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Fundamentos da evolução do comportamento resumo, Resumos de Etologia

Resumo do livro : Manual de Psicologia Evolucionista ( cápitulo - Fundamentos da Evolução do Comportamento)

Tipologia: Resumos

2023

À venda por 09/08/2023

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italo-sena-1 🇧🇷

7 documentos

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Baixe Fundamentos da evolução do comportamento resumo e outras Resumos em PDF para Etologia, somente na Docsity! Fundamentos da Evolução do Comportamento: resumo Páginas: 56 á 74 o Charles Darwin afirmou que deveríamos encontrar, na natureza, evidências de gradação para comportamentos complexos assim como para estruturas anatômicas. O estudo científico do comportamento animal como uma disciplina de perspectiva evolucionista só foi reconhecido em 1973, a partir do Prêmio Nobel de Medicina concedido a três grandes pesquisadores da Etologia: Karl von Frisch, Konrad Lorenz e Nikolaas Tinbergen (Alcock, 2001). A Etologia foi, portanto, a primeira disciplina a formalizar o estudo do comportamento sob a perspectiva da teoria evolucionista darwiniana. Niko Tinbergen, ao explicitar os objetivos e métodos da Etologia, afirmou que a compreensão ampla do comportamento, como de qualquer fenômeno biológico, envolve a resposta a quatro questões, ou problemas: causa imediata, desenvolvimento (ou ontogênese), história evolutiva (ou filogênese) e valor adaptativo. o O que é comportamento? considera-se que comportamento refere-se a respostas coordenadas por mecanismos internos ao organismo. Por essa perspectiva, padrões comportamentais observados são indicativos dos mecanismos cognitivos subjacentes. Expressão da atividade do sistema nervoso, o que inclui não apenas atividades motoras, mas também percepção, ativação hormonal, pensamentos e sentimentos. As quatro questões sobre comportamento:  Causa imediata: Podemos investigar quais motivos levam o indivíduo a comportar-se daquela maneira naquele momento particular. Qual a causa imediata ou proximal? A resposta a essa pergunta pode se basear no estudo de mecanismos fisiológicos envolvidos no processamento de um estímulo pelo sistema nervoso do indivíduo e na produção do comportamento. Por exemplo, a ajuda a uma pessoa que está em sofrimento pode ser causada por um mecanismo neural de empatia, que ativa as mesmas áreas cerebrais em um indivíduo que experimenta uma sensação e em indivíduos que o observam. Hormônios como a ocitocina e a vasopressina também afetam a probabilidade de exibição de comportamento altruísta, bem como os genes relacionados à modulação do sistema neural e neuroendócrino dopaminérgico- -ocitocina–vasopressina.  Ontogênese ou desenvolvimento: Podemos analisar quais fatores afetam o desenvolvimento do comportamento ao longo da vida daquele indivíduo. Como se dá a ontogênese daquele comportamento? Por exemplo, observam-se respostas empáticas em crianças muito pequenas, mas, a princípio, a ação resultante da ativação empática é o mimetismo das expressões (o choro de um bebê provoca o choro em outros bebês). Ao longo do desenvolvimento, a experiência altera a representação empática e ativam-se mecanismos inibidores que provocam a diminuição da imitação e aumento de ações apropriadas. Conforme salienta Hogan (2014), os mesmos fatores podem ser causas imediatas e causas ontogenéticas do comportamento, mas, no último caso, o que importa são os efeitos de longo prazo desses estímulos sobre o organismo.  História evolutiva ou filogênese: Podemos investigar qual a história evolutiva daquele comportamento. A resposta a essa pergunta envolve o estudo comparativo de outras espécies, de forma que possamos traçar o caminho evolutivo, ou filogênese, do comportamento. Quando estamos interessados em comportamento humano, a comparação é feita, principalmente, com primatas não humanos, especialmente os grandes símios (chimpanzés, bonobos, gorilas e orangotangos), que são as espécies mais próximas filogeneticamente. , há evidências experimentais e naturalísticas de um mecanismo empático em primatas não humanos.  Valor adaptativo: Finalmente, em relação ao valor adaptativo (survival value), podemos perguntar como aquele comportamento confere maior sobrevivência e sucesso reprodutivo aos indivíduos que o apresentam. A resposta a essa pergunta envolve investigar a utilidade presente daquele comportamento em termos reprodutivos, o que permite criar hipóteses sobre quais os processos seletivos subjacentes à história evolutiva daquele comportamento. Noção de aptidão reprodutiva abrangente (inclusive fitness), proposta por Hamilton (1964)- Hamilton mostrou que a evolução do altruísmo é possível se os indivíduos beneficiados pelo comportamento forem parentes do indivíduo altruísta, especialmente quando o número de descendentes indiretos (sobrinhos, irmãos), gerados pelo comportamento altruísta, supera o número de descendentes diretos (filhos) que deixaram de ser gerados em consequência do comportamento. adaptativos, que maximizam a aptidão. De acordo com as teorias Coevolução Gene Cultura e Construção de Nicho, considera-se que as profundas transformações culturais, incluindo construção de nicho, ocorridas na espécie humana após o desenvolvimento da agricultura, especialmente o aumento de densidade populacional promovendo encontros com um número muito maior de potenciais parceiros, pode ter aumentado a importância dos atributos físicos na seleção de parceiros, bem como a própria seletividade. As relações adaptativas entre comportamento e ambiente (isto é, plasticidade comportamental). Por exemplo, a condição nutricional da mãe durante a gravidez pode alterar a expressão de certos genes em vários tecidos, inclusive o cérebro, por metilação do DNA. Modificações epigenéticas podem ocorrer ao longo de várias fases do desenvolvimento, por influência de interação social. Em roedores, condições ambientais adversas, como a perturbação do ninho construído, podem levar a mãe a exibir formas de cuidado abusivo, como arrastar, derrubar ou mesmo pisotear os filhotes. A exposição prolongada ao cuidado abusivo leva a uma redução na expressão, no córtex pré-frontal de adultos, do gene BNDF (brain-derived neurotrophic fator), um efeito relacionado à exibição de comportamentos depressivos, como diminuição de comportamento social. Outros estudos revelam similaridade, em efeitos epigenéticos na expressão de genes receptores de glicocorticoides no hipocampo, entre roedores adultos que sofreram stress social na infância e humanos que sofreram formas de abuso na infância. Efeitos epigenéticos sobre comportamento podem ocorrer ao longo de todo o desenvolvimento, não apenas na infância. Por exemplo, o gene cuja expressão é diminuída no neocórtex de roedores em função de cuidado materno abusivo, sofre o mesmo efeito na vida adulta em função da submissão crônica a derrotas em disputas agonísticas com coespecíficos. Sachser e colaboradores ressaltam que, ao menos em roedores, a juventude também é um período significativo para plasticidade comportamental, permitindo correções se o ambiente for diferente daquele do desenvolvimento inicial. Dessa perspectiva, a plasticidade fenotípica evolui quando o ambiente da população varia entre gerações ou dentro de uma geração; quando a aptidão de diferentes fenótipos varia em diferentes ambientes, não existindo um único fenótipo com a maior aptidão em qualquer ambiente; e quando o ambiente provê estímulos consistentes que indicam qual fenótipo tem maior aptidão. A plasticidade fenotípica pode atuar sobre processos evolutivos, tanto limitando, quanto promovendo mudanças. Especialmente a plasticidade comportamental, por seu papel mediador da interação organismo- meio, ao permitir o ajuste rápido do organismo a mudanças ambientais, atuaria reduzindo o papel da seleção natural sobre genótipos. As teorias sobre a evolução da plasticidade comportamental têm se baseado no conceito de normas de reação, que se refere à resposta de um genótipo ao longo de uma gradiente contextual. Alterações na arquitetura do cérebro são relacionadas a diferenças comportamentais, neurais e genéticas. A variação fenotípica cortical é produto da relação entre esses morfogenes, os fatores de transcrição que regulam e os genes regulados por esses fatores. A perspectiva comparativa: A análise comparativa permite investigar o valor adaptativo de determinados mecanismos de tomada de decisão, por exemplo, quando se verificam diferenças em mecanismos comportamentais de duas espécies próximas, mas que divergem em sua ecologia, ou semelhanças em espécies distantes, mas que apresentam convergências ecológicas. Conclusões: O estudo da evolução do comportamento, incluindo a psicologia humana, deve seguir os princípios da Etologia e levar em conta as quatro perguntas propostas por Tinbergen; causa imediata, ontogênese, filogênese e valor adaptativo, ainda que seu escopo seja limitado a apenas um dos aspectos. Estudos comparativos incluindo espécies animais, especialmente outros primatas, são essenciais para a compreensão da evolução de nossas características. Além disso, uma perspectiva evolucionista para o estudo do comportamento compreende as características fenotípicas como fruto da interação entre genes e ambiente de desenvolvimento.
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