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Guias e Dicas
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Identidades de Idosos Longevos: Significados Atribuídos a Ser Velho, Trabalhos de Desenvolvimento Humano

Psicologia da VelhiceCultura da VelhiceEstudos Sociais da Velhice

Uma pesquisa sobre as identidades de idosos longevos e os significados atribuídos à velhice pelos idosos entrevistados. Os idosos longevos reconhecem-se como envelhecidos, mas não se consideram velhos, e rejeitam a palavra 'velhos'. O documento discute as representações sociais negativas da velhice e as novas imagens positivas que emergiram, exploradas pelos idosos longevos. O autor também discute as transformações na sociedade contemporânea que permitiram a construção de uma identidade social positiva para as pessoas idosas.

O que você vai aprender

  • Quais são as novas imagens positivas da velhice exploradas pelos idosos longevos?
  • Quais são as representações sociais negativas da velhice?
  • Por que os idosos longevos rejeitam a palavra 'velhos'?
  • Quais são as implicações da negação da velhice para as pessoas idosas mais fragilizadas?

Tipologia: Trabalhos

2020

Compartilhado em 31/01/2020

maykon-marinho
maykon-marinho 🇧🇷

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Pré-visualização parcial do texto

Baixe Identidades de Idosos Longevos: Significados Atribuídos a Ser Velho e outras Trabalhos em PDF para Desenvolvimento Humano, somente na Docsity! DOI: http://dx.doi.org/10.18315/argumentum.v8i3.13693 146 Argum. (Vitória), v. 8, n. 3, p. 146-158, set./dez. 2016. Identidades de idosos longevos: significados atribuídos a ser velho Identities of the long-lived elderly: meanings attributed to being old Maykon dos Santos MARINHO1 Renato Novaes CHAVES2 Argemiro Ribeiro SOUZA FILHO3 Luciana Araújo dos REIS4 Resumo: O artigo tem por objetivo propor uma reflexão sobre o significado de ser velho, com o intuito de des- vendar mitos e desconstruir crenças que fornecem sustentação para o processo de exclusão e marginalização dos idosos longevos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com a utilização da técnica da história oral temática e do software NVivo para análise dos dados. Os idosos longevos entrevistados reconhecem-se como envelhecidos, mas não se consideram velhos, em razão disso, recusam o uso da palavra velhos (as) e se autonominam idosos (as). Assim, embora continue muito presente no imaginário social a ideia de decrepitude do sujeito velho, nos deparamos com novas imagens positivas da velhice em que os idosos longevos exploram novas identidades de um modo que era exclusivo dos idosos jovens e da juventude. Palavras-chaves: Identidade. Velhice. Envelhecimento. Longevidade. Capitalismo. Abstract: The article aims to reflect on the meaning of being old, to unravel myths and deconstruct beliefs that provide support for the process of exclusion and marginalization of the most long-lived elderly. This is a qualita- tive study using the technique of oral history and NVivo software for data analysis. Long-lived elderly respond- ents are recognized as aged, but do not consider themselves old, because of this there is the refusal to be termed as old but as elderly. Thus, while the idea of the decrepitude of the old guy is still very present in the social imag- ination, we face new positive images of old age in which the long-lived elderly explore new identities in a way that was unique to the young elderly and youth. Keywords: Identity. Old age. Aging. Longevity. Capitalism. Submetido em: 29/7/2016. Aceito em: 21/10/2016. 1Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade (PPGMLS) da Universi- dade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB, Itapetinga, Brasil). Praça Primavera, nº 40, Bairro Primavera, Itapetinga (BA), CEP. 45700-000. E-mail: <mayckon_ufba@hotmail.com>. 2 Docente da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Vitória da Conquista (BA) (FTCVC, Vitória da Conquista, Brasil). Rua Ubaldino Figueira, nº 212, Recreio, Vitória da Conquista (BA), CEP. 45020-230. E-mail: <rnc_novaes@hotmail.com>. 3 Docente da Faculdade Independente do Nordeste (FIN, Vitória da Conquista, Brasil). Av. Luís Eduardo Magalhães, nº 1035, Candeias, Vitória da Conquista (BA), CEP. 45055-420. E-mail: <arsouzafilho@gmail.com>. 4 Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Memória: Linguagem e Sociedade e do Curso de Fisioterapia do Departamento de Saúde 1, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB, Itapetinga, Brasil). Praça Primavera, nº 40, Bairro Primavera, Itapetinga (BA), CEP. 45700-000. E-mail: <lucianauesb@yahoo.com>. ARTIGO Maykon dos Santos MARINHO; Renato N. CHAVES; Argemiro R. SOUZA FILHO; Luciana Araújo dos REIS 147 Argum. (Vitória), v. 8, n. 3, p. 146-158, set./dez. 2016. Introdução As sociedades, em diferentes contextos históricos, sociais e culturais, atribuem significados específicos às etapas do curso de vida dos indivíduos: infância, juventude, maturidade e velhi- ce (DEBERT, 2013). Os conceitos de senilidade, velhice, velho e idoso também se manifestam de maneira distinta, carregados de sentidos e preconcepções particulares e, não raramente, de- preciativos para aquele(s) indivíduos ou agrupamentos sociais a que se vinculam (ARGIMON, et al., 2011). Portanto, o que interessa aqui é a demarcação de que as representações sociais da- queles sujeitos históricos que já viveram e experimentaram muito, os velhos, permeiam o imaginário social de forma pejorativa, perpetuando, assim, a ideia de decrepitude do sujeito idoso. Neste contexto, é preciso salientar que nem sempre o termo velho esteve associado à concep- ção prenhe de negatividades. De acordo com Peixoto (2013), até meados do século XX, as de- nominações velho e velhote serviam para designar pessoas com algum tipo de status social. Os significados depreciativos desses vocábulos teriam surgido junto com o desenvolvimento dos meios de produção capitalista e se incrustaram nas idades avançadas da vida, onde o ser social depreciava-se, tornava-se inválido para gerar ou produzir mais-valia (ROZENDO; JUSTO, 2011). Ser velho, à luz das relações capitalistas ocidentalizadas, passou a representar um conjunto de transformações que vão bastante além das esferas biológicas, posto que atingem diretamente e com muito impacto a própria constituição do ser social. O constructo societário do envelhe- cimento humano é, para uma parte dos estudiosos, deveras negativo (BOSI, 1998), uma vez que, a acepção de alguém que envelhecera está diretamente associada à estagnação econômi- co-social e cultural, seguida da decrepitude físico-intelectual e demais perdas que, não rara- mente, conduzem esses indivíduos ao isolamento do meio social, produtivo, e, por vezes, fa- miliar. Advém daí, a imagem negativa do (a) aposentado(a) (RODRIGUES; SOARES, 2006). No entanto, nas últimas décadas, as imagens associadas à velhice passaram por diversas trans- formações e novas possibilidades de nomeação, cuidado sociabilidade e lazer foram apresen- tadas à sociedade, o que deu à velhice maior visibilidade (CARMAGNANIS, 2016). De acordo com Goldenberg (2016), a velhice vem passando por mudanças que trazem uma perspectiva mais positiva. A antiga e rígida associação de velhice com incapacidades, doenças e fragilida- des já não corresponde à experiência de um número crescente de velhos. Embora o termo velho seja evitado pela literatura, na expectativa de ultrapassar a depreciativa ideia de alguém decadente, inativo e pouco útil sócio e intelectualmente (VIEIRA, 2012), Zimmerman (2007, p.10) afirma que o termo “[...] velho não é depreciativo, pelo contrário, depreciativo é substituir a palavra velho por eufemismos, como se ser velho fosse um defeito que devesse ser escondido. O que deve ser mudado não é a forma de se referir ao velho, mas sim a maneira de trata-lo”. Assim corroborando com a visão de Zimmerman (2007), Mirian Goldenberg publicou em 2016 o livro intitulado velho é lindo, “[...] para mostrar aos velhos de hoje e ao velhos de amanhã, que ‘velho está na moda!’; mais ainda que velho é lindo!” (GOL- DENBER, 2016). Envelhecer na e com a sociedade capitalista Identidades de idosos longevos 150 Argum. (Vitória), v. 8, n. 3, p. 146-158, set./dez. 2016. Foram utilizados dois instrumentos para a coleta de dados: um formulário semiestruturado, com questões de caracterização sociodemográfica dos idosos longevos e uma entrevista semi- estruturada com as sete questões voltadas para os significados atribuídos ao processo de enve- lhecimento, antes e após envelhecer. Transcorrida a transcrição integral das entrevistas, as informações foram analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo de Bardin (2011). Porém, devido à grande quantidade de in- formações utilizou-se o software de tratamento de dados qualitativos QSR NVivo®, versão 10.0, doravante escrito como NVivo. Ao fazer uso desse software, foi empregada a técnica Nuvem de Palavra, que é uma forma de visualização de dados linguísticos que mostra a frequência com que as palavras aparecem. As palavras aparecem com tamanhos e fontes de letras diferencia- das de acordo com as ocorrências das mesmas no texto analisado. O conjunto dessas palavras gera uma imagem e aquela que tem maior frequência aparece no centro da imagem e as de- mais em seu entorno, de modo decrescente. É importante ressaltar que as palavras como locu- ções adverbiais, preposições, artigos, assim como outros vocábulos sem relevância para a pes- quisa foram excluídas para a obtenção de um resultado sucinto (QRS INTERNACIONAL, 2014). Os princípios éticos foram observados, de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 466/2012, sendo o projeto submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pes- quisa da Faculdade Independe do Nordeste (FAINOR), com parecer de aprovação (Protocolo n° 759479). Os participantes deste estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclare- cido (TCLE) e com vistas a garantir o anonimato dos participantes e facilitar a compreensão do leitor foram atribuídos aleatoriamente nomes de flores aos idosos longevos, a saber: Cravo, Margarida, Camélia, Angélica, Rosa, Lírio, Hortência, Violeta, Girassol, Jasmim. Resultados e Discussão Segue abaixo a caracterização dos idosos longevos entrevistados, quanto a gênero, estado civil, número de filhos, escolaridade, profissões que exerciam antes da aposentadoria e o estado de saúde atual, com base em informações colhidas durante as entrevistas. Ao analisar os resultados obtidos no presente estudo, ficou evidente a maior participação de mulheres. Posto que dos dez participantes da pesquisa, oito pertenciam ao gênero feminino, o que corrobora os dados que têm evidenciado a predominância do gênero feminino em alcan- çarem mais facilmente a longevidade do que o masculino. Essa vantagem em relação à catego- ria feminina é coerente com o registro na literatura e decorre de diversos fatores, entre os quais a tendência do gênero feminino se cuidar mais e melhor, buscar assistência médica ou apoio social (SANTOS; MOREIRA; CERVENY, 2014). Em relação ao estado civil dos idosos longevos, os dois homens entrevistados são casados, e das oito mulheres entrevistadas, três são casadas, uma vive em união estável e quatro são viú- vas. Um dado interessante é que o gênero feminino por ser mais longevo, tende a viver a viuvez mais frequente que o masculino (IBGE, 2010). Em relação ao número de filhos, os idosos longevos em análise tiveram uma média de cinco filhos. Esses dados apontam para uma transição entre famílias extensas com grande número de filhos para famílias menores com um ou dois filhos por mulher na atualidade (IBGE, 2010). Maykon dos Santos MARINHO; Renato N. CHAVES; Argemiro R. SOUZA FILHO; Luciana Araújo dos REIS 151 Argum. (Vitória), v. 8, n. 3, p. 146-158, set./dez. 2016. Ao avaliar com quem o (a) idoso (a) longevo (a) reside, parte significativa da amostra, decla- rou morar com familiares: cinco vivem com seus cônjuges; três moram com parentes (filhos ou netos); e duas referem morar sozinhas e que esta opção se deu pela viuvez, ou pelo fato de os filhos morarem em outras cidades. Durante as narrativas, as idosas longevas afirmam pre- ferir viver sozinhas, o fato de ter a sua própria moradia, parece, lhes dar maior autonomia e mais liberdade. Esta preferência também foi constatada em pesquisas sobre idosos que moram sozinhos (SANTOS, et al., 2010). De acordo com Caradec (2016, p. 33), muito idosos valorizam forte- mente seu domicílio, pois é o local onde “[...] se sentem protegidas das pressões externas, é uma referência de identidade (o domicílio simboliza a pessoa e sua continuidade), de espaço (espaço familiar, intimamente apropriado, de uso fortemente enraizado nos hábitos corpo- rais) e de tempo (pois está carregado de lembranças)”. Em relação a profissões que exerceram, entre os entrevistados, um era comerciante; uma pro- fessora; uma costureira; uma doméstica; um policial; cinco eram donas de casa. Esses exem- plos de ocupações laborais constituíam o comportamento padrão no mundo do trabalho nas décadas de 1930, 1940 e 1950, especialmente em referência às brasileiras (BARROS, 2013). Im- porta registrar, que todos os participantes deste estudo encontram-se cobertos pela segurida- de social. Quanto ao grau de escolaridade, dos dez entrevistados, quatro eram analfabetos; quatro pos- suíam instrução escolar equivalente ao antigo Ensino Fundamental I; um tinha o equivalente ao Ensino Fundamental II e um o equivalente Ensino Médio. O baixo índice de educação for- mal dos idosos longevos entrevistados deve-se ao fato de que a maioria nasceu e viveu a in- fância em áreas rurais. Eles viveram em uma época que havia muita dificuldade de acesso às escolas, carência de escolas públicas, baixo poder aquisitivo e desvalorização da educação formal. Situações essas que, devido ao arraigado sistema patriarcal subjacente à sociedade brasileira até, pelo menos, a metade do século XX (FAORO, 1958), dificultaram sobremaneira a conquista da educação formal, principalmente para o gênero feminino (VASCONCELOS; SOUZA FILHO, 2001). Os idosos longevos, aqui pesquisados, acreditam ter boa saúde, pois têm autonomia e são in- dependentes funcionalmente. Entende-se como idoso independente funcionalmente aquele indivíduo que é capaz de realizar atividades da vida diária sem dificuldades. O grau de auto- nomia e independência apresenta-se, portanto, como aspecto importante na qualidade de vi- da das pessoas. Para Conceição (2010), autonomia e independência são conceitos interdepen- dentes e referem-se à forma como cada pessoa consegue conduzir sua própria vida. É conside- rada como autonomia a capacidade de tomar decisões e de executá-las, já independência rela- ciona-se com a conformação física, mental e social para realizar atividades cotidianas (MOU- RA; SOUZA, 2012). Na perspectiva de construção e afirmação de uma identidade social positiva do idoso(a), Mi- nayo e Coimbra Júnior (2002) afirmam que, do ponto de vista econômico, os idosos (especi- almente os mais ativos e independentes) representam um mercado promissor no mundo dos bens de consumo, da cultura, do lazer, da estética e dos serviços de saúde. Nessa direção, ga- rantir uma existência mais saudável ao idoso é admitir novas formas de pertencimento social Identidades de idosos longevos 152 Argum. (Vitória), v. 8, n. 3, p. 146-158, set./dez. 2016. que envolvem novas possibilidades de comunicação, de participação grupal ou, ainda, de rea- lizações de diferentes (ou novas) formas de lazer (MOURA; SOUZA, 2012). Os significados atribuídos a ser velho pelos idosos longevos pesquisados A partir da pergunta: o que é ser velho (a)? uma multiplicidade de significados perpassaram os discursos dos idosos longevos entrevistados. Neste quesito, em específico, os participantes narraram suas experiências nessa fase de sua vida, apontando uma diferenciação para os con- ceitos de ser idoso e de ser velho. O resultado gerado pela técnica nuvem de palavras (Figura 1) mostrou como palavras mais frequentes nos depoimentos dos idosos longevos: não, velho, sou, idosa, respectivamente. Figura 1. Nuvem de palavras gerada pelo NVivo com base nas narrativas dos idosos longevos. Fonte: Dados da pesquisa Narrativas sobre o envelhecer: memórias, vivências e identidades de idosos longevos. Vitória da Conquista, 2015. Percebe-se na nuvem de palavras que os termos em destaque não, velho, sou, idosa, estão re- lacionados com a negação dos idosos longevos em se considerarem como velhos(as), se auto- nomeando idosos(as). A recusa pelo uso do termo velho permite, portanto, afirmar que as re- presentações negativas relativas às pessoas consideradas velhas permeiam o imaginário social não somente dos idosos jovens (idade média de 65 anos), mas também dos idosos longevos. De acordo com Silva Sobrinho (2005), o que está subjacente a esses processos de negação de identidades recusadas são as relações de trabalho baseadas na exploração dos homens em ati- vidades produtoras de mercadorias que suga suas forças físicas e mentais. Quando o trabalha- dor chega em uma determinada idade, acaba afastado das suas atividades laborais, torna-se um aposentado, mais facilmente encontra-se sujeito à pecha de indivíduo não lucrativo, não Maykon dos Santos MARINHO; Renato N. CHAVES; Argemiro R. SOUZA FILHO; Luciana Araújo dos REIS 155 Argum. (Vitória), v. 8, n. 3, p. 146-158, set./dez. 2016. dos novos velhos. Assim, diante dessa perspectiva mais positiva da velhice, foi possível perce- ber que as concepções velho e idoso imbricam e dialogam o tempo todo, refletindo a diversi- dade e as múltiplas condições da velhice. Contudo, embora o vocábulo idoso seja utilizado para a valorização daqueles com bastante experiência cronológica de vida que se transformam, reinventam todos os dias e não abrem mão da própria autonomia, como se constatou neste estudo, é preciso ainda refletir sobre a dualidade velho/idoso, numa perspectiva de que o termo velho não sirva de rótulo, estigma e exclusão para aqueles idosos mais fragilizados, e favoreça um processo de negação da própria condição e mascaramento da velhice, pois como afirma Goldenberg (2016), é preciso mudar essa representação da imagem de velho, porque velho está na moda!; mais ainda, velho é lindo!. Assim, essa pesquisa evidencia sua relevância para que novos tratamentos e significados sejam construídos nas práticas profissionais, para que não haja generalizações sobre a velhice, sobre os termos velho/idoso e para que não reduzam esses sujeitos históricos-sociais a aspetos bio- lógicos. A conquista da longevidade abre-se para novas questões, e sendo assim, torna-se im- prescindível identificar as questões que o envelhecimento suscita e de que forma se enquadra no progresso das sociedades capitalistas, haja vista que a velhice é uma etapa deveras comple- xa da existência humana, inserida numa sociedade em constante transformação e que deve ser compreendida em seus aspectos econômicos, sociais, culturais e mesmo psicológicos. Referências ARGIMON, I. I. L. et al. Velhice e identidade: significações de mulheres idosas. Revista Kai- rós Gerontologia, São Paulo, v. 14, n.4, p.79-99, 2011. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/issue/view/8130>. Acesso em: 27 jan. 2015. BARDIN, L. Análise de conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2011. BARROS, M. M. L. testemunho de vida: um estudo antropológico de mulheres na velhice. In: BARROS, M. M. L. (Org.). Velhice ou terceira idade?: estudos antropológicos sobre identi- dade, memória e política. 4. ed. 3. reimp.. 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