Comportamento e Teoria do Consumidor, Resumos de Economia

Baixe Comportamento e Teoria do Consumidor e outras Resumos em PDF para Economia, somente na Docsity! Capítulo 3: Comportamento e Teoria do Consumidor Economia – LGSI 1º ano 2022/2023 Objetivos do capítulo:  Aprofundar o estudo do comportamento do consumidor;  Analisar a racionalidade económica que está ligada às decisões de compra do mesmo. Objetivo do consumidor (enquanto agente económico racional):  Maximização (tirar o maior proveito possível) da sua satisfação ao consumir, o que o leva a escolher os bens e serviços que mais lhe agradem. Teoria da escolha racional do Consumidor:  Decisão de escolha depende da utilidade do bem;  Restrição de escolha depende do rendimento disponível para consumo;  Por fim, a decisão de compra depende, para além dos dois fatores acima, do preço do bem e do preço de outros bens. Assim, podemos retirar que o conceito chave para a Teoria do Consumidor e das decisões de consumo será a utilidade que o consumidor consegue atribuir ao bem ou serviço em causa (depende da maximização da sua satisfação ao consumir). Como, regra geral, o consumidor tem um rendimento limitado e isso restringe as suas decisões de consumo, o rendimento torna-se um fator importante. Se, por outro lado, não existissem limitações no que toca ao rendimento, a escolha dependeria única e exclusivamente da utilidade do bem. Problema da Utilidade:  Nem todos os consumidores valorizam a aquisição do bem x de igual forma. Existem consumidores que, por exemplo, estão dispostos a pagar um valor elevado para ir ver um jogo de futebol ao vivo, enquanto outros preferem gastar esse valor num jantar com amigo. É possível então concluir que o quanto um consumidor está disposto a pagar pelo bem x depende do grau de satisfação que esse bem lhe irá proporcionar.  Utilidade Total: Satisfação global que um consumidor pode retirar do consumo de uma determinada quantidade do bem x. Se comer 3 fatias, a utilidade total seria o valor que o consumidor está disponível a pagar para adquirir essas 3 fatias de pizza. No entanto, as 3 fatias não me proporcionam o mesmo grau de satisfação. Isto acontece porque, ao consumir a primeira fatia, o grau de satisfação é bastante elevado porque eu estava cheia de fome, coisa que à segunda fatia já não é tão verdade, sendo que à terceira fatia eu provavelmente já ficaria totalmente saciada.  Utilidade Marginal: Assim sendo, entra a utilidade marginal, que mede a satisfação extra que o consumidor obtém a cada unidade que vai consumindo (Satisfação da primeira fatia, satisfação da segunda, satisfação da terceira, etc) e é um valor considerado individualmente. Conclusões:  Ao consumir 0 fatias, a UT (0) = 0, pois não há qualquer satisfação.  Ao consumir 1 fatia, a satisfação total é equivalente a 3€, onde UT (1) = 3. Ao mesmo tempo, a UMgl (1) também é 3, o que significa que o consumidor estaria disposto a pagar até 3€ para comprar a primeira fatia de pizza.  Ao consumir 2 fatias, a satisfação total é equivalente a 5,8€, ou seja, o consumidor está disposto a pagar no máximo 5,8€ pelas duas fatias. No entanto, a segunda fatia não traz a mesma satisfação que a primeira. Houve um aumento da satisfação da primeira fatia para a segunda, passando de 3€ para 5,8€, o que mostra uma diminuição da UMgl para 2,8€, o que significa que o comprador está disposto a pagar menos 20 cent pela segunda fatia do que pagou pela primeira (porque esta lhe traz menor satisfação). Excedente do Consumidor:  A diferença entre o que o consumidor está disposto a pagar pelo consumo da unidade (UMgl) e o preço que pagou (P), ou seja, a satisfação extra para além do preço que pagou. Tendo em conta os conceitos analisados, podemos então concluir que a Quantidade Ótima de Consumo seria Q*= 4 fatias de pizza, uma vez que no máximo UMgl = P e não existe excedente do consumidor. Então, as decisões de compra de um consumidor racional, atendendo ao conceito de Excedente do Consumidor (EC) são a seguintes:  Consome enquanto o EC>0, ou seja, satisfação adicional dessa unidade extra compensar o preço a pagar por ela: UMgl>P;  No limite, ainda consome quando EC=0, ou seja, quando a satisfação adicional é igual ao preço: UMgl=P;  Não consome se EC<0, ou seja, se a satisfação adicional obtida com o consumo dessa unidade extra não compensar o preço a pagar por ela: UMgl<P A representação gráfica do Excedente do Consumidor é a área entre a linha da UMgl e a reta do P, pois representa a diferença entre ambos, ou seja, a diferença entre o valor máximo que o consumidor estaria disposto a pagar e o preço efetivamente pago. Quando existe mais do que um bem a considerar:  A Lei da Utilidade Marginal Decrescente diz-nos que a melhor opção é repartir o rendimento entre vários bens diferentes. Isto acontece porque o consumidor fica “farto” se consumir persistentemente o mesmo bem ou serviço e, por isso, o grau de satisfação diminui ao consumir uma unidade extra do mesmo bem. Para evitar isso e maximizar a satisfação adicional (UMgl), o consumidor deve repartir o seu rendimento por vários bens, gerando uma maior satisfação nesses vários bens sem se fartar deles.  Exemplo: Apetece-me frango assado. Fui ao continente para comprar, posso ou comprar frango assado suficiente para comer o fim de semana inteiro, ou repartir os custos e comprar frango assado suficiente apenas para o jantar, arroz de pato para o almoço, etc. O meu grau de satisfação ao comer o frango assado apenas numa refeição seria maior do que se estimarmos o grau de satisfação após 3 refeições extra de frango assado, pois eu ficaria farta de o consumir.  Terá então de existir uma combinação ótima de consumo. Restrição Orçamental: Aquilo que nos mostra o conjunto de todas as possibilidades de consumo que o rendimento nos permite adquirir. Neste caso, ou 6 cervejas, ou 3 tostas mistas, ou Duas tostas mistas e Uma cerveja, Quatro cervejas e Uma tosta mista, etc. Regra da Despesa Racional:  A utilidade marginal do último euro gasto em cada um dos bens deve ser o mais elevada possível. A despesa deve então ser feita de forma que a utilidade marginal por euro seja a mesma para cada um dos bens consumidos. (Princípio da Igualdade das Utilidades Marginais por Unidade Monetária) Se algum bem apresentar um rácio superior ao outro, o consumidor pode aumentar a sua utilidade total comprando mais desse bem e menos daquele que apresenta um rácio inferior. Se esta igualdade não se verificar, ou seja, se um dos bens proporcionar maior satisfação adicional por cada euro gasto no seu consumo, então o consumidor ficará mais satisfeito se comprar ainda mais unidades desse bem:  Se UMglX/Px > UMglY/Py, então significa que a satisfação retirada de cada euro gasto na compra da última unidade consumida do bem X é superior à satisfação retirada de cada euro gasto no bem Y, então, se o bem X proporciona maior satisfação, o consumidor vai preferir continuar a consumir mais unidades do bem X, em detrimento do bem Y, aumentando assim a sua satisfação;  Se UMglX/Px < UMglY/Py, então significa que a satisfação retirada de cada euro gasto na compra da última unidade consumida do bem X é inferior à satisfação retirada de cada euro gasto no bem Y, então, se o bem Y proporciona maior satisfação, o consumidor vai preferir continuar a consumir mais unidades do bem Y, em detrimento do bem X, aumentando assim a sua satisfação;  Este processo de troca do consumo de um bem pelo outro só termina para quando: UMglX/Px = UMglY/Py. Em síntese: Objetivo: obter a máxima satisfação com um dado nível de rendimento disponível: 1. A curva de indiferença mais longe da origem é sempre preferível. 2. Conjugando a curva de indiferença com restrição orçamental encontra-se o ponto ótimo: O de entre as várias possibilidades de consumo (RO), aquela que permite obter maior grau de satisfação (CT mais afastada da origem). O o rácio da taxa marginal de substituição é igual ao rácio dos preços desses bens. O A satisfação (UMg) obtida por cada u.m. gasta em cada um dos bens é igual.