunindo 7 mil homens e moderno equipamento militar (usaram-se até aviões para bombardear as regiões controladas pelos sertanejos), no final de 1915, depois de massacrar centenas de habitantes do povoado, o general “pacificou” a zona do Contestado. Salvadores da pátria: o movimento tenentista No Rio de Janeiro, na madrugada de 5 de julho de 1922, um grupo de oficiais liderados pelo capitão Euclides Hermes da Fonseca, filho do marechal Hermes da Fonseca, ex-presidente do Brasil, tomou o Forte de Copacabana, de onde passou a atacar o quartel-general do Exército. Ao mesmo tempo, na Vila Militar da capital federal, em Niterói e no Mato Grosso eclodiram rebeliões semelhantes. No fia seguinte, o Congresso aprovou o estado de sítio, que entre outras arbitrariedades, dava ao governo poderes para obrigar as pessoas a residir em endereços determinados, fazer buscas e apreensões em domicílios, suspender a liberdade de reunião e associação, censurar a imprensa e as correspondências. No dia 7, as tropas do governo mobilizadas para a retomada do Forte encontraram um pequeno número de rebeldes. Apenas dezoito militares ( ou 28 conforme outra versão do episódio) deixaram a fortaleza e, envoltos em tiras da bandeira nacional retirada do Forte, marcharam pela praia de Copacabana ao encontro das forças governistas. No caminho novas desistências reduziram a dez o número de combatentes; somente dois sobreviveram à troca de tiros com as tropas do Exército: os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Revolta fardada: o tenentismo O episódio que acabamos de descrever fez parte de um movimento maior, em que, ao longo da década de 1920, oficiais militares de diversos lugares do Brasil se rebelaram contra o governo. Os motivos da rebelião vinham dos tempo da presidência de Floriano Peixoto. Desde aquela época as Forças Armadas serviam totalmente aos interesses das oligarquias que governavam o Brasil. No começo do século XX, porém, jovens oficiais (tenentes e capitães, em sua maioria) da Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, passaram a defender a idéia de que o Exército deveria apenas “servir à nação”. Esses oficiais estavam insatisfeitos com o comando do Exército e com a própria oligarquia a que serviam. Por conviverem diretamente com os soldados rasos, os tenentes e os capitães percebiam as dificuldades econômicas por que passavam as classes média e baixa da população. Indignavam-se também com o favorecimento das polícias estaduais, controladas pelos políticos do interior e mais bem equipadas que o próprio Exército. Revoltavam-se também com o fato de serem obrigados a defender um regime que julgavam corruptos. Na verdade, acreditavam que o Exército poderia salvar o povo da situação em que os políticos teriam
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