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Guias e Dicas
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Marco Polo: A Importância de Gerir a Mente Humana na Era da Violência, Notas de estudo de História

EducaçãoPsicologiaViolência

Nesta reunião da onu sobre a violência na sociedade moderna, marco polo, psiquiatra e investigador, propôs que a educação deve passar da era da informação para a era do eu como gestor da mente humana. Ele argumentou que a formação de mentes brilhantes não pode ser obtida meramente bombardando o cérebro com dados, e mostrou imagens que ilustravam a necessidade de ser mais lentos a reagir, empáticos, conscientes de que por trás de alguém que causa dor há uma pessoa ferida, e pensar como humanidade, entre outras coisas.

O que você vai aprender

  • Como Marco Polo descreve os mendigos emocionais?
  • Que coisas Marco Polo propôs que as pessoas devem fazer para gerir a sua mente?
  • Qual é a ideia principal de Marco Polo sobre a educação na sociedade moderna?
  • Qual é a relação entre a violência e a formação da mente humana, de acordo com Marco Polo?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Carnaval2000
Carnaval2000 🇧🇷

4.7

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Baixe Marco Polo: A Importância de Gerir a Mente Humana na Era da Violência e outras Notas de estudo em PDF para História, somente na Docsity! Adaptação de: Ana Rita Silva O Homem mais Inteligente da História Augusto Cury HMIH_20163745_F01_18.indd 5 18/02/17 11:25 O Homem mais Inteligente da História 13 1 A era dos mendigos emocionais O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, ONU, deu início à reunião de emergência sobre a violência no Mundo. Os prin- cipais líderes políticos das nações, assim como pensadores das mais di- versas áreas, estavam presentes. Os números mostravam um aumento assustador da violência não apenas nos países pobres e emergentes, mas também nas nações mais ricas. – Bullying nas escolas, violência contra mulheres e crianças, assédio moral nas empresas, agressões sexuais, corrupção na política, sabota- gem no mercado, exclusão de imigrantes, suicídios, homicídios, terro- rismo. Enfim, o leque de violência nas sociedades modernas é enorme. Vivemos o apogeu do progresso material, o ápice da era digital, mas não conseguimos estancar a hemorragia da violência pelo mundo. Pelo contrário, ela está a aumentar… É incompreensível! – concluiu, preocupado. – Está aberto o debate para encontrarmos soluções sus- tentáveis. Muitos presidentes, ministros e deputados teceram as suas con- siderações. Alguns sociólogos também mencionaram o aumento po- pulacional, as crises económicas, a exclusão social e outros tantos problemas como fatores agravantes. Quando a conferência se aproximava do fim e os presentes já es- tavam cansados de ouvir as mesmas discussões, o Secretário-Geral re- tomou a palavra: – A ONU agradece a participação dos líderes mundiais nesta grande conferência sobre as causas e soluções para a violência na era moderna. Faremos um relatório que será enviado a todas as nações, embora me pareça que ainda não temos um diagnóstico adequado da questão. HMIH_20163745_F01_18.indd 13 18/02/17 11:25 16 Augusto Cury o dia, uma crítica asfixia a semana, uma traição pode comprometer uma vida. – Está a sugerir que estamos na infância do Eu como gestor da mente? – questionou o primeiro-ministro francês, indignado. – Sim. É isso que estou a afirmar! – respondeu com convicção. Em seguida, com o cuidado de preservar a identidade das pessoas envolvidas, projetou situações muito graves que mostravam jovens a mutilar-se por terem sido contrariados e raparigas anoréticas, só pele e osso. – E sabem porque é que estas jovens estão magras como os pobres famintos da África subsariana? – indagou Marco Polo. – Porque se sentem gordas. A ditadura da beleza está a matar os nossos jovens por dentro. Em seguida mostrou cenas de pessoas anónimas a cometerem os mais diversos tipos de violência e até homicídios por motivos banais. – Pequenas contrariedades geram reações desproporcionais. Esta- mos na era do descontrolo emocional. Era possível perceber a perplexidade no rosto dos que assistiam à apresentação de Marco Polo. Um político famoso que estava na pri- meira fila recordava silenciosamente que no dia anterior gritara com a mulher como se ela fosse sua escrava: «Sai da minha frente, sua atrasada mental! Este fato não combina nada com esta gravata!» Agora sentia-se envergonhado. Marco Polo prosseguia com a apresentação: – As vacinas protegem-nos contra os vírus, mas que vacinas podem prevenir a violência e os transtornos psíquicos? Sem mudar a educa- ção, é impossível. Qual delas daria a um ente querido? Normalmente nenhuma! Estamos acostumados a exigir, a apontar falhas, a tecer crí- ticas… – Mas quem tem dentro de si um manual de regras de comporta- mento não faz um bom trabalho educacional? – perguntou um senador republicano dos Estados Unidos. – Desculpe, mas quem possui apenas um manual de regras está apto a consertar máquinas, não a formar mentes brilhantes. Depois deste comentário, Marco Polo acrescentou: HMIH_20163745_F01_18.indd 16 18/02/17 11:25 O Homem mais Inteligente da História 17 – A falta de proteção da emoção é a maior de todas as violências, e cometemo-la contra os nossos próprios filhos! – Como podemos mudar isso, doutor Marco Polo? – perguntou o Secretário-Geral, abalado. – Há muitas ferramentas à nossa disposição: podemos ser mais len- tos a reagir e mais rápidos a pensar; ser empáticos e importar-nos com a dor dos outros; ter consciência de que por trás de alguém que fere há uma pessoa ferida; pensar como humanidade e não apenas como grupo social… E todas estas ferramentas estão relacionadas com a ges- tão da própria mente. Em seguida, o investigador mostrou que na atualidade levamos o veículo mental, a construção dos pensamentos, a uma velocidade nunca antes vista. Por isso é fácil perder o autocontrolo! – Mas… mas… nunca ouvi falar nisso – comentou um líder alemão. – Pois agora é altura de ouvir! Hoje uma criança de sete anos possui mais informação do que possuíam os imperadores romanos. Uma de nove detém mais informação do que Sócrates ou Platão. Isso não é suportável. O excesso de informações não utilizadas torna-se lixo inte- lectual. Esgota o cérebro. Em média, quem possuirá mais informação: Einstein ou os bons engenheiros e físicos da atualidade? – Einstein? – sugeriu um ministro da Educação europeu. – Errado, meu senhor. São os engenheiros e físicos da atualidade. Mas porque não produzem ideias complexas como as que o jovem Einstein produziu aos vinte e sete anos, no tosco escritório de patentes em que trabalhava? O que forma um pensador não é a quantidade de dados, e sim a organização dos mesmos. Marco Polo projetou algumas animações reveladoras. Crianças e adolescentes conectados o dia inteiro ao telemóvel, mas desconecta- dos de si mesmos. De repente, à menor contrariedade, tinham reações explosivas. Também mostrou crianças a dormirem mal e outras a acor- darem de madrugada para aceder às redes sociais. Pareciam zombies. – Mas a era digital trouxe ganhos inegáveis! – exclamou uma líder indiana. – Sim, inclusive um aumento cognitivo e uma melhoria do racio- cínio lógico e da produtividade. No entanto também trouxe prejuízos HMIH_20163745_F01_18.indd 17 18/02/17 11:25 18 Augusto Cury gigantescos. Não podemos fechar os olhos a isso. Há milhões de jo- vens vítimas de intoxicação digital. – E explicou melhor: – Tire-lhes os telemóveis e muitos terão sintomas de abstinência como os gerados pela dependência de drogas! Ansiedade, insatisfação crónica, impa- ciência, baixa tolerância a frustrações, um tédio atroz quando sentem que não têm nada para fazer. – Mas estamos na era da democracia, somos livres de fazer esco- lhas… – defendeu um filósofo suíço. – Asseguro-lhe, contudo, que nunca nas sociedades democráticas houve tantos escravos no único lugar em que é inadmissível ser-se es- cravo: na própria mente. – Contudo, o desenvolvimento tecnológico levou ao aumento da es- perança de vida. Não podemos condená-lo. Vivemos o dobro do tempo que os Romanos viviam! – observou uma líder italiana, especialista em saúde pública. – A tecnologia levou a ganhos importantíssimos. No passado uma amigdalite matava. Mas precisamos de ver o outro lado da moeda social. Vivemos em média oitenta anos, só que a mente humana está tão stressada pelo excesso de informações que hoje em dia oitenta anos passam como se fossem vinte no passado. – Então o nosso sistema tornou-se uma fábrica de doidos. Segundo o que afirmou, estamos a viver mais em termos biológicos e a morrer mais cedo em termos emocionais, é isso? – perguntou um político francês. – Tenho a certeza de que estamos a viver esse paradoxo. Essa é uma forma de violência subliminar contra nós próprios, mas não cata- logada pela ONU nem discutida neste debate. Não vos parece, minhas senhoras e meus senhores, que adormecemos e quando acordámos já tínhamos esta idade? – O doutor Marco Polo tem razão. Algumas pesquisas indicam que este ritmo frenético nos torna mais individualistas e insatisfeitos. Estamos na era da indústria do lazer, mas nunca tivemos uma geração tão triste. Esse é outro grande paradoxo – afirmou Michael, um neu- rocientista que mais tarde se tornaria amigo de Marco Polo. – Estamos na era dos mendigos emocionais – concluiu Marco Polo. – Muitos dos homens aqui presentes vestem fatos e gravatas de marca, HMIH_20163745_F01_18.indd 18 18/02/17 11:25 O Homem mais Inteligente da História 21 A resposta fê-lo sentar-se: – Não! Até um psicopata como Adolf Hitler admirava o belo. Ele acariciava a sua cadela Blondi com uma mão e com a outra telefonava aos seus subordinados ordenando guerras irracionais. Era vegetariano, não queria que os animais derramassem sangue, mas não se importava que crianças e mulheres o derramassem nos campos de concentra- ção. Admirar o belo é uma experiência fugaz. Contemplar o belo é entregar-se-lhe atenta e pormenorizadamente. As pessoas entreolhavam-se. O Secretário-Geral da ONU pergun- tou: – Os grandes pensadores da História porventura contemplavam o belo? – Raramente. Einstein era depressivo; Kafka, pessimista; Van Gogh, hipersensível; Nietzsche, mórbido. O sucesso financeiro, político, in- telectual, se não for trabalhado, gera insucesso emocional, leva a uma psicoadaptação ao próprio sucesso, fazendo com que as pessoas pre- cisem de «muito» para sentir «pouco». À medida que ascendem na carreira e se vão tornando famosas, asfixiam o prazer de viver… Acabou comentando que muitos milionários, conforme vão enri- quecendo, se tornam inconscientemente mendigos a morar em palá- cios. – Estou assustado… Entrei rico e saí mendigo da sede da ONU! – brincou um empresário de Silicon Valley. O comentário suscitou uma gargalhada geral. – A emoção é democrática, minhas senhoras e meus senhores, alimenta-se especialmente das coisas simples e anónimas da vida. De repente, uma pergunta inesperada e muito difícil de responder revolucionou ainda mais a sala: – E Jesus Cristo, sabia contemplar o belo? – perguntou um líder do Parlamento britânico. Marco Polo parou, respirou profunda e prolongadamente e res- pondeu: – Respeito quem segue uma religião, mas sou ateu. Para mim, Deus é uma ideia construída pelo cérebro humano, que, por ser apaixonado HMIH_20163745_F01_18.indd 21 18/02/17 11:25 22 Augusto Cury pela vida, não suporta o seu caos na solidão de um túmulo… Portanto, não vou discutir religião aqui. Porém o líder do Parlamento britânico confrontou-o: – Eu não lhe perguntei se crê em Deus ou não. Perguntei se a per- sonagem Jesus era saudável, feliz, se contemplava o belo! – insistiu. Marco Polo respirou lentamente. O clima ficou tenso na reunião da ONU. – Nunca estudei a sua personalidade, mas as religiões cristãs ven- dem a ideia de que Jesus Cristo era um homem triste, intimista, que carregava o mundo às costas, com níveis baixos de alegria. De repente, uma ouvinte levantou-se e, em sintonia com o político inglês, desafiou Marco Polo: – Sei que o doutor estuda o processo de formação de pensadores. O senhor é muito ousado, mas parece que tem medo de investigar a mente de Jesus na perspetiva das ciências humanas – atirou aquela psicóloga sem meias-palavras. Todos ficaram espantados com a audácia. – Medo, eu? – disse Marco Polo, olhando-a nos olhos. – Sim, medo, o velho cárcere humano! Porque não aceita o desafio de investigar os inúmeros aspetos da inteligência de Jesus? Silêncio geral na plateia. Marco Polo partiu para o ataque: – A senhora acha correto pressionar-me perante esta nobre plateia de líderes mundiais? – perguntou, aparentemente indignado. – Sem dúvida que sim! – afirmou ela. Um burburinho tomou conta da sala. O Secretário-Geral da ONU levantou-se para tentar moderar a situação. Em seguida, Marco Polo perguntou, ainda mais sério: – Como é que se chama? – Anna. Então ele sorriu e disse: – Vou pensar na tua pergunta, Anna. Mas antes quero dizer publi- camente que te amo… Ninguém percebeu nada. Após um silêncio cálido, ele explicou: – Bom, preciso de gerir a minha mente, pois até a minha mulher me está a stressar… HMIH_20163745_F01_18.indd 22 18/02/17 11:25 O Homem mais Inteligente da História 23 Quando ficaram a saber que Anna era a sua mulher, todos sorri- ram, levantando-se e irrompendo em aplausos. Viram neles um casal incrível, espontâneo e inteligente. E foi nesse clima que Marco Polo terminou a sua participação. Muitos saíram da reunião da ONU transformados; alguns, pen- sativos; outros, atordoados. Perceberam que não sabiam conduzir o veículo mental; queriam liderar o mundo, mas não eram líderes de si mesmos. Estavam no rol dos mendigos emocionais, vivendo de miga- lhas de prazer. HMIH_20163745_F01_18.indd 23 18/02/17 11:25
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