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Estudos Culturais e Antropológicos, Resumos de Filosofia

A História da Filosofia e seus períodos históricos

Tipologia: Resumos

2019

Compartilhado em 02/09/2019

thalia-alberton-raduvanski
thalia-alberton-raduvanski 🇧🇷

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Baixe Estudos Culturais e Antropológicos e outras Resumos em PDF para Filosofia, somente na Docsity! ESTUDOS CULTURAIS E ANTROPOLÓGICOS Priscila Farfan Barroso A história da filosofia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Identificar os períodos históricos da filosofia.  Relacionar os períodos históricos da filosofia com as escolas filosóficas.  Reconhecer a trajetória histórica do desenvolvimento do pensamento humano. Introdução A história da filosofia é a disciplina responsável por estudar o pensamento filosófico, ordenado cronologicamente para se identificar o debate entre as ideias filosóficas no tempo. Neste capítulo, você vai ver os principais períodos históricos e as escolas filosóficas. A partir daí, acessará a trajetória histórica do desenvolvimento do pensamento humano. Filosofia e seus períodos históricos Você sabe o que signifi ca fi losofi a? Boécio (1998) nos lembra que, segundo a etimologia dessa palavra, fi losofi a signifi ca “amor à sabedoria”. Ou seja, o desejo de conhecer, compreender e explicar as coisas da vida de forma mais profunda e refl exiva faz parte dessa disciplina. Mas como fi losofar? Por meio da própria refl exão sobre o pensar e o agir humano. Então qualquer pessoa pode propor questões fi losófi cas? Sim, qualquer pessoa pode fazer suas questões diante do mundo, inclusive você. Indagar sobre a vida cotidiana também nos permite desenvolver o pensa- mento reflexivo, uma vez que as ideias do senso comum são questionadas, e, por meio da investigação filosófica, pode-se constituir o pensamento crítico. Desse modo, é preciso tomar distância do que conhecemos costumeiramente, a fim de analisar como se conhecêssemos aquilo pela primeira vez, como nos provoca Chauí (2000, p. 9): Entretanto, devemos lembrar que estas “caixas” da história são apenas referên- cias e que, quando falamos da história da filosofia, estamos na verdade falando sobre filosofar, como nos indica Merleau-Ponty (1980, p. 212): “[...] a ‘explicação’ histórica é apenas uma maneira de filosofar sem dar na vista, disfarçar as ideias em coisas e pensar sem precisão. Uma concepção da história só explica as filosofias sob a condição de tornar-se também filosofia, e filosofia implícita”. A Filosofia Antiga engloba todo o pensamento filosófico anterior ao século V. Esse momento corresponde à Antiguidade, que vai da invenção da escrita (4000 a.C. a 3500 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). Surgiu, então, a formação do Estado, e as civilizações existentes nesse período eram Egito, Grécia, Roma, Persas, Fenícios, povos germânicos, entre outros. Quanto ao desenvolvimento da filosofia, sobre esse período histórico Braz (2005) enfatiza o período pré-socrático, que faz referência ao período anterior à existência de Sócrates e destaca filósofos que se focavam com aspectos da natureza para responder suas questões; o período socrático, que, na figura de Sócrates, estimulava o diálogo para filosofar; o período sistemático, que é um período atribuído a Aristóteles; e período greco-romano, que destacou aspectos da cosmologia para buscar responder aos problemas da época. Segundo Marques (2007), as principais preocupações neste momento eram compreender a origem do universo, os fenômenos da natureza e os comporta- mentos humanos a partir da razão. Assim, não se aceita mais as explicações míticas e busca-se observar, analisar e fundamentar as explicações por meio da racionalidade humana. Podemos destacar uma das escolas desse período, que é uma das escolas com maior representatividade na Filosofia Antiga: a Escola Socrática. Seu represen- tante é Sócrates, que viveu durante o ano de 470 a.C. em Atenas, na Grécia. Ele foi discípulo de Platão e preferiu evidenciar a questão ética e política na filosofia. Sobre ele, Goto (2010, p. 113-114) evidencia que: Sócrates foi um filósofo que agiu pela fala e por ela influenciou seus con- cidadãos – e se um indivíduo se define como político na medida em que age e influencia os demais por meio da palavra viva, em ato (isto é, a fala), Sócrates foi sem dúvida o mais público, o mais político, o mais cidadão de todos os filósofos. E, embora só possamos ter e construir imagens dele a partir do que se escreveu a seu respeito – o que é inevitável –, a imagem que predomina sobre as demais – ou as monopoliza – é a de um filósofo em ação e sobretudo da ação: um cidadão que agiu sobre outros cidadãos falando, conversando e discutindo com eles; um cidadão que sustentou e defendeu a palavra falada, viva (em contraposição à palavra escrita, que tinha na conta de morta), como meio de ação na e para a pólis. A história da filosofia4 O método utilizado por ele ficou conhecido como método socrático. Esse método visava à construção de conhecimento pelo homem a partir de ques- tionamentos sobre questões banais. Assim, o diálogo entre professor e aluno não era mais um processo de simples transmissão de ideias, mas uma profusão de trocas em que se podia realizar novas aprendizagens. A Filosofia Medieval comporta o período que é determinado entre os séculos V e XV. Sua correspondência histórica se deu com a Idade Média, que começou com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C., e foi até a tomada de Constantinopla, capital do Império Bizantino. Esse período ficou conhecido como Idade das Trevas, visto que se opôs à difusão de conhecimento existente no período anterior, o Renascimento, como desenvolve Franco Júnior (2001, p. 9-10): Admirador dos clássicos, o italiano Francesco Petrarca (1304-1374) já se referira ao período anterior como de tenebrae: nascia o mito historiográfico da Idade das Trevas. Em 1469, o bispo Giovanni Andrea, bibliotecário papal, falava em media tempestas, literalmente “tempo médio”, mas também com o sentido figurado de “flagelo”, “ruína”. A idéia enraizou-se quando em meados do século XVI Giorgio Vasari, numa obra biográfica de grandes artistas do seu tempo, popularizou o termo “Renascimento”. [...] De qualquer forma, o critério era inicialmente filológico. Opunha-se o século XVI, que buscava na sua produção literária utilizar o latim nos moldes clássicos, aos séculos anteriores, caracterizados por um latim “bárbaro”. A arte medieval, por fugir aos padrões clássicos, também era vista como grosseira, daí o grande pintor Rafael Sanzio (1483-1520) chamá-la de “gótica”, termo então sinônimo de “bárbara”. Na mesma linha, François Rabelais (1483-1553) falava da Idade Média como a “espessa noite gótica”. Nessa época, a cultura greco-romana é recuperada, e a igreja Católica tem uma forte influência sobre a produção de conhecimento. Sendo assim, a figura de Deus torna-se base para as explicações, e a filosofia leva em consideração as orientações teológicas da época. Um dos principais expoentes nesse período é Santo Agostinho, que viveu de 354 a 430 na Argélia. Para ele, era Deus que atuava na vida do homem, de modo que essa relação era considerada fundamental para compreender o comportamento humano e até mesmo outros fenômenos. Nesse sentido, Franco Júnior (2001, p. 145) enfatiza que “[...] é preciso lembrar que para ele as verdades da fé não podem ser demonstráveis pela razão, mas esta pode confirmar aquelas: ‘compreender para crer, crer para compreender’”. 5A história da filosofia Outro expoente é São Tomás de Aquino, que viveu de 1225 a 1274 na Itália. Ele retomou a escola aristotélica a partir de princípios do cristianismo. Este último é definido por Santos (2017, p. 139): Trata-se de Tomás de Aquino, inteligência única na história humana, um pensador que, além de demonstrar a compatibilidade entre as ideias de Aris- tóteles e a fé cristã, desenvolveu um sofisticado sistema racional que apresenta e demonstra, de forma racional, as mais profundas questões que envolvem o ser humano (ética, estética, lógica, etc) e sua respectiva relação com Deus (fé, salvação da alma, missão da Igreja, etc.). Para compreender a discussão sobre o conhecimento na Filosofia Medieval, recomenda- -se o filme “O nome da Rosa” (1986), de Jean-Jacques Annaud, que foi inspirado no livro de mesmo nome, de Umberto Eco. A Filosofia Moderna começa no século XV e vai até o século XVIII. Com a queda do Império Romano do Ocidente, o poder da igreja Católica diminuiu, e, então, a filosofia passa a valorizar a reflexão humana como partida do ra- ciocínio filosófico. Para aprofundar a discussão, Dias (2005, p. 87) afirma que: A modernidade, caracterizada como uma ordem pós-tradicional, ao romper com as práticas e preceitos preestabelecidos, enfatiza o cultivo das poten- cialidades individuais, oferecendo ao indivíduo uma identidade “móvel”, mutável. É, nesse sentido, que, na modernidade, o “eu” torna-se, cada vez mais, um projeto reflexivo, pois aonde não existe mais a referência da tradição, descortina-se, para o indivíduo, um mundo de diversidade, de possibilidades abertas, de escolhas. O indivíduo passa a ser responsável por si mesmo e o planejamento estratégico da vida assume especial importância. Logo, o homem ganha centralidade nas respostas das indagações da época, e as questões humanas passam a ser o centro de preocupações filosóficas. Assim, o homem não é mais passivo do mundo em que vive, pelo contrário, ele é agente do seu processo de existência e aos poucos vai se dando conta disso, como reforça Chauí (2000, p. 57): “[...] A realidade é um sistema de causalidades racionais rigorosas que podem ser conhecidas e transformadas pelo homem”. A história da filosofia6 sociais e visava à dialética para a transformação. Para Marx, é a contradição das próprias ideias que levam a novas ideias. Portanto, a proposição da dialética é de refletir acerca da realidade, e não mais de interpretá-la. Para aprofundar a discussão sobre a história da filosofia, recomenda-se a leitura de “O mundo de Sofia”, de Jostein Gaarder. De modo lúdico, o livro apresenta a protagonista Sofia e suas questões sobre o mundo. Por meio de cartas recebidas, ela aprende sobre o pensamento filosófico e faz novas perguntas inquietantes. Assim, a obra remonta a aspectos históricos do pensamento filosófico para compreendermos as particularidades de cada avanço na disciplina. Ao mesmo tempo, essa obra apresenta, de forma linear, as mudanças filosóficas e as transformações sociais da história do mundo, sendo um compilado essencial para quem pretende mergulhar na área da filosofia. Desenvolvimento do pensamento humano A partir da fi losofi a, podemos perceber que o pensamento humano passa por transformações tanto no sentido de negar ideias que antes eram consideradas corretas como de retomar conceitos e proposições antigas em novos contextos. Sendo assim, o que é considerado verdade é ressignifi cado com o passar do tempo, e o estudo da história da fi losofi a nos apresenta as características que são evidenciadas em cada período. Desse modo, a história da filosofia explicita uma sequência histórica do pensamento humano, mostrando questões relevantes em cada período histórico da sociedade Ocidental, como reforça Porta (2002, p. 25), [...] trata-se de ter opiniões sobre certos temas bem definidos e sustentá-las em algo diferente de uma convicção pessoal; mais ainda, o núcleo essencial da filosofia não é constituído de crenças tematicamente definidas e racionalmente fundadas, senão de problemas e soluções. Contudo, só podemos ter certeza da pertinência de “problemas e solu- ções” que marcam um período quando temos certo distanciamento sobre essa época, pois também estamos contaminados por diversas outras questões que julgamos pertinentes. 9A história da filosofia Ainda se deve levar em conta que os acontecimentos históricos são mar- cadores de mudanças de paradigmas, o que torna ainda mais importante compreender a história do homem e o desenvolvimento da sociedade. Assim, evidencia-se também que a filosofia se constitui como atributo humano, possibilitando tanto o acúmulo de saber como a reflexividade sobre esse saber. Nesse sentido, Chauí (2000, p. 13) explica que: As indagações filosóficas se realizam de modo sistemático. Que significa isso? Significa que a filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, busca encadeamentos lógicos entre os enunciados, opera por conceitos ou ideias obtidas por procedimentos de demonstração e prova, exige a fundamentação do que é enunciado e pensado. Somente assim a reflexão filosófica pode fazer com que nossa experiência cotidiana, nossas crenças e opiniões, alcancem uma visão crítica de si mesmas. Não se trata de dizer “eu acho que, mas de poder afirmar “eu penso que”. Nesse sentido, o estudo do pensamento humano nos permite compreender quais são as bases para as explicações das questões filosóficas e buscar novas soluções para problemas da sociedade. Contudo, para isso temos de partir de algum lugar, de alguma pergunta, de algo que nos intrigue, como a dúvida, assim como todos esses pensadores explicitados ao longo do capítulo o fizeram para iniciar suas reflexões. Como enfatiza Fernandes (1994, p. 341): “Parte-se da dúvida, fazem-se conjecturas e aplica-se o raciocínio explicativo causal. Chega-se assim a à ‘certeza’ possível”. Dessa forma, é preciso reconhecer nossa ignorância diante do mundo, a fim de que possamos construir conhecimento sobre ele. Chauí (2000, p. 111) também enfatiza uma questão relevante: Ignorar é não saber alguma coisa. A ignorância pode ser tão profunda que sequer a percebemos ou a sentimos, isto é, não sabemos que não sabemos, não sabemos que ignoramos. Em geral, o estado de ignorância se mantém em nós enquanto as crenças e opiniões que possuímos para viver e agir no mundo se conservam como eficazes e úteis, de modo que não temos nenhum motivo para duvidar delas, nenhum motivo para desconfiar delas e, consequentemente, achamos que sabemos tudo o que há para saber. [...] A incerteza é diferente da ignorância porque na incerteza, descobrimos que somos ignorantes, que nossas crenças e opiniões parecem não dar conta da realidade, que há falhas A história da filosofia10 naquilo em que acreditamos e que, durante muito tempo, nos serviu como referência para pensar e agir. Na incerteza não sabemos o que pensar, o que dizer ou o que fazer em certas situações ou diante de certas coisas, pessoas, fatos, etc. Temos dúvidas, ficamos cheios de perplexidade e somos tomados pela insegurança. No entanto, como manifestar essas questões, expor as dúvidas sobre o mundo e apresentar os problemas mais profundos que o ser humano espera resolver? Um desses meios seria a própria linguagem, pois é por meio dela que se dá a comunicação entre os homens e que se explicita o raciocínio lógico para desvendar questões que nos inquietam. Sobre a linguagem, Pokorski (2010, p. 97) afirma que: A linguagem é um meio pelo qual se comunica algo a outra pessoa. Essa co- municação pode ser expressa de várias formas. A mais utilizada é a linguagem verbal, ou seja, as palavras faladas ou escritas. A comunicação também se dá através da linguagem não verbal expressa em gestos, desenhos, músicas, pinturas, mímicas, silêncios, sonhos, etc. [...] A linguagem é um meio pelo qual se comunica algo a outra pessoa. Essa comunicação pode ser expressa de várias formas. A mais utilizada é a linguagem verbal, ou seja, as palavras faladas ou escritas. A comunicação também se dá através da linguagem não verbal expressa em gestos, desenhos, músicas, pinturas, mímicas, silêncios, sonhos, etc. Assim, entendemos a importância da linguagem para canalizar as nossas dúvidas, apresentar possibilidades de reflexões sobre elas e também construir conhecimento sobre o mundo. Chauí enfatiza que: “[...] para se relacionarem com o mundo e com os outros humanos, os homens devem valer-se de um outro instrumento – a linguagem – para persuadir os outros de suas próprias ideias e opiniões” (2000, p. 139). Um dos atributos da linguagem é que ela nos ajuda a encontrar a verdade, a expor nossas ideias e a chegar a conclusões sobre o mundo. Sendo o homem questionador sobre si e o mundo em que vive, cabe a ele desvendar o desenvolvimento humano por meio da linguagem e buscar novas verdades. Essa troca entre os seres humanos é fundamental, e o que é construído como saber pode ser acumulado como conhecimento não só para o homem que a descobriu, mas também para as gerações futuras. 11A história da filosofia Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: GlalH| Essefdiouus INTEGRADAS
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