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Guias e Dicas
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desenvolvimento psicomotor da criança, Manuais, Projetos, Pesquisas de Educação Psicomotora

O texto aborda as faces de desenvolvimento motor dos bebes até a 1ª infância

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2019

Compartilhado em 09/08/2019

fatima-santa-cruz
fatima-santa-cruz 🇧🇷

4.5

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Baixe desenvolvimento psicomotor da criança e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Educação Psicomotora, somente na Docsity! ANDRESSA DE SOUZA MORGADO A importância do desenvolvimento psicomotor da criança de 0 a 6 anos Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Educação 2007 ANDRESSA DE SOUZA MORGADO A importância do desenvolvimento psicomotor da criança de 0 a 6 anos Trabalho apresentado como requisito para conclusão da Habilitação Educação Infantil à Comissão de professores responsáveis pelo Curso: Profas. Dras. Marisa Del Cioppo Elias, Mônica F.V. Mendes; Neide Barbosa Saisi, Suzana Rodrigues Torres e Maria José P.M. França, sob a orientação da Profa. Dra Marisa Del Cioppo Elias.” Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Educação 2007 Sumário 1. Considerações históricas sobre a Psicomotricidade.................. 2.0 desenvolvimento da Psicomotricidade........................ 2.1 Esquema corporal.................. rea 3 O desenvolvimento psicomotor da criança de 0 a 6anos............ 3.1 Análise das etapas do desenvolvimento psicomotor............... 3.2 Etapas do desenvolvimento corporal................... Corpo vivido (até 3 anos); Corpo percebido (3 a 7 anos); Corpo representado (7 a 12 anos) 3.3 Habilidades básicas................... errar Coordenação global; coordenação fina e óculo-manual Lateralidade; Orientação espacial; Temporal e Rítmo. 4. Importância de brincar e dos jogos durante a primeira infância... 4.1 O brincar e os jogos na pré-escola....................... Considerações finais.................. errei Referencias bibliograficas....................ii Introdução O presente trabalho se fundamenta em uma pesquisa documental sobre a Psicomotricidade, ressaltando a importância do movimento da criança em suas fases de desenvolvimento de O a 6 anos de idade, que corresponde ao período da Educação Infantil. O tema Psicomotricidade tem grande importância na formação da criança como um todo, sendo assim, é essencial o desenvolvimento das habilidades motoras do ponto de vista social, cognitivo e afetivo, para a construção do ser. É através da motricidade e também pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos, o mundo dos outros e o seu próprio mundo. O ser humano se relaciona com o outro, aprende sobre si mesmo, aprende sobre o meio social em que vive. Descobre o mundo se autodescobrindo. Os movimentos estão presentes em todas as atividades humanas, seja no lazer, no trabalho, na alimentação, na escola, entre outros. Acredito que este trabalho tem um papel importante para refletir sobre a formação integral do indivíduo e sua complexidade. A partir do mesmo, que o professor se conscientize sobre a importância do seu trabalho como influência no desenvolvimento da criança. Na Educação Infantil, a criança terá suas primeiras experiências formais para seu desenvolvimento, tornando-se um fator determinante em sua trajetória escolar. O movimento humano é mais do que o simples deslocamento do corpo no espaço é um meio pelo qual a criança atua sobre o meio físico. Ao se movimentarem as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, elas aprendem agindo sobre o meio e se movimentam pelo prazer do movimento em si mesmo, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais. Durante meus estágios em Educação Infantil e no Ensino Fundamental- Ciclo |, observei atentamente as crianças e o professor, desde o momento da entrada das crianças até a hora de ir embora. Ao observar as crianças dentro da sala de aula, notei que seus movimentos espontâneos eram muitas vezes repreendidos pelo professor. E por mais que não estivessesm sentadas, quietas na cadeira, muitas delas conseguiam compreender o que era proposto nas aulas, demostrando assim, que corpo e a mente estão associados no aprendizado da criança. O trabalho se organiza da seguinte maneira: no primeiro capítulo constam alguns aspectos relevantes sobre a história da Psicomotricidade, como suriu o termo e ela era vista pelos estudiosos ao longo dos anos. No segundo capítulo abordarei o desenvolvimento da psicomotricidade descrevendo como a evolução do esquema corporal foi visto ao longo dos anos e a importância dessa evolução para o desenvolvimento do indivíduo. O Terceiro capítulo fala sobre o desenvolvimento psicomotor da criança de O a 6 anos de idade, fazendo uma análise sobre as etapas do desenvolvimento psicomotor esclarecendo as etapas do corpo vivido (até 3 anos), o corpo percebido (3 a 7 anos) e o corpo representado (7 a 12 anos). Descrevi algumas das habilidades básicas que são necessárias à alfabetização da criança, enfatizando a coordenação global, fina, óculo-manual, a lateralidade, orientação espacial, temporal e o rítmo. O quarto capítulo mostrará que atualmente muitos dos pais estão mais preocupados com o futuro profissional dos filhos, desconsiderando a importância do brincar, achando que é perda de tempo, desconhecendo que é através de jogos e brincadeiras que eles se desenvolvem e passa a ter uma aprendizagem significativa. Apoiando-se no conhecimento das etapas do desenvolvimento da criança, nas suas fases de transição, sintaticamente descrevi alguns aspestos relevantes sobre o brincar, os jogos simbólicos e espontâneos de acordo com os conceitos de Piaget (1978); Marcellino (2002); Brougére (In SARTI, 2001); Chateau(1987); Brasil (1998); Elias (1985) e Wallon (In GALVÃO, 1995). Enfatizei o papel do professor neste processo, relatei a importância do ato de brincar, do brinquedo e dos jogos infantis, focando os benefícios e privilégios da criança quando realiza esses atos. Realizei um levantamento bibliográfico sobre autores que se baseiam na temática explorada que foram fundamentais para a construção da base teórica. ANDRESSA DE SOUZA MORGADO A importância do desenvolvimento psicomotor da criança de 0 a 6 anos Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Educação 2007 ANDRESSA DE SOUZA MORGADO A importância do desenvolvimento psicomotor da criança de 0 a 6 anos Trabalho apresentado como requisito para conclusão da Habilitação Educação Infantil à Comissão de professores responsáveis pelo Curso: Profas. Dras. Marisa Del Cioppo Elias, Mônica F.V. Mendes; Neide Barbosa Saisi, Suzana Rodrigues Torres e Maria José P.M. França, sob a orientação da Profa. Dra Marisa Del Cioppo Elias.” Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Educação 2007 Sumário 1. Considerações históricas sobre a Psicomotricidade.................. 2.0 desenvolvimento da Psicomotricidade........................ 2.1 Esquema corporal.................. rea 3 O desenvolvimento psicomotor da criança de 0 a 6anos............ 3.1 Análise das etapas do desenvolvimento psicomotor............... 3.2 Etapas do desenvolvimento corporal................... Corpo vivido (até 3 anos); Corpo percebido (3 a 7 anos); Corpo representado (7 a 12 anos) 3.3 Habilidades básicas................... errar Coordenação global; coordenação fina e óculo-manual Lateralidade; Orientação espacial; Temporal e Rítmo. 4. Importância de brincar e dos jogos durante a primeira infância... 4.1 O brincar e os jogos na pré-escola....................... Considerações finais.................. errei Referencias bibliograficas....................ii Introdução O presente trabalho se fundamenta em uma pesquisa documental sobre a Psicomotricidade, ressaltando a importância do movimento da criança em suas fases de desenvolvimento de O a 6 anos de idade, que corresponde ao período da Educação Infantil. O tema Psicomotricidade tem grande importância na formação da criança como um todo, sendo assim, é essencial o desenvolvimento das habilidades motoras do ponto de vista social, cognitivo e afetivo, para a construção do ser. É através da motricidade e também pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos, o mundo dos outros e o seu próprio mundo. O ser humano se relaciona com o outro, aprende sobre si mesmo, aprende sobre o meio social em que vive. Descobre o mundo se autodescobrindo. Os movimentos estão presentes em todas as atividades humanas, seja no lazer, no trabalho, na alimentação, na escola, entre outros. Acredito que este trabalho tem um papel importante para refletir sobre a formação integral do indivíduo e sua complexidade. A partir do mesmo, que o professor se conscientize sobre a importância do seu trabalho como influência no desenvolvimento da criança. Na Educação Infantil, a criança terá suas primeiras experiências formais para seu desenvolvimento, tornando-se um fator determinante em sua trajetória escolar. O movimento humano é mais do que o simples deslocamento do corpo no espaço é um meio pelo qual a criança atua sobre o meio físico. Ao se movimentarem as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, elas aprendem agindo sobre o meio e se movimentam pelo prazer do movimento em si mesmo, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais. Durante meus estágios em Educação Infantil e no Ensino Fundamental- Ciclo |, observei atentamente as crianças e o professor, desde o momento da entrada das crianças até a hora de ir embora. Ao observar as crianças dentro da sala de aula, notei que seus movimentos espontâneos eram muitas vezes repreendidos pelo professor. E por mais que não estivessesm sentadas, quietas na cadeira, muitas delas conseguiam compreender o que era proposto nas aulas, demostrando assim, que corpo e a mente estão associados no aprendizado da criança. O trabalho se organiza da seguinte maneira: no primeiro capítulo constam alguns aspectos relevantes sobre a história da Psicomotricidade, como suriu o termo e ela era vista pelos estudiosos ao longo dos anos. No segundo capítulo abordarei o desenvolvimento da psicomotricidade descrevendo como a evolução do esquema corporal foi visto ao longo dos anos e a importância dessa evolução para o desenvolvimento do indivíduo. O Terceiro capítulo fala sobre o desenvolvimento psicomotor da criança de O a 6 anos de idade, fazendo uma análise sobre as etapas do desenvolvimento psicomotor esclarecendo as etapas do corpo vivido (até 3 anos), o corpo percebido (3 a 7 anos) e o corpo representado (7 a 12 anos). Descrevi algumas das habilidades básicas que são necessárias à alfabetização da criança, enfatizando a coordenação global, fina, óculo-manual, a lateralidade, orientação espacial, temporal e o rítmo. O quarto capítulo mostrará que atualmente muitos dos pais estão mais preocupados com o futuro profissional dos filhos, desconsiderando a importância do brincar, achando que é perda de tempo, desconhecendo que é através de jogos e brincadeiras que eles se desenvolvem e passa a ter uma aprendizagem significativa. Apoiando-se no conhecimento das etapas do desenvolvimento da criança, nas suas fases de transição, sintaticamente descrevi alguns aspestos relevantes sobre o brincar, os jogos simbólicos e espontâneos de acordo com os conceitos de Piaget (1978); Marcellino (2002); Brougére (In SARTI, 2001); Chateau(1987); Brasil (1998); Elias (1985) e Wallon (In GALVÃO, 1995). Enfatizei o papel do professor neste processo, relatei a importância do ato de brincar, do brinquedo e dos jogos infantis, focando os benefícios e privilégios da criança quando realiza esses atos. Realizei um levantamento bibliográfico sobre autores que se baseiam na temática explorada que foram fundamentais para a construção da base teórica. 1 Considerações históricas sobre a Psicomotricidade Dupré (FONSECA, 2004), em 1920 deu origem aos primeiros estudos das relações psíquica e motora, inicialmente sob o ponto de vista neurológico- organicista. Foi o primeiro a colocar em evidência o desequilíbrio motor, denominado o quadro de “debilidade motriz”. “Verificou que existia uma estreita relação entre as anomalias psicológicas e as anomalias motrizes, o que o levou a formular o termo Psicomotricidade” (OLIVEIRA, 2007, p. 29). Seus estudos contribuíram para que vários autores continuassem a abordar temas baseados na interação entre o psiquismo e motricidade. “No início, a Psicomotricidade tinha seus estudos voltados para a patologia. Wallon, Piaget, Ajuriaguerra tiveram a preocupação de aprofundar esses estudos mais voltados para o campo do desenvolvimento. Wallon se preocupou com a relação psicomotora, afeto e emoção, Piaget se preocupou com relação evolutiva Psicomotricidade com a inteligencia e a Ajuriaguerra, que vem consilidar as bases da evolução Psicomotora, voltou sua atenção mais especifica para o corpo e relação com o meio” (COSTA, 2001, p. 26). Os primeiros movimentos de trabalho que falavam sobre a Psicomotricidade situavam-se dentro de uma contexto reeducativo entre a relação mente-motor. Sendo assim muitos autores tem estudado sobre a importância da Psicomotricidade e seu significado. Enfatizaremos alguns autores que falaram a respeito; Piaget (In OLIVEIRA, 2007), Wallon (1995), Ajuriaguerra (In OLIVEIRA, 2007), Le Boulch (1982), Freire (1994) e Fonseca (2004). Piaget (In OLIVEIRA, 2007) ao estudar as estruturas cognitivas vai descrever sobre a importância do período sensório-motor e da motricidade. O desenvolvimento mental se constrói através das adaptações e equilibrações da mesma através da manipulação dos objetos e em seu contato com o meio em que vive. “A adaptação se dá na interação com o meio e se faz por intermédio de dois processos complementartes: assimilação, que é o processo de incorporação dos objetos e informações às estruturas mentais já existentes; e a acomodação, significando a transformação dessas estruturas mentais a partir das informações sobre os objetos” ( OLIVEIRA, 2007, p. 31). 10 A criança vivência experiências através de seus sentidos, assim, ao mesmo tempo em que está ampliando as capacidades de movimentro de seu corpo, está desenvolvendo suas funções intelectuais. Segundo OLIVEIRA (id., p. 32) “(...) para que a psicomotricidade se desenvolva, também é necessário que a criança tenha um nível de inteligência suficiente para fazê-la desejar “experienciar”, comparar, classificar, distinguir os objetos”. Brandão (In OLIVEIRA, 2007, p. 32) esclarece que: * Mesmo após o início da prática dos movimentos voluntários, é somente após a criança ser capaz de representar mentalmente os objetos, de simbolizar, de poder fazer abstrações e generalizações, que poderá fazer a “invenção” de novos meios de ação. As manifestações da inteligência prática aparecem pelos 8 ou 9 meses, quando as condutas da criança demonstram que ela é capaz de combinar duas ou mais ações usando-as como meios para vencer as situações que a impedem de executar um ato desejado como, por exemplo, afastar primeiro um obstáculo interposto entre a sua mão e o brinquedo que quer manipular e só então aproximar a mão do objeto e segurá-lo”. Para Wallon (In OLIVEIRA, 2007) há uma evolução tônica e corporal denominada diálogo corporal, que é através das suas ações sobre o meio que se dá a estruturação para a representação. Assim, o movimento assume uma postura dialética. A relação com o ambiente que a criança tinha antes era desorganizada, pouco a pouco, começa a se expressar através de gestos ligados à emoções vividas por ela, que mais tarde vai dar origem às suas representações. Tanto Piaget quanto Wallon compartilham a idéia da inteligência sensório-motora relacionado à inteligência reflexiva, que através de ações sobre os objetos se desenvolvem. Na medida em que as experiências são vivenciadas pelo indivíduo, ocorre a assimilação e acomodação a partir dos movimentos que são organizados e combinados. Ajuriaguerra defende que não deve-se estudar a psicomotricidade somente do plano motor, assim, faz uma comparação sobre a evolução da criança e da sensório-motricidade: “ É pela motricidade e pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela redescobre o mundo; porém, esta descoberta a partir dos objetos só será verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de segurar e de largar, quando ela tiver adquirido a noção 1 de distância entre ela e o objeto que ela manipula, quando o objeto não fizer mais parte de sua simples atividade corporal indiferenciada” (OLIVEIRA, 2007, p. 34). O movimento e o desenvolvimento estão inter-relacionados na infância. O corpo deve ser instrumento mediador entre o meio e o objeto numa relação vivencial adequada. “ A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré- escolares; leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações difíceis de corrigir quando já estruturada” ( OLIVEIRA, 2007, P. 36). Sendo assim, os trabalhos de Piaget , Wallon e Ajuriaguerra tiveram preocupações com uma educação psicomotora de base pensando no desenvolvimento da criança dialéticamente na construção do motor, da inteligência e da emoção. Le Boulch (1982) descreve a reeducação psicomotora como uma concepção que permite, através de técnicas apropriadas, corrigir os diversos transtornos. O autor defende a idéia que a educação psicomotora na idade escolar deve ser uma experiência ativa, relacionada ao meio da criança, permitindo o seu desenvolvimento, seja individualmente ou através da socialização com outras crianças por meio do jogo. Segundo Le Boulch (1982) é possível, através das atitudes corporais, da ação educativa e dos movimentos espontâneos da criança, favorecer a gênese da imagem do corpo, que é o núcleo central da personalidade dela. O autor procura desenvolver uma concepção geral da educação psicomotora tendo em conta o nível real de desenvolvimento da criança e apoiando-se no conhecimento das etapas desse desenvolvimento. “A educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda criança que seja normal ou com problemas. Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidades da criança e ajudar sua afetividade a expandir-se ea equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano” (LE BOULCH, 1982, p. 13). 12 “(...) deficiência na formação de conceitos; falhas de percepção (na discriminação de tamanho, na orientação espaço- temporal, no esquema corporal, na discriminação figura-fundo e na gestual); atraso nos níveis de desenvolvimento motor (sentar, engatinhar e andar); alteração no processo do pensamento (dificuldades no pensamento abstrato e pensamento desorganizado); memória pobre; atenção deficiente” (NASCIMENTO, 1986, p.3). Para que ocorra o desenvolvimento harmônico do ser humano é indispensável a evolução do esquema corporal, que segundo Rossel (In: MACHADO, 1986), é através da educação psicomotora que podemos ajudar a desenvolver a evolução do esquema corporal da criança, para que progressivamente esta adquira o controle e domínio do seu próprio corpo. 15 "(.) o corpo é o ponto de referência que o ser humano possui para conhecer e interagir com o mundo" (OLIVEIRA, 2007, p. 51). Ilustração 2 www.colmagno.com.br/.../experiencias/default.htm 03/12/2007 12:10 hs. 16 2 O desenvolvimento da Psicomotricidade Os movimentos apresentam grande importância biológica, psicológica, social, cultural e evolutiva. “Entendemos a criança como um ser-histórico, que se relaciona com o mundo por meio de suas interações e experiências. Esta comunicação se dá por intermédio do corpo, compreendido enquanto totalidade localizada culturalmente. Portanto, é importante a construção do movimento da criança” (LORO, 2007, p. 11). Mover-se faz parte do viver. Assim, para a criança pequena mover-se é muito mais do que mexer o corpo ou deslocar- se, é uma forma de se comunicar e adquirir novas habilidades, e que permite que ela atue de forma cada vez mais independente no mundo. Essa autonomia só é conseguida com a confiança em si mesma e no ambiente. Na medida em que nos desenvolvemos, nosso corpo manifesta diferentes formas de movimentos: dos mais simples e involuntários aos mais complexos e elaborados, que são determinados pelas contrações musculares e controlados pelo sistema nervoso. (NASCIMENTO, 1986), revela que “(...) toda criança que apresenta deficiência intelectual, apresenta também atraso no seu desenvolvimento motor”. Para que a criança tenha uma aprendizagem significativa na sala de aula, é necessário que ela adquira certas habilidades que lhe dêem condições mínimas para atuar de forma mais precisa em seu meio. Para escrever, por exemplo, ela precisa saber segurar o lápis, ou seja, ela precisa ter uma boa coordenação fina. Esta habilidade necessita de um domínio do instrumento ( lápis) e do gesto ( para segurar o lápis). Para que essas habilidades ocorram, é necessário que ela esteja ciente de suas mãos como parte de seu corpo e desenvolver padrões específicos de movimento. É importante também que ela saiba deslocar-se, transportar objetos e se movimentar, sendo assim, ela deverá aprender a controlar seu tônus muscular para poder dominar seus gestos. 17 É através da expressividade do corpo, que são externalizados os sentimentos e emoções. 20 ..) as aquisições da criança nos primeiros anos de vida, sofrem uma maturação orgánica que são enriguecidas com as experiências resultantes de sua interação com o meio ambiente” (ELIAS, 1985, p. 16 ). Ilustração 3 www.colmagno.com.br/.../experiencias/default.htm 03/12/2007 12:27 hs 21 3 O desenvolvimento psicomotor da criança de 0 a 6 anos A criança na primeira infância está em um momento da vida em que ela é vista pelo corpo, as produções intelectuais ou físicas são produções corporais que se dá através da interação com o meio. Segundo o Referencial Curricular Nacional de Educação infantil (BRASIL, 1998), no primeiro ano de vida do bebê a interação com um adulto ou mesmo com outras crianças é predominantemente afetiva e esse diálogo afetivo é caracterizado pelo toque corporal. O bebê vai dedicar grande parte de seu tempo explorando seu próprio corpo. Ele realiza importantes conquistas com o tempo, virar-se, rolar, sentar-se e antes mesmo de aprender a andar, o bebê pode desenvolver outras alternativas de locomoção, como engatinhar ou se arrastar, assim por diante. “Ao observar um bebê, pode-se constatar que é grande o tempo que ele dedica à explorações do próprio corpo — fica olhando as mãos paradas ou mexendo-as diante dos olhos, pega os pés e diverte-se em mantê-los sob o controle das mãos- como que descobrindo aquilo que faz parte do seu corpo e o que vem do mundo exterior”. (BRASIL, 1998,p. 21). Essas ações exploratórias permitem que ele descubra os limites do seu próprio corpo é uma grande conquista para a consciência corporal. “ As ações em que procura descobrir o efeito de seus gestos sobre os objetos propiciam a coordenação sensório-motora, a partir de quando seus atos se tornam instrumentos para atingir fins situados no mundo exterior”. (BRASIL, 1998, p. 21). O conhecimento de mundo da criança nesse período depende das relações que ela vai estabelecendo com os outros e com as coisas. “...) as aquisições da criança nos primeiros anos de vida, sofrem uma maturação orgânica que são enriquecidas com as experiências resultantes de sua interação com o meio ambiente”. ( ELIAS, 1985, p. 16) A criança é egocêntrica, o que ela conhece de si das coisas é insulficiente para estabelecer relações de grupo. 22 2º etapa: corpo percebido ou “descoberto” (3 a 7 anos) Nesta etapa a criança interioriza seus movimentos, ajustando-os para ter um maior domínio do corpo, levando à dissociação dos movimentos voluntários. “A criança com isto passa a aperfeiçoar e refinar seus movimentos adquirindo uma maior coordenação dentro de um espaço e tempo determinados”. (id. p.59) Devido às experiências da fase anterior, do corpo vivido, a criança agora, faz representação mental dos elementos do espaço, associa seu corpo aos objetos da vida cotidiana. Ela descobre que é possível dominar e situar seu corpo, o objeto em seu espaço e tempo. Ela chega à representação dos elementos do espaço, descobrindo formas e dimensões orientado a partir de seu própio corpo, passando a fazer assimilações através dessas orientações adquiridas como saber o que é direita, esquerda, acima, embaixo, o que vem antes, depois, primeiro, por último. “...) pode ser caracterizado como pré-operatório, porque está submetido à percepção num espaço em parte representado, mas ainda centralizado sobre o próprio corpo”. (id. p. 61) 3º etapa: corpo representado (7 a 12 anos) A criança tem umm dominio corporal maior, já adquiriu as noções do todo e das partes de seu corpo, a partir daí, vai ampliando o seu esquema corporal. “Sua imagem de corpo passa a ser antecipatória, e não mais somente reprodutora, revelando o verdadeiro trabalho mental devido á evolução das funções cognitivas correspondentes ao estágio preconizados po Piaget de operações concretas” (id. p. 60). Esta fase permite que a criança programe mentalmente suas ações, tornando- se capaz de organizar e combinar diversas ações. Os pontos de referência não estão mais centrados no próprio corpo, ocorre descentralização, ou seja são esteriores ao sujeito, assim ele mesmo pode criar pontos de referência que pode orienta-lo, pois agora o corpo esta cituado como objeto. 25 3.3 Habilidades básicas Elias (1985, p. 26) esclarece quais são as habilidades básicas que devemos trabalhar para favorecer o desenvolvimento da criança. São estas: “ Comunicação: verbal e não verbal - Coordenação motora ampla -Rítmo -Coordenação viso-motora -Orientação espacial — lateralidade -Orientação temporal -Discriminação visual -Percepção figura-fundo -Atenção e concentração -Discriminação auditiva -Memória visual-auditiva -Classificação -Seriação -Análise-síntese -Conservação” Descreveremos algumas habilidades básicas segundo ELIAS (1985): É através da comunicação verbal e não verbal que a criança vai explorar o mundo que a cerca. Através da comunicação verbal a criança passa a relacionar-se melhor socialmente, expressa suas emoções e sentimentos a partir da oralidade. Assim, o professor deverá estar consciente do seu trabalho no desenvolvimento da comunicação da criança, tendo bem em mente seus objetivos e trabalhar de forma sistematizada, respeitar a fala da criança, seu vocabulário, que gradativamente será enriquecido, deixando-a livre para falar livremente sobre seu dia-a-dia. Sendo assim, deve se trabalhar com atividades recreativas, dando asas à imaginação, fazer perguntas sobre o dia-a-dia da criança, passear com eles e pidir para que eles relatem o que viram, assim por diante. Fazer com que eles falem sobre coisas relacionadas ao que viveram no seu dia-a-dia, ou mesmo sobre um passeio que fizeram uma vez no mês, ajudará a manter um vínculo com a criança, desenvolvendo gradativamente sua capacidade de comunicar- se com o outro, percebendo assim o outro, dispertarando sua criatividade, atenção, concentração, imaginação, memória, etc. 26 Quando se trata da comunicação não verbal, refere-se à criança dizer coisas através da expressão corporal, mímica, desenho, etc. Cioppo (1985) esclarece que para que se possa desenvolver um bom trabalho com os alunos,é preciso desenvolver suas habilidades básicas, assim, precisamos conhecer quem são nossos alunos, assim como o meio em que vivem, trabalhar sistematicamente as habilidades básicas dos alunos, definir os objetivos que vão nortear nosso trabalho durante o ano letivo assim como a revisão do mesmo periódicamente. “Muitas vezes o desenho revela fatos do mundo interior da criança. Ela se projeta através dele, dando vazão a seus anseios, chegando muitas vezes a superar seus conflitos interiores. Pela mímica e expressão corporal, a criança se conscientiza, com mais facilidade, do seu corpo e, dessa maneira, forma uma imagem de si própria. Também na expressão corporal e mímica ela se solta, colocando para fora tudo o que na realidade e na fantasia a aflinge” (ELIAS,1985, p. 31). Quando a habilidade da comunicação seja verbal ou não verbal não é bem trabalhada com a criança, essa pode não adquirir “(...) novas formas de percepção, imaginação, raciocínio, planejamento, memória e auto-expressão”. (Elias, 1985, p. 35). A autora ainda coloca que como consequências terá uma criança mais inibida ao falar, alterando o timbre da voz e o volume, ou pode ocorrer falta de fluência na comunicação oral, repetindo palavras como : “daí né”, então né” ou omissão, ou mesmo uma falta de compreensão de ordens simples ao realizar tarefas sugeridas à ela. Coordenação global Aos poucos, o indivíduo vai vivenciar experiências, adquirindo o equilíbrio, que se dá através das suas ações sobre o meio, assim, ele vai tomando consciência de seu corpo e de suas posturas, coordenando de forma cada vez mais equilibrada e consciente seus movimentos. “ A coordenação global diz respeito à atividade dos grandes músculos. Depende da capacidade de equilíbrio postural do indivíduo" (OLIVEIRA, 2007, p. 41). Assim, com o desenvolvimento da mesma, através de suas ações sobre o meio, ocorrerá a dissociação dos movimentos, ou seja, é a capacidade de 27 Pega anormal do lápis 5. Indicador enlagando o dedão 6. Pegas de dois dedos e dedão 7. Três dedos e dedão 8. Lápis entre o indicador e o terceiro dedo 9. Uso do punho na pega do lápis 10. Palmar Ilustração 4 — Posturas fundamentais de pegas de lápis, fornecidas por Silver and Hagin. (In OLIVEIRA, 2007, p. 45). Brandão (In OLIVEIRA, 2007), fala sobre a maturidade neurológica do recém-nascido, do desenvolvimento dos mecanismos necessários adquiridos para que ele consiga desenvolver o movimento de preensão. Assim, faz uma análise sobre o desenvolvimento da preensão, que Oliveira (id.) resumiu. Assim, aos três meses de vida, a criança se depara com as primeiras atividades de preensão, através do tato, paulatinamente, vai ao adquirir a coordenação óculo-manual, consegue pegar os objetos que se encontram próximas à ela, em seu campo visual. “No quarto ou quinto mês a preensão é cúbito-palmar (entre o mínimo ou os dois últimos dedos e a palma da mão)” (...) “A partir do quinto e sexto mês a preensão é exercida pela flexão dos quatro últimos dedos contra a palma da mão e que corresponde à posição de pinça dígito-palmar” (id, p. 46). Assim, através das ações, a criança vai amadurecendo seus movimentos de preensão, e é a partir do oitavo ou décimo mês de vida que a 30 criança passa a agir sobre o manuseio dos objetos de forma mais voluntária, escolhendo assim, o padrão de preensão que deseja usar em diversas ocasiões. “Nesta fase a preensão é radiopalmar, isto é, pega os objetos entre a última falange do indicador e a borda do polegar. Depois se transforma em radiodigital e vai se aproximando da forma desejada de preensão do adulto” (id., p. 47). É só a partir de um ano que a preensão se adapta ao uso de objetos, que ocorre através das experimentações da criança sobre o meio e objetos. Lateralidade, orientação espacial e temporal A lateralidade é definida a partir da preferência neurológica que se tem por um lado do corpo no que diz respeito à mão, pé, olho, ouvido. Assim, uma lateralidade bem definida assegura à criança maior facilidade para aprender as posições à direita e à esquerda em relação ao seu próprio corpo e aos objetos. “A lateralidade é importante por que permite à criança fazer uma relação entre as coisas existentes em seu meio. Dizemos que uma criança que já tenha uma lateralidade definida e que esteja consciente dos lados direito e esquerdo de seu corpo está apta para identificar esses conceitos no outro e no espaço que a cerca. Obedece, portanto, a algumas etapas: primeiro assimila os conceitos em si mesma, depois os objetos em relação à si mesma. Em seguida, descobre-os no outro que está à sua frente e finalmente nos objetos entre si" ( OLIVEIRA, 2007, p. 72). A aquisição deste conceito para a aprendizagem da leitura e escrita é essencial para que a criança não troque as letras: p — q, b — d; ou confunda palavras como: queijo — pueijo, bola — dola, ou mesmo na escrita em espelho: 5 —2, 36 — 63, casa - saca, etc. “Um fator importante para a educação escolar é o desenvolvimento do sentido de espaço e tempo. Isto significa que a criança se movimenta em um determinado espaço e tempo. Uma boa orientação espacial poderá capacitá-la a orientar-se no meio com desenvoltura” (OLIVEIRA, id. p.39). Orientação espacial e temporal é orientar-se no espaço, é ver-se e ver as coisas no espaço em relação a si próprio; é dirigir se, é avaliar os movimentos e adaptá-los no espaço, estabilizar o espaço vivido e, dessa 31 forma, poder agir correspondentemente. Enfim, é a coincidência da relação do corpo com o meio. Perceber e situar seu próprio corpo em relação aos objetos e aos outros é se orientar espacialmente, lateralmente e temporalmete. Se essas habilidades não forem bem desenvolvidas, a criança não será capaz de reconhecer, nem determinar ordens dos fatos ocorridos verbalmente ou na sequencia da escrita. Rítmo Cada criança tem seu rítmo de realizar determinadas tarefas. O rítmo é individual, assim, o tempo de cada criança deve ser respeitado. O rítmo está presente em todas as manifestações da motricidade humana é, portanto interno e pode ser alterado a partir de estímulos externos, está relacionado aos processos psíquicos, afetivos e emocionais do indivíduo. Após descrevermos essas habilidades básicas, devemos levar em consideração a importância de se desenvolver na criança, sabendo que isso se repercurtirá na sua vida adulta. 32 felicidade. E nenhum outro motivo precisaria ser acrescentado para afirmar a sua necessidade” (MARCELLINO, 2002, p. 37). Entendemos que os adultos, que pensam muito no futuro da criança, não compreendem a necessidade da fase da criança brincar. uma pesquisa feita no Brasil em 77 cidades, encomendada pela Unilever e conduzida pelo Instituto Ipsos, revela que dos pais entrevistados: '84% concordam que para estarem preparadas para a vida, às crianças devem brincar menos e estudar mais. Com isso todo, os jogos tendem a ficar restritos ao período em que as crianças estão na escola”. (BUCHALLA, 2007, p.89) Esse posicionamento dos pais com relação ao ato de brincar, que é encarado como “perda de tempo” demonstrando constante preocupação com o futuro profissional do filho, deixa claro que é necessário uma conscientização maior e um esclarecimento sobre a importância do ato de brincar para a criança, pois é através do brincar que ela se relaciona, alimenta a sua vida interior, liberando assim sua capacidade de criar e reinventar o mundo. Sendo assim, conclui-se que as estimulações variadas, oportunas e organizadas dos movimentos na criança, através de jogos e brincadeiras levam a aprendizagem significativa. “(...) é fundamental que se assegure a criança o tempo e o espaço para que o caráter lúdico do lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida para criatividade e a participação cultural e, sobretudo, para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a canção”... como se fora brincadeira de roda... (MARCELLINO, 2002, p. 38). Sintaticamente enfatizaremos alguns aspestos relevantes sobre o brincar, os jogos simbólicos e espontâneos de acordo com os conceitos de Piaget (1978); Marcellino (2002); Brougére (In SARTI, 2001); Chateau(1987); Brasil (1998); Elias (1985) e Wallon (In GALVÃO, 1995). Brougére (In SARTI, 2001) afirma que o desenvolvimento da criança ocorre pela experiência social, a brincadeira é o resultado de relações interindividuais, portanto, produto da cultura, sendo assim, não existe na criança o brincar natural, é preciso ensinar a criança a brincar. 35 “Através do prazer, o brincar possibilita à criança a vivência da sua faixa etária e ainda contribui, de modo significativo, para uma formação como ser realmente humano, participante da sociedade em que vive, e não apenas como mero individuo requerido pelos padrões de “produtividade social” (MARCELLINO, 2002, p. 39). Sendo assim, acredito que através do brincar a criança prepara-se para aprender. Brincando ela aprende novos conceitos, adquire informações e tem um crescimento saudável, vai construindo sua identidade, a imagem de si e do mundo que a cerca. Os jogos espontâneos, são vistos por (Piaget, 1978); como um instrumento incentivador e motivador no processo de aprendizagem, por que dá à criança uma razão própria que faz exercer de maneira significativa sua inteligência e necessidade de investigação. O desenvolvimento do jogo para Piaget se dá desde o período de recém-nascido, onde a criança fará uma adaptação com o mundo exterior através de suas ações reflexas, que dará início aos esquemas sensório-motor. Através do jogo simbólico, a criança exercita não só sua capacidade de pensar, de representar simbolicamente suas ações, mas também, suas habilidades motoras, já que salta, corre, gira, transporta, rola, empurra, etc. Assim é que se transforma em pai/mãe para seus bonecos ou diz que uma cadeira é um trem, nesta fase, o raciocínio lógico ainda não é suficiente para que ela dê explicações coerentes a respeito de certas coisas, por isso, ela fantasia e não é tão importante para ela explicar sobre o que está fantasiando. De acordo com as linhas gerais sobre a conceituação da atividade lúdica apresentada por esses autores, podemos concluir que a brincadeira exerce um papel fundamental na constituição do sujeito ao possibilitar à criança a criação da sua personalidade seja pela busca de satisfazer seus desejos, por exercitar sua capa são inúmeras as influências que o jogo exerce na vida da criança, bem como sua evolução desde o nascimento. A criança, utiliza o jogo como uma maneira de orientar seu pensamento para uma satisfação pessoal, a partir do seu contato com as pessoas e os objetos, cria assim, situações que partem da realidade à fantasia. Assim, é através do jogo simbólico que ela relacionar -se com o mundo. 36 “(...) com a socialização da criança o jogo adota regras ou adapta cada vez mais a imaginação simbólica aos dados da realidade sob a forma de construções ainda espontâneas mas imitando o real...” (PIAGET, 1978 p. 116). Os jogos e as brincadeiras são uma forma de lazer no qual estão presentes as vivências de prazer e desprazer. Representam uma fonte de conhecimento sobre o mundo e sobre si mesmo, contribuindo para o desenvolvimento de recursos cognitivos e afetivos que favorecem o raciocínio, tomada de decisões, solução de problemas e o desenvolvimento do potencial criativo. A brincadeira assume um papel essencial porque se constitui como produto e produtora de sentidos e significados na formação da subjetividade da criança. Essa atividade proporciona um momento de descontração e de informalidade que a escola pode utilizar mesmo que isso possa parecer um paradoxo já que o seu papel, por excelência, é o de oferecer o ensino formal, mas tendo também de exercer um papel fundamental na formação do sujeito e da sua personalidade. Portanto, passa a ser sua função inclusive a de oferecer atividades como a brincadeira. Porém, a introdução de um espaço de brincadeira constitui uma atividade que não é fácil de se propor, uma vez que requer o desenvolvimento da habilidade de brincar do professor. Nesse sentido, o lúdico não deve ser utilizado apenas como um instrumento didático para auxiliar na aprendizagem dos conteúdos curriculares. Mas, principalmente, como uma ampliação da percepção da professora em relação à brincadeira mostrando a importância desta nos processos de desenvolvimento e aprendizagem, podendo ser utilizada como fonte de diálogo, possibilitando um maior conhecimento sobre seus alunos. Acreditamos que o momento lúdico, como espaço de descontração, na escola, deve ser visto como constituinte do sujeito, o qual, a partir de vivências que experimenta, constrói suas relações interpessoais. O sujeito é desenvolvimento e processualidade permanente sem nunca ficar estático em sua condição subjetiva atual. Então, a escola, ao oferecer espaços como esse, possibilita novas oportunidades para o desenvolvimento da subjetividade. A brincadeira favorece o desenvolvimento integral do aluno na sua subjetividade. 37 A disciplinaridade não é manter os alunos calados, sentados, mas é o envolvimento do grupo como um todo, seus deslocamentos, suas conversas, expressões, movimentos, por que são manifestações naturais das crianças, fundamentais para seu desenvolvimento e essa compreensão lúdica do aprender deve ser levado em consideração pelo professor, para que ele organize melhor sua prática, levando em consideração que todo movimento é apreendido e significado pela criança, como relata no RCNEI (BRASIL, 1998, p.17): “Todavia, a julgar pelo papel que os gestos e as posturas desempenham junto à percepção e à representação, conclui-se que, ao contrário, é a impossibilidade de mover-se ou de gesticular que pode dificultar o pensamento e a manutenção da atenção”. Aos poucos, a criança vai controlando suas condutas voluntárias, passando a comandar o estímulo, escolhendo o foco da sua atenção, planejando suas ações ao realizar determinadas atividades. O aluno é um ser ativo, capaz de assimilar a realidade externa de acordo com suas estruturas mentais. Assimilar o mundo é transformá-lo, representando-o de forma subjetiva. A aprendizagem deve despertar o interesse, estimulando a curiosidade e a criatividade. Logo, o interesse relacionado à atividade lúdica na escola tem-se mostrado cada vez maior e, principalmente, de professores que buscam alternativas para o processo ensino-aprendizagem. “O objetivo fundamental da escola deveria ser o de criar condições favoráveis ao desenvolvimento global da criança, de forma harmoniosa, em seus aspectos físico, sócio-emocional e intelectual. Priorizar apenas um desses aspectos em detrimento dos demais, seria danoso, pois, o desenvolvimento se realiza sempre de forma integrada”. (ELIAS, 1985, p. 9) A importância do papel do professor como facilitador de um ambiente propício ao desenvolvimento completo, de modo que a criança tenha liberdade de expressar-se livremente, conhecer e reconhecer seu próprio corpo. 40 “A observação do comportamento infantil constitui-se num valioso recurso ao trabalho do professor" (ELIAS, 1985, p. 15). Importante o professor incluir atividades corporais entre as atividades das crianças. O jogo deve ser encarado pelos professores como recurso pedagógico, vinculado ao projeto pedagógico da escola, com objetivos educacionais, como em qualquer outra atividade, pensando onde se quer chegar, o que se pretende desenvolver. Wallon (In Galvão, 1995) traz implicações educacionais em seus estudos sobre o movimento, propondo uma reflexão educacional acerca da repressão dos movimentos como fator prejudicial para o desenvolvimento da criança, no plano afetivo, na inteligência e no ato motor em si. A teoria Walllonia traz apontamentos relevantes, sendo necessária a sua análise e interpretação para que os professores da Educação Infantil possam planejar suas atividades e criar as condições adequadas que favoreçam o desenvolvimento pleno da criança. A criança precisa encontrar condições adequadas para a sua formação, por exemplo: manter equilíbrio, correr, saltar, girar, coordenar percepções e movimentos com seu próprio corpo, andar rápido, normal, etc. “A convivência é um fato, uma necessidade. Nascemos e crescemos na dependência dos outros” (ELIAS, 1985, p. 17). A psicomotricidade é importante para o processo de desenvolvimento da criança, pois representa a realização do pensamento com equilíbrio, já que corpo, mente e afetividade estão interligados. Sendo assim, o professor deve trabalhar de forma consciente, sabendo a importância do desenvolvimento das habilidades básicas da criança para o seu desenvolvimento como um todo. “O professor deve ter conhecimento das características mais importantes dos estágios que antecedem os primeiros anos da escolarização, para poder diagnosticar e trabalhar cada um dos estágios do desenvolvimento infantil”. (ELIAS, 1985, p. 9). 41 O professor deve ficar atento com o ritmo de aprendizagem de cada aluno levando sempre em consideração suas diferenças individuais e na forma como trata os alunos mais lentos, para não os rotular, reforçando sempre cada progressos que estes fizerem. 42
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