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Guias e Dicas
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Identidade Feminina, Manuais, Projetos, Pesquisas de Engenharia Humana

Artigo sobre a Identidade feminina

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

Antes de 2010

Compartilhado em 01/11/2009

mona-lisa-silva-10
mona-lisa-silva-10 🇧🇷

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Baixe Identidade Feminina e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Engenharia Humana, somente na Docsity! CienteFico. Ano II, v. I, Salvador, agosto-dezembro 2002 Identidade Feminina: “Uma santa na rua e uma prostituta[1] na cama” Ana Bárbara Neves “Não me venha falar da malícia de toda mulher, Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Não me olhe como se a polícia andasse atrás de mim, Como pode querer que a mulher vá viver sem mentir.” (Caetano Veloso) No passado, a mulher era educada para ter poucas aspirações e muita resignação. Aceitar passivamente, silenciar e obedecer eram atitudes altamente reforçadas socialmente. As decisões familiares eram tomadas pelos homens da família e deveriam ser acatadas docilmente pelas mulheres. Esse padrão se estendia a grupos sociais mais amplos, como em questões políticas, econômicas, sociais e científicas. Cabia à mulher lidar apenas com as conseqüências das decisões masculinas sobre suas vidas. A segregação social e política a que as mulheres foram historicamente conduzidas tivera como conseqüência a sua ampla invisibilidade como sujeito, inclusive como sujeito da ciência (LOURO, 1997). Vivendo numa sociedade construída por homens – a partir das necessidades masculinas –, a mulher ocupou o lugar de mais um bem, uma posse do homem. Além disso, ela foi vista pela ciência como um desvio da regra que era o homem, ou como definiu Simone de Beauvoir, o segundo sexo. “Nesse sentido, a identidade feminina se explicitará em sua diferenciação em relação ao masculino” (CARNEIRO, 1988) E necessário ter cuidado com a generalização ou universalização das mulheres enquanto categoria de análise. Devemos lembrar que status/classe social e etnia também fazem parte da análise social e que, durante a escravatura, raça foi sinônimo de uma diferenciação estratificada tanto no âmbito social quanto no econômico, e ainda existem conseqüências desse processo. No passado, a mulher branca deveria ornamentar as casas, ser casta, respeitável e controlada o bastante para não ceder aos seus desejos. Segundo Affonso Sant’Anna, a mulher branca era, metaforicamente, uma flor e deveria ser um objeto para enfeitar a casa do homem (Sant’Anna, 1993). A mulher branca deveria ser pura, portanto, era ensinada a esconder o que fazia para ter prazer. Mais do que isso, aprendeu a esconder que tinha prazer – algumas mulheres aprenderam a esconder isso até de si mesmas. Já a mulher negra era, metaforicamente, um objeto para comer, uma fruta, ficava na cozinha e deveria dar prazer ao homem, seja na culinária ou sexualmente. Só que essa mulher não era adequada para ser mostrada socialmente, portanto, deveria ser escondida (Sant’Anna, 1993). Essa divisão foi uma das origens do que se chamava de mulher para casar e mulher para “transar”. A mulher para casar tinha as características da “mulher-flor”, enquanto que a mulher para “transar” tinha as características da “mulher-fruto”. É certo que em muitos países houve mudanças e, atualmente, a mulher participa mais de decisões, tanto no que se refere ao contexto familiar quanto em contextos sociais mais amplos, mas essas mudanças não foram totais.
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