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Indústria cultural da década de 1990: globalização das tribos, Teses (TCC) de Fundamentos de Moda

O presente artigo trata das ideias e conceitos associados às tendências em design, moda e cultura da década de 1990. Os anos noventa foram uma época mais que especial.

Tipologia: Teses (TCC)

2019

Compartilhado em 03/12/2019

MarianaFioroto
MarianaFioroto 🇧🇷

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Baixe Indústria cultural da década de 1990: globalização das tribos e outras Teses (TCC) em PDF para Fundamentos de Moda, somente na Docsity! FIOROTO, Mariana LIMA, Bianca Gurian de NETO, Augusto Vasconcelos Indústria Cultural da década de 1990: globalização das tribos Cultural Industry in the 1990s: globalization of the tribes Resumo O presente artigo trata das ideias e conceitos associados às tendências em design, moda e cultura da década de 1990. Os anos noventa foram uma época mais que especial. Muitas das coisas que vivenciamos hoje tiveram sua origem nessa década. A internet e a globalização são alguns exemplos. Abordamos inicialmente a tendência nihilista ao “vazio”, traduzido em visuais minimalistas. A “aldeia global” foi também uma das ideias veiculadas pela indústria do consumo como modo de homogeneizar os produtos destinados às diferentes tribos urbanas. A internet e a cybercultura ganham corpo e terminam por emprestar à década um manto de felicidade. Essa abordagem e pesquisa temática tem como objetivo a criação de 35 looks em moda. Tais criações deverão ser elaboradas com referência e inspiração direta em diversos visuais e elementos de estilo da década de 1990. Listamos todas essas questões dispersas e as costuramos através da constatação de que à parte das diferenças, o consumo foi o grande responsável por equalizar tudo o mais. Palavras chave: Indústria Cultural; Década de 1990; Masscult; Globalização; Design de moda. Abstract This article deals with the ideas and concepts associated with the trends in design, fashion and culture of the decade of 1990. The 1990s were an era more than special. Many of the things that we experience today had their origin in 2 this decade. Internet and globalization are some examples. At first, we discuss the nihilistic tendency to "the empty", translated into minimalist visuals. The "global village" was also one of the ideas in the consumer industry as a way to homogenize the products aimed at different urban tribes. Internet and cyberculture gain strength and give the decade a blanket of happiness. This approach and thematic research has as objective the creation of 35 fashionable looks. These creations will be developed with reference and direct inspiration to several visuals and 1990s style elements. All these scattered issues were listed and stitched through the realization that, differences aside, the consumption was largely responsible for equalize everything else. Keywords: Cultural Industry; 1990s; Masscult; Globalization; Fashion Design. Introdução As mudanças introduzidas pela década de 1990 no cenário cultural e ideológico são inegáveis. O século 21 não seria o que é hoje sem as questões levantadas pelos anos noventa. O atual paradigma da “sustentabilidade” nasce na década em questão, impulsionado por outro ideal: o da “globalização”. A pesquisa acadêmica em moda e design da época revelam todas essas questões. Esse artigo, a proposta da coleção e os croquis tem o objetivo de reunir as principais tendências e visuais da década e extrair algumas conclusões; além de apresentar as principais referências dos estilos predominantes da década em questão, trazendo-os para a moda de maneira atualizada. É curioso notar que os anos 1990 começam de um modo e terminam de outro. Com início sombrio, a década consagra as pantones cinzentas e a filosofia do desencanto pós-moderno. No entanto, ao final do período o espírito era outro. Houve uma brisa de esperança introduzida com as questões ecológicas e a busca pela paz nos conflitos políticos. Na moda as cores voltam e o colorido visual clubber se consagra. A pergunta que se faz é por que a década de 1990 oscilou entre estes dois pólos de tendências contraditórias? A hipótese mais óbvia seria dizer que tal 5 Cristiane Mesquita, explicando o homem ser dono do próprio corpo e como a multiplicidade de estilo levou “para um caminho, de certa forma, oposto: o desejo de anonimato, de indiferenciação.” (MESQUITA, 2004, p. 56). Desde os anos 1980, mas principalmente na década de 1990, [a Moda] zomba de si mesma. Nega suas próprias lógicas ou as características que a definem. Questiona seus próprios fundamentos. Explora, mais do que nunca, o paradoxo que carrega em si mesma. (MESQUITA, 2004, p. 38) Por fim, notou-se que o grande estímulo econômico ao consumo nos felizes anos dominados pela “era Clinton” (de Bill Clinton, presidente dos E.U.A à época) acabou por absorver o “vazio” como tendência. Empacotado para o consumo, o vazio perde um pouco de sua carga ideológica e filosófica, mas ganha expressão nos diversos meios da cultura de massa. Traduzida em visuais comerciais essa tendência ficou bem mais digerível, mesmo que sob uma aparência desoladora. O símbolo maior dessa “desolação” é a famosa fotografia de Kurt Cobain sentado no chão chorando copiosamente após um show da banda Nirvana. O que muitos interpretaram como despreparo do artista pop na verdade revelam um constrangedor sentimento geral. Mesmo um visual “clean” como os figurinos do filme Matrix eram a expressão melhor acabada e “higiênica” do uso das cores escuras e sombrias. Aldeia global A globalização em crescente escalada, principalmente pelo advento da internet, possibilitou o acesso e a relação com “mundos” antes desconhecidos pela maioria das pessoas. O individualismo apresentado anteriormente agora passa por um processo quase contraditório, com a formação de pequenos grupos característicos que começam a conhecer outros pequenos grupos também apresentando características próprias, porém, com ideais próximos, causando “um sentimento de pertença”, segundo o sociólogo MAFFESOLI (1995, p. 17). A Indústria Cultural muito tem relação com o apresentado, se fazendo presente em todos os aspectos da vida social, buscando instituir formas de diversão aos seus consumidores. Toda a cultura mass-midiática tornou-se uma formidável máquina comandada pela lei da renovação acelerada, do sucesso efêmero, da 6 sedução, da diferença marginal. A uma indústria cultural que se organiza sobre o princípio soberano da novidade corresponde um consumo excepcionalmente instável; mais que em toda parte reina aí a inconstância e a imprevisibilidade dos gostos. (LIPOVETSKY, 2009, p. 238) Lipovetsky define também cultura de massa: “a cultura de massa é uma cultura de consumo, inteiramente fabricada para o prazer imediato e a recreação do espírito, devendo-se sua sedução em parte à simplicidade que manifesta”. A cultura mass-midiática cresce nesse terreno, tem o poder de fazer esquecer o real, de entreabrir o campo ilimitado das projeções e identificações. Consumimos em espetáculo aquilo que a vida real nos recusa: sexo porque estamos frustrados, aventura porque nada de palpitante agita nossas existências no dia a dia; uma vasta literatura sociológica e filosófica desenvolveu à saciedade essa problemática da alienação e da compensação. (...) Por um lado a cultura de massa alimenta a vida; por outro, atrofia a vida. (LIPOVETSKY, 2009, p. 257-9) A Indústria Cultural – e cultura de massa - contribuiu para a exacerbada sede de consumo das pessoas. Rápida sensação de felicidade, inconstante e mutável. A explosão das tribos urbanas se relaciona com esse fenômeno de consumo coletivo transmutável. A transmutabilidade converteu uma coisa em outra na década de 1990. Resistências antiglobais acabaram sendo elas mesmas globalizadas. A coleção apresentada nos 35 looks também operou a tentativa de associar as referências visuais que traduziriam as novas transformações tecnológicas do período. Estampas associadas aos ícones e personagens de filmes, games, jogos e comerciais também foram importantes em nossas composições. Foi- nos muito atrativa as variações cromáticas de tecidos holográficos ou “furta-cor”. A atenção dada aos aspectos globais do novo consumo e a exigência à adoção do paradigma da “globalização” não apenas surtiu os efeitos esperados senão os inesperados também. A ideia de Aldeia Global não só estandartizou comportamentos e hábitos. A homogeneização dos padrões ao redor do mundo não apenas equalizou as coisas, mas também ressaltou a diferença. O diferente, o não- adaptável, o esquisito vieram à tona. Ao invés de serem planificados ou combatidos foram empacotados e vendidos junto com o produto “vazio”. As numerosas tribos 7 urbanas foram a “expressão da diferença” no interior do próprio consumo globalizado. Para compor a coleção o uso de tecidos holográficos torna-se indispensável, transmitindo a ideia futurista e cibernética da globalização, mixando com outros elementos de estilo expostos, concretizando assim o conceito de “Aldeia Global”. Sorria, você está sendo filmado No final da década, o visual passa a ser muito mais colorido, contrapondo-se ao início sóbrio. O discurso também muda. Agora fala-se em ecologia, esperança, felicidade e sucesso. Lipovetsky, em Felicidade paradoxal (LIPOVETSKY, 2007) conclui que a atual sociedade hiperconsumista deve criar formas de sustentabilidade, não sendo apenas destrutiva, mas também responsável. Ele analisa que o destino da sociedade seria a era do pós-hiperconsumismo, na qual o ecletismo da felicidade levaria a uma contínua produção de dilemas e à necessidade de reinventar a felicidade e a alegria de viver. O líder budista Dalai Lama ganhou projeção nos anos 1990 e escreveu o livro chamado A busca da felicidade. Nesse livro explica que todos os seres aspiram pela felicidade e tentam se afastar do sofrimento. Não é à toa que o budismo torna-se a partir daí o grande núcleo espiritual do lucro especulativo. Para interagir com o consumo neurótico e a cultura invasiva do espetáculo só o distanciamento budista revestiria esse panorama com uma aparente normalidade. Na década de 1990 surgiram os clubbers, frequentadores de danceterias e raves, com visual hipercolorido, extravagante e psicodélico, adoradores da música eletrônica (Techno), assim como os cybers. Tornam-se inspiração para a coleção onde serão usados seus principais elementos: cores vibrantes, holografia e personagens de cartoon, dando tons humorados para as roupas. Lipovetsky mais uma vez explica que o homem pós-moderno tem dificuldades em “cair na gargalhada”. Hoje em dia o cômico é bizarro e hiperbólico. (...) Não mais fingindo indiferença e distância, o humor de massa é provocante, tônico e
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