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Guias e Dicas
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Manifesto Comunista, Notas de estudo de Relações Internacionais

Manifesto Comunista

Tipologia: Notas de estudo

2014

Compartilhado em 28/09/2014

lohane-bandeira-1
lohane-bandeira-1 🇧🇷

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Baixe Manifesto Comunista e outras Notas de estudo em PDF para Relações Internacionais, somente na Docsity! diversas, já ultrapassada. Basta constatarmos o brutal desenvolumento da grande indústria nestes últimas vinte e cinco anos, com & correspondente avanço das organizações da classe cperária, transformando-se em partidos, em consequência, primeiro, da Revolução de Fevereiro, e mais particularmente, da Comuna de Paris, que pela primeira vez ensejou ao proletanado O eletivo exercicio do peder político durante dois meses. À Comuna evidenciou de modo particular que “não basta que a classe operária se aposse das estruluras do poder para colocá-las a serviço de seus próprios fins”. (Ver À Guerra Civil na França; Manifesto do Conselho Geral da Assuciação internacional dos Trabalhadores de 1871, ande essa idéia é mais desenvolvida). E além disto sem dúvida nenhuma, o examecritico da literatura socialista pouco avançou, pois data de 1847. Cremos também que -as observações feitas no capítulo IV sobre a posição dos Comunistas diante dos autros partidos de oposição são válidas ainda quanto a seus princípios, estando já desatualizados, no entanto, quanto à sua aplicação porque a situação política se modificou completamente e a processo histórico eliminou a grande maioria dos partidos ali mencionados. O manifesto, contudo, é um documento histórico que não pode mais sofrer alterações. Uma posterior edição, quem sabe, poderia ser entiquecida de uma introdução, que viesse a preencher o hiato existente de 1847 até nossos dias, Não a fizemos porque esta edição nos pegou de surpresa e não nos sobrou tempo para escrevôla. à. Prefácio à edição russa de 1882 A primeira tradução russa do M.P.€. foi feita por Bakunin em princípios dos anos 60, impressa na tipografia Kolokol numa época em que, aos olhos do Ocidente, uma tradução russa desse tipo de obra só podia significar, no máximo, curiosidade literária, coisa que não se pode mais dizer hoje em dia. Naquela época, por volta de 1847, o movimento operário era quase inexpressivo, como nos atesta o último capítulo do Manifesto: “Posição dos Comunistas diante dos diversos Partidos de Oposição” Nele não se fez sequer menção dos EUA e da URSS. Naquele tempo, à Russia era considerada como o último grande baluarte do conservadorismo europeu e os EUA, por sua parte, eramo receptor doexcedente da mão- de-obra da Europa, que para Iá imigrava. Eram estes dois países que abasteciam a Europa de matérias primas e conslituiam o mercado para absorver sua produção industrial, De forma que, na realidade, deste ou daquele jeito, eram eles que sustentavam o sistema social vigente na Europa Como estão mudadas as coisas! Foi precisamente graças a esta imigração que à agricultura norte-americana pôde ter um desenvolvimento tão espetacular e entrar em concorrência com à Europa, abalando, desta forma, os alicerces da grande c pequena propriedade rural européia. E ao mesmo tempo, no setor industrial, 05 imigrantes europeus possibilitaram aos EUA a exploração de seus imensos recursos com tal vigor e em tal magnitude que, em pouco tempo, desfariam o monopólio industrial da Europa Ocidental, .: particularmente o da Inglaterra, Estas duas circunstâncias vão ter suas : reperçuasões do ponto de vista revolucionário sobre a própria América do Norté. Progressivamente, à pequena e média propriedade rural, base o régime político fiorte-âmericano, vai 'cedendo diante da violenta -:: competição das fazendas gigantescas, i-tegiões -.b pela primeira vez, aglutina-se enorme massa proletária do lado de'úma fabulosa concentração de cápitais. enquanto, ab mesmo tempo; nas" ==" iÊ à 1 1 1 1 E na Rússia? Quando ocorreu a «evolução du 1848/49, os principes e à burguesia européia achavam que só a imervenção russa seria capaz de fazer frente am proletariado que despertava. O Czar toi elecado olider da reação européia, Hoje, ele 2ã0 passa, er Gáichina, de prisioneiro de querra da revolução e a Rússia encabeça o movimento revolucionário da Europa. Era objetivo do Manifesto Comunista prociamar o Jesaparecimento próximo e iremediável da moderna propriedade burguesa. Ocorre que, na Rússia, o florescimento acelerado da velhacaria capitalista e da propriedade burguesa em [ormação têma seu lado, os camponeses, possuinda em comum mais da metade da terra. É de se perguntar, então: a comunidade rural russa, uma forma naturalmente já debilitada da primitiva propriedade comum da terra, naderia transformar-se, de imedisto, em propriedade comunista? Qu, pelo contrário, deveria passar pelas fases de dissolução que caracterizam q desenvolvimento histórico observado no Ocidente? Com base nos dados que hoje temos à disposição para esta pergunta, só vejo uma resposta: na hipótese de a Revolução Russa significar tm sinal para a revolução proletária no Ocidente, de modo que uma complemente a outra, pode-se partir da atual propriedade comum da terra para uma evolução comunista. Prefácio à edição alemã de 1883 Infelizmente serei o único a assinar o prefácio da presente edição Marx, a quem toda a classe operária da Europa, como da América, tanto deve, descansa agora no cemitério de Highgate e sobre seu túmulo já viceja à primeira relva. Com seu desaparecimento, já não é mais possivel pensar-se-em refazer ou completar o Manitesto. Por esse motiva faz-se mais necessário do que nunca reafirmar expressamente o seguinte: O pensamento básico e fundamental do Manifesto pertence única « exclusivamente a Marx e assim se resume: — em qualquer época histórica, a produção econômica e a estrutura social, que dela necessariamente decorre, constituema chave da história politica e intelectual dessa época: — partanto, depois do desaparecimento do regime primitivo da propriedade comum de terra, a história tem sido a história da luta de classe, da luta entre explorados e exploradores, entre as classes dominadas e dominantes nas diversas etapas da evolução social; — a tal ponto chegou essa luta que a classe oprimida e explorada — o proletariado — não poderá mais libertar-se da classe que o explora e o oprime — a burguesia — sem libertar e para sempre, da exploração, da opressão e das lutas de classes, toda a sociedade. Esta declaração já a fiz inúmeras vezes, mas, agora mais do que nunca, faço questão de tornar isto bem claro no frontispício do Manifesto, . Friedrich Engels Prefácio à edição alemã de 1890. - Após o que acima deixamos escrito, além da clara necessidade de uma nova edição em alemão, vários fatos ocorreram é julgo oportuno « telembrálos aqui, 13 Em 1882, Vera Zasulich fez uma segunda tradução para 0 russa editada em Genebra, Marx e cita prefuciames. Infelizmente, perdeu se o manuscrito original alemão e daí ver-me obrigado a fazer uma tradução do russo para € alemão, o que invalida em parte o sequinte texto da versão russa: O Manisfesto do Partido Comunista em sua primeira edição um alemão foi traduzido para o russo por Bakunin e impresso na fipograiia Koloko: no começo dos anos 60, Aos olhos do Ocidente, naquela época a edição russa do Manifesto não passava de mera curiosidade literária, o use hoje em dia não se pode mais afirmar. Nada melhor para se compreender a insignificância do movimento operário por ocasião do aparecimento do Manifesto, janeiro de 1948, do que a última parte do mesmo “A posição dos comunistas em relação aos diversos Partidos de Oposição". Anão se menciona nem a Rússia, nem vs EUA, Era o tempo em que a Rússia era tida como último baluarte da reação européia e em que o processo imigratória para os EUA carreava para aquele país os excedentes de mão-de-obra da Europa. Tanto a Rússia como os EUA abasteciam a Europa de matérias primas e absorviam, em sentido inverso, seus produtos industriais. Dos dois pontos de vista, portanto, Rússia e EUA eram cs suportes da ardem social européia. Hoje, tuda isso mudou. O enorme desenvolvimento da agricultura norte-americana foi possivel, graças justamente à imigração européia. Pela concorrência dos EUA nesse setor, a pequena e a grande propriedade territorial da Europa estão abaladas em seuys alicerces. Simultaneamente puderam os EUA encetar, através dos imigrantes europeus, a exploração de suas enormes possibilidades industriais com tal vigor e em tais dimensões que logo, logo. porá fim ao monopólio industrial da Europa Ocidental, Do ponto de vista revolucionário, a mesma América é afetada por estes dois fatores. À pequena e média propriedade rural que constituem a base de sustentação do sistema politico americano vêm desaparecendo, dia a dia, por força da concorrência das fazendas gigantes, ao mesmo tempo que nas zonas de produção industrial formam-se, pela primeira vez, de um lado; um numeroso proletariado e do outro, uma concentração fabulosa de capitais. . Voltêmo-nos agora para a Rússia, Quando ocorreu a revolução de . 1848/49 as dinastias c as burguesias da Europa contavam com a intervenção russa como última esperança dé conter o proletariado que então pela primeira vez tomava consciência de sua força. O czar eratido :: coma. lidérda reação européia E 6 que é ele hoje; sensó UT Simples . Prisioneiro de guerra da revolução de Gátchina, e a Rússia espalma a 14 bandeira da revolução na Europa, ' vio ; i t JPLADORA da LCIIg O Manifesto Comunista se propunha proclamar em vias de desmoronamento inevitável o atual regime de propriedade burguesa. Constatamos, no entanto, que na Rússia, ao lado do desenvolvimento febricitante do capitalismo e da formação inicial da propriedade burguesa rural, mais da metade da terra pertence aos camponeses, em regime de propriedade comum Aqui cabe uma pergunta: — Seria viável transformar esta comunidade rural russa, que, ao nosso ver, é a primitiva forma de propriedade comum da terra, já deteriorada, em sistema comunista de propriedade rural, ou é necessário que passe antes por todo o processo de dissolução que verificamos ao longo da História do Ocidente? A única resposta possível hoje 6 à seguinte: Se à revolução russa tornar-se O sinal deflagrador da revolução operária no Ocidente, de modo que ambas se integrem, e complemeniem o atual sistema comunitário russo de posse da terra, talvez seja tomada como ponto de partida para a evolução comunista. Londres, 21 de janeiro de 1882 Na mesma ocasião, apareceu em Genebra nova versão em polonês: Manifest Kommunistyczny. Posteriormente, surgiu nova tradução dinamarquesa no Socialdemocratisk Bibliothek de Copenhague em 1885. Pena que não está completa. Alguns trechos importantes, que provavelmente estavam dando muito trabalho ao tradutor, foram simplesmente omitidos, além de alguns outros descuidos evidentes, que lamentamos, porque no todo a tradução revela um tradutor capaz de excelente trabalho, se se decidisse a fazêlo com capricha. ' Em 1886 uma nova tradução francesa aparece no “Le Socialiste de Paris”, que aliás, consideramos a melhor tradução até hoje. Uma versão espanhola calcada sobre esta última saiu publicada neste mesmo ano no “El Socialista de Madri” distribuida depois em opúsculo: “Manifesto del Partido Comunista por Karl Marx F. Engels”, Madri, Administración de El Socialiste, Herman Cortes, B. z À guisa de fato pitoresco, apraz-me contar que uma tradução espanhola foi apresentada a um eaitor em Constantinopla, O cara não teve coragem de publicar por causa do nome de Marx e Insinuou ao tradutor que se desse por autor da obra, O que ele honradamente não aceitou. : : “o : - & Na Inglaterra, todas as traduções feitas foram pouca exatas e duas, repetidamente -“reeditadas . até “que enfim, em 1888/“Uma versão -——alilêntica apareceu por méritos de meu amigo Samuel Moore, Nós dois a =vevisâmos juntos antes "de entregá-la à Editora, Intitula-sé Manifest of Comunist Party, .de Karl Marx e F, Engels, te dução inglesa 15 . com seu gigantismo a manufatura, gubsti indo a classe média industrial 20 modema criasse seu mercado mundial o qual, naturalmente provocou Já nos primórdios da história, pudemos constatar, por toda parte, a existência de uma nitida divisão da Sociedade em classes, obedecendo a uma gradativa variação nas condições de vida. Na antiga Roma encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos. Na Idade Média, senhores, vassalos, mestres, companheiros, servos. E dentro de cada uma destas classes constatamos ainda a existência de subdivisões sociais. A sociedade burquesa de nossos dias, que emergiu dos escombros do feudalismo, não eliminou os conflitos de classes. O que fez foiapenas substituir as antigas formas de luta por outras novas, com novas classes sociais « novos meios de opressão. O que, porém, caracteriza a nossa sociedade burguesa é a simplificação dos antagonismos sociais. A Sociedade toda vai se reduzindo paulatinamente a apenas dois grandes campos opostos, à duas grandes classes antagônicas: a burguesia e o proletariado. Dos servos da Idade Média provieram os burgueses privilegiados das cidades antigas. E destes primeiros burgueses descenderam, por sua vez, Os primeiros elementos da atual burguesia. Com a descoberta da América e a circunavegação da África abriram-se para à burguesia, em ascensão, novas possibilidades. A Índia e a China, com vastos mercados, a América em processo de colonização, o ativo comércio das colônias, a evolução fantástica dos mecanismos de troca e o aumento das mercadorias, em geral, são os fatores que determinaram o desenvolvimento jamais antes verificado, do comércio, da navegação, da indústria, acarretando consequentemente a aceleração do processo revolucionário no beja da já combalida sociedade leudal. O feudalismo com sua produção industrial circunscrita a grupos monopolísticos fechados, já não podia atender à crescente demanda dos novos mercados. À produção manufatureira ocupou seu lugar. E os mestres das corporações foram substituldos pela pequena burguesia industrial e a divisão do trabalho, no interior mesmo das fábricas. Os mercados, porém continuavam expandindose e a demanda aumentando sem parar, O próprio processo manufatureiro já estava obsoleto. Foi então que surgiram o vapor e a máquina revolucionando todo o sistema de produção industrial, ; « Entramos ássim na era da indústria moderna que vem suplantar constituindo o que. chamamos, de, burguesia mederna. lescoberta da América propiciou terreno 'para que à indústria, um prodigiosa desenvolvimento do comércio, da navegação e dos meios de comunicação. Isto redundou numa ampliação ainda maior da indústria, À medida que assim se desenvolviam a indústria, o comércio, a navegação e as ferrovias, crescia a burguesia, multiplicando-se a capital e relegando a plano inferior as classes provindas da Idade Média, Constatamos, portanto, que a burguesia de hoje é o resultado de um longo processo de desenvolvimento e de uma.série de revoluções nos sistemas de produção e de troca. Cada etapa na formação histórica da burguesia vinha acompanhada de um processo político correspondente: a classe oprimida pelo feudalisma despótico se organiza em associação armada e autônoma ha Comuna; aqui, república urbana independente (como na Itália e na Alemanha), ali, terceiro estado, tributário da monarquia, (coma na França).Mais tarde, já no período manufatureiro, como contrapeso à nobreza, sustentando a monarquia semifeudal ou absoluta, pedra angular das grandes monarquias, a burguesia, como estabelecimento da indústria modema e do mercado mundial, conquistou finalmente a soberania política no Estado representativo moderno. Neste regime o governo do Estado não & senão um comitê para gerir os interesses comuns de toda a burguesia. Não resta dúvida de que a burguesia, historicamente, desempenhou um papel proeminentemente revolucionário. Onde quer que conquistasse o Poder, ela dissolvia todas as relações feudais, patriarcais e idílicas. Os vários laços que prendiam o homem feudal a seus "superiores naturais" foram Impledosamente despedaçados, para subsistir apenas o laço frio do interesse, o insenslvel “pagamento à vista” nas relações de homem para homem. Os fervares sagrados do êxtase religioso desapareceram nas águas geladas do cálculo egolsta, À burguesia fez da probidade pessoal um simples valor de troca e, em nome das diferentes liberdades conquistadas com tanto esforço, estabeleceu a implacável liberdade do comércio. Ou melhor, substituiu a exploração,camuílada de ilusões religiosas e políticas, pela exploração aberta, cínica, direta e brutal, A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades consideradas até então respeitáveis e veneráveis. Transformou o médico, o jurista, O padre, o poeta, o hamem de ciência em trabalhadores assalariados. A burguesia arrancou o véu sentimental que envolvia asfelações de rnília, reduzindoas à simples relações monetárias; «meios de produç! o e, portanto, as relações de produção e, com elas, tedos, as, pede existir se constantemente. revolucionar os . lações sociais. A preservação do antiga modo de produção 21 .. Y TITE ren e setar mesma constituía, ao contrário, a condição prioritária da existência de todas as classes industriais anteriores. A subversão continua da produção, b constante abalo de todo a sistema social, a permanente agitação & insegurança distinguem a época burguesa de todas as precedentes. Suprimem-se todas as relações estáveis, cristalizadas, com seu cortejo de preconceitos, de idéias secularmente veneradas; lodas as novas relações tornam-se superadas antes mesmo ce se estabelecerem. O que parecia sólido, desaparece; o que era sagrado é prolanado, e finalmente, os homens são obrigados a encarar, com serenidade, suas condições de vida e suas relações recíprocas. A necessidade de expansão constante do mercado impele a burguesia à estender-se por todo o globo. Necessita estabelecer-se em toda parte, explorar em toda parte, criar vínculos em foda parte. A burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao consumo, em todos os países, por meio da exploração do mercado mundial, E para desespero dos reacionários, ela retirou da indústria sua base nacional, As velhas indjstrias nacionais foram destruídas e continuam a sê-lo dia-a-dia. Em seu lugar surgem novas indústrias, como 1 necessidade imperativa para a sobrevivência das nações civilizadas, cujas matérias primas já não são mais as próprias dos referidos países, mas, provêm das mais longinquas regiões. São indústrias não apenas para consumo interno de cada país, mas, para abastecer todas as partes 1 do mundo. As antigas necessidades que eram atendidas pela produção nacional cedem lugar a novas necessidades, que só podem ser satisfeitas mediante produtos oriundos das mais diversas e distantes regiões e climas. As autosuliciências nacionais e os consequentes v isolamentos locais de antigamente desapareceram para dar lugar, por í toda parte, a um intercâmbio e interdependência universais. É um fenômeno que abarca a produção tanto material quanto intelectual. A produção intelectual de um país tornou-se propriedade comum a todos os outros. Já não é mais possivel ater-se aos limites únicos e exclusivos de cada país; a literatura universal emerge assim da confluência das inúmeras literaturas nacionais e locais. Graças ao vertiginoso desenvolvimento dos meios de produção e às . facilidades incriveis dos meios de comunicação, à burguesia consegue no atrair irresistivelmente todas as nações, mesmo as mais atrasadas, para ! seu modelo de civilização. Sua mercadoria barata constitui sua arma submeter os bárbaros mais arredios no domínio estrangeiro. Com mão. sob pena de desaparecere: mais poderosa, capaz de destruir até.as muralhas da China e de . férrea; obriga todas 'as nações a “adotarem um modo burguês da : eitarem; forçaas doscomércio outra não. é. senão: O sistema burguês sujeitou o campo à cidade. Gerou aglamerados urbanos descomunais, multiplicando desmesuradamente à população das cidades com o esvaziamento dos campos e, assim, libertou da rudeza da vida rural parte considerável de sua população. Assim como submeteu o campo à cidade, os países atrasados ou pouco evoluidos aos civilizados, subordinou os povos agrícolas aos povos burgueses, o Oriente ao Ocidente, ; A burguesia elimina de forma cada vez mais crescentea disparidade da população, dos meios de produção e de propriedade. Criou aglomerados humanos, impôs a centralização de meios de produção e concentrou em mãos de poucos à propriedade. Decorrência natural disso foi a centralização política. Regiões independentes, interligadas apenas por frágeis compromissos federativos, tendo interesses, leis, governos, sistemas taritários bem diferentes, foram reduzidas a uma só nação, sob um só governo, um mesmo código jurídico, e um só interesse de classe é um só sistema alfandegório. Com apenas um século de existência, a burguesia foi capaz de gerar forças produtivas mais variadas e potentes do que todas as gerações precedentes juntas em conjunto. O inteiro controle das forças naturais pelo homem, a maquinária, a vasta utilização da química para fins industriais e agrícolas, o emprego do vapor para a navegação, as ferrovias, a telegrafia, a exploração de continentes inteiros, à retificação de rios, o surgimento, como por encanto, de populações inteiras — quem poderia suspeitar, em séculos anteriores, à existência de tamanha força produtiva, como potencial do trabalho social? Verificamos, pois, que os meios de produção e troca que são a base de sustentação da burguesia provieram do, sistema feudal. Num determinado estágio de desenvolvimento, os meios de produção e troca da sociedade feudal, tanto nos setores agrícolas e da indústria manufatureira como no seu regime de propriedade, evidenciaram-se inadequados ao maior e mais pleno desempenho das forças produtivas. Constitulam sérios entraves à produção em vez de estimulá-la, devendo, pois, serem eliminados, e o foram. = Surgiu, então; a livre-concorrência com organização sócio-política própria, sob o predomínio econômico e político da burguesia, + Hoje ocorre processo semelhante. O sistema burguês de produção, de troca e de propriedade da sociedade modema lembra um feiticeiro tjue já não consegue controlar os poderes infernais desençadeados por as palavras mágicas. Faz mials de dez anos quea históriada indústria e “at história". das forças produtivas. . Dane erram ini optarem pelo que ela chama de civilização, ou, em outras palavras, a se - po odemas a se 'rebelarem contra otaiual sistema. de produção e de aburguesarem. Em suma, visa formar 6 mundo à sua imagem e .. propriedade que garantem a dominaçãdda burguesia. Básta lembrar LT o - qui comerciais, que se tôrmam cada vez mais freqlentes, 23 pondo emrisco, cada vez mais, a sociedade burguesa. Cada crise destrói não apenas grande quantidade de produtos já fabricados, coma também parte considerável das mesmas forças produtivas desenvolvidas. “Itrompe uma epidemia que, em outra época, poderia parecer um. parece retroceder a um súbito estágio de barbárie; como se a fome ou uma espécie de aniquilamento total da indústria e do comércio, Por quê? Porque a sociedade já dispõe em excesso de civilização, de meios de subsisiência, de indústria, de comércio, As forças produtivas criadas não mais favorecem as condições da propriedade burguesa, muito pela contrário, tornaram-se poderosas demais a ponto de se constitulremem sérios entraves a esse tipo de propriedade , pondo em risco à sociedade inteira e a existência da propriedade burguesa. O sistema burguês é limitado demais para poder abarcar suas próprias riquezas. De que destruindo violentamente grande quantidade das forças produtivas; por extensão e em destruição, diminuindo ainda mais as possibilidades de evitálas. coitada .. As próprias armas que a burguesia usou para abater o feudalismo se voltam contra ela mesma. A burguesia não só fabricou armas que representam sua morte, coma produziu também os homens que manejarão essas armas — a operariado moderno — os proletários. E a proletariado se desenvolve em ritmo paralelo ao desenvolvimento da burguesia. Essa classe de operários modernos só pode viver se houver trabalho para cles e só encontram trabalho na proporção em que a burguesia aumenta o capital. Esses operários, obrigados a se venderem diariamente, transformam-se em mercadoria e artigo de comércio e por isso sujeitos a todos os tramites da concorrência, a todas as oscilações de mercado. A utilização cada vez mais intensiva das máquinas e a.divisão do - trabalho despojando o trabalho do operário de sua dimensão pessoal, eliminaram toda a atração que o trabalho exercia. O produtor passou à ser um apêndice da máquina -e4'se exigindo -dele a operação mais simples, mais monótona e de mais fácil aprendizagem. Assim, o custo de produção de Um operário fica meios de subsistência, necessári outra parte, O preço da mercadoria é fgual e medida-que -sumenta "o" caráter Entadonho do trabalho, o salário é + 24 diminuído, Mais ainda: com o desenvolvimento tecnológico e da divisão o '| fusudaro (absurdo), a epidemia da sui rprodução. De repente, a coc e PrOCuç uma guerra universal exterminasse todos os meios de subsistência, com I | maneira a burguesia consegue vencer essas crises? Por um lado, | Outra parte, conquistando novos mercados e explorando cada vez mais ; os antigos. Tudo isto só prepara crises de maiores proporções em 1 itado quase que exclusivamente aos “para viverie perpetuar a raça; Por * usto de produção. Logo,à |. 1 da trabalho avoluma-se a quantidade de trabalho quer pelo aumento de horas de serviço, quer pelo aumento do trabalho requisitado em um determinado tempo, quer ainda pela aperfeiçoamento crescente das máguinas, etc. t À indústria moderna transformou a pequena oficina do antigo mestre do sistema patriarcal na grande fábrica do capitalista industrial. À multidão de operários, aglomerados nas fábricas, é similar a uma organização militar. Como soldados da indústria estão sob controle de uma hierarquia de oficiais e suboficiais. Passam a ser escravos i exclusivos da classe burguesa, e a cada hora do dia, escravos da máquina e sobretudo do próprio dano da fábrica. E esse despotismo é tão baixo, odioso e revoltante quanto maior é a sinceridade com que se fala do lucro como seu objetivo e sua finalidade. Quanda o trabalha dos homens exigir menos habilidade e força, ele é suplantado pelo das mulheres e das crianças, isto é o desenvolvimento da indústria moderna, As diferenças de idade e de sexo não têm importância social para a classe operária. Todos são apenas instrumentos de trabalho, variando o preço conforme a idade e O sexo. Quando o operário é explorado pelo fabricante e recebe em dinheiro, o seu salário, torna-se fácil presa de outros membros da burguesia, do proprietário, do varejista, do usurário, etc. A classe média baixa, os pequenos industriais, os pequenos comerciantes e pessoas com renda, artesãos e camponeses, vão caindo, “aos poucos, no proletariado; alguns porque seu baixo capital não lhes permite empregar os processos das grandes indústrias; outros porque sua habilidade profissional é desvalorizada pelos novos métodos de produção, Assim, é 0 recrutamento do proletariado em todas as classes da população, O proletariado vai passando por diferentes fases de desenvolvimento, Desde que nasce começa sua luta contra a burguesia, Essa luta é assumida, inicialmente, por operários isolados, depois por operários de uma mesma fábrica, de uma mesma localidade contra o * burguês que os explora diretamente. Eles não se contentam em atacar apenas as relações burguesas de produção, mas atacam os próprios : meios de produção; destráem mercadorias estrangeiras que lhes fazem “concorrência, quebram “máquinas, queimam fábricas e lutam por “- reconquistar à posição pérdida'do artesão da Idade Média. - «Enquanto isso, o proletariado ainda conslitui uma massa amorfa, ;espalháda por t ficorrência, Se Os operários sa fase, os Proleii t «de! seus inimigos, os restosda monarquia 25 . 30 alguma nos propomos abolir O comunismo se caracteriza pela abolição da propriedade burguesa e não pela abolição da propriedade em geral. O atual sistema de propriedade particular, a propriedade burguesa, é a expressão mais acabada du modo de produção e de apropriação, com base nos antagonismos de classes, na exploração da maioria por uma minoria. . É por isso que os comunistas costumam sintetizar sua teoria numa só frase: abolição da propriedade particular. Acusam-nos a nós comunistas de pretendermos suprimir a propriedade individual, alcançada através do trabalho da individuo e que constitui a base das liberdades pessoais, de toda a atividade e independência pessoal A propriedade particular, expressão de trabalho e de mérito! Trata se da propriedade do pequeno burguês e do camponês, tal como existia ne regime feudal? Não é preciso aboli-la, pois a evolução da indústria já a destruiu quase lotalmente e continua a destruí-la todos os dias. Ou se trata do atual regime de propriedade burguesa? Será que o trabalho assalariado cria propriedade para o trabalhador? De forma nenhuma. O que ele produz é o capital, ou por outra, um regime de propriedade em que o trabalhador é explorado e que só pode desenvolver na medida em que cria novo trabalho assalariado a fim de continuar à explorá-lo, O tipo de propriedade hoje existente resulta do antagonismo entre capital e trabalha assalariado. Vejamos bem o que significa cada um destes dois termos. Ser capitalista não quer dizer apenas ter uma posição individual na produção, mas, desempenhar uma função social. O capital é o resultado de uma ação coletiva: só existe graças aos esforços conjugados de muitas parcelas da sociedade ou, em última análise, graças aos esforços conjugados de todos os membros da sociedade. Portanto, deve-se tomar o capital como uma força social e não pessoal, Quando, pois, o capital passa a ser propriedade comum ou, por outra, propriedade de todos os membros da sociedade, não se trata de uma propriedade pessoal que se translorma em social. O que ocorre é apenas a mudança do caráter si vinculação de classe.” lt simeniis - Examinemos agora o trabalho assolariado= - “O preço tr r mínimo, que corresponde .& Somá, dos-mélos: necessários -A-Sua subsistência para que 00) io possa sustentar-se a nível de operário. : Em outras palaúras, O que à trabalho lraz ao bperário é o estritamente “suficiente para” que ele consejve'eifeproduza-a-sua vida: De forma cial da propriedade, que perde sua. dio "que se paga ao trabalhador assalariado é o salário iste tipo de apropriação pessoa] 04 produtos do trabalho, imprescindível para a manutenção e reprodução da vida humana, pois nada sobra dessa apropriação como lucro disponivel que justifique a apropriação do trabaiho alheio. O que pretendemos eliminar é o caráter degradante dessa apropriação, que Obriga o operário a viver exclusivamente para ampliar 0 Capital e em função dos mteresses da classe dominante. No sistema burguês, o trabalho vivo destina-se a aumentar o tra Balho acumulado, No sistema comunista, o trabalho acumulado se ee uma farma de ampliar, de enriquecer, de promover a vida do Podemos dizer que, na sociedade burguesa, o presente está dominado pelo passado; já na sociedade comunista dá-se O inverso: o Presente domina 0 passado. Para os burgueses, o capital tindepencdente e tem função individual. Enquanto a pessoa é dependente e nã i individualidade própria. E dizer que os burgueses encaram a supressão desse estado de + Coisas como supressão da individualidade e da liberdade! Não resta . Súvida, trata-se da abolição da individualidade burguesa, da independência burguesa e da liberdade burguesa. , No modo de produção burguesa que hoje existe, liberdade Significa liberdade de comércio, liberdade de comprar e vender, Mas, com o desaparecimento do tráfico, desaparece também a liberdade de comprar e vender. Todas as expressões referentes à liberdade de comércio, como todas as divagações da burguesia sobre o tema “liberdade” só são compreendidas, se nos estivermos referindo so comércio estritamente dito e aos burgueses da Idade Média; não significam nada quando se coloca a questão da abolição do tráfico sob o ponto de vista comunista, que é abolir é modo burguês de produção e suprimir a própria burguesia, Causa-nos horror falarmos em abolir a propriedade privada. Mas a propriedade privada na atual sociedade já está abolida para nove décimos da população. Se ela ainda existe para um grúpo reduzido é Justamente porque deixou de existir para esses nove décimos, Portanto, 2: Vossa acusação contra nós é a de nos propormos abolir Uma forma de propriedade que, pará subsistir, tem de privar a imenga maioria da O possui as:liberda ic Bi trangform : a e 30 falares de indivie ! 1 ———— t> reterir-vos exclusivamente ao burguês, ao proprietário burguês. Este tipo de individuo deve ser realmente eliminado. O comunismo não pretende privar ninguém do direito de se : apropriar da parte que lhe cabe dos produtos sociais, apenas não admite que o trabalho de outrem possa ser escravizado por meio dessa apropriação. Argumenta-se ainda que, uma vez desaparecida a propriedade privada, com ela desaparecia também toda e qualquer atividade e o mundo seria tomado por uma inércia geral. Se assim fosse, não seria de hoje que a sociedade burguesa teria sucumbido à ociosidade, pois, neste : regime, quem trabalha, nada lucra e Os que lucram não trabalham. Todas estas objeções recaem no óbvio: a trabalho assalariado deixará de existir, quando o capital também deixar de existir. As mesmas acusações, que se fazem aa modo comunista de 1 produção e de apropriação dos bens materiais, se repetem, sem modificação, contra a produção e apropriação dos bens culturais. Parao burguês, o desaparecimento da propriedade privada significa a impossibilidade de toda e qualquer produção; de igual forma, julga que desaparecendo sua cultura de classe já não poderá mais haver qualquer outro tipo de cultura. Não há possibilidade de discussão entre nós sobre à abolição da propriedade privada, se vos mantiverdes alerrados às vossas noções burguesas de liberdade, cultura, direito, etc. Vossos conceitos são frutos, eles também, das relações de produção e de propriedade burguesas, como vosso sistema jurídico outra coisa não é senão as vontades de vossa classe impostas como lei, vontades que refletem as condições materiais dentro das quais viveis coma classe, ' Esta concepção oriunda de vossos interesses que vos leva a erigir “ em leis imutáveis da natureza e da razão, as relações sociais decorrentes do vosso atual modo de produção e de propriedade — relações históricas que emergem e desaparecem no decorrer da produção — são idênticas às adotadas por todas as classes dominantes que vos antecederam. O qué açeitais nitidamente no' modo de produção da antiguidade, e o que também aceitais, sem discussão, no sistema de : propriedade feudal é claro que não podeis aceitar sem mais comrelação -, 1: - à vossa forma de propriedade biirguesa. : Abolição dá: familia!" Mésmo os mais radicais se enchem de a “Indignação ao Guvirem proposta tão infamé dos comunistas. Sobre que se basela hoj'a família, a atual família burguesa? Sobre o é sobre o ganho individual/A familia perteita só se encontra'na “mas em contrapartida, exige a supressão da família operária é ; igém à prostituição. E Naturalmente, à familia burguesa Se des! o lgilosa, deseprecerá. de seus complementos e ambas, com o desaparecimento do capital. Outra acusação que nos lazeis é a de querermos acabar com a exploração que os pais fazem de seus próprios filhos. Esse crime nés o confessamos. Acrescentais que assim estamos destruindo a mais sublime das relações, ao propormos a educação social em lugar da educação doméstica. . Perguntamos se vossa educação não é ela também social, condicionada pela siluação social, dentro da qual educais vossos filhos, pelo dirigismo direto ou indireto, da sociedade, através de escolas e outros meios? Não foram os comunistas que inventaram a intervenção da sociedade na educação; o que eles pretendem apenas é mudar a natureza dessa intervenção, subtraindo-a' às influências da classe dominante. A exaltação que a burguesia faz da família e da educação, do relacionamento entre pais e filhos torna-se ridícula, dia a dia, mais ridículo e repugnante, sob a ação demolidora do processo industrial moderno: os-laços lamiliares das famílias operárias são desfeitos e seus tilhos, reduzidos a simples objeto de comércio, a simples instrumentos de trabalho. Mas, “vós, comunistas, quereis instituir a ' comunidade de mulheres!" clama em coro toda a burguesia, O homem burguês tem em sua mulher um mero instrumento de produção. Ao ouvir falar que os instrumentos de produção serão de propriedade comum, conclui, apressadamente, que haverá também uma comunidade de mulheres. Com isso, não percebe que o real objetivo é libertar a mulher de sua atual posição de instrumento de produção. Aliás, nada mais ridículo que essa virtuosa indignação dos burgueses a respeito da comunidade de mulheres, que julgam invenção dos comunistas. Os comunistas não precisam se ocupar com a introdução de comunidade das mulheres. Ela já existe, na prálica, desce es mais remotos tempos. - Nossos bons burgueses, além de disporem das mulheres e filhas dos proletários, sem falar das prostitutas, aprazem-se em seduzir as esposas uns dos outros, com - O casamento burguês, este sim, é na realidade uma comunidade de mulheres casadas. O que se poderia, no máximo, acusar aos comunistas é de próporem uma Gubstituição de comunidade de mulheres, hipócrita — e camullada, por outra franca e oficialmente reconhecida: Aliás, é óbvio que; com à supressão das atuais relações de Trabalho, a comunidade de * mulheres, oriunda dessas relações, isto é, à prostituição admitida e a CT Tai Os comunistas são ainda acusados de proporem a extinção da pátria e da nacionalidade. Os trabalhadores não têm pátria. Não se pode tirar deles o que não possuem. Porém, tendo o operariado como objetivo a conquista do poder político, para se transformar em classe Cirigente da nação, tornando-se a própria nação, nesse sentido, ele é nacioral, não porém no sentido burguês da palavra. Os limites entre nações e seus antagonismos decrescem sempre rmais na medida em que a burguesia se desenvolve com sua liberdade de comércio, e o mercado mundial, com a padronização dos produtos industriais, e 0 correspondente modo de viver. Chegando ao poder, os proletários apressarão ainda mais o desaparecimento destes limites e antagonismos nacionais. Uma ação comum do proletariado, pelo menos nos países civilizados, é uma das primeiras condições para sua emancipação. Ao suprimir-se a exploração do homem pelo homem, será igualmente suprimida a exploração de uma nação por outra. A hostilidade entre paises tende a desaparecer, na medida em que no interior de cada país, já não houver classes antagônicas. As acusações feitas ao comunismo, a partir de pontos de vista religiosos, filasóficas au ideológicos não merecem exame aprofundado. Será que se requer grande acuidade de espírito para se compreender que idéias, noções, concepções, numa palavra, a consciência do ser humano sofre modificações em função das mudanças que se operam nas condições concretas de sua existência material, em suas relações sociais, em sua vida social? Não é isso que a história das idéias confirma, que à cultura se modifica na medida em que se modifica a produção material? As idéias dominantes de uma época sempre foram as idéias da classe dominante. Falar em revolucionar uma sociedade significa que, no bojo mesmo da velha sociedade, formaram-se elementos da nova sociedade e que a queda de velhos conceitos acompanham a queda das antigas condições de vida. No declinio da antiguidade, as velhas religiões cederam lugar à religião cristã; no século XVIII, a vida cristã foi banida pelo racionalismo, o feudalismo enfrentava sua batalha final contra a burguesia que emergia como força revolucionária. Os postulados de liberdade religiosa e de consciência estábelezerâm as bases do império dalivreconcorrênciano * campo'do conhecimento. pes T.TuNão resta dúvida, dirá alguém, de que no decorrer da História; as idéias foram se modificando em séus divérsos setores, religião, moral, * , “filosofi Politica, “direito; sem que entes a Setores, sleirassem, no entaito,* Além disto, certas verdades como liberdade, justiça, são eternas e comuns a todos os regimes sociais. O que, porém, 9 comunismo pretende é suprimir estas verdades eternas e extirpar a religião e a moral ao invés de lhes dar forma nova. Isto contraria totalmente o processo histórico anterior. Quai é o cerne de tal acusação? À história em sua essência, até nossos dias, tem sido um processo social de antagonismos de classes revestidos de lormas diferentes em diferentes épocas. Mas, não imperta o tipo de antagonismo que tenha existido, o certo é que em todos as séculos a que houve foi exploração de uma parte da sociedade por outra. Portanto, não é de se admirar que através dos séculos, apesar de sua variedade e diversidade, tenha havido certa uniformidade de consciência social, com formas de consciência permanente que só se dissolverão como desaparecimento completo dos antagonismos de classe. A revolução comunista define-se como a mais radical ruptura com as relações tradicionais de propriedade; consequentemente não é dese estranhar que venha a romper também de forma radical com as idéias tradicionais, na medida em que avança seu desenvolvimento, Vamos, porém, deixar de lado as objeções feitas pela burguesia ao comunismo. Pelo que foi dito acima, vimos que a la. etapa da revolução operária é elevar o proletariado à classe dominante, em busca da democracia, Desse modo, o proletariado se valerá de sua supremacia para arrancar, pouco a pouco, todo o capital das mãos da burguesia, procurando centralizar os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado em classe dominante a fim de aumentar rapidamente, q total das forças produtivas. Naturalmente, isso só se realizará, em princípio, através de uma violação despótica do direito de propriedade e das relações burguesas de produção, ou melhor, pela aplicação de medidas que, do ponto de vista ecanômico, parecerão insuficientes e insustentáveis, mas, que no desenrolar do movimento ultrapassarão à simesmas, provocando novas modificações na antiga ordem social e se tornarão indispensáveis para - transformar radicalmente toda o modo de produção, É evidente que eisas medidas serão diforentes em eada pais. Porém, nos palses mais adiantados, as medidas seguintes poderão ser postas em prálica: cevada ie Ad a A este processo de enxertar filosotismos nas teorias Irancesas deram o nome de “filosofia da ação”, “verdadeiro socialismo”, “ciência alemã do socialismo", “justilicação filosófica do socialismo”, etc Procedendo assim, castraram inteiramente a literatura socialista e comunista francesa. Nas mãos das alemães essa literatura deixou de expressar a luta de uma classe contra outra e os alemães se felicitaram por ter-se colocado acima da “estreiteza francesa” e por ter propugnado não verdadeiras necessidades, mas a “necessidade do verdadeiro"; não os interesses do proletário mas os interesses do ser humano, do homem em geral, do homem que não pertence a nenhuma classe nem a realidade alguma e que existe apenas no céu nublado das fantasias filosóficas. Esse tipo de socialismo alemão tão solene tomava muito a sério seus incipientes exercícios de escolar e os propalavam come bons charlatães, demagogicamente. Mas, pouco a pouco loi perdendo influência e desfazendo-se de seu pedantismo ingênuo. A burguesia alemã, mais especificamente a burguesia prussiana, entrou em luta contra o feudalismo e à monarquia absoluta; e comisso, o movimento liberal foi se tornando mais sério e realista. Desta forma, surgiu para o “verdadeiro” socialismo, a esperada oportunidade de apresentar-se no movimento politico com reivindicações realmente socialistas. Teve possibilidade e o fez ao condenar a liberalismo, o regime representativo, a concorrência burguesa, à liberdade burguesa de imprensa, a legislação burguesa, a igualdade e liberdade burguesa; pregando às massas que nada tinham a ganhar, mas muito a perder com esse movimento burguês. Deliberadamente, o socialismo alemão esqueceu que a crítica francesa, da qual era apenas um simples eco, pressupunha a sociedade burguesa moderna com suas condições materiais de existência e uma constituição política adequada, precisamente o que na Alemanha, era ainda objeto de conquista e luta. Para os governos absolulos e toda corte de padres, pedagogos, fidalgos rurais e burocratas, esse socialismo transformou-se em espantalho, que amedrontava a burguesia, que, por sua vez, se tornava ameaçadora. Como resposta aos rotins dos operários alemães. esses mesmos governos misturavam aos tiros e chicatadas, sua adocitada hipocrisia. O “verdadeiro socialismo” se tornou assim, uma arma para os governos contra a burguesia alemã, À classe dos pequenos burgueses, legada pelo século XVI, vaise renovando sempre sob diferentes formas, . torhandose.a verdadeira dose, soclal do regime estabelecido na Alemanha. — Preservá-la é apenas preservãr na Alemanha oregime estabelecido. “40 o poder ifidustrial e poliico da burgue j ameaçã à pequena burguesia a socialismo tenta impedir que a classe jo Cor seen jolva em qualquer da destruição — por um lado, pela concentração de capital, por outro, pelo desenvolvimento do proletariado revolucionário. O “verdadeiro socialismo” para os pequenos burgueses surgiu como uma arina, capaz de desbaratar de uma só vez esses dois inimigos. Alastrou-se como uma epidemia. Os socialistas alemães envolveram suas miseráveis e decadentes “verdades eternas” numa roupagem, tecida com os fios imateriais da especulação, ornamentada com as flores da retórica e banhada de orvalho sentimental e assim, cativavam um público para a venda de suz mercadoria. Dessa forma, o socialismo alemão sentiu cada vez mais sua influência carismática de representar a pequena burguesia. A nação alemã foi proclamada a nação-modelo é o pequeno burguês Blemão o homem-padrão. Foi dado um sentido oculto, elevado, socialista, a todas as mesquinharias desse homem-padrão, exatamente o contrário do que era na realidade. Chegou ao ponto-limite de levantar-se contra a tendência “brutalmente destruidora” do comunismo, desprezando imparcialmente as lutas de classes. Todas as tentativas de publicações socialistas e comunistas que circulavam na Alemanha (1847) com raras exceções, fazem parte dessa literatura nojenta e irritante. 2— Q socialismo conservador ou burguês Para fortalecer a sociedade burguesa, parte da burguesia tenta remediar Os males sociais, Nesse setor estão empenhados: economistas, filantropos, humanitários, os comprometidos em melhorar as condições de vida da classe operária, os organizadores de obras beneficientes, os protetores de animais, os fundadores das sociedades de temperança e até os reformadores de gabineles de loda categoria, Essa escola socialista chegou a possuir um sistema perfeitamente organizada. Citamos como exemplo a “Filosofia da Miséria” de Proudhon. Os socialistas burgueses querem usufruir os privilégios das condições sociais modernas, porém, sem suas lutas e os perigos decorrentes dela. Querem a sociedade atual sem os elementos revolucionários. Ansciam pela burguesia sem o proletariado. A burguesia, como se pode esperar, projeta um mundo como o melhor possivel. O socialismo burguês elabora uma concepção consotadora, em um sistema perfeitamente arquitetado, Ao Incitar' "o proletariado a «desenvolver tal sistema e entrar na nova Jerusalém, Séria como induziilo a permaneger na atual sociedade, minimizando-lhe o édio à burguesia, . Um-recurso- mais-prálico e 'menos-sistêmállio desse tipo de | | í f | mpleta nos lhe será ama simples reforma política, mas uma transformação condições materiais de vido e cas relações econômicas que aroveitosa. Mas, ao falar em transformação des condições da vida materiai, esse tipo de socialismo não quer significar de lorma alguma à necessidade de se abolirem as relações burguesas dz produção — o que só é possivel nar via revolucionária — mas sugere apenas reformas de prdem adiministrativa a serem feitas com base nas próprias relações de produção burguesas, o que. no final das contas não modificam em nada as relações entre o capita! e o trabalho assalariado, prestando ne melhor das hipóteses apenas para dimincir os gastos da surguesia com seu domínio e aligeirar 0 ônus administrativo Go Estado. O socialismo burguês não passa de simples figura de retórica. Livre comércio em benefício da classe operária? Tarifas protetoras para proteger a classe operária? Prisões celulares, para defender a classe operária? Ai estão as propostas desse socialismo, as únicas que ele fez seriamente e que podem ser resumidas numa única frase: Os burgueses são burgueses no interesse do proletariado! 3 — O socialismo e o comunismo crilico-utópico Não vamos nos ocupar aqui dos escritos que nos modernos movimentos revolucionários expressaram as principais reivindicações do proletariado, (haja vista os escritos de Babeuf e outros). Os primeiros passos mais objetivos que o proletariado ceu no sentido de fazer valer seus interesses de classe, numa época de conturbação geral, quando da derrocada da sociedade feudal, foram frustrados necessariamente não apenas porque o proletariado era ainda muito incipiente, mas também não havia as necessárias condições materiais para sua emancipação, condições estas que vão aparecer somente com a formação da burguesia como seu produto natural, É lógico que a Meratura revolucionária dos primeiros movimentos do proletariado tivesse forçosamente um caráter reacionário. Propunha um ascetismo geral e um igualitarismo ingênuo. : 56 com Saint-Simon,; Fourrier, Owen, é que os sistemas socialistas e comunistas propriamente ditos surgem na primeira fase de luta entre o proletariado e a burguesia, fase que descrevemos acima, no capítulo “Proletários e Burgueses". Os - iniciadores - desses; movimentos - compreenderam bem o 42 antagonismo” das. classes, como, ainda a ação .dos fatores que provocariam a dis: ão dia soviedade dominante, Eles, porém, não reconhecem no proletariado nenhuma iniciativa histórica e nem capacidade de organizarem: um movimento político próprio. Os amegonismos de classe cominham no rilmo do desenvolvimento da indústria, por issa não se distinguem as condições materiais da emancipação do proletariado e, à fim de proporcionar tais condições, pôem-se à procura de uma ciência social e de leis social Substituem a atividade social pela imaginação pessoal, as condições históricas da emancipação pelas condições fantasistas; a organização gradual « espontânea do proletariado em classe pela organização da sociedade pré-fabricacda por eles. Para eles, a futura história do mundo está sintelizada na propaganda e na prática de seus planos de organização social. Elaborando seus planos, estão certos de defenderem antes de tudo Os interesses da classe operária, por ser a mais sufredora. Essa classe existe apenas sob esse aspecto, para eles a classe mais sofredora, Porém, eles se acham superiores a qualquer antagonismo de classes por se sentirem numa posição social privilegiada e por considerarem rudimentar a luta de classes. Ansciam por melhores condições materiais de vida para todos os membros da sociedade, mesmo para os mais privilegiados. Para isso, continuam apelando indistintamente para a sociedade, dirigindo-se de preferência à classe dominante. Basta conhecer seu sistema para poder tê-lo coms q melhor dos planos possiveis para a melhor das sociedades possíveis. Afastam, pois, qualquer possibilidade de ação política e sobretudo revolucionária, tentando conseguir seus objetivos por meios pacíficos e pregando um novo evangelho social através da força do exemplo, em suas pequenas experiências, naturalmente frustradas. Aproveitando a posição fantasista do proletariado, ainda pouco evoluído, apresentam uma descrição igualmente lantasista da sociedade futura, que corresponde exatamente às primeiras aspirações instintivas dos operários para uma completa mudança na sociedade. : É bom notar iambém os elementos críticos dessas obras socialistas * — e comunistas, Atacam a sociedade vigente em sias bases, No entanto, . “devemos feconhecer que forneceram, na época, materiais de grande Í “Valor para esclarecer O proletariado. Seus projetos positivos com telação à sociedade futura, como a supressão da distinção entre cidade e tâmpo, a abolição da família, do lucro privado e do trabalho assalariado, proclamação da harmonia social e a transformação do Estado” a du udo"[585 pretênde proclamar o do antagonismo entre as classes, antagonismo que be esses autores "só cónhecem em; slas formas 43 8 EEE Da A PANDA AS SM 4 Is rr e iséga cre e cr UM mente utópico. Avaliando à impeitância do socialismo e do cen utópico, podemos diser que ela está n3 rez desenvolvimento histórico, Enquanto a luta de viasses se cefine melhor, o erorme desejo de abstrair-se deia, a fanté ap: que lhe é feita, perde qualquer valor prático, qualquer justilicação teórica. Dai, entendermos que, se em muitos aspectos, os fundadores desses sistemas eram revolucionários, as seitas formadas por seus discípulos eram sempre reacionárias, pois se apegavam concepções de seus mestres, apesar da evolução histórica da proletariado, no seu tempo. Porém, são consequentes, quando procuram atenuar a luta de classes e conciliar os antagonismos, Sonham ainda com a realização experimental de suas utopias sociais: criação de falanslérios isclados, criação de colônias no interior, fundação de uma pequena Icária, edição in 12 da nova derusalém. Vendo-se obrigados à - tornar reais seus castelos feitos no ar, apelam para cs bons sentimentos e os coires dos lilantropos burgueses. Assirn, vão entrando também na categoria dos socialistas reacionários ou conservadores, como já descrevemos acima, diferenciando-se deles apenas pur seu pedantismo mais sistemático e sua crença fantástica e supersticiosa nos efeitos miraculosos de sua ciência social Colocam-se em pertinente apasição a qualquer ação política da classe operária, pois no seu modo de ver, tal ação só provém de uma descrença cega no seu novo evangelho social. É assim que, os owenistas na Inglaterra, ou tourrieristas na França, contrapõem-se aos cartistas e aos reformistas, respectivamente. imprecise os projetos deixam triny: sentimento pu a eritico- do Posição dos comunistas diante dos diferentes partidos de oposição. O que fai dito no capítulo |? é suliciente para determinar a posição 1 dos Tomunistas diante dos partidos operários já formados e, para indicar “consequentemente sua posição frente aos cartistas na Inglaterra e aos * reformadores agrários nos Estados Unidos, . «= À lula: dos comunistas 6 ântes de riais nada por interesses e: objetivos imediatos: de proletariado, mas ao mesmo tempo elas se, = «Propôem representar .e delender com à ação alual o uturd do, movimento. Na. França são. aliados dos de ialista - lazerem frente aos, burgueses conservadores e radicais, 'critic trages e fantasias que se Infiliraram na lradição revolucionária. “dá na Suiça, aliam-Se.aos radicais, cientes na entanto; di + Os Comunistas optem pelo par condição de libertação nacional a neces Por outras palavras, o) levante de Cracóvia. Na Alemanha, o partido comunista se associa à Lurquesia, a esta adota posições revolucionários, como por exempls, entrertando & monarquis absoluta, a propriedade rural ieudal 2 à pequena burque teacionária. . ptar: pelo partido que encabeçou om | Nunca porém, em momento algum, o partidc comunista descura a formação Junto aos operários de uma consciência cisca do lota; antagonismo entre a burguesia e o proletariado. para que, ne rnomento adequado, saibam os operários alemães transformar as condições sociais e políticas, que o sistema burguês cria, em armas contra 3 mesma burguesia, com o fito de destruir as classes reacionárias alemãs e assim, poder jutar contra à própria burguesia. ' Toda a atenção dos comunistas está voltada principalmente para a Alemanha, que se acha em vésperas de uma revolução burguesa: e por que essa revolução será feita em condições mais avançadas ca ciuil européia e com um proletariado bem mais evoluída que o da Inglaterra no século XVIl e o da França no século XVII. Portanto, à revolução burguesa alemã será o prelúdio de uma revolução prolelária. É Sintetizando, 95 Comunistas dão seu "apoio à qualquer atividade revolucionária que se movimenta contra o atual estado tie coisa: ação, , ue uma luta social e política, em qualquer parte de mundo. . Como prioridade desses movimentos, a questão fundamental que se coloca e a questão da propriedade. revestida de que forma for, mas * ou menos desenvolvida, + Concluindo, Os comunistas estão empenhados na união e no estendimento dos partidos democratas de todo mundo. Os comunistas não dissimulam sums opiniões e seus objelivos, e disso se orgulham. Pregam abertamente que seus objetivos sá serão alcançados com a destruição violenta de toda ordem social existente. Que à classe dominante se sinta ameaçada na iminência: de uma evolução comunista! Que à classe operária nada perderá corh ela: anão 65 sua prisão; Mas terão um mundo a conquisiar. 55 : E mn os de:todos os países, uni-vos!
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