Baixe Breves considerações sobre burrice e outras Trabalhos em PDF para Teorias da Comunicação, somente na Docsity! Pior que o efeito Dunning-Kruger, é quando o sujeito, não sabendo rigorosamente nada sobre um assunto, tira conclusões baseando-se em suposições imaginativas e imagens distorcidas que ele acumulou ao longo da vida em eventuais observações fortuitas, colocando-se em posição de contestador, retrucando cada proposição que lhe é feita como se já fosse experimentado no tema em questão. Dito de outra forma, simplificando, cria a ilusão de um conhecimento que ele não tem. Ao passo que, aquele que sofre do erro de calibração do incompetente, observado no efeito Dunning-Kruger, ao menos estudou um pouco, daí se arvora como grande entendedor, julgando-se, frequentemente, mais apto do que aqueles versados no assunto. Trocando em miúdos, supervaloriza o pouco conhecimento que tem. Mas ainda vale mencionar o tipo descrito por Sócrates em suas apologias, note bem, há mais de dois mil anos, que embora possa se encaixar nos dois anteriores de alguma forma, tem uma particularidade. Assim, descreveu Sócrates este espécime: "pelo fato de exercitar bem a própria arte, cada um pretendia ser sapientíssimo também nas outras coisas de maior importância, e esse erro obscurecia o seu saber" Arrisco dizer que tal comportamento tem se intensificado nesta era do culto à "ciência" (algo que se tornou um ente abstrato e deixou de ser um método de descobertas e conhecimento), nesta era de diplomados "superiores", onde o indivíduo entra em uma universidade, ou qualquer coisa que o valia e, ao sair, com um deslumbramento capiria, se acha detentor do conhecimento da humanidade, onde, quanto mais alta sua graduação acadêmica, tanto mais acentuada sua vaidade, ainda que isto signifique maior grau de especificidade do conhecimento. Não obstante, põe-se a falar e opinar sobre tais e quais assuntos que nunca se debruçou a investigar. Ainda dentro deste grupo há aqueles que querem colocar toda a realidade ou todo o conhecimento sob a égide da dita "ciência", julgando tudo aquilo que não tem a tal "comprovação" ou "evidência" científica (a despeito de ser uma contradição lógica em determinados casos), como inexistente ou, pejorativamente, pseudociência, mesmo que o fato esteja exposto na realidade, diante dos seus próprios olhos. Para aqueles que tem estômago para interlocuções com esta gente, verá que mostrar-lhes a realidade é inútil e apenas trará a sua ira e obstinação por ter sido desnudada sua ignorância, vide o próprio caso de Sócrates, que acabou sendo condenado a morte. Pode-se citar o caso de Jesus, que, mutatis mutandis, acabou sendo igualmente executado. Ouso dizer que este fenômeno deu origem, como um mecanismo de defesa grupal, a aberrações sociais como o famigerado "mundo corporativo", ambiente recheado de pessoas vazias, com ego insuflado e de pura aparência, que sobrevive de retroalimentação de engano. Seja como for, se não quer se tornar um tolo, fazendo papel de palhaço e passando vergonha, a própria bíblia entrega inúmeros conselhos, que se adotados na vida prática, te ajudam te tirar da situação de um ser humano em potência, como diria Tomás de Aquino, para um ser humano de fato, que se aproxima daquilo que deveria ser, “à imagem e semelhança de Deus”, desenvolvendo suas faculdades físicas, mentais e espirituais de maneira adequada, coisa que os próprios filósofos gregos e escolásticos entendiam bem. Não seja destruído pela falta de conhecimento, como já advertia Oséias. Aqui vão algumas amostras de tais conselhos: - “digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém” Rm. 12:3 - “Nada faças por contenda ou por vanglória, mas por humildade” Fi 2:3 - “Aquele que anda com os sábios será cada vez mais sábio, mas o companheiro dos tolos acabará mal” Pv, 13:20
