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O IMPACTO DA INDÚSTRIA 4.0 NA SOCIEDADE BRASILEIRA, Teses (TCC) de Administração Empresarial

O artigo científico visa fomentar a discussão do tema Indústria 4.0 na sociedade brasileira, a fim de antecipar a adaptabilidade da sociedade de modo a evitar suspresas.

Tipologia: Teses (TCC)

2020

Compartilhado em 03/05/2020

felipe-ricco
felipe-ricco 🇧🇷

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Baixe O IMPACTO DA INDÚSTRIA 4.0 NA SOCIEDADE BRASILEIRA e outras Teses (TCC) em PDF para Administração Empresarial, somente na Docsity! O impacto da Indústria 4.0 na sociedade Brasileira Felipe Soares Ricco1 Resumo A evolução do conhecimento aplicado, transforma a cada dia a maneira como os produtos e serviços chegam ao consumidor, fazendo com que também o consumidor mude sua maneira de pensar. Essa evolução transforma a indústria tradicional, preconizando-a para um novo patamar de desenvolvimento organizacional, com o intuito de aproveitar as vantagens dessas tecnologias no fortalecimento da atividade industrial global de forma disruptiva. A quarta revolução industrial é um dos termos utilizados para exprimir a implementação de dispositivos “inteligentes” em toda a cadeia produtiva, expectando grandes ganhos em flexibilidade de produção, qualidade e eficiência produtiva. Nesse contexto, tecnologias como Realidade Aumentada (RA), Internet of things (IoT) e impressão 3D, são algumas das principais utilizações tecnológicas que corroboram a revolução da indústria 4.0. Este estudo aborda informações de forma abrangente acerca desses assuntos, sem que se discorra intrinsecamente sobre o funcionamento e características de cada tecnologia, a fim de fomentar o estudo, adaptação e influência na vida da sociedade. O intuito deste artigo é oferecer informações à sociedade brasileira como um todo, de forma a intensificar o debate sobre a quarta revolução industrial, através da revisão literária, fomentando a reflexão à essa sociedade sobre os desafios e oportunidades que a quarta revolução industrial pode proporcionar a todos. Palavras-chave: Indústria 4.0. Realidade Aumentada. Internet of things. Impressão 3D. 1Líder de Equipe – Schaeffler do Brazil. Graduado em Eletrônica Automotiva – Faculdade de Tecnologia de Sorocaba. E-mail: felipe.ricco@fatec.sp.gov.br. 2 INTRODUÇÃO Iniciada no final do sec. XVIII, a chamada Revolução Industrial, marcou a transição da produção artesanal para processos produtivos mecanizados. A mecanização poderia ser fragmentada, ou seja, não era necessariamente implantada em toda fábrica, mas sim em alguns setores, causando um grande impacto econômico e produtivo. Essa revolução pode ser chamada de “Indústria 1.0” (SPROVIERI, 2015). Um século mais tarde a produção mudou novamente, a divisão de processos e a produção em massa trouxeram ganhos substantivos em produtividade. Essa pode ser chamada de “Indústria 2.0” que ao contrário da “Indústria 1.0”, a produção em massa se tratou de uma mudança filosófica (SPROVIERI, 2015). No século seguinte, com o advento dos microprocessadores e a automação, houve novamente uma revolução na indústria, chamada dentro desse contexto de “Indústria 3.0”, em que apesar de toda tecnologia envolvida, essa revolução se parece muito com a “Indústria 1.0”, onde o fabricante pode implementar essa nova filosofia em etapas, otimizando somente um processo ou a fábrica inteira (SPROVIERI, 2015). A introdução de novos conceitos tais como a produção baseada na internet, permite não apenas melhorar a comunicação entre fabricantes, clientes e fornecedores, mas também criar maneiras de atender os clientes através de novos modelos de negócios (URBIKAIN et al., 2016). Pode-se considerar que hoje já estamos na era da “Indústria 4.0”, graças a toda tecnologia proveniente da “Indústria 3.0” somada aos computadores e à internet, onde as máquinas podem comunicar-se entre si, bem como aos seus usuários, em tempo real. Os processos tornam-se mais visíveis, os navegadores de internet tornam-se painéis de controle dos equipamentos, o que possibilita tomar decisões mais rápidas e assertivas sem aquelas grandes equipes, que anteriormente eram formadas para analisar um único problema (SPROVIERI, 2015). Com os recentes desenvolvimentos tecnológicos e uma realidade em que há a procura cada vez maior por produtos personalizados, com maior qualidade, maior complexidade e custos reduzidos; a promoção de um novo modelo de indústria vem sendo discutido em todo o mundo, denominado Indústria 4.0 (HERMANN et al., 2016). As novas estruturas de produção, munidas de dispositivos “smart” ligados à rede, onde produtos e sistemas de produção têm a livre capacidade de comunicação, constituirão as Empresas Inteligentes (Smart Factories) do futuro, que é a chave para atingir o nível de 5 Realidade Aumentada e o caso Maisy A Realidade Aumentada (RA) nada mais é do que a sobreposição de elementos virtuais, gerados por um computador ou smartphone baseados em sinais de sensores de áudio, vídeo, geolocalização, distância, eletromagnetismo, a um ambiente real. Esse recurso relaciona-se diretamente ao conceito chamado de realidade mediada, onde a visão do real é aumentada ou diminuída. (GRAHAM et al., 2013). O aumento da realidade, em geral, ocorre em tempo real, e com os recursos avançados dessa tecnologia é possível adicionar visões computacionais para, por exemplo, reconhecer objetos, proporcionando uma experiência interativa ao usuário, permitindo-o manipular objetos digitalmente. Isso é possível graças ao ajuste entre o que é real e o que é virtual mesmo que o usuário se movimente (FAUST et al., 2011). Esse recurso já se encontra bastante difundido no contexto atual, mas ainda há muito que explorar com essa tecnologia, por exemplo, na utilização de óculos de RA ao invés de monitores, sua utilização na montagem e desmontagem de componentes mecânicos complexos, na apresentação de um projeto residencial ou de móveis planejados, treinamentos de riscos tanto em indústrias petrolíferas como na aviação ou até mesmo na medicina (GRIMM et al., 2002). Há um caso muito emocionante acerca da utilização da RA em uma matéria da BBC News, num evento chamado Hay Festival, conduzido pelo apresentador Spencer Kelly, onde uma adolescente chamada Maisy volta e enxergar após seis anos. A diminuição de sua visão foi causada por um tumor no cérebro onde limitava-se a um pequeno círculo embaçado no olho direito. Maisy foi convidada a testar o chamado GiveVision goggles no palco do festival, para tanto o apresentador a convida a ler um pequeno trecho do famoso livro Harry Potter e a Pedra Filosofal do autor J. K. Rowling, e pela primeira vez em seis anos ela literalmente volta a enxergar (BBC NEWS, 2019). O GiveVision goggles é uma espécie de óculos que utiliza a RA e lentes de aumento para ampliar a área de visão remanescente do usuário e realçar os contornos, permitindo que pessoas quase cegas voltem a enxergar, dando-as a possibilidade de executar as mais diversas tarefas do cotidiano, como tocar um instrumento, assistir TV, ler um livro, desenhar, etc (GIVEVISION, 2019). 6 Impressora 3D e a Manufatura Aditiva O novo método de produção chamado de Manufatura Aditiva, termo derivado do inglês Additive Manufacturing (AM), é o método capaz de construir objetos tridimensionais através da adição de materiais camada por camada. Esses materiais podem ser plásticos, metálicos, de concreto ou até mesmo de tecido humano (PAGE, 2011). A manufatura aditiva adota impressoras 3D para transformar projetos de engenharia em objetos funcionais e duráveis. A AM otimiza a flexibilidade das várias aplicações produtivas, reduz o custo e o tempo de fabricação (LEVY et al., 2003). Essa tecnologia de impressão 3D tem alavancado a transformação do modo produtivo nas empresas fazendo a literal transição entre a técnica analógica para digital. A impressora 3D é uma máquina que adota modelos CAD (Computer Aided Design), capaz de imprimir objetos tridimensionais (nos eixos x, y e z). Essa técnica tem sido adotada nos mais variados setores de engenharia e biologia por conta do avanço tecnológico na ciência dos materiais. No atual cenário, há ainda um número limitado de materiais disponíveis, mas a pesquisa está em curso para incorporar mais materiais com finalidade comercial para impressão 3D. Hoje os dois materiais mais utilizados para impressão 3D são os polímeros ABS (Acrilonitrila butadieno estireno), sigla derivada do inglês (Acrylonitrile Butadiene Styrene) e o PLA (Ácido Polilático), sigla também derivada do inglês (Poly Lactic Acid), contudo mais opções de materiais estão sendo produzidos, tais como borracha, bronze, madeira, etc. Até que a qualidade desses novos materiais melhore é pouco provável que a tecnologia seja usada em aplicações com maior exigência técnica (BALOGUN et al., 2018). Um bom exemplo de evolução dos materiais para impressoras 3D e evolução de autômatos, construção civil e ciência em geral, foi o resultado de uma competição lançada pela NASA (National Aeronautics and Space Administration) em 2014, onde a equipe vencedora - AI. Space Factory de Nova York - conseguiu imprimir uma casa de fibra de basalto (encontrado em abundância em solo marciano) e bioplástico renovável (feito a partir das plantas que serão cultivadas em marte). O material utilizado é um ótimo isolante térmico capaz de suportar as baixíssimas temperaturas do planeta vermelho, que podem chegar a até -125°C e resistem também a sua grande variação de temperatura, podendo chegar a 20°C durante o dia e à -73°C à noite. A casa foi toda impressa por robôs, pois o intuito da NASA é enviar uma missão não tripulada até Marte, construir as casas e então enviar uma missão tripulada já com tudo pronto (NASA et al., 2018). 7 Impressora 3D, a produção de couro, carne e a façanha de Tel Aviv O CEO da Modern Meadow, Andras Forgacs, vem pesquisando desde 2002 uma maneira de imprimir tecido animal utilizando impressão 3D. Da mesma maneira que é feito hoje com projetos mecânicos que são desenvolvidos em ambiente CAD e posteriormente impressos em plástico, a impressão de carne se daria também através de um arquivo CAD, porém utilizando técnicas de cultura de células com o conhecimento da engenharia de tecidos, biomontagem e maturação de tecidos em biorreatores (EXAME, 2012). Inicialmente a empresa começou a desenvolver a técnica de impressão de couro, que possui estruturas biológicas mais simples, mas com o avanço das pesquisas já foi possível imprimir um bife em laboratório. Obviamente a produção em larga escala ainda é impraticável, mas a técnica já é conhecida e funciona tão bem que seria possível controlar a composição do produto adicionando, por exemplo, mais ferro ou ômega-3 no alimento que está sendo impresso (EXAME, 2012). E se o fato de imprimir carne animal, com o intuito de diminuir o efeito estufa ou simplesmente pela eliminação dos maus tratos aos animais, eliminando parte ou o todo da criação de gado e consequentemente eliminando os gazes (que colaboram para o efeito estufa) provenientes do rebanho já impressiona, quem dirá imprimir um órgão humano, por exemplo, um coração. É o que os cientistas da Universidade de Tel Aviv já conseguiram produzir. Com a utilização de tecidos humanos, os cientistas Israelenses conseguiram imprimir um coração humano em miniatura (tamanho aproximado de um coração de coelho) em sua totalidade, ou seja, o coração possui vasos sanguíneos, cavidades e até mesmo colágeno. Até então todos os corações impressos utilizando a técnica da pesquisa eram compostos de materiais sintéticos, mas para realização desse feito eles coletaram células do tecido adiposo de um paciente e com o auxilio da engenharia genética transformaram essas células comuns em células-tronco para posteriormente transformá-las em músculo cardíaco (N. NOOR., et al 2019). Nos próximos dez anos os cientistas prospectam ser possível imprimir órgãos em seu tamanho real e que isso será um procedimento de rotina, o que pode fazer com que a doação de órgãos se torne uma prática obsoleta. Contudo para que isso se torne uma realidade precisam ainda fazer testes com roedores, de ajuda de outros especialistas e mais recursos financeiros, porque as células do coração impresso apenas se contraem, mas precisam trabalhar em conjunto para que seja possível bombear sangue. (N. NOOR., et al 2019). 10 METODOLOGIA Este artigo científico investiga a presente literatura de modo a oferecer uma visão abrangente sobre o estado da arte da Industria 4.0 e suas peculiaridades, aplicações e mudanças no cotidiano da sociedade brasileira, desde recursos que facilitam o cotidiano tanto na indústria como no ambiente familiar. Para tanto, a metodologia utilizada envolve uma abordagem indutiva, ao passo que permite expandir uma teoria já existente, acrescentando informações novas nas premissas explanadas. Por meio dessa metodologia é possível observar eventos circunstanciados, perceber suas regularidades, bem como generalizar o objeto investigado, nesse caso, as principais tecnologias referentes ao tema Indústria 4.0. Com base nessa linha de raciocínio e com o intuito de atingir os objetivos propostos, a abordagem utilizada pode ser classificada como de caráter exploratório, uma vez que tende a proporcionar maior familiaridade com o tema abordado tornando-o evidente. Essa abordagem é bastante utilizada em novas áreas de investigação, onde os objetivos poderiam ser a determinação da magnitude ou extensão de um fenômeno; o comportamento ou problema específico desse fenômeno; a criação de ideias sobre o fenômeno, ou ainda testar sua viabilidade de maneira a realizar um estudo mais extenso e completo sobre o fenômeno (BHATTACHERJEE, 2012). Com isso foi planejado listar alguns tópicos de pesquisa que serão abordados durante o desenvolvimento deste artigo, relacionados ao tema “Indústria 4.0”, tais como: Realidade Aumentada e o caso Maisy (onde para tanto utilizou-se de realidade aumentada somada a lentes de aumento para proporcioná-la o simples ato de conseguir ler um livro); um bife e um coração impressos em uma impressora 3D; e um cérebro conectado à Internet pela primeira vez. Onde esses temas tratam não somente a questão científica e tecnológica desse assunto, mas também abordam situações sociais, comportamentais e políticas do cotidiano brasileiro. Embora algumas limitações inerentes a utilização de dados que foram apanhados e tratados por outras fontes, de acordo com BHATTACHERJEE (2012), a análise dos dados secundários pode ser um meio efetivo onde a utilização de dados primários é muito custosa ou inviável e os dados secundários estão disponíveis a um nível analítico adequado para alcançar os objetivos propostos pela investigação. 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS A breve revisão literária revela que um conjunto de tecnologias ainda difíceis de aceitar e compreender serão responsáveis por acelerar essa transição do cenário produtivo tradicional para o ambiente descentralizado exigido pela Indústria 4.0. Apesar de já explanadas, algumas dessas tecnologias ainda são pouco discutidas em trabalhos acadêmicos relacionados ao tema Indústria 4.0. Ao discutirmos os temas abordados formaremos novos questionamentos sobre novos assuntos, como por exemplo: Será que teríamos em casa uma impressora capaz de imprimir nossa carne para o churrasco com a família? Ou se talvez veganos comeriam um bife impresso, visto que não há maus tratos aos animais ao imprimir carne? Aceitaríamos a “doação” de órgãos provenientes de uma impressora 3D? Quem sobreviverá a essa sociedade do “futuro” sem estudos? Enfatizando esse último questionamento é possível perceber um imediato problema a ser pensado, que é o fato de haver muitas pessoas na sociedade brasileira ainda com resistência aos estudos. Se tivermos robôs que façam o trabalho braçal, o que restará às pessoas que só tem condições de fazer esse tipo de trabalho? Teremos de ser criativos. Nos moldes do modelo proposto pelas revoluções industriais as mudanças causadas pela tecnologia são objetos de estudo na sociologia, DE MASI (1938) considera que é preciso saber lidar com a inovação sem criar vítimas e que o progresso tende a produzir vítimas toda vez que surgem inovações e para tanto se deveria predispor mecanismos capazes de prevenir os danos e evitar as vítimas, mas esse ainda não é um assunto que se dá muita atenção. No entanto, o debate que se tem sobre a Indústria 4.0 ainda dará algumas respostas definitivas. Apesar da quantidade notável de material que mostra o potencial das soluções tecnológicas que a Industria 4.0 oferece, grande parte empresas ainda não têm a clara compreensão sobre sua implementação e diante das dificuldades que precisam ser superadas não se sentem preparadas para aplicar essa nova estratégia. Assuntos como as novas formas de trabalho, novos tipos de qualificação da mão de obra, novos tipos de produtos, segurança e proteção digital, ainda precisam ser analisados para criação de um ecossistema que propicie a transição para o novo ambiente corporativo. Portanto a quarta Revolução Industrial vai envolver sobretudo uma mudança de mentalidade, como nas revoluções anteriores, surgirão novos produtos e modelos de negócios, novos processos e consequentemente haverá muitos impactos sociais e econômicos. Embora parte da sociedade sempre tente hesitar e desconfiar, a Indústria 4.0 é uma realidade que já 12 está acontecendo, para tanto, profissionais da indústria, governantes, mestres e doutores e todas as partes interessadas devem estar engajadas para contribuir com o sucesso desse novo paradigma que alterará todo o molde dos sistemas de produção industriais de maneira disruptiva.
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