Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Olavo de Carvalho - Idade Moderna, Notas de estudo de Filosofia

Olavo de Carvalho fala sobre a filosofia da idade moderna

Tipologia: Notas de estudo

2017

Compartilhado em 12/05/2017

rildo-nobrega-7
rildo-nobrega-7 🇧🇷

4.7

(180)

209 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Olavo de Carvalho - Idade Moderna e outras Notas de estudo em PDF para Filosofia, somente na Docsity! qq,.Í @á f,ú @ E GRE oa O OER CEA fel ict INES qto dale in Laço no in aC OR 6) em debates, com umdade no destnvolvimento das. foto cafe ga fo intao o o oral ja tee doam ie APR ETA CA Colar po io ju pci jura O To O To EO a Era ar cur E ue luego serie tunel fa Peter o o dera to foda on get ria le nã pertamente debates sinceros neste período, Er RUC NE CB O Eron fon a e TER o oito aU O Ago cr in Loto oro nas p ro ue RR Re ARE O Pro La a on E Ee Ec Sera ea pao Era peu poa Graça RO i gone e Oriente ce tais importante pensador brasileiro hoje” Wagner Carelli “Pilósofo de grande erudição: Bon iod 6 TS Rd Bag to to Bd ion cera lions) destaca porque persa, Ars ifo re de A honestidade intelectual que chega a ser cruel.” Carlos Heitor Cony da riapamaia “Louvo a coragem é lucidez | | fo [ensina talo pe et | | admirável com que'as expí Fraasas uu Ep CAS ur IS Esta publicação vem acompanhada de um DVD, que não pode ser vendido separadamente. Coleçáo História Essencial dâ Filosoiia Filosofia na Idade Modema- Aula 20 por Olavo de Carvalho Esse conceito de Renâscimento foi inventado primeiro parâ o domínio das artes, por um estudioso chamado Giorgio Vasari. Mais tardc, o conceito foi ampliado, sendo transformâdo numa fe[amenta de interuretaQáo históricâ por Jacob BurcLardt. no fim do século XIX. Mas, quanto mais avançam os estudos, mais a gente vê que, como náo houve rcnascimento algüm, houve um montáo. Mas ainda esses vários processos, longe de ter uma unidade de sentido, muitos deles váo em direçóes exatamente opostas, sendo realmente impossível você tlaçar um perfil de conjunto, mesmo que se âtenhâ só ao domínio da história Mesmo ali se observâm tendências bastante antagônicas, linhas de dcscnvolvimentohistódcobâstanteantagônicâs ou entãoheterogêneas, que náo têm nada aver uma com a outra. Por exemplo, o fato de dizer qüe nesse período a Europa abandona a filosofia escolástica e assume novas direções, nem isso coflesponde à verdade, a nâo ser qüe nós expulsemos da Europa a Penínsüla Ibédca, quejustâmente no período era a sede de um dos Estados mais podercsos do mundo, a Espanha. Entáo, justamente ro período em que havia na França, na Holanda e na Inglateffa üma Íuptüra com â lilosofia escolástica, na Península Ibérica ela alcançava algumas de suas melhores realizâçôes - as quais, devido ao iato de que a opiniáo franco-bítânica se tornou dominante no século seguinte, foi colocada duÍante um tempo entrc parênteses e permâneceu como que à margem do plocesso dâ Histó â da Filosofia. Notem bem que náo existe materialmente um fenômeno châmâdo "história da filosofia". A História dâ Filosofia foi uma disciplina que as pessoas inventaram e que estuda mais ou menos numa clave crcnológicaalgumas idéias quc algumas pessoâs tiveram. Não existeum fenômeno matedâl identiÊcável chamado "desenvolvimento histórico da filosofiâ". Isso é uma síntese mental quc opcramos em cima de acontecjmentos às vezes bastante i,7úa,n eclos e heterogêneos. De modo que existem muitas maneiras de se moniar esse desenvolvimcnto, conlbrme o ponto que se tome como rcfcrôncia. Gcmimente, tomâmos como referência a moda prcscntc, quer dizer âquilo que parece dominante no momento presente. Mas mesmo isso seriâ muito difícil, porque durunte lodo o século XX, por cxemplo, houve três centros de relerênciai (1) um centro dc rcfcrôncia mamistâ-leninista, colocadoem todo o mundo soviético, o mundo sob domínio soviético, en que teria que se contar toda a história da filosofiâ como sc fosse uma antecipação ou preparaçáo do advento do marxismoi (2) um bloco continental franco-gcrmânico, dominado pelâ lênomenologia, pelo existencialismo, etc.; (3) e um bloco anglo-saxônico, dominado por filosofiâ andlítica e 1ógjca matemática. Cada um dcsscs trôs se aoreditavâ no direito de se considerar o topo da evoluçáo histórica e. portanto, de explicat tudo o que se passou antes em função do seu pÍópÍio posto de obscrvaçáo. Na etapa seguinte, exisic uma dissoluçâo desscs blocos, e hoje em dia seria müiio difícil ca.racterizâr, ver que estilos coletivos de ilosofia cxistem, sDbretudo na primeim melade do século xx. Há filósolbs individuais sem nenhuma conexáo cm tornoi há lênômenos como Xavier Zubiri, por cxcmplo, que é absolutamente inclassijlicável, náo se sabc onde colocá-lo, cujâ obra aparece toda postumamcnic; há o lênômeno de Edc Voegelin, qüe é provavclmcnte o filósotb màis importante do pcríodo, mas que continua âmplamente desconhecido lcomo, por exemplo, no mundo liâncês). Paraâsegundametadedoséculoxxeopcríodoquevematéàgorâ. já não se tem mais csses pontos de relêrêncià, já náo se 1em mâis algo qre se possâ dizer que é un1a filosolia dominanie e quc fomeça um poÕio de orienlâçáo, mesrno frcticio, mesmo hipotético e fictício para sc ârticular o passado histórico. Entáo, isso naturalmente cÍia un1a certa desorientâqáo, màs. por outro lado, essa dcsoricntaçâo pode ser benélica, poÍqüe úos ajudaâ ver o câráterprovisóúo. relativo-para nào dizer ialso - das outras articuiaçôcs quc tínhamos antes. Po. exemplo, essâ mesna divisãLr de ldâde Médiâ e ltenascimento. Idadc Modcrna c Pós'Modernidade, ela é ieita desde um ponto de vistâ que tomâ como ccntro alguns dcscnvolvimcntos cspccíficos desla lilosolia que, mai s dià nenos dia. podem ser considerâdos âbsolutamente i[elevantes. Tudo o que nós chamamos hoje de "pós moderno" pod€ ter sido esquecido amanhá ou dcpois. Nâo temos um châo firme ou nem mesmo uma rfirêncid Je Lhíu firme nu quul po.idmus nu. upuidr pa'a criar uma visão retrcspectlva, na qual pareçâmos estar orientados. lAluno: Como Íoí criada essa segmetTíttção da ldade Média, Modena?l Istovcm dopróprio início do que nós chanamos de ldâdeModerna, quando há no PerÍodo lluminista um ccrto grupo de intelectüais que se definem como o cüme da evoluçáo humana e começâm a medir rudn o quc vcro para rrâ\ como \c Ío..e ou uma prepirdçxo ou utn obstáculo pâra chegar até onde eles cstavam. Hojc nós t€mos até uma certa dificuldade de conceber uma espécie de sentimento triunlàlista quc a intclectualidade européia tinha nessa época senlimento inspirado. vamos dizer por um scntimcnto muito pouco justificado pelas rcalizaçóes. pelas conquistâs intelectuâis da época. Na vcrdâdc, foi uma época de mediocridâde filosófica que chega a ser assombrosai âssustâdorâ, quando vemos que â grandc figüra da intelectualidade européiê no perÍodo foi Voltâire. Está certo que Voltaire cra pouco mâis do que um jornalista, um divulgador, mas como um filósoIo era nrDilíssiino defi.icnte Eniendemos, entáo, que nesse período houvc uma espécie de ampliaçáo do público debâiedor. do púbiico pretensàmenle filosófico. Isso dâva a impressào de que a cultura estava se disseminando c dc que âs pessoas estavam chegando. Dâva a impressâo dc um proSresso, em suma, mas cra âpenâs uma ampliâqáo quântitâlivâ. E justamente o maior filósofo do período que a nós hoje interessa mâis - que erê Leibniz permanece à margem do scu século. Os suieitos mais interessantcs do século XVIII eram Leibniz e Ciambattista Vico, para nós hoje. Leibniz foi totâlmente incompÍeendido, caricaturado ató por Voltâire na figura do Dr. Panglossl; e Gianbattista Vico nào lbi nem isso, ningüém nem ouviu falar do suieito. Entâo, tudo âquilo do qual a inteleclualidade se orgu lhava na época, a nós hoje parece lotalmente irelevante, mas, na época, cles tinham realmente a impressáo de ter rompido com milênios de obscurantismo e chegado enfim à descoberta da verdade. Não que se considcrasscm pessoalmente merecedores dessa qüalificaçáo, mas, pclo menos a partir de Isaac Newton, o sistema do mundo ncwtoniano pâreceu na épocâ uma coisa táo assombrosa e táo revolucioná a que eÍa como se, de Íàto, milênios de ignorância tivessem sido rompidos dc repcnte por um raio de luz. Exisic um poema de william Blake que diz assim: "Deus disseifaça- se Newton. e tudo virou luz". Era entáo unr entusiasmo. uma idolatria Iantástical Quando sevê qüe, trôs sóculos dcpois, o sistema de Newton alcança o seu limitc c é substituído porumflorescimento extraordinrÍio de doutrinas contraditórias dentro da física, de modo quc hojc iá náo se pode mais ter certeza de nada) entáo nós cntendemos que esse sentimento de vitória que se infundiu na intelestualidade euÍopéia da época era um fenômeno ideológico, eÍâ uma auto-imagem; náo era umadescriçáo de uma realidade, mas a expressão do scntimento deum certo grupo de pcssoas enormemenie vasto. JAluno: Isso iustíÍicatia cansiderut o que aeio a tes como o mínitno patu tudo no tfiutTdo (...), naio é? Aquíla era o passado e agoru estatttos tto prcsente-..) Ccrto. é certamente a primeira coisa quc acontecc. Veja, quando vo(:ê descobre uma coisa nova. em vez de ela se acrescentar ao aceNo dos seus conhecimenLos, ola o encobrc, de modo quevocê dáum passo para a liente e dez para irás, isso ó muito comum tAluno: É a utiLidade da diaísila tipaúíte? Porque a Voe\eli'l comenta que isso é uma caructeústica gnósíiar lipica. l Sem sombra cle dúvida. A idéia de que o coniunto dâ história humanavâi até o conjunto dahistória cósmica con1o uma evoluçâo cn tÍês ctâpas já vinhâ de longe. Há o conceito de Joaqüim de Fiod, a Erâ do Pai, depois à Era do Filho, dcpois a Era do Espírito Santo; cxislia uma infinidade de doutrinas iripafliics, isso entrou proÍundamente no subconsciente europeu- Existe o conceito do Mesire Eclàârt, no quâl háiambém umaetapainicial em queDeus cstácentrado em simcsmo e maniiestado, depois há a etapa da pÍecessão, quando Ele se manilesta, e depois há uma etâpa do retomo a Deus. Tem, por excmplo, a lei dos três estágios de Conúc, etc., etc. Mâs náo precisa ser necessariamenle tripaflite. A simples idéiadeque o conjunto da história humanâ possâ ter uma figura é algo rcalmente muito esquisito. Como é que vocôvai estabclecer umâ linha única de desenvolvimento entre culturas e sociedades que náo tiveram a menor conexáo entte si, náo tiveram nenhum contato? Se existe uma fiAuta únicâ- ela foi criada por mágica. Mas eu acho que é mais um efeiio desses como quando você olha nuvens e vê um câvalo, um alragáo. É uma aparência. Olhando de uma certa maneira, de uma certa distânciâ, parece que houve três etâpas ou quâtro etapas, c parece quc á coisa Íormâ uma c\ oluCâo ünica. vdianc.I M ^ de,Cind o Siô Plnlô: S.ipione 199r I lAluna No setul.o XtX?l No fim do sécuioXVIIl. Houveduas figuÍâs importantes na fiiosofia êlemá dessc período: um é Leibniz. pelas inovações, pelas descobertas, e outro é Chdstian WollT, que erâ o professor da naçáo alemá e escrcvia em latim. Wolff foi â grande influência formâdora de toda a geraçâo de filósolbs que depois lizeram o idealismo e o romantismo. Fichte, Schelling, Hegel, todos eles estudaram nos manuais de ChristianWolff, e esses manuais eram em latim. [Alrno: O que pemite atimu que VoLtaie. que esses outros pensadorcs, que hoie efi día a Eefite poderia úê-Ios como insíEnilicantes?... Você talou que Leib iz(.._).) Náo é que hoje em dia poderíamos dizer isso; qualqunr sujeito treinado, com treino filosófico, já na época perccberia isso imediatamente. Quer dizer que a desproporção entre, por um lado, as pretensóes daquela geração e, por olrtro, suas descobertas e a consistência da sua filosofia eÍa táo grande que isso dá na vistâ_ Mas dánâvista dâ gente hoje como daria navista dc algun observador qualificado na época, como o próprio Leibniz, por exemplo. Na verdade, com a dissoluÇão da inielectuâlidade acadômica em algunslugarcs (naEspânhaeem podugalnáoaconteceu isso; oprocesso l'oi um pouco diferenle), o qüe âcontece é que você perdc os critérios de investigaçáo e dc provâ. Você não sâbe nuis qual é o iundamento. Unl sujeito que, dentro da univcrsidade medievâi, quisesse apresentar uma idéiâ nova, ele sàbia como é que tinha quc apresentar aquilo, o quc é que cle tinhâ que dizer paraqueas pessoâs acreditâssem naquele negócio. para que aquilo se tornâsse âceito. Havia um certo conjunto de critérios dâ verdade que era de do ínio público. De repente, você nâo tem mais isto. 1.1 O própr;o eslorço de Descartcs de buscâr desespeÍadamcntc um novo tundamcnto âbsoluto e apodíctico da vcrdade, um lundamento inabalávcl que náo pudesse ser posto cm dúvida, refleie a incerteza gcral, que nâo era certamente só a incerteza dele. Quer dizer, a mcsma idéia de um fundanento apodíctico, se vocô dissesse isso para uÍr Iilósofo medievâI, ele ia era achar isso uma pretensáo excessiva. Medir as ciências do conhecimento humano é pelo iundamento rclativoi náo existe umâ coisa táo inabêlável quanto você está buscando. Santo Tomás de Aquino já dizia que náo é próprio do sábio busc mais conhecimento do que o obielo admite. Por outro lado. se você comprccndc que desde a Antiguidâdc, desde AristóteLes, todos cstavâm conscientes de que o mundo da naiureza é o mundo das transibnnaçóes, ó o mundo onde as coisâs esláo continuamente mudando, e quc Aristóteles tinha advertido contra o uso do método matcmático nas ciências lísicas justamenie porque nada na nalurcza ó exato, basta isto para você ver como os filósofos medicvais eran muito mais modcstos quanto às pretersóes dc um conhecimento apodíctico. Bom, ele âdnitiria que existcm conhecimentos que sáo muito imporlantes, masqucnáo sáopassíveis de uma prova apodícticâ, âpenas uma prova relativà; e tem ouiros quc 5áo passíveis de prova apodíctica precisâmente porque náo têm ncnhuma importância. Por exemplo: as verdadcs matemáticas. Você pode dar unÉ prova âpodícticade muitasdclas. Só que, o queéamatemática? A matemática, segundo a visáo antigâ e nedieval. é o estudo de um tipo especial de scrcs que tênr â caracierística de tcr uma consisiênciâ permanentc, piecisamente porquc eles não existem nem no tcnlpo nem no espaço. E o pior ó quc os sujeitos iinham razão dc pcnsâr assim. Então, âlivocê obtinha umâ certeza apodíctica, mâs sc relêria à seres que só existiam sob certo aspecto; nâo se podia dizer que eram rcalmcnte existenies. l5 r No século XX se dirá quc os cntes Ínaiemáticos náo sáo nem reâis nem irÍeais, são ideais ou formais. Elcs tôm uma consistência. náo sáo uúra pura invenção da mente humâna. E você sabe isso por quê? Porque elcs não sc comporiam do jeito quevocê que! entáo vocô faz a contae ela dá o resultadoque elâ quet e náo aquevocê qtler Vocétraça a figurâ gcométrica e ela lem as propriedades quc cla tem, e náo as que você quer Elcs tôm uma consistência objetivâ, mâs cssa consistência ó puramente lbrmal. Ele está lãlando de rclaçoes possíveis. Aí você obtén uma cêteza apodiciica absolutâmentc inabalável; no resto. !u!L lem quc sc conrcnlar co.r conhec,nr<nru\ taluavc'i. De Íepente, êpârece um Dcscartes dizendo: "Nós temlrs que cncontrar aqui uma espécie de plrnto arquimédico" - quer dizer, um conhecimcnto que seja por si nesmo táo certo e tào inabalávcl quc nada possa destruí-lo. O simples fato de ele levantfi esta peryunta já cra üma novidade. Essapergüntê, se colocada num âmbiente medieval, pareccriâ cxccssiva ou ambiciosa demais. Em segundo lugar: o fato dc quc ele vai encontrar ou acreditâ encortraÍ esie iundamento âpodíctico náo em âlgllma entidade objctiva. mas nele mesmo. Você pode dizer quc, dc ccrto modo, o eu pensante, que é o fundamcnto do mundo de Descârtes, padece do mesmo deleito dâs entidadcs matcmáiicas. O eu pensante tem absoluta certeza de si no momento em que clc cstá pensando, só que este momento tcm unra duraçáo infinitesimâi e este eu pensante só existe quândo vocé pensa nclc. Então, no fundo, essa certezâ de Descârtcs ó táo pobre qüanto âs ceÍezas matcmáticas. Descârtes, no fundo, nào tinhâ saído de deniro dos limites do conhecimcnto ial cono os admitiam os lilósolos nredievais. S(i que eles nã.r lãlavâm propriamenie de "linrites de conhecimento". Isso parâ eles nâo era linite do conhecinento, mas erâ â própria nâturezâ do conhccimcnto. Sendo assim, muitos problc âs filosóficos que suryenr depois cxisiern só porquc as linitaçóes naturais que dâo o próprio pcrfil, a própria definiçáo do conhecimerto huÍrano, passam a ser encarâdos como liniles no sentido negativo do termo. Por exemplo, você observa quc um tigre é um bicho linilâdo porque ele só tem listras, náo tcm bolinhas con1o a onça. Náo existe bicho quc tenha lisirâs e bolinhas;é uma terrível I im itaÇáo. Etambórnnâo existecavâlo listrado; qLlando é listrado nâo é câvalo, é zebrâ. É uma coisa telrível, náo é? Não cxiste taúarugâ voadorâ. Entáo. o famoso problcma do limitc do oonhecimentohumano é que as pessoas dcscobrem esses limites e ficam chocâdas. Dependcndo da simpâiiâ que você tenhâ, você íica chocâdo dc quc cxistârn liniLes do conhecinrento humano e qucr transcendê- Ios; ou, entáo, âo contrário, você toma o lado da ignoráncia e celebra un1a espécie de derrota do conhccimento humano. Diz: "Está vendo? Nós náo podemos làzer nada, somos todos uns ignorantcs...". Tudo isso começa a partir do momento cm quc René Descartes quer enconirar um fundamento apodíctico. Orâ, o§ ântigos também conhcciam âlguns fundamentos apodícticos de ordem purâmcntc mctafisicê. Conheciam pelo principio de identidadc. Mas o princípio de identidâde. no lim dês contas, sob certos âspcctos é tào pobre quanio qualquer verdâdc matcmáticâ. Porqu€ vocé saber que uma coisa é ela mcsma necessâriamente, iss.r nao queÍ dizer que vocô saiba o quc cia é. Vocé pegâ unl dragáo verde com bolinhas cor-de-rosa, por exemplo. Sem sombra de dúvidas, clc ó um dragáo verde com bolinhas cor de rosa, mas náo rne pergunle o que é um dragão verdc com bolinhas O. princrpio\ f'r'mcirns dn con\(, im(nrú. qu( erdrn u. principio. .lâontoiogia, náocramentáo um conhecimento no sentido substantivo dotermo. Erâ um conhecimento apenas daarnradura das possibilidades e impossibilidades e dentro do qual se procedia a buscâ do verdadeiro t7 I( conhecimento humano substântivo que, sendo substantivo, poroütro lâdo era relativo e incerto, emborâ se orientassc pelo jdeal dos primeiros princípios e, portanto, pelo ideal do conhecimento apodíctico, sabendo que iria se âproÍmâr dele sem nunca âlcançálo. Aristótclcs diz que sempre que você está invcstigando unr domínio rovo do conhecimcnto o problema é que você não tcm as premissas. Só tem as premissas universais tipo princÍpio dâ identidade, mas as premissas específicas daquelc domínio, digâmos, as leis daquele domínio, você náo as tem, vai ter que começar por investigálas. E como é que vâi investigá-las? Vai investigar pelo método dialéiico de conlrontação de hipóteses. E o méiodo dialético, no fim dâs contas, vâi lhe dar apcnas um conhecimento provável ou razoável. Entáo, o conjunto do conhecimcnto humano, na verdade. está limitado ao dialético. Agora, pensa bem, por que uma criatuÉ cuja lbrma de existência é elâ mesmâ temporâI, relativa, contingcntc, etc. precisada ter um conhecimenlo 3b\olulu r apudr( ri(u.' lsso e quasc umd incongruencia. Você pode saber que um conhecimento àpodíctico é hipoteticamcntc possível ou que Deus o tcm. Mas, §e você náo tem. isso náo é um molivo para ficâr assustado... Você náo tcm, mas eu também não tenho, ele também náo tem, nuncâ ninguém teve... Nós estamos vivendo há milênios assim, e isso não épara vocêlicarmuilo assustado Isso faz pafte da natureza das coisas. Você ier que se contentar com um conhecimento relativo é uma simples admissáo do senso de rcalidade, portanto, é uma das bases do conhecimento. Estâ linitaçáo do conhecimento é a naturcza do conhecimenio humano, entâo, nao é pâra você ficâr assustâdo com elâ, como também um cavalo náo deve ficarassustado qüandoele percebequenáo pode voâr, ou a galinha que olha pârâ trás e pensa: "Poxa, eu só boto ovo, náo dou leite. Todo dia eu Íaço uma lorça aqui e só sai ovo". 1E Existc essa estrânheza. âs pessoas têm estrânhezâ e uma espécic dc rcvolta contra a incerteza do conhccimcnto humano. À pârtir de René llescades elâ já cstava muito exâcerbada. À ambiqao do conhecimento orcscc tânto que naturâlmente ela vai chegar em decepÇóes. Logo cm seguida. então, começa-sc corn a busca do conhecimento apodictico rcssa época do racionalismo filosófico, com DescaÍtes e Espinosai pâssa um séculoemeioe sechegano totalceticismo. com David Hurne, qlrando já íáo podemos conhecer nada, pois tudo é absolutamente inalcaneável, e até as noções básicâs da lógica são todas incertas. Mas, noten bem, iodo esse drama. §e apresentado para um filósofo nedieval, ele resolveria em cinco minutos. Eie diria: "Olhâ, isso âqui tcm uma limitaçào inlrinseca. Mas essa limjtaçáo náo é uma limitaaáo no sentido negalivo, no senlido de uma privaçáo. é no scntido de que es1â é a naturcza humana". O ser hunano tem um conhecimento hurnano. Entâo, o conhecimento divino, porquevocê deveriatcr mais? Você pode pârticipar indireiamente do conhccimcnio divino através do conhecimento dos primciros principios e da 1é, e olhe lá, e essâs duas fornras dc participaçáo sáo deficientes. ÍAluno: Esse pessoaL das uniaetsíúules, eles (...) da ldade MAJia que torum pe lendo a impott,âncict soci.tl?) Em âlguns países sim. Na Françâ e Inglatcrra clcs lbram. E â intelectualidade palacianâ adquirc umâ l'oraa tremendâ, principalmenle porquc a aristocracia precisavà desses camarâdas. a não apenas por um motivo de preslígio, rráo erâ isso. Precisâvâ pam quc clcs a orie.tassem. Quer dizer, os intelectuais dâ aristocrâcia erâm uma espécic dc espclho retrovisor dâ própria aristocrâcia. Assim como em outras épocâs â intelectualidâde acadêmica tinha seruido de refcrôncia para as autoridades, agora quc a nova organizaçáo política se dava em entidadcs nacionais distintâs, suas respectivas classes dominantes t9 EntÃo. erâ evidentementc uma filosofia muito mais cuidadosa. muito mais cicntífica, na verdadc. A paÍtir do moúenlo enl que você náo ienl â comunidadc organizâda pâra isto. oniáo você pode dizer qualqller coisâ, e essâs coisês vâo scr discutidas dcsdc pontos de vistâ arhrrrârio\ que \ao Jque e\ que oconrÍ r. pe\\uJ\ lsio significâ que â discussáo Iilosí)Êca fica rcalmcntc câótica a partir dcssc pcríodo. e por isso se iornn difícil escrever sua histó a. ,4. História da Filosofia mcdicvalófácildc scescrcver, pois há uma certa unidàde no desenvolvirnento das qucstócs, no dcscnvolvimento dâs várias correnles. Quando as pessoas váo tonândo direções diltrentcs, vocêentendcporquc nroiivo as tomaram, eniende qual loi â diliculdade, quêl lbi o pontoexato dc divcrgência. Dâí para ad iânte você já náo sabe mâis. pois exisle un1à pulülaçáo caótica de idéiâs c sugcstõcs. Claro quc cxistc muita discüssáo. e discussáo sjnceral Quando se pega, por exemplo, as MêdirdÇôes metatísícas dc Dcscartes., depois aparcceni várias pessoas que olereccm obieções àquilo e c1c tcnta rcspondcr o inelhoÍ que pode, mas se vê clêÉDrente que esta discussâo nào era ordenadâ, nâo cra rcalmcntc uma discussáo cieniílica, na qual se dá J preuLUfa(iu dr l(vdnldr lud,,,,F àrp., ,Á pn\.r\.i' f rnar. um" polênrica no sentido modern(J. Náo ó prcciso dizerque a parlirdaíesse carátercaótico dadiscussáo Íilosóficavai ficando cadâvcz mais caótico, mais caótico, até que chega um ponlo em que náo dá pâra se comparar o quc unl sujcito dissc aqui com o que o orliro disse lá, porquc simplcsmcntc nâo tôm nada a ve! estáo lãlando de mundos difcrcntcs. as rcferências sao tolalnente diversas, a experiênciâ do mundo quc cada um tcm é irredutível à oulra. e4lao n.ro .e ríbe rnJ i. u que. úmpdraí Sc você pegar dois camaradas mais ou lnenos conternporâneos, (umu liàrl \4à \, 1(icrl"gaard born lacã uma \ompard(ao 5e voce püdcr, amre ulnâ discussáo entrc cles. É quasc impossível, náo é'? E com o tempo isto evolui parâ â lormâçáo. Já náo são mâis âpenâs individüatidades incomunicáveis. mas blocos incomunicáveis E às veTes sáo incomunicáveis náo somcntc nâquilo que estáo dizcndo, porén na própria visão quc clcs 1êm do câmpo filosófico inteiro. O que Lrm sujeito está chêÍrando de filosofia, no que ele cstá interessado, isso náo tem nada â vcr com o que o outro está charnando de filosofia c quc, por süa vcz, lhe inlercssa. Tenho â impressáo de quc tudo iÍo começa com essa erigôncia do conhccimenio apodíctico de achar o ponto arquin1édico. l\lúna (. .. ) por exeÍnplo, tla Academia q ue se diüide, não se dilide... Mas se ocê criat üárias núcleos lambém nao lorna dilícíI, potque oocê não ten fiais cettezo? (--. ) O il1diaídu o, paru eLe fuzer isso que aaú estú úlocafido, tle colocdt opiniôes cofibfuias, é nuitn üais diÍícil, poryue aümentou a quanlídade ile inÍatmação. Você lem, eníão, qüe Íazet um trcbalho que ufi inàiaíd o so?inho às üezes fido íem condiçoes...) Você não sabc mâis o que ó o contrário a quê... Náo dá mâis parâ tr/er, r"n da mdi\ p:r ra afl i, uhr or discu.'ür'. l: por is.n quc rrn apena. dois séculos isto sc converie, vâmos dizer, na polêmicâ iomalística do século XVIII, quando aparcce um flotescimcnto de milhar€s de novàs individualidades pcnsantes. cada uma dando os palpites lnais de.en. nrllàd.' e drguminlr 'Jo \cgurdu l.r( parccc qu( ( il mancirà mzoável de colocar as coisas. Pior é que esta maneira que parece razoável â cada um representa para câdâ um deles a encarnação dâ râzáo no sentido univcrsâI. [,nlão, pelo lãto de o suicito a]gumentar coln uma certa lógicâ, ele acredita que se colocou no plano da razáo, pois quem veio colocâdo antcs cstava colocâdo no plano da irrazáo Quanto mâis inconsistcnte â argumentaçáo, mais o suieito acredita que ele ó a razáo univcrsâ]. 24 [Nuno: É aí que começam as ideoLogias ou iá eru antes?l Bon, partce que sim, parece que vocô pode dalêr um pensamento do tipo ideológico no séc1 o XVIIL Mas não poalcmos esquecer que o iena "ideologia" também .Á uma autodefiniçâo que uma cerra coüente dá dâquilo que ela está fazendo e do que os outros esiáo iãzendo. O tema "ideologia" âparece com Napoleão Bonaparte. Napoleáo tinha um certo grupo de filósol'os liberais que lhe fâzcm oposiçáo, a quem ele denomina pejorativamente Les tdeotogues, q)er dizer, os suteitos que têm a ciênciâ das idéias. Depois Marx também usa a pâlavra! primeiro num sentido pejorativo e depois num sentido positivo. Eu náo sci se o conceito de ideologia reâlmente funciona. Existem muiias maneiras de você definir essa tal ,,ideologia,,, náo é? Comcçacomo um termo pejorativo e depois, ao iongo do tempo, adquire prctensões científicas, com Karl Marx; depois, ibra de um contexto marxistâ, vem o pessoal da Sociologia do Conhecimento _ que procura descobriras bases sociais do conhecimento, da ciência, da culturâ, etc. , que apela também ao mesmo conceito. Mâs nós também nâo sabemos se a Sociologiâ do Conhecimento é cla própria uma ideologia. Enfim, pensando bem, esse conceito não ajuda em nada. ncm a favor nem contra. Eu preÊro usaravelha distinçáo aristotéiica enirc as autodeliniçóes dos agentes de ümâ açáo _o sujeito está estualânalo um fenómeno hurnano, as pessoas que estáo agindo iãlam, a linguagem é uma maneirade ação de câracterísticaessencialmentc humana; ao falar, elas se autodefinem, e vocô tem. então, as váúas âutodefiniçóes das várias individualidades, dos vários grupos que, paÍa o cienrista, para o observador científico, sáo a matériâ-prima do que você vai estudar. Você vai entáo passdrde um discurso sintético e de autodefiniçáo para um discu$o analisado, decomposto. O discurso dos agentes, por um lâdo ele serve para o indivíduo se autodefini( para ele exercer uma idluência sobre os outros. e scrvê 26 nrais ou menosparaelese orientâr dentro da imagem darcalidadequeé propícia àquela açáo que ele querfâzer. O discurso do cientista náo tcm csse objetivo: ele visa descrever o que cstá elêtivamente acontccendo, c â úoica maneira de fazer isso é decompondo analiticamente os vários discursos dos agentes e arliculando-os de umâ maneira que nào corresponde exatamente à de nenhum deles, mas ao coniunto do que Âristóteles foi quem inventou isso, que funciona mais do que ideologia. Você não precisa deprcciar os discürsos dos agertes já que sáo merâmenle ideológicos, porque. pelo simplcs lãto de ser o discurso de um âgente, náo é um discurso científico, evidentementc. no sentido de que não é um discurso anâlítico. O sujeito náo está ientando analisar, decompôla, ele está tentando agir sobre a situaçáo. ÍAlúno O pÍoblema é que Maw e todos os mal,íistos ou filo marúsía§ ,ão dizer que tudo é íàeoLogia, tudo é doxa...l A paftiÍ dai tudo é iLoÍa. tttdo é dox.l... Daí você .esponde o seguinte: "Vá lamber sabáol Você nem sabe o que é lógicâ, o que é dialética, está fâzendo é umâ cristica de muito baixâ qualidade. Você é um charlatáo, náo me amola". E âssim que tem que responder. l{funo Mas ão ten nenhuma resposta possiaeL pata phntat a semente íecütxdadoru?l Mârx é Iilosofra para retardados mentais. Só uma pessoâ burra. só uma pessoa sem inteligência pode cntrar nâquilo. ÍAlútto: Sim, m,ts o suieito já entnu, ào tem nda qúe se possa lazer pot ele?l Marx nâo é sério, e eu estou lãlando decoisa séria, estou falando de Leibniz. de Àristóteles. Marx náo é sério. Z7 Eu âcabei de ler hoje quetem um sujeito nos Estâdos Unidos, acho quc é um tcheco que mora lá, que publicou um cstudo sobie a tese de doutommenlo de l(a.rl Marr, que eÍa sobre Epicurc e Demócrito, e ali já se vê que Karl Marx era novinho, novinho, e já era vigarista. Quando eie náo entendc um negócio. dá uma maquiada em cima. enrola. Daí você pensa: "Como ó que eu lui prestar atenÇáo neste palhaço?". Mârx náo é sério mesmo, nada do nârxismo é sório, nada, ê eu não estou exagcrando. Quando chegarmos lá, vamos ver isso conr nlâis dctalhe. A sirnplcs hipótese de que scja possivel se traçar â unidade do desenvolvimento da hisiódahumana a partir da suabâse econômica, ao sujcito que falou issovocê pode dizer: "Pode parar". Porque, pdmeiro, desenhar csse conjunto já é impossível, qualquer que scjâ a base que você escolha A pretensáo já é absurda, c o instrumento que vocô está usando é pequeno demais parâ isso É muito fácil perceber que o que querquc tenha sido ieito. em q ualquer atividâde econômica do mundo, loi pensâdo muito antes de ser l'eito. Por exemplo. qualquer inovaçáo tecnológicà, você quer montar uma firma. Primeiro â lirmâ aparece lêitâ e dcpois você pensâ? É isso que acontece? Isso náo é possível. O sujeito não entende que cconomia é simplesmente uma das aiividâdes do cspíriio hunano, quc elâ não pode ser a bâsc do descnvolvimenlo do espírito humano, que eu preciso, qüe o espíritr) hunâno prccisa cÍiá-lê.-. Quer dizcr, ele lala como se produziÍ Íosse uma coisa assim natrral. O sujeilo nascc e já começa âli: ,'Vamos fazeÍ um negócio àqui chamado agriclrllutâ". Vocé imagina a trabâlheirâ quc o ser humano teve para um dia, ele que estava acostumado a buscar banana em tal lugâr, ialâr: ,,EspeÍa aí, vamos plântar a banana aqui". O sujeito deve ter um QI enorme para pensar um treco desses, e o primeiro que pensou, os outros devem ter bâtido nelc: "Pára de falar bobagem, rapaz, calâ â bocal". Quer dizer, 2'l parâ o slrjeito pâssar dâeconomiâ extrativista parâ aagricultura, aquilo loi ümâ obra de génio, e certÍLmentc apâreceu como idéiamuito ântes de poder ser realizado, cono tudo qüe é humano, meu Deus do céul Vcia cssc negócio do aviáo. Chega uma época em conseguiram fazer. Mas desde quando estavam pensando nessâ porcaria? Como é que você vai explicâr isso pela base econômica? É uma cstupidez táo gânde que é mclhor dizer: "Esquece". lAluno: Mas depoís que é implementado, a sociedade nào se oÍEaniza em terfias dessa base ecofiômíca? Por etemplo, esse ercmplo (1 e o senhot está dando...l A base econômica náo consegue ticar pâÍâda um minuto- porque tcm gente quc pensa outra coisâ. O próprio progÍesso tecnológico está aqui organizando uma sociedade âssim, assim, assim.. Está aqui a basc econômicai você está montando isto aqui e tem um suieito qüe já pcnsou outra coisa qüe vai estuporar com tudo aquilo. Quer dizer, â inteligência humana se antecipa a isso. lAlLlno: Entào o sefihot acaba de dat üna eüidência.-.1 A basc económica decide a vida de um monte de imbecis; dâs pessoas inteligentes. náo. Pode ser que a vida menial dos cretinos dependa da basc econômica. Você organiza â vida econômica do cara c diz: "Olha. você acorda a tântas horas, vai lá, bate o ponio, mcxe lá as engrenagens até tantas hoÍas, daí almoça, volta...". E daí ioda a vida mental do suicito é decidida por isso. Podc ser quê com unl cÍeiino âconteça isso. É o caso do lfilmel Telrpos modernos, niLo é? O sujeito fica 1á o dia inteiro tazendo "nhec, nhec. nhec" nas engrenagcns. Quando temina a horâ do expediente ele náo conseglle parar. lsso aí é a base do materialisno histódco. Pode scr que as pessoâs de müito baixo QI ?9 novas possibilidâdes de esses Estados ganhârem dinheiro. Uma delâs sáo as gÉndes navegaçóes, Esse é um caso em que uma mudança de ordem militar e polÍtica encontra um meio econômico de se sustentar A economia aí vem nitidamente depois. E tem uma outm coisa quevocê pode observar lacilmente i nunca o ideólogo de classc pertcnce àquela classe. Quando você vê um suicito que lbrmulou a ideologia. o sujeito é de outra classe. Por que é sempre assim? Dificilmente aparece âssim i aqui temos um burguês formulando uma ideologia burguesa; o prolctário form ulando a ideologia proletária; o aristocrâta formulando a ideologia aristocrática. Nunca é assiml Por exemplo, desses novos filósoibs, havia um pequenlr número que era aistocrata de origem, como o próprio René Descartes, mas muitos nâo cram, eram gente do povo, gcntc qucfoi rccolhida ali e quc acâbou seNindo à aristocraciâ porque erâ o neio de vida que se tinha. Seria o caso de você pensa( "Mas por que o sujeito foi lá servir os aristocratas cm vez dc scrvir à sua própria classe?". A História intcira é uma demonstraçâo de que náo há conexáo entre a posiçáo sociâl do sujeito e a ideologia de clâsse dele. Náo há conexáo algunra. Você cscolhc â idcologia qucvocê quiscr;sc não quisertcr nenhumâ, tambóm pod(. luda (slà hipririse màr\isru e uma [anràcmaporia mcinrn. ( uma superposiçáo de imagens, está enlendendo? lAluno BolÍheüista também tinha cLasse néàia...) Não tinhâ nenhum proletfuio lá no meio. Olhâ, nâo tinha burguês nâ revoluçáo bulguesa, náo tinha capitalista na Íevoluçâo capitalista, náo tinha proletário na revoluçâo prolctâia, c assim por diantc. E náo tem camponês na revoluçáo câmponesa. Você náo âcerta umâ? Prestâ atençáo no que eu eslou dizendo: I(aÍl Maü é um palhâço em ioda linha. Um dia os historiadores tcráo dificuldade de entendcr como é que se levou a sédo este sujeito, assim como â gente lendo às vezes 34 certos ideólogos do tempo do Iluminismo, da Revoluçáo Fmncesa, tcm dificuldade de acrcditâr que alguém possa ter levado aquilo â sério. No entanto, levaram. Nâo ó uma teoria respeitável, está entendendo? Umâ tcoria rcspeitável tem que ter um mínimo de consistênciâ como hipótese pàrâ merecer atençáo. Mas a lbmulaçáo dâ hipótese já é absurda. NAo é quc ela é absurda, é invisívelt Ela náo conscgue se erprcssar, nàoconsegue dizcro que querdjzer Entâo porque você quer dizerque umâ idcologia de classe é a ideologia do sujeito que pertencc àquela classe? - "Não, é â ideologia dos interesses subjetivos daquela classe, os quajs podem serpercebidos poÍ um sujeito de outraclasse.,, Orat E por que o sujeito dc outm classe náo percebe os interesses subjelivos de ru" propria Lld\si c 5im dit rlas.c v./inha:' f priÍríriu. c roto, e imbecil. ÍAlrno, No petíoda afiÍeriot ila ldade Modema esse htibito tambén...l Kârl Marx é umâ espécie de Epicuro. euando você lê Epicuro só conseguc daÍ risâdâ. Ele é ddículo em toda linha. Mas. como tem uma faixa sociâl de indivíduos que estáo completamente perdidos, baratinados. e que lêm dinheiro para jogar íora. eles váo conprâr isso aí. ÍAlrno: No petíoào afiteriot, aliás, antes da ldad.e Modelna. todo mu da agia dessa ma.fieia, ào é? Maquíaz)el tanbém ficaüa te Íand,a idefititicat os üefi.adeircs ifiÍercsses (le ufi Eoae lafiÍe da época... O Hobbes, .t mesma coisa...f Maquiavcl, deum govcrnante quenáo eraele. Hobbes, amesmíssima coisa. Sempre o intercsse subjetivo de umâ ciasse que náo era a sual Eniáo, tem que pegar esses conceitos todos e jogá los fora. Eles náo explicâm nada, inclusive o conceito de ideologia. É um conceito feito 35 pâra dcprcciar a idóiâ (lo outro conro se lossc âpenas uma tmduçáo dos inieresscs de clnsse. O fatu de vocô cstar deicndcndo os intcrcsses dc clâsse significa que à visào qüe você tcm das coisas ó Iats.rt Claro que náol Você podc, paü âtendcr âos intercsscs de classc. fazer uDra dcscric,ro pcúciiârnente cxata da realjdade Mas IGrl Marx diz que nenhuma llassc pode lazer isso, só o prolctâriâdo. c os outros rodos t(r r ',,,n..ie h i, àlicr . di' . purquc.te. ,run. o nneqr i rnd,, .,a rrü\!rj ficâm só no mundo dâs idóins P Karl Mârxi, Se ringuénr podc làzcr isso porque nào pÕc â máo nâ massa. Karl Marx, que nuncâ ir.rbàlhou Lnn único dia da sua vida- como a quc realizou o milagre dc trârscencter eía iinitâçáol) §c você lcm uma Iilosofiâ que vai explicar a clrndiçáo hunrâna, cm princiro lugar sua primeira obrigação é cxplicar p a vocô nresnúj NIar\. Sc você nio cntcnder slra situâção, como ó que vâi cxplicâr a minhà? 1iltrio, por lavorj escrcva uma autobiogr.úia dizcndo como sc deucstc nrilagredcquevocé, filhodcum juristâ, quâseministro, captou o irltcrcssc subjetivo do prlrletâ ado e passou pâra o lado prolelário. Conie me conro é que sc dcu isso aí. Naverdade, quando lQrlMârx oscrevcos prim eirLrs tcxtff â respei k) da ltevoluçáo Socialista. ele nuncâ tioha visto um proletário na vida. Náo conhccia esnlo. nâda sabia. nada. D:ri elc lcu aquete nctarcio do Engcls sobre a sitraçao da classe operária c disse: ,.Saqucit , lA]unor abrlra isso se pad.eria aryume tot. que .'s mestrcs de Coimbtu tcmbém nur\a íinhãú1 üista Í)uryueses e. no enta to, Náo. clcs eíarir dcscrcvendo âquilo. elll princiro tugar, a pârtir de uDra experjêrlcia existentc, de niuitos sóculos. Estão disculindo uma qucstão que já cxiste lrtj muit(x séculos. c csião discurindo a parrir da colocacão medicvâl (lo problcma, que é a .tcoria do preço jusid,. Eles conrcçaln cntáo a dizer: "Bonr, sc c:riste um preço jus(o. qüâl seria a base dc cálculo? ' Tcrtanr todâs a! bases de cálculo c vôcm quc ncnhuma delas dá um prcço ius1o. Conclusão: só Dcus sabe o preço justL,. QueÍdizcr, cxistc o preço juslo. rnas clc ó um mistériu. !htio. se ó um mistério, o preço lusto é aqLrcle que você esiá disposto â pagâr E sc você está disposto a pagar ó porque âchâ quc ó um prcço juslo. e o oulro está disposto a vendcr. llnião, pronto, cssa é uma economiâ lAlü1a: Mas. em r(nnos t11ais rcais, Sattto A9osti ho thca lillha natado es\.t hipótese [.le disse que é absolttlamc te impossíul pata a sd huma o acetta t o ponta m éd io ewlo de sej a o q ue lot. ) É, teoricâmcntc já eslaria resolvitlo. mâs clcs náo eslavarn leorizândo sobrc o inleressc ohictivo de un1â ciâsse qlre nünca tinharn visto. Não erâ isso quc clcs cstavam lirlando. rnas siln dcquâlqLrerpessoa qlrc conrpÍacvcndc. Não âdianlavocê qucrcr cxplicar esle período por ideologiâ dc classc ou qualqücr outro pcriodo. Votê não \,ai cncontrât pois essa corespondôncia não e:riste. Acontccc o scguintc. quc esta scqüência quc IGrl Mârx coloca nâ Históriâ - cornunidade prhritivâ, depois o cscravisno, depois o tcudâlisnD, depois o capilalismo, dcpois o socialisno é urrr dranra quc \,ocê invenlâ. é um cincminha. e csse cjneminha é quc dá â impressio dc quc você está orientado rro rcIjunio. Nâ faltâ de outl(rs icrnros quc csteianl em circulaÇáo, vocô usa csscs con1o ulna espócic dc rcfcrancia. Prri nô...Iu.,-rdnrú, i\rL,1i,,Jô i.^r.d .rru r ,,ru ( (i:r'c:i i discurso do agcnle. Esle é um dos muilos dis{ursos de üm dos muibs agcntcs. CLrincidiu de elc ficar niuilo pocleÍoso c tcr uma cntidêde com quinhenlos mil funcionários pâ.â cspalhar isso pelo Dlurdo, daí a coisa pcilou, mas é apenas urn discurso de uln agenie Pâra nós, isto rão ó unl prirlcipio erplicativo, ó um objelo â scr cxplicâdo. Então I .17 náo podemos üsar o método marxista, porque ele náo é um método científico. O método marxistê é um fenómeno histórico. Isso náo quer dizer que náo tenho outro método alternativo pârâ explicar a ele. Eu sobretudo náo posso ter outro táo simplesinho quânto esse. Eu náo a(redilo quc à hisroria sclâ lao simples as\im. lAluno: Mas fios últimos minuíos o senhot acaba de fios dar ertdàncta\ tabat' úntra a idet1 dc indu'ftia pconomiru, contro o íeoict da ideolo,ia- É possírel também aprese lat eúidê cias cabaís pelo menos paru pessoas que estejam dispostas a ouúir? Não estou Í(iafido paru... um marxistd, muilo ben, que é um murc. mas para muila\ pe'\oasquc nao\ào ma t\ta\, \oqueo maÍ\i\no sp imprc\na nelas e atcaba se lomaÍldo uha espécie de cacoete,,.1 c, ao dizer isso, ele já está dizendo: "Eu sou um ignorante". Se ele é ignorante, por que você vai perder tempo discutindo com ele? lAluno: Pois l, Íudo bem, o sujeito que nào diz isso, mas ainda lefi esse rafiço,,.1 É qüe a genie tem dó dos nossos parentes, dos nossos amigos. Náo tcnha náo- lgnorante é ignorante é deve ser desprczado, mesmo que seia a nossa máe. A ignorânciâ é um pecado. Exisle a inocência ou ncsciência, que não é um pecado. Um bebezinho não sabe nada porque náo sabc nada. 'lem coisa que nos nào .abemo\ porque náo precisamos saber: não sabemos quanÍo cabelo tem na nossa cabeçâ, náo sabemos quantas estrelas existem. E existe a ignorância, que é culposa ou até dolosa, que é a ignorância dâqueles assuntos nos quais você pretendc opinar.Mas é isto mcsmo que eu estou làlando.'Ibm o discurso consciente do agente e tem o discurso que é impregnado, instrumcntos da açáo... ÍAl[no: Corno o Alltôtll Sim, o Alaôr Caffél "Ah. náo existe ciência..." "Bom, quantâs ciências você examinou para poder dizer isso?" - "Nenhumal" "Éntáo cala a boca, burrol Náo enche! do ÍAluno: Parc essas pesioas, é possíúel fiosttat, pot ercmplo, eüídêncías cabais de que, contra a id.éía de que nào e sÍa episteme, só existít doxa, por er;emplo, stj ex.istc o discutso do ageníe, que tudo é discurso do aqefite?) Náo é possível, porque eles só têm d.ul7, eles náo têm experiência da ciênciâ. lAlluno: ELes queü?l Essas pessoas. O suieito pode dizer: "'fudo é do.ra, náo existe episteme" -E e! digo: "É, você tem razáo, porque tudo o qrc tcm na sua câbeça é sódora. Eu náo posso mcterum pouco de ciência âí para você ver ê dilêrença. Qucr dizer, vocé primeiro tenha uma experiência da ciência e depois sâberá do que está Ialando". O sujeito diz isso 38 ÍAllrno O Alad CaÍíé escrcae isso nufi artigo?) Náo, mâs ele é um exemplo do sujeito que está em pler,a dor.a. ÍAluno, Mas ele cita essa opiníão onde?l Ele náo ciia, ele é que é um exenplo disso aí, ele pessoalnente é um exemplo do sujeito qlre só tem dord na cabeça, Ele nunca üu uma ciência, náo ten idéiâ do que seia. Ele náo tem idéia, por exemplo, como em certos estudos certas realidades se impôem de tal maneira que você nâo pode mudálas de jeito nenhum. E entende que aquilo é uma rcalidade objetiva porque você topou ali e náo vai mudar! Ainda 3r) l{ll]no: A má Íé é semprc consciente? O suieito sefipre sabe tlue ele está sendo igfiorufiÍe e üai esÍat tentando impot a i+noúficía dele?)  pergunta é a scguintc: Você tem consciénciâ moràl sempre? E consciência moral é üm dado de nâtureza? Você tcm a consciência moral âssirn lãtalmente? Não, você pode acâbar com a sua consciência morâI. Depois que âcabou com cla, você náo tem mais. Dâí diz: "Eu estou inoccnie porque náo tenho consciência do que estou fazendo". O primiiÍu pa..o dc rnJn vrgari\râ e a(ab.r com x pruprià run{.icncia moral.pois,seeleacabou,daívocêdizr'Ah,elenáotemmaisconsciêncial Coitadinhol". NAo, nAo ter consciênciâ é a primcira culpa. [Àluno: ?rdo bem, mas eu esÍou rendo uma quafilidade nüito ArundP dP rc\tolr quc hof (n dta nào tpn p,so ron\ctpncto, na" potq e se laftnafam num ambiente efi que iá fião erisíia prcüiome íe. O sujeila esíá.tcostumado já àaquela naneiru...l Ah, você está criado lá nàquele ambientc. Evocô náo fica revoltado com cssc ambiente. náo tentâ ser melhor? Entáo vocô é táo ruim quanto ele. lAlrtto Eu rou dat um exefiplo: üejo iomaListas, ionais e rer istas fiaciofiais dizenda batbaidades que se cofitrudízefi a si tnesmos, em que a púptia Íruse cofituadiz o que se está dizendo. Ou o sujeilo é doído au ele é un ailatisla .] Clarol Sáo iodos âssim. lAluno: Mds será que necessdriamente ele sabe que está Náo, ele náo sâbe. Por quê? Porquc clc náo quer sabet não lâz essa pcrguntai náo se exanlina. não tem exigência moral. Ele tcm uma consciênciâ moral barâta que se sâtisfaz com qualqueÍ coisa- EntAo ele já não prcsta, porqüc ter escúpulos, fazer pergunÍâs faz pârte: "Será que eu estou agindo bem? Scrá que eu estou agindo corretâmente?" Isto é o bem humano. Ninguén nascc santo, todos nór temos pecado' Qual adifcrençâ entrc o sujeito que presta c o quenáoprestâ? O su,eito que prestâ faz pcrgunias "Será que cu devo fazer isso? Será qüe está certo?" , e o outro não faz. Se náo l'ez a pcrgunta, já nâo presia. Você diz: 'Ah, mas cle está inocenie, ninguém se preocupâ com essâs coisas". Entáo, sáo todos vigadslas. LAIúno: Há pessoas que têfl i níoÍfiaÇào, mas iá ltão cbnseguefi mais concebeÍ... Esses iarnalistas, eu acho que e bamnissa, ão conseluefi mat\ conceb?Í qu' aqullo po\\a nào ?sl0t ce,1C: naa con5PÉu?n fiois co cebet a àiÍercnça enbe Íato e opilliaio.l Náo consegucn concebcr e náo tôm nenhum impulso dc fazer â pergunta, entáo elesjáestáo eshagados compleiamcnte. Existc unl princípio jurídico que diz que o criminoso náo pode alegar suà própriatorpeza como desculpâ para o seü âto: "Olha, cu estuprei porque sou um estupmdor Éu Íôubii pl,rqu, 'uu unl lâdràu. Porlanlo. ru nao rcnhu curpa". L u que rocc cstá lâzendo com esses caràst "Eu minto porquc sou mentiroso". lAluno: Náo é issol Esse impulso de lazcr as perguntas é uma acuidâde naturàl?l Náo, é âpenas uma obÍigaÇâo hümana. É apenas uma obrigaçào humana porque náo há outra maneira de você agir bem. l{lLüto. Toda set htlfiafio L'ai íazer essas perguntus, ( ..) ou íssa é construído a patti de um mofienb? ) É porquc sinplesmente náo há outra maneira de você âgiÍ bcm. você fazer as perguntâs. A náo ser que você já nasccu sânio. Ou você tcm uma assislénciâ direta do EspÍrito Santo, que sempre lhe diz o que é certo scnr você precis.rr perguntar nada, ou entáo tem que lãzer as perguntas. Se vocô náo faz as perguntâs é porquc a simples hipótese de que haja umâ açào mclhor e pioÍ nem lhe ocorre. cntáo você esiá abaixo dc animal. lAlüno, Pois é, mas seú que aleum did fiessa úida não lhe oco eu que 1)ocê tez... houre uma sétíe de dccísões, entim, que...) Veja, ninguém pode dizcr qüe nesta vidâ nuncâ foi convidado aâgir mclhor Quando uma pessoa lãla mal de !ocê, criLica, reclârnâ algo dc você. ó um convite a que você se exâminc Você tem unra nânrorâda, de repente, seln explicaçâo. vocô a chutâ fora. Ela vai reclamar: "Você fez isso comigo...". Vocé vai parar pârâ pcnsâr: iiSerá que eIâ tem râzáo?". Ou você não vai nem iazer essâ pergunta? Sc nem laz, entáo você é moralmente iüsensível, é um sociopata. Sociopâtia é isso, vocô náo tern intcrcsse nos senlimentos morâis. E qüando isso se consolidâ, scia individualmcnte. seja coletivamente, entáo vocô tem a epidemia de lAlnno: O perconagefi Wi sLon do liarc 19841 é uü ercfiplo de aLeuéfi que sente o impuLso de lazet .r peryunta mesmo nào consequindo. nio é? ELe se te que tem algo esÍrufiho..-l Sim, mesrno não conseguindo... Você podc ter sido criado nun1 ambienle iAo amorâl quc vocô náo ten os termos para formular as perguntas. náo sabe equacionâr o problcma. mas tem o impulso âindâ, o desconlbrto cxistc. Agora, se náo len1 desconfoúo âlgurn, se você cstá perfeiiamente bem assim. cntáo é exatanente um sociopata. l{llrttu: Mas entào o estado üalwal é de alEuma ma eiru üocê ter um desconlotlo peLa fienos...l ui,.,..,!,b;;!'rr\.,.i. .o'. Eu náo sei se isso é um cstado natural no sentido atual da pâlavra "natureza". Nós cntendcmos por natural aquilo que nâsce com o sujeito por genótica, etc. Eu náo sei se é natural, sobrenatural ou cxtranatural. ncm prctenderia discut isto âgora; eu sei é qlre nào existe outra mancirâ de âgir melhot, a não ser pergunlar se vocô cstá agindo pior. E, se é âssim, entáo nao podemos tolerar nenhum ser humano que não laqa essâ pergunta. Porque, se eÜ faço vou me impedir dc lãzer uma série ale coisas com relaçáLr a cle, mas ele não vai se impedir de nada com relaçáo a minr, cntáo cle podc tudo c eu náo posso nada. As pessoas que tôm a consciência maior náo podem iolerar a compânhia dâs pessoas que nâo iêm' Senáo é o scguinte: cxisle uma lei pâra você. você tem que âgir denlro da lei, mas ele pode l'azer o que cle quiser Será que dá pata convivcr com essa pcssoa? Claro que nào! Você náo precisa chegar a Úmã doÜtrinâ noral mais profu nda para isso, nâo precisa nem responder se isso é de nâtuÍeza ou qual é o fundâmento disto, pode dar umâ soluçáo meÍamcnte prática Olha, nâo dá para agüentar cssâs criaturas' Eu não quero ter nada a ver com elas. Se pcrcebo que uma pessoa é vagâmente assim, saio corrcndo. Mâs às vezes você náo percebc. A sociopatia só aparece no monento de opQões morais mais decisivas, c ai vocô perccbe quc o sujeiio é insensível. Se você percebcu. alê no pé, luia, porque náo vâle a pena. senáo você vni ter que passar a vida vigiando aquele câm adâ' fiscâlizando. amarrando a mao dele, e parâ istovocê precisaÍia termuito amoÍpor ele. Por excmplo,você tem um trlho âssim, âdora aquele filho' mas ele náo prestâ, é üln sociopata Boln, enÍáo vocô vai tcr o resio da vida trâbalho coin ele Nâo iem máes c pais que gastam a vida inteira tenclo problcma por câusa daquelc fi]ho c tentando? Por quê? Porque eles o amaml Mas você é obrigado a amar todo sociopatâ quc apàÍecc nâ sua vida c cuidar dele como sc lbsse seu filho? GraÇas a lfeus. nAol 11 v Se cx livcssc vocaçao pâra isso eu âr I I :', I * 1," " ,"" ,"1,;;: .,.;:;,:l'11".:::1i:::';:.;;nDà rànlltra. cu i(ntava mandar rmbo mcsmo quc rbssc um nrn",,*. *,,r",',1í.lji"T:j:::"r"# é tanto que vâj pâssar a vjdâ inieira cuidando. Eu não tenho ianto :,:" i"::' :"' Il ": \a lcrrcjrà que ' re Ê/i r 'e ru pej(eb.r qu,cre rn\.n\r\(1 ru mindú(rnburrj -V.l.. c nraror,lr idarlr. * rira. jafiz o que devia fazer por você,,. Mas se você ó trouxa c quer conlinuàrproccdendo com o amor paterno ató o fim. faça. n um ai.citn qre ljl"^ ll.1 rI", *i" ,m" ubrigeç"o. porque nrnguc,n c ubrigeoo aoImporsrvcl GraçasaDeus tsso nào me ac,,r eu sen, dúvida mandava emborâ licceu' nlas, seacontecesse. ,-.-1,,:,' ,r]" l" ,ninna ràm,tia. rir,"|q;rp r,..,,. m,u quc ê \jdi,ntcr'à deu rrdba,ho f,rãva la o 5utc n Lon:<.5entr ann, de i(tJde cesiavam paje mâe preocupados porquc elc iâ êprcrü.lralguma. Eu tinhauln vizinho iambém, que erâ meu amigo de inJâncià. Elc catava iu.toquanlo rra drnh(iro do püi r dd máe c.arà parJ iugrr.,.,",ri;, Afundou com afamíiia, tiquidou. Etes faziam rudo, tudo. desdeporrâda até as psicotempias mais sofisticadas, e o sujcito nunca parcu. . Quc obrigaçãovocê tem cle suportfiisso o rcsto cla suavida? Náoexi.tc,, (onceito da nr(nonüâ.lr:, Lnquàntu u .uiejro c Ine|lor de,udo(.vocL e rc\pon.r\ct poreh d, po;s\u.e taz.eq.ri.er NinlLernva; r((titnar Um crrâ de trinlir ano, tui la e nr.reu r m;^ no seudrnheiro todo. Vocô nâo vai chegar para a mãe delc e reclamar. nãi)é? Ao contúrio, você vai considerar essa mae Lrma vítima talnbéür. EIa cstá sofrendo por jsso, você náo vai cobrar dcta. , Ádemais, csse negócio de sociopatia náo tem nadâ a ver com :::,:ll.*-,*",," u.ur(i,o, à5\j,'' fnrouceà,\in,. su.,upir.ac ulrt ,llrtar.tô f\i.tetn umJ5 pc5.oa. quo n"o te,I o.e litnento nur"l,pronto, acaboul Então elâs não desconfiam que cstáo aginclo errêdo não scntem, não querem saber. Elâs até entcnalem que você ache crÍado. E não sáo pcssoas nada burras. Sociopâta ó inteligcnte. Enlre os pensadorcs dos úliimos três séculos, cxisie urn núnero enorme de sociopaias. KarlMâü ó um sociopata. lAluno: O q!/e tetrata o paul Johnson naquele liüto Os intcicctuâisr..l Geralmente o sociopata é muito inteligente, muito astuto, é câpaz dc enganâr todo mundo, quer dizer. todo mundo quc cstejâ âo alcance dâ burrice delc. Porque, se ele é inseüsível a um ccrio sentimento morâl e você está cm dúvida com reiaçáo à essc sentimento, ele vai pcgaÍ esse fundinho dc dúvida c vai âcabar com você, vai lhc deixar numâ desorientâçáo trenrenda. Curiosàmente, são as pessoas que esláo mais desoricniadas aquclas que mais se cxpôem â isso. porque as pessoas acreditâm que é preciso chegarao fundo do poço: .Ah. você está um pouco desorientado? Entâo precisa chegâr à desorientaçáo toial para vocé sair". É a mesma coisa que ach que ulna doençâ, pâra scrclrrada, tcm que chcgar a seus últimos dcsenvolvimentos, dâí tem o chamado êxito letal. Deu o êxito lctal, acabou. l,\lül]á: Também acabou o ptoblema.l Acabou o problelllal Tambérn cxisie a presunçáo de que, se você iem uma dúvida, deve aprolundar a dúvidâ âté o fim. Há a presunçáo de que você tenha a qualificaçào intelectual parâ aquilo. Daívocê pega os maioÍes enigmas da humanidadc, que nunca ninguém resolveu, e achà quc vai resolver. Você não vâi, vai é ficàr rnais louco ainda. Você tcm entâo, aqui, um sociopata e, em volta, uma corte dc loucos, neuróticos, incapazes. fracassados, que náo sâo sociopatas em si mcsmos. mâs que entram nâ convelsê do cêra. Mcsmo porque o sociopata tem aqucla peculiar iütensidade psicológicâ que a ,tentc Rnr Je lancro: lrnàr:ro, 1990 ÍA]i:tÍto: Aliás, este ato é qüe Tiia objelo de estudo tambén. A pessoa Íazer ísso se torna m Prcblema WÍa Locê.-.1 PoÍ exemplo, quando o Pâpa dizr "Oihâ, vamos baixar urn dogma, o Cristo está reâlmcnte presentc nâ hóstia". pergunte pâra ele: "O que você quer dizer exatamcnte coin isso?'. Ele tcrá que dizcr: "ELr náo sei exatamente- estc é um rnistório. ístou âqui proclâmândo um fâto que eu mesmo náo enteÍdo". Evocê diz: "O(r, se isso é â proclamaçáo ile um fato que você nresmo não entende, cntáo náo é umâ doütrina que possa ser discutidâ, nem a favor, nem contÉ Você está at€stândo um faio do qualvocé recebcu um iestcmunho airavés de Jesus Crisio Muito bem, entáo vamos paÍtir desse faio e investigar para vcr aié onde isto é pâssívcl de ser comprecndido, que sentido pode ter". Da invesiigaçáo de seniido quevocê 1àç4, aí sim é possívcl chegaÍâ âlgumâs conclusúes quc poden scr discutidas. Mas eu náo vejo como discutir um dogmadâ lgreia. Elc é tecnicamente impossível de discuiir, e ale ccrto modo é também impossivcl de contraditâr Porquc, se ele por sua vez tcm que ser interyretâdo paÍa s.r trânsformado numa proposiçáo discutívcl, enláo tambén náo pode seNir de premissa de a*umcntos. Se você entendcque âbase docristianismo é um mistério. entáo. toala douirina é um mistérioi É um mistério. é u fato de ordenr sobrenâiural, portânto, ó um dâdo a mais na nossa discussáo. Mesn'' quando parece uma doutrina, não é. Naverdade, cu estou radicâlizando cadavez mais esse negócio. f)igo que o cristianismo náo surgiu como doutrina. Pensando bem, ele náo é uma doutrina de maneira alguma. mesmo depois dc trânslormado enr doutrinâ. E essa doutdnâ também náo é doutrina, é âpenas aexpiessáo verbâlizada mâis detalhada do tato, um iato que nós continuâmos náo entendendo e quc o bispo nao entende melhor do que eu Portantlr. nada disso podc serviÍ ncn de obieio de discussâo, nem dc base dc discussão: ó apenâs um fato â mais. 5+ Às vezes, as pcssoâs náo pegam isso, confrontam. por exenrplo, dognâ da lgrcja com uma teoria cicntifica. Mâs como é qlre vocô conscgüc lãzer isso? O nr€u pobrc córcbro, por nrais que sc csÍorcc. não collsegue Do lnesmo modo que elr náo posso confrontar umâ tartarlrga conl uma apólice de seguros, náo sci coDro é que se laz essa comparâçào.  pessoa a íaz coln umâ totdl ingenuidâdc c cai nessas coisâs do iipo Plínio Corrcia de Oliveira, Orlândo Fcdcli. O que â genle faz diantc dcssas criatuÍas? Fica pcrplexol liu não sei o qüc l,\lntlo: A &entu está w do aqüi o i ício da ldade Média, então eu lembro que fio clebate con o Alaôr o se hot comenbu que, por eftmplo, o leudaLismo aL:abou qua do a rci deixou fu fazer a papel de inter pâres (prinrus inter pare, A/ ess/r urrsiio que a p;e le lefi de leudaLismo é eco ônica íambén, ma isLa, fiaa é? potque a Eente nao bfi essa que o senhoÍ íalou, a Eefile lem uma aisão ílos nloclas É, a visào moderna, a visão atual do ltudÂlis o o definc pela sua varianle econônrica. mâs nào crá assiÍ, que o senhor lcudâl se definia. Ele náo se dcfinia como proprietáÍio de terras, mas como o suieilo que tem a prcrrogâtivâ de usar armas, com ou sem lerú. Se ele perdcssc todâs as lerlas, conscrvava sua prerogaiiva, e isso dcfinia sua posiçáLr. 1êr teÍrâ ou não tcr terrâ é apenas una comodidadc dâ vidà. [ntão, üma caractcrística dessas erplicaÇõcs modcmâs. tipo marxismo, c que elas impugnâm a auto-explicaçáo do agente. O suicito diz: "Eu estou fâzendo assim, âssim, âssim!', e o marxista diz: "NAo, c, que você cstá lãzendo náo é isto, é oüira coisâ completameÍte diícrcntc. nâ qual vlrcê nunca pcnsoul". Esperâ âil Vucé pode dizer quc aquelâ àuto explicâÇáo que ele dá náo abrange o coniunto. c que um âgente ou outro pode estàr real entc cnganado quânto ao seu papel ncssc conjunto mâs diTer que lodos esta\.an enganados durantc sóculos?l O senhor Ícudal náo sâbia o que eles estâvam [azendo. C(nno o scnhor leuLlal o canponês tâmbóm não sabia. o burguôs tanrbém niLr sabia. u clcro 1â bém náo !abia... E só l«rl Marx ó quc chcgor e disse à eles quâl era o papcl dc cada üm no conjlrnto. Tsso nao é .tigno dc âtenÇáol Você iem que partir dâ scricdâdc do dcpoiffenio do âgerrlc, rnesnro que cle csicjâ enganado l{l\tno: O que é tti ste hoie (.n Íli a.. . VoLê íiê. pot eremplo, qüe i sso é ensinãda paru a ctia Et, pottl o atlolesunte. a títub de llisÍótia, a pattit dess'l etplicllção nettisLtr Il n.a se lá o tnenor (...) é L por lsso qlre o sujeilo sai da PLIC com um diploma de soci(ilogo pago pclâ rrãc dele, pelo pai dele. entra no NIST e diz quc clc c um camponês opdmido. Elc âcrcditâ nisto. cntáo. ele eíá enganado quan iL) ao seu Prpel no clrnjunt(J. f^luno:álins, a prcaa de que essa quesLda dos seúhorcs leudais sercntdofios de leru úa era o elenento nais ifitpattanÍeéque nuilos leudos no petiodo medieüal eram descontínuos, ão i'l Um pedaço de tetra eru {le Ltn leudo, oulrc eru da lercia, otlLrc er.t d.e oufi'o fuutlo. d.r!.i o a Lrc eta do pti eiro...I Não só em assim como. se o sujeito não adminlstrassc suas terrâs dircito. podiam iourâr â terra dele. A propriedadc fcudâl nâo crâ inercnle. náo cra propricdade no sentido âtual Erâ uffa concessal) que â conrunidâde làzia em vista dos méritos militarcs do cklâdão. Sc aquilo lossc pârâ o brejo. se eslâv todo nundo nlolrcndo dc fomc, enráo ou juniâvan os outros senhores Íêudâis, on a lgreja, iflm 1á c a ioma\,â dele: "VamLrs boiar Lrrden ncsse ncgócioi". Tinha umâ espécie dc rcforma agrária. Você vê que, biblicârrcrie. a propricdadc d.1 terra é Lünâ coisâ nuito inccriê Na Bíblia cstá cscriio clarancntc, âcho quc uo livro dos Mâcâbcus. uma coisiL âssim: Arrcnde a lerra por longo tempo e a use. n1as nâo â co prc clelinitivanrcnic. porque a terrâ pcrte ce a Dcus'. Essc ó o pedaço dc fundnmcnto qlre os scm-têrra tên1. Entáo. a propricdadc da lerru não é uurâ coisr absolurâ como â propriedadc dc outras coisas. A prcpriedade dâ tcrrâ dcve ser reâlmcnic relativâ. O pcdaço de razio, eles o pcrdcrn pelo seguinrcr o sujeiio do qual clcs estáo tonrândo a terra e!tá produzindo, eles tomam c náo produzem rrada. l'inha quc ser o clrnlrário, tinhâ que ionrar a tcrra deles. O coniunro dâs terrâs quc csráo ocupadas por cles telr que scr romado urgcntcntcnte por quen1 produza. [Aluro: Po]'que re c.rrs ideru qrk a Í{.u.a seia díferelúe das outtos tuh eLonômicosl'l Porquc os outros bens nós tcmos, c a terra nós cÍâmos elâl Nâo cxislcln linitcs naturâis d.r terrr, todos os limires sío convcncionais. Entáo. sc cu lenho estâ xicârâ cla tcm um línitc prcciso, esrá sob o ncu comârrdo. rras á iei.à náor IAluno: Issa su a plicat ia a Lodos as tut óa{.is, i ncLusite ap4úaLnentos, c u sa s. sa las colfi erci.ri s?l Náo. âpârtâmcnto ji é diÍícjl. porqnc náo esttí nê tcrra, náo é? ) ^luno: E a lettur pramúítl a ? | l:lom, a tcrrâ prometida é pnnnctidâ para todo mundo. A terra prorretida é socialisia, iodo rnundo ó dono. l{lüno: () senllot cstítzn erylicando essa ttuestào que é a do aeefile auta identiÍiar a qltcslao í1o leudalislna. Aí eu e lenbrc, no debate eu Ííquei pensando a questãa ào LapitaLismo. Esse tetma sut9íu qua do? Pelo Ma ? Depois eu Íiqueí pensando també (1ue fiat épocat do Impétio Ro la o I ifiha cofierci afites, liúha banco-.. Setá que a ítente hmbém...1 Nãol Os camârâdas começarânr a chanar de capiialismD a partir do monenlo em que a riquezâ linànceira é n1âis decisivâ do que a propricdadc da icIra. Mas é cvidcnic quc â propricdâde da tcrra ó quc vaigerar a riqueza finânceirâ. Entào, énatural tâmbémqueos prnneiros que tiveram riqueza tinanceiralbrân os própril,s proprietários de lerrâ, c quc dcpois, gradâiivamcntc, sc Íormarâm outrâs fortunas por outros neios. Mas nâo lbi assim: surl.aiu urna nova classe, e essa nova classe invenlou umà nova ecoDonia. Nao, nao lbi nàdâ disso. Âo clrnlrário, â classc burgucsa ó criâdâ pelâ economiâ câpitâlisia criâdâ, por sua vez. pelos senhores de terra. O que é nâlural. ^s grandes familiês. se elas consegueü durâr baslânte lempo, vãLr adotando os novos nélodos de criaçáo dc riquezâ, os que funcion€m mais. O sujeito rem aqui â lãzcnda; â tãzcnda só dá problcmâs. O quc vocô faz? Você vcndc â lazenda e, conpra uma indúsiriâ: ou vende a indúslria e comprâ um bânco; vcndc o banco c invcsrc eff pornogrâfia. Vocô vai mudândo de râmo, mas náo qucr dizcr quc tcm quc surgir nnlâ nova classc. A mcsma classe pode lãzer isso. Seria o caso de você averiguar. poÍ exerrplo. na França. qual é a composiÇáo social da chamada bürgüesia. Está cheia de condcs, duqucs, marquescs, ctc. Esiâo todos lá. l{tuno Na lnglatetta. acho que tumbéml Daí poryue os ptóptios leqistas entendem pot buryuesia.. I É uma entidade puramente larÍasmal, é nominal. {A,uno: Eles ao sabefi a diíercnçn entre wn buryuês e um atistocruta, pot exempb. O que um aristacrata chaüa de büEuê\ rl., nao oipm Jtlcpho- para pte' ? tutlo a m?\na tot'o L natuÍ,il por cLrusít disso, nao sei se dá ptlro percebet... I Mas l(arl Marx sabc a diterenqà entrc o aristocrata e o burguês, ele sabel O que cle nâo pára pâra examinar é se a tal da revoluçào capitâlisla foi feita pelos capitalistas ou pelos âristocratas. Isto ncm lhc passa pela cabeça. Mas eu acho quc os aristocralas estavâm lJ. subrctudo qucm |ez a re\olu,'i,u r u quc:' I o que eu chamo d( burocracia virtual, aquclc bando de sujeitos semiletrados, produto do sistema educacionâl que não é nem burguês, nem capitalista, nem milico, nenl governânte, mas quc lãla, é a classe fâlante. Essa é a classc revolucionária. sempre. E elcs podcm ser colhidos em quaktuer clâsse social. Estâ é uma realidade sociológica maierial. â burocracia viúual é identilicável maierialmente, cabeça por câbeça. Este é um conceito cfetivo, náo é como burguesia. não. O sujcito saiu de casa, estudou, âdquidu os meios dc agir no mundo letrado e ráo tem oficialmcntc um cârgo, umà posiçáo de mando. Pronio. ele está nê burocraciâ virtuall Isso nAo é uma distinção metalisica, ó matcrial. O suieito que esiá Iá na Fâculdade de Direito, eniAo. ali todo mundo é burocraciâ virtual. 'Ibdo mundo ali tcm idéias, ó capâz de ialaÍ, conhece as leis, etc., náo nanda nadâ e está louco pâra mandar Pronto. se tem ulna classe fácil de identificâÍ materiâlmenlel É mâis fácil de distinguir csta classe do que distinguir burguôs dc pcqucno burguês, poÍque essâ náo é uma dislinçAo econômica. é uma distinçáo funcionâI. Se você ÍoÍ só pelâ linha econômicâ, náo dá pârâ disringuir unla classe da outra. Classe se distingue por muitas coisas. Vcja a clâsse pobÍe aqui en Sáo Pau1o. Quase toda a classe pobre de periLria, todos tôm suâ casa própria, e a classe médiâ vive com o sonho da casa própria. 59
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved