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Identidade da Mulher Brasileira, Manuais, Projetos, Pesquisas de Cultura

Artigo - Artigo

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2010

Compartilhado em 30/09/2010

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maria-do-socorro-baptista-barbosa-5 🇧🇷

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Baixe Identidade da Mulher Brasileira e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Cultura, somente na Docsity! UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – CCHL CURSO: LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA DISCIPLINA: HISTÓRIA DA CULTURA BRASILEIRA PROFESSOR: CLÁUDIO RODRIGUES DE MELO “MULHER BRASILEIRA EM PRIMEIRO LUGAR” – DISCURSO E PODER NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL DA MULHER BRASILEIRA MARIA DO SOCORRO BAPTISTA BARBOSA TERESINA, JULHO 2010 “MULHER BRASILEIRA EM PRIMEIRO LUGAR” – DISCURSO E PODER NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL DA MULHER BRASILEIRA1 Maria do Socorro Baptista Barbosa2 Agora chegou a vez, vou cantar Mulher brasileira em primeiro lugar Agora chegou a vez, vou cantar Mulher brasileira em primeiro lugar Benito de Paula O trecho da música popular “Mulher Brasileira”, do cantor e compositor Benito de Paula, enorme sucesso nos anos 70 do século XX, embora simples, carrega consigo uma pergunta: quem é essa mulher brasileira a quem se refere o poeta? Será que existe uma identidade única e concreta de ser uma “mulher brasileira”? Antecipando uma resposta negativa a essa pergunta, este artigo busca mostrar de que forma se dá a construção de uma identidade cultural da mulher brasileira, tentando, em primeiro lugar, apontar as múltiplas facetas dessa mulher que, entre dona de casa, profissional, mãe, esposa, filha, de diferentes etnias e classes sociais, continua a ter um papel secundário na construção de uma identidade cultural brasileira, na qual ainda predomina o masculino. Fora do Brasil, principalmente devido á grande divulgação das obras de Jorge Amado, a mulher brasileira é vista como sensual, atraente, sempre desejosa de sexo. Esse estereótipo fortalece-se por causa do Carnaval, quando mulheres belissímas participam do grande espetáculo do samba com pouca ou quase nenhuma roupa, sugerindo uma sexualidade à flor da pele. Essa imagem da mulher brasileira esconde a realidade dessa mesma mulher, nem sempre tão bela ou tão “apetitosa” como mostram os livros de Amado ou as fotos do carnaval. Que mulher é essa afinal? Partindo do princípio que o termo “mulher” opõe-se ao termo “homem”, e que é 1 Artigo escrito como requisito parcial para aprovação na disciplina História da Cultura Brasileira do Bloco II do Curso de Licenciatura Plena em História da Universidade Estadual do Piauí – Campus Poeta Torquato Neto. 2 Aluna do Bloco II do Curso de Licenciatura Plena em História da Universidade Estadual do Piauí – Campus Poeta Torquato Neto. tão diferentes? Uma parte da construção de identidade dessa mulher brasileira se dá constantemente no discurso, que, de acordo com Foucault (apud MAINGUENEAU, 1998), é o que constrói o sujeito. A formação discursiva seria, então, um conjunto de enunciados relacionados ao mesmo sistema de regras, historicamente determinadas. Para o filósofo francês, as coisas só passam a existir quando são construídas pela sociedade que as concebe através do discurso. Assim, a mulher se constitui a partir de uma construção discursiva que a coloca sempre como inferior, subalterna. Ainda segundo Foucault (1195, p. 244), o discurso pode ser entendido como manifestação de poder, que, na concepção do filósofo, se exerce pelos efeitos da palavra, através de disparidades econômicas, por mecanismos mais ou menos complexos de controle, por sistemas de vigilância, […], segundo regras explícitas ou não, permanentes ou modificáveis, com ou sem dispositivos materiais. Assim, a construção discursiva da mulher é uma das formas de se exercer poder sobre a mesma, controlando-lhe a vida, tirando-lhe toda e qualquer alternativa de independência, seja essa cultural, econômica, ou social. Essa imagem se constrói a partir dos textos literários ainda do período colonial, que sempre retrataram a mulher como submissa, obediente aos padrões culturais de sua época. Chegando aos textos do período imperial, vale a pena destacar Senhora, romance de José de Alencar publicado em 1875, no qual a personagem principal, Aurélia, é descrita como desafiadora, capaz de superar os preconceitos da época para realizar seus desejos. Entretanto, o texto alencarino encerra-se com a conformidade ao discurso do momento: Aurélia renuncia sua liberdade de opinião por amor a um homem, Fernando Seixas. Percebe-se assim que as normas sociais foram mais fortes, e a construção discursiva não pode fugir dessas normas. No romance realista o discurso de submissão da mulher permanece, e a imagem da mulher sensual, animalizada, aparece nos textos naturalistas como O Mulato e O Cortiço, de Aluízio de Azevedo, publicados respectivamente em 1881 e 1890, ambos bastante influenciados pela teoria do determinismo biológico. Na literatura modernista a imagem da mulher, ora submissa ora subversiva, raramente humana, se sustenta. E com as publicações de Jorge Amado, em especial Gabriela Cravo e Canela, de 1958, a imagem da mulher brasileira, em especial a nordestina, sempre desejosa de sexo e de agradar o masculino, surge e é difundida com muita força mundo afora, já que Amado teve seus livros traduzidos para diversos idiomas. O que vai de certa forma quebrar essa construção discursiva são os textos escritos por mulheres como Clarice Lispector, Cecília Meireles, Raquel de Queiroz, e outras mulheres que, sendo elas mesmas “vítimas” do discurso, o desconstroem e buscam mostrar a mulher mais próxima de nossa realidade. Retomando à pergunta do início, quem é a mulher brasileira? Qual é a identidade dessa mulher? Sabendo que não há uma resposta, optou-se por colocar imagens de diferentes mulheres em diferentes contextos, cada uma delas exercendo uma função conforme o momento e o local, todas brasileiras, nem todas seguindo o estereótipo firmado por Amado ou por imagens carnavalescas. REFERÊNCIAS BRASIL, Império do. Lei de 15 de outubro de 1987. Rio de Janeiro: Assembléia
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