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Princípio ativo de mastite, Notas de estudo de Agronomia

mastite bovina

Tipologia: Notas de estudo

2014

Compartilhado em 02/08/2014

mateus-valdir-muller-6
mateus-valdir-muller-6 🇧🇷

4.6

(177)

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Baixe Princípio ativo de mastite e outras Notas de estudo em PDF para Agronomia, somente na Docsity! 3.2 Classificação da Mastite Andrade (2001) relata que se trata de uma enfermidade complexa resultante da interação do agente, meio ambiente, incluindo determinantes humanos e hospedeiro, sendo que diversos microrganismos podem estar implicados nessa doença, assim como várias fontes de infecção podem veicular edisseminar esses agentes. Sua importância tem crescido à medida que se temintensificado e tecnificado a exploração leiteira. As formas declassificação damastite se dividem em subclínica e clínica o que dependerá da intensidade eseveridade do processo inflamatório; e em mastite contagiosa ou ambientalrelacionada ao tipo de agente causador. A mastite clínica se caracteriza por sinais visíveis de inflamação: aumento de volume e temperatura do quarto mamário afetado, dor, vermelhidão e mudanças na aparência do leite. Segundo Rosemberg (1993) o leite pode estar aquoso, contendo grumos além de outras substâncias como fibrina, soro, sanguee pus; podem estar acompanhadas ou não de reações sistêmicas do animal,como perda de apetite, apatia e às vezes, morte Do ponto de vista clínico há uma subdivisão em: Mastite clínica superaguda: aparecimento repentino de sinais locais (sinais de inflamação, mudanças no aspecto do leite e diminuição da produção leiteira); e sistêmicos (aumento da temperatura retal, prostação, desidratação, choque, septicemia, tremores musculares e extremidades frias) Mastite clínica aguda: apresenta sinais locais semelhantes à superaguda Mastite clínica subaguda: dentre os sinais locais é mais comum a alteração visual do leite Mastite crônica: causa diminuição na produção de leite devido a substituição do tecido glandular mamário por tecido conjuntivo fibroso em processos de longa duração tanto na forma clínica ou em forma subclínica A forma subclínica é mais importante devido a maior prevalência nos rebanhos, ocorrendo de 15 a 40 vezes mais que a forma clínica É de difícil detecção, longa duração, e 40 % precede a forma clínica. É a responsável por até 70% das perdas de produção sendo estas, na maioria das vezes, imperceptíveis e necessitam de exames complementares . Como comentado por Botteon et al. (2006) a enfermidade tem grande importânciasobre a qualidade do leite devido à presença de microrganismos e suas toxinas; àresposta inflamatória do úbere e suas conseqüências como aumento de célulassomáticas e alterações dos componentes do leite. Segundo Fonseca e Santos(2000) essas alterações na composição do leite se referem ao aumento dapassagem de substâncias do sangue para o leite, como Na +, Cl -,imunoglobulinas e outras proteínas séricas e diminuição de caseína,triglicerídeose lactose. Do ponto de vista do agente causador, a mastite é classificada em contagiosa ou ambiental. Convém esclarecer que na mastite contagiosa há umabaixa incidência de casos clínicos, e alta incidência de casos subclínicos, geralmente de longa duração ou crônicos com alta contagem de células somáticas. Esse tipo de mastite é transmitida por patógenos cujo habitat é a superfície da pele e tetos e não por entrada direta do agente para o interior da glândula mamária, especialmente em rebanhos em que o equipamento de ordenha está bem regulado. A contaminação ocorre através de um elemento de ligação de vaca para vaca, e/ou quarto doente e um quarto sadio. Isto é possível no momento da ordenha, pelas mãos do ordenhador, de teteiras na ordenha mecânica além da limpeza inadequada dos tetos. Tem se estudado a participação de moscas como agentes transmissores da mastite contagiosa, e alguns estudos mostram que estas podem ter papel importante como vetor em fazendas com alta presença desses insetos, especialmente no que diz respeito acontaminação de novilhas no pré-parto Outra forma de contaminação é o costume nas propriedades em oferecer o leite de vacas tratadas com antibióticos à bezerras desmamadas precocemente. Se tiverem contato uma com as outras, praticarão um hábito comum que é lambermutuamente a região do úbere e, como ingeriram leite ainda contaminado, têmfacilidade a entrada de bactérias no aparelho mamário, aumentando assim onúmero de casos de mastite em primíparas, além de se notar um aumento deresistência ao tratamentos habituais, quando a doença aparece . Tem-se, ainda, a mastite ambiental, causada por microrganismos que vivem no ambiente de ordenha ou do curral, principalmente no esterco, e até mesmo na água de bebida ou de limpeza. São agentes oportunistas e os coliformes e estreptococos ambientais são os microrganismos responsáveis peladoença. O confinamento predispõe a ocorrência de mastite ambiental. Quando o material da cama provoca o aumento de umidade e o acúmulo de matéria orgânica o que predispõe ao aumento no número de bactérias ambientais. A transmissão dos agentes pode ocorrer no período entre ordenhas, principalmente, quando as vacas se deitam em ambientes contaminados. A mastite ambiental causa consideráveis prejuízos econômicos ao sistema de produção, pela intensidade do quadro clínico, assim como pode resultar em alguns casos de morte dentro dos rebanhos afetados. Isso ocorre devido ao efeitosistêmico de endotoxinas liberadas por esses agentes. Todas as categorias de fêmeas são passíveis de risco (vacas em lactação, vacas secas e novilhas) de serem afetadas pela mastite ambiental, enfermidadeque apresenta alta incidência de casos clínicos, geralmente agudos, os quaisocorrem, principalmente, após o parto . O Quadro 1 apresenta alguns dados que auxiliam no diagnóstico do tipo de mastite no rebanho. Quadro 1 – Indicadores da mastite que auxiliam no diagnóstico da origem do agente causador (mastite contagiosa e mastite ambiental). Época de ocorrência dos casos clínicos durante toda a lactação Principalmente ao parto e início da lactação métodos de amostragem amostras compostas de todo rebanho10 a 20% do rebanho (vacas positivas)casos clínicos antes do tratamento algumas vacas ao acaso, 3 a 10 dias pós parto. Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Corynebacterium bovis Escherichia coli, Klebsiella spp.,Streptococus uberis 3.3 Etiologia A mastite de origem infecciosa é a mais freqüente, e entre os agentes mais importantes estão as bactérias. Porém, os fungos e algas também estão envolvidos em sua gênese devido à complexidade etiológica dessa afecção há, em muitos casos, uma dificuldade no controle etratamento. Entre os microrganismos causadores de mastite são mais freqüentes: o Staphylococcus spp., Streptococcus spp., Corynebacterium spp. e Mycoplasma bovis, sendo estes considerados como contagiosos e ainda divididos em Klebsiela spp. e Enterobacter spp. A Escherichia coli é o patógeno predominante nas infecções ambientais. Nos últimos anos observa-se grande preocupação na investigação de fatores de virulência em E. coli isoladas de mastite bovina. Dentre estes fatores a produção do fator necrosante citotóxico- CNF, induz a formação de células gigantes, multi-nucleadas e morte celula. Kaipainen et al., (2000) também descreveram a produção simultânea de CNF, alfa-hemolisina e sideróforos em linhagens de E. coli isoladas de bovinos com mastite clínica. Esses achados apontam que linhagens de E. coli produtoras de CNF, hemolisinas e sideróforos deteriam mecanismos adicionais de patogenicidade na glândula mamária, e estariam ligadas a casos severos de mastite clínica, com tendência à evolução hiperaguda e ocasionalmente fatal. Adicionalmente, a presença de E. coli produtora de CNF isolada de vaca com mastite alerta para o risco na saúde pública, representado pela transmissão da linhagem necrotoxigênica do agente pelo leite. Klebsiella spp. é um coliforme que está presente em material vegetal como na serragem utilizados na cama dos animais, são muito resistentes e tem multiplicação rápida. b) Estreptococos ambientais: Streptococcus uberis e Streptococcus dysgalactiae são bactérias Gram positivas. Esses organismos são encontrados na cama (especialmente cama com material orgânico: serragem, palha, etc.), em água parada e no solo. Eles também podem ser encontrados na pele da vaca (teto) e nos órgãos reprodutivos. Esses dois organismos são geralmente transferidos do ambiente para o teto entre as ordenhas, mas algumas transferências também podem ocorrer durante a ordenha. Segundo Marques (2003), a maior incidência das infecções ocorre em vacas secas, sendo que a mastite clínica por S. uberis tem maior incidência nas cinco primeiras semanas de lactação. Santos, (2003b) relata que essa maior incidência é devido a maior exposição aos agentes ambientais do que agentes contagiosos dada a ausência de ordenha. O Streptococcus dysgalactiae não é um patógeno obrigatório da glândula mamária. Pode ser isolado das tonsilas e causar infecção dos tetos por lambedura o que explicaria a alta freqüência de mastite em novilhas e vacas secas. Esses organismos não podem ser eliminados de um rebanho porque eles fazem parte do ambiente normal. A taxa de infecção dessas bactérias tende a aumentar quando as condições são favoráveis ao seu crescimento por exemplo, durante os meses úmidos e chuvosos do ano. Além dessas duas espécies de bactérias, existem muitos outros estreptococos (S. bovis, S. faecalis) que podem causar mastite. 3.3.3 Agentes Oportunistas Os Staphylococcus Coagulase Negativos (SCN) são patógenos comuns em rebanhos leiteiros principalmente associados aos casos subclínicos de mastite. As mastites por Staphylococcus coagulase negativa são causadas por S. epidermidis, S. chromogenes e S. simulans encontrados com alta freqüência em amostras de leite. A prevalência de S. epidermidis é de 11,3 a 23,19%. A presença desses microrganismos é maior em propriedades que reduziram o número de infecções causadas por outros patógenos, sendo mais freqüentes em animais de primeira lactação. Como resultado das mastites causadas por SCN ocorre fibrose interalveolar do tecido mamário, perda da função secretória e alteração da quantidade e qualidade do leite produzido pelo animal. Em um estudo de Pardo et al., (1998) fica demonstrada uma alta ocorrência de mastite clínica em vacas primíparas no início da lactação causada por estafilococos coagulase negativos e em casos de neutropenia ou cepa muito virulenta o que causa mastite clínica hiperaguda causando gangrena do tecido glandular pela produção de alfa toxina. 3.3.4 Outros agentes a) Nocardia spp. é uma bactéria Gram positiva encontrada em solos e água. De acordo com Souto et al. (2005) alguns autores relatam que a Nocardia spp. causa mastite aguda, com febre de 40°C, evoluindo para uma mastite crônica e pneumonia. A infecção se instala quando existe contaminação de equipamentos e do próprio úbere através de água contaminada. A presença desse agente no leite representa um perigo à saúde humana, tanto pelo seu consumo cru, como pasteurizado. b) Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria Gram negativa proveniente do solo e fezes de animais normais. Pode estar associada a ocorrência de mastites por contaminação da glândula mamária ou pelo uso de antibióticos aplicados por via intramamária. A infecção é similar à mastite por coliformes e uma severa toxemia pode ocorrer. Entretanto, a mastite subclínica com persistência do patógeno na glândula também é uma possibilidade. A presença da bactéria na água usada para a limpeza dos equipamentos não permite apresentar dados conclusivos a respeito da eficácia de tratamento antimicrobiano devido à constantes reinfecçõe. c) Clostridium perfringens tipo A são bastonetes Gram positivos que causam mastite necrótica por uma condição higiênica inapropriada do ambiente e por queda da imunidade de vacas em período de pré-parto. A infecção se dá por entrada da bactéria no canal galactogênico onde haverá a replicação bacteriana e produção de toxinas. Há na maioria das vezes perda do quarto mamário afetado e pode causar a morte em um quadro de toxemia. Segundo Baldassi et al. outras espécies de clostrídios como Clostridium sordelli, C. septicum e C. butyricum podem causar mastite gangrenosa. d) Bacillus spp. são bactérias Gram positivas saprófitas e patógenos oportunistas. Os casos de mastites por B. cereus freqüentemente estão associados a contaminação cirúrgica ou lesões nos tetos. A mastite é gangrenosa, como por Staphylococcus aureus. O tratamento é difícil e resulta quase sempre na morte do animal. Estes bacilos produzem toxinas que permanecem no leite mesmo após a eliminação do agente, durante o processamento industrial (pasteurização ou outro tratamento térmico). Células viáveis de bactérias não precisam estar presentes para que a intoxicação alimentar ocorra. e) Fungos e leveduras participam também como agentes etiológicos da mastite. Os principais são: Criptococcus spp., Rhodotorula spp., Aspergillus spp., Pichia spp., Candida krusei, Cândida tropicalis, Candida albicans, Trichosporon cutaneum e outros. A contaminação dos equipamentos da ordenha por estes microrganismos pode levar à ocorrência de infecções em um grande número de animais, embora normalmente os casos de mastite micótica ocorram de maneira isolada. Os fungos podem estar presentes como contaminantes de medicamentos, diluentes de antibióticos, na água de lavagem dos equipamentos de ordenha ou ainda, nas mãos do ordenhador. f) Prototheca spp. são algas que tem causado interesse por parte dos pesquisadores em mastites e se mostram como agentes importantes tanto nas mastites subclínicas como clínicas, com envolvimento em casos de toxiinfecção alimentar a partir da ingestão de queijo contaminado por Prototheca zopfii. Desenvolve-se bem no meio ágar sangue e no meio de ágar Sabourauddextrose. 3.4 Epidemiologia Prevalência A mastite é uma doença com alta prevalência em rebanhos leiteiros em todo mundo. Um estudo realizado no estado de Nova York e Pensilvânia nos EUA durante a década de 1990, no qual foram avaliadas culturas microbiológicas do leite de 108.312 amostras, identificou-se 48,5% como positivas para algum agente patogênico da mastite. Em relação à porcentagem total de amostras 11,3% foram Staphylococcus spp.; 10,1% Streptococcus agalactiae; 9,1% Staphylococcus aureus; 7,3% Streptococcus spp. e 7,2% Corynebacterium bovis de agentes mais frequentemente encontrados como causadores da mastite. A prevalência no Brasil varia de 38% até 71% de acordo com diversos autores. Durante os últimos quarenta anos ocorreu uma mudança significativa da importância de alguns dos patógenos causadores da mastite. Por exemplo, a disseminação da adoção do pós “dipping”, a terapia de vaca seca e a melhoria das práticas de manejo de ordenha resultaram em uma redução significativa da mastite contagiosa. Por outro lado, a mastite ambiental, causada por organismos tais como Streptococcus uberis e E. coli, tornou-se mais importante. Embora a sua prevalência seja menor do que era no passado, estes dois microrganismos são agora responsáveis por aproximadamente 60% de todos os casos de mastite em muitos países. Vias de infecção. Quando há invasão da glândula mamária de um patógeno presente no meio ambiente ou por agentes comuns do úbere, a via de infecção é a galactogênica, ou seja, pela via do canal do teto, sendo esta a mais comum. A infecção por via hematogênica ocorre quando o animal está acometido por uma infecção sistêmica e se instala na glândula mamária, como, por exemplo, tuberculose, brucelose, micoplasmose e leptospirose. Não existem evidências fortes de aumento na taxa de novas infecções por patógenos contagiosos nos meses mais quentes do ano. O que tem sido observado no verão é uma maior taxa de manifestação clínica dos casos e aumento na CCS dos animais infectados subclinicamente. Isso ocorre, provavelmente, em função da queda na imunidade devido ao estresse térmico encontraram maior número de bactérias sobre a pele do teto de búfalas na época de seca do que na época das chuvas de Brasília – DF. Laranja e Brito (1999) relata que há maior predisposição à mastite ambiental na época de chuvas. A prevalência de quartos infectados aumenta com a idade devido a diminuição da imunidade, relaxamento do esfíncter e ligamentos a predisposição aumenta progressivamente à medida que aumentam as lactações e a idade. Todavia está crescendo o número de casos em primíparas devido as práticas de manejo inadequadas como oferecer leite mastítico à bezerras que são agrupadas em bezerreiros coletivos e que tem o costume de lamber as tetas uma das outras, facilitando a entrada do agente na glândula mamária. Pesquisas têm mostrado uma alta taxa de infecção por S. aureus em novilhas de primeira cria em rebanhos, especialmente naqueles em que não há controle de moscas. resultante pode ser uma alteração na severidade dos casos clínicos bem como uma redução na incidência de mastite. Estudos com vitamina A têm comprovado sua influência sobre a manutenção da integridade funcional do tecido epitelial mamário e o seu envolvimento com a resposta imune celular. Selênio e vitamina E compõe a enzima glutationa peroxidase responsável pela defesa de células do organismo perante uma reação infecciosa e atua na proteção das membranas celulares contra o dano oxidativo, respectivamente. Deficiências dessas substâncias podem comprometer a eficiência das células fagocitárias. 3.5 Diagnóstico O exame físico do úbere e a observação de alterações no leite constituem na principal forma de diagnóstico de mastites clínicas; já a mastite subclínica é diagnosticada por testes laboratoriais e a campo (contagem de células somáticas e cultura bacteriana). Sinais de mastite aguda incluem quartos inchados, quentes e doloridos ao toque. Mudanças no tamanho e presença de tecido cicatricial podem ser detectadas mais facilmente após a ordenha, quando o úbere está vazio. Observação dos primeiros jatos de leite permite a detecção de leite anormal que deve ser descartado. Leite anormal pode apresentar alteração na coloração (aguado), grumos ou coágulos que é confirmado pelo exame da caneca de fundo preto. A contagem de células somáticas (CCS) do rebanho e do tanque de expansão deve ser vista como ferramenta extremamente valiosa e que, entre outras finalidades, pode-se citar o monitoramento da prevalência de mastite subclínica no rebanho, especialmente aquelas causadas por microrganismos contagiosos, denotativo da qualidade do leite cru para a indústria, e indicação das condições higiênicas sob as quais o leite foi produzido nas propriedades relatam que a contagem fisiológica de células somáticas está entre 50.000 – 250.000 células/ml tendo algumas variações entre autores. São vários os métodos utilizados na CCS de acordo com Langoni et al. (2000): a contagem microscópica direta em lâminas, a contagem eletrônica de células (Coulter Count, Fossomatic), o “California Mastitis Test” – CMT, o “Wisconsin Mastitis Test” – WMT e o “Whiteside”. As características dos métodos são descritas a seguir: a) Contagem Microscópica A contagem microscópica direta em lâminas permite distinguir os tipos celulares presentes nas amostras de leite, possibilitando a visualização do microrganismo. Como aspecto negativo, ressalta a pouca praticidade, principalmente se for analisado um grande número de amostras, o que ocorre quando se trabalha com o monitoramento do rebanho. b) “Califórnia Mastitis Test “(CMT) O CMT é um método de fácil execução, prático, utilizado mundialmente e de baixo custo. Ele é eficiente para estimar o número de células somáticas presente por ml/ leite, porém apresenta desvantagem como a possibilidade de erro quanto às dosagens do reagente e do leite, tendo ainda a necessidade de padronização de leitura, que está sujeita a variações, de acordo com quem realiza o teste. O reagente age rompendo a membrana das células presentes na amostra de leite e liberam o material nucléico (DNA), tornando a mistura altamente viscosa e a coloração púrpura do reagente ficará mais acentuada na homogeneização com o leite mastístico devido ao pH alcalino. Apesar dessas observações, é considerado como um meio de diagnóstico da mastite subclínica, no momento da orden. Zafalon, (2005) comparando CMT e a CCS demonstrou uma relação linear nos quartos mamários em que ocorreu o isolamento de S. aureus, não acontecendo o mesmo para os quartos mamários que apresentavam mastite subclínica por Corynebacterium spp. c) “Wisconsin Mastitis Test” (WMT) O WMT é realizado em tubos apropriados, que apresentam orifícios em suas extremidades, nos quais se colocam quantidades exatas de reagentes e leite, que é o mesmo usado para o CMT. O resultado é expresso em mm cujos escores correspondem ao número de células somáticas. Este teste é mais objetivo que o CMT, pois é empregado em rebanhos maiores e em algumas indústrias de laticínios, utilizam-se amostras compostas dos quartos, o que permite o exame de um maior número de amosstras. d) “Whiteside” É um teste laboratorial em que o leite é misturado a um reagente, o hidróxido de sódio. Ocorrerá formação de grumos, se os resultados excederem 500.000 células/ml. e) Contagem eletrônica de células a contagem eletrônica das células somáticas do leite é uma forma moderna de diagnóstico de mastite subclínica. Este método é realizado com auxílio do aparelho somacount-300 Bentley Instruments Icn., composto por cinco estruturas que formam o sistema óptico de leitura, sendo este um método com tendência em países desenvolvidos, por se mostrar mais preciso que o CMT. A cultura bacteriana geralmente é feita em vacas selecionadas a partir da contagem de células somáticas ou de casos clínicos. Cultura de leite individual de vaca identifica as espécies bacterianas, sendo assim a maneira mais confiável para se decidir quanto ao melhor tratamento para uma determinada vaca e a definição de ser mastite ambiental ou contagiosa. Alterações da composição físico química do leite, como pH, condutividade elétrica, teor de cloretos, podem auxiliar no diagnóstico da mastite, porém tem aplicação limitada comparado a métodos baseados na contagem de células. As alterações incluem aumento nos íons Na+ e Cl- no leite e redução de íons K+ e da lactose, gerando assim aumento da condutividade elétrica utilizada como teste para detecção da mastite. 3.5 Tratamento e uso de vacinas Hachem (2005) afirma que novos casos de mastite sempre vão ocorrer, e uma vez que a infecção tenha se estabelecido, existem quatro formas de eliminação da doença que são: a cura espontânea, o descarte, o tratamento durante a lactação e a terapia da vaca seca. Porém, alguns autores constatam que a cura espontânea não pode ainda ser considerada como um sistema de tratamento da doença e, portanto é considerada pouco eficaz. De acordo com Brito et al. (1998) as vacas que tenham sido tratadas várias vezes em uma única lactação devem ser consideradas para descarte, porque, além de não serem lucrativas (em razão dos custos de tratamento e dos prejuízos causados pelo descarte de leite), podem servir de fonte de infecção para outros animais. Deve-se considerar nesses casos se não é mais lucrativo estabelecer um programa de prevenção e controle, associado ao descarte de vacas velhas com infecções crônicas. No entanto, pode ser pouco produtivo adotar o sistema de descarte de vacas simplesmente, sem investir nos demais procedimentos de controle e prevenção. Antibioticoterapia A administração intramamária de antibióticos é o método mais comum utilizado para o tratamento de mastite bovina. De acordo com Reis et al. (2003), o tratamento medicamentoso via intramamária para mastite clínica ou subclínica entre uma a três aplicações apresenta bom resultado, principalmente se associada com via parenteral. A antibioticoterapia intramamária durante a lactação não é efetiva no tratamento de mastites subclínicas, pois pode haver recidivas, baixa taxa de cura microbiológica e o aumento na produção de leite não é significativo. A terapia antimicrobiana parenteral deve ser considerada naqueles casos de mastite com comprometimento sistêmico acentuado. As doses padronizadas de antimicrobianos geralmente podem controlar a reação sistêmica, porém dificilmente haverá cura microbiológica da glândula acometida, uma vez que há relativa má difusão do antibiótico do sangue para o leite, por isso é importante associar o tratamento parenteral com o tratamento intramamário. A preocupação com a presença de resíduos de antibióticos no leite tem gerado uma busca de alternativas para a abordagem clássica com utilização de antibióticos como, por exemplo, a utilização de enzimas. Outra preocupação é a resistência, um mecanismo desenvolvido pela própria bactéria através do qual os microrganismos desenvolvem tolerância às novas condições ambientais. O uso indiscriminado de antibióticos e quimioterápicos, a utilização de tratamento tópico em infecções sistêmicas, o emprego de dosagens incorretas e a não determinação dos níveis de sensibilidade dos agentes etiológicos aos antimicrobianos são os fatores principais para a resistência bacteriana na cura da mastite. Há evidências de que o tratamento indiscriminado de animais com antibióticos torne seus produtos e derivados, fonte para a resistência aos antibióticos na espécie humana. Observar no Quadro 2 a relação de alguns medicamentos utilizados por via intramamária. Tratamento de mastite com enzimas proteolíticas compararam a eficácia: 1) de formulações enzimáticas (enzimas proteolíticas: papaína, quimiotripsina e tripsina) associadas a corticosteróides; 2) a mesma formulação enzimática com manitol e vitaminas A e E e 3) produtos à base de antibióticos utilizados na terapia convencional em vacas com ao menos um quarto mamário com mastite clínica durante 3 dias consecutivos. O resultado foi a comprovação de que os preparados enzimáticos, quando bem utilizados, são uma boa alternativa no tratamento de vacas em lactação devido a sua taxa razoável de cura e a ausência de resíduos no leite. Quadro 2 – Apresentações comerciais e princípios ativos de tratamento intramamário estágio de lactação e período seco. APRESENTAÇÃO BASE (s) PERÍODO Agromastit Penicilina, estreptomicina epiroxicam Vaca em lactação Amoclox Amoxicilinam, cloxacilina Vaca seca Anamastit Cloxacilina Vaca em lactação Biotef Neomicina, clorobutanol e hidrocortisona Vaca seca Cepravin Cefalônio Vaca seca Flumast Neomicina, espiramicina e flutametasona Vaca em lactação Gentocin Mastite Gentamicina Vaca em lactação Tem se mostrado eficaz reduzindo a mortalidade dos animais doentes, diminuindo custos com medicamento, mão de obra e perdas econômicas em rebanhos que não tem uma estratégia de alojamento adequada o que deixa os animais expostos à infecção por mastite ambiental, principalmente no período chuvoso de verão. O custo dessa vacina é alto sendo este seu único inconveniente. b) Mastaph® 3 Vacina para mastite contagiosa preparada com antígeno capsular de Staphylococcus aureus que possui efeito preventivo e curativo. A imunidade conferida por essa vacina dura em torno de seis meses. A dose recomendada é de 5ml via intramuscular profunda, em vacas prenhes duas a três semanas antes do parto, repetindo a dose duas semanas após o parto. Em lactações prolongadas pode ser necessário aplicar mais uma dose da vacina. Com o uso dessa vacina observa-se uma redução de cerca de 50% dos casos de mastite estafilocócica, de casos novos da doença e da mastite subclínica. c) Mastiplus BR®4 É uma bacterina mista inativada que inclui os agentes considerados como causadores de mais de 90% das mastites como: Streptococcus agalactiae; Streptococcus dysgalactiae; Streptococcus uberis; Stafilococcus albus; Staphylococcus aureus; Escherichia coli; Corynebacterium pyogenes; Salmonella sp; Pseudomonas spp.; Klebsiella spp.; Bacillus subtilis; Aerobacter aerógenes e Pasteurella bovis. É um produto que promove a leucocitose e o aumento da taxa de imunoglobulinas, ativando assim o Sistema Imunológico (SI). Duas doses de 5ml em vacas secas: a primeira cerca de trinta dias antes do parto e a segunda, vinte e um dias após a primeira aplicação. Vacas em lactação recebem duas doses de 5ml, em dias alternados. O processo é repetido uma semana depois e aos 45 dias recebe revacinação com dose única para manter a prevenção. Como tratamento curativo, aplicam-se 3 séries de 3 injeções subcutâneas em 5ml cada, em dias alternados. Depois de cada série de três injeções descansa uma semana repetindo o tratamento duas vezes. Na terceira série, descansa 45 dias e aplicase dose única de 5ml concordam que o uso de vacina só é aconselhável se o produtor tiver um programa de prevenção, que começa como manejo correto da ordenha, desinfecção das tetas, manutenção do equipamento de ordenha, conforto e higiene além de uma boa nutrição. 3.6 Controle e Profilaxia Para o controle da mastite é necessária a identificação dos fatores facilitadores para a ocorrência de infecções da glândula mamária. A implantação de intervenções estratégicas impede tanto a sua instalação quanto a sua disseminação entre os animais. Primeiramente é preciso ressaltar que em qualquer programa de controle, atenção especial deve ser dada ao treinamento e capacitação da mão-de-obra pois de nada valerá um plano de controle se ocorrer falhas na sua atuação. a) Adequação do ambiente: É necessário cuidados com o ambiente em que as vacas são alojadas (especialmente onde elas deitam e o local do parto) e com a pastagem; como regra, a vaca deve permanecer em ambiente limpo e seco e os dejetos devem ter um destino adequado. A manutenção do ambiente nessas condições ajuda a reduzir o risco de novas infecções e aumenta a eficiência da produção, pela redução do tempo e da mão-de-obra necessária para preparar o úbere para a ordenha. b) Condução dos animais para a ordenha: A movimentação das vacas deve ser feita de maneira calma, ordenada, obedecendo à mesma rotina. Se as vacas são amedrontadas ou apressadas, o processo de descida do leite pode ser perturbado, resultando em retenção (leite residual) e favorecimento da multiplicação de microrganismos no interior da glândula mamária. c) Detecção da mastite: Toda ordenha deve ser iniciada com o exame dos primeiros jatos de leite de todos os quartos mamários, em um recipiente de fundo escuro (teste da caneca telada ou de fundo preto), para facilitar a visualização de alterações e permitir o diagnóstico precoce dos casos clínicos. Ao mesmo tempo, elimina-se a porção de leite mais contaminada. O exame físico (palpação do úbere e tetas) também permite avaliar a presença de sinais de inflamação característicos da mastite clínica. Ao mesmo tempo, o contato manual funciona como estímulo para a descida do leite e início da ordenha. Outro teste que pode ser usado no momento da ordenha é o CMT, que deveria se realizado a cada 15 dias em rebanhos com problemas e, pelo menos uma vez por mês, nos demais rebanhos, visando identificar animais com alta CCS. Atenção especial deve ser dada aos animais com diagnóstico de mastite clínica. Eles devem ser separados dos demais, e tratados de acordo. d) Preparação do úbere para a ordenha: Deve-se primeiramente assegurar de que os tetos estejam limpos e secos para iniciar a ordenha. Após o exame e descarte dos primeiros jatos de leite, deve-se assegurar que somente tetas limpas e secas sejam ordenhadas. Nos casos em que seja necessária a lavagem das tetas, deve ser usada água corrente e toalhas de papel individuais, descartáveis. e) Desinfecção de tetas antes da ordenha (pré “dipping”): Este procedimento reduz a contaminação microbiana do leite e as mastites causadas por patógenos do ambiente. O procedimento envolve: lavar as tetas com água e usar um desinfetante (sanitizante) aprovado. Um contato de 30 segundos do desinfetante com as tetas deve ser observado, para permitir a sua atuação. Em seguida, as tetas são secadas cuidadosamente com papel-toalha, para evitar a contaminação do leite com resíduos do desinfetante. f) Ordenha: A ordenha deve ser iniciada dentro de um minuto após a preparação do úbere e ser conduzida com calma e sem interrupções, no menor tempo possível. No caso de ordenha mecânica devem ser observados os cuidados de higiene e manutenção do equipamento, de acordo com as recomendações do fabricante e as exigências regulamentares. Atenção especial deve ser dada à saúde e hábitos higiênicos dos ordenhadores. g) Desinfecção de tetas pós-ordenha (pós “dipping”): Este procedimento permite evitar a disseminação dos microrganismos no rebanho e prevenir a mastite subclínica. O desinfetante deve ser aplicado imediatamente após a ordenha, em todas as tetas do animal. O desinfetante é usado para remover os resíduos de leite deixados nas extremidades das tetas (que servem de alimento para as bactérias) e inativar as bactérias. Para evitar a mastite ambiental, adiciona-se glicerina ao desinfetante para que esta sele o esfíncter do teto e permita que o desinfetante permaneça sobre a pele da teta até a próxima ordenha . Cuidados especiais devem ser tomados com relação à limpeza do recipiente e ao descarte diário das sobras de desinfetante. h) Manutenção dos animais de pé após a ordenha: Procedimento recomendado para evitar a penetração de bactérias pelo canal da teta, que permanece aberto por um período variável entre 30 e 120 minutos. Para manter os animais de pé, sugere-se o fornecimento de ração no cocho na saída do local de ordenha. Ao mesmo tempo, deve-se evitar fornecer alimentação aos animais durante a ordenha. i) Aquisição de novos animais Deve-se considerar a possibilidade de qualquer animal adquirido estar potencialmente infectado e ser capaz de introduzir um novo patógeno no rebanho. Por isso, deve-se obter o histórico desses animais antes de introduzí-los no rebanho (dados de CCS, CMT, exame microbiológico do leite, casos de mastite clínica do rebanho de origem). O ideal é realizar a cultura do leite dos animais antes de sua introdução no rebanho. j) Alimentação: Fornecer nutrição adequada para impedir o aumento da susceptibilidade à mastite. A suplementação com nutrientes como selênio, cobre, zinco e vitaminas. A e E pode auxiliar a manutenção ou o aumento da resistência da glândula mamária às infecções. Quando esses elementos não estão presentes em quantidades apropriadas, pode haver aumento do índice de novas infecções. Todavia, estes enfoques nutricionais são apenas ferramentas para o controle de mastite e não substituirão um manejo adequado 1996). l) Monitoramento da mastite no rebanho: O monitoramento pode ser feito por meio de registros dos casos clínicos anteriores com identificação do animal, a ordem de parição, data da ocorrência (em relação ao parto), o medicamento usado e a duração do tratamento, anotação de todos os casos clínicos, acompanhamento mensal por meio de CMTou CCS da mastite subclínica; exame microbiológico do leite dos animais com mastite clínica; exame microbiológico do leite do tanque (leite total do rebanho) para isolamento de S. aureus e/ou S. agalactiae; exame microbiológico de uma amostra ou de todos os animais do rebanho a intervalos regulares. Essas informações podem ser usadas para definir opções de descarte, definir linha de ordenha, prevenir surtos e orientar esquemas de tratamento . m) Fatores relacionados aos equipamentos de ordenha: A higienização inadequada, a falta de manutenção e o mau funcionamento da ordenhadeira mecânica podem propiciar o aumento de novas infecções e os casos de mastite no rebanho, como se pode observar nos exemplos a seguir: o deslizamento das teteiras resulta em lançamento de leite e bactérias para as extremidades das outras tetas; pulsadores sujos e com funcionamento deficiente podem causar danos às extremidades das tetas, facilitando a colonização por bactérias; o sistema de controle de vácuo sujo e funcionando de forma inadequada pode lesionar as extremidades das tetas. A ordenhadeira deve ser operada e funcionar de acordo com as recomendações do fabricante . 3.8 Diagnóstico de mastite subclínica, identificação dos agentes e avaliação da sensibilidade às drogas antimicrobianas Objetivos: - Isolar e identificar os agentes causadores de mastite subclínica; - Avaliar a sensibilidade “in vitro” das bactérias isoladas e - Avaliar a forma da doença predominante na propriedade. Material e métodos: A propriedade possui as seguintes características: - 30 vacas em lactação da raça Jersey; - Instalações simples com capacidade de ordenhar 6 animais por vez; A polimixina B desorganiza a estrutura da membrana citoplasmática da bactéria fazendo com que ela perca o mecanismo seletivo. São antibióticos bactericidas. Quadro 5 – Perfil de suscetibilidade “in vitro” dos agentes isolados dos casos de mastite subclínica, de 6 amostras de leite coletadas em uma fazenda leiteira de Planaltina – DF – setembro de 2006. Princípi o Ativo Staphylococcus aureus Staphylococcus Coagulase negativos Streptococcus spp. Escherichia coli S I R S I R S I R S I R AMP 33,3 66,6 100 100 100 CFE 100 100 100 100 CLO 33,3 66,6 100 100 100 EST 66,6 33,3 100 100 100 GEN 100 100 100 100 NEO 66,6 33,3 100 100 100 PEN 33,3 66,6 100 100 100 POL 100 100 100 100 SUL 100 100 100 100 TET 33,3 66,6 100 100 100 S: % de sensível; I: % de intermediário; R: % de resistente. Nota: * 3 representantes isolados e testados ** um único representante isolado e testado No antibiograma verificou-se que a gentamicina apresentou ótima eficácia frente a todos os agentes encontrados (6/6), seguido da cefalexina (5/6) que teve padrão intermediário para E. coli.; neomicina, cloranfenicol e estreptomicina, obtiveram boa sensibilidade, porém cada uma das amostras de Staphylococcus aureus, apresentou padrão intermediário a um desses antimicrobianos. A ampicilina, penicilina G sulfonamidas e o cloranfenicol não são indicados para tratamento de mastite causada por Staphylococcus aureus nesta propriedade, assim como as duas primeiras não serão eficazes no tratamento de infecções intramamárias causadas por E. coli. Spinosa, Górniak e Bernardi (1999), relatam que ampicilina tem boa difusão na glândula mamária ao contrário da penicilina que, além disso, não atua em Gram negativos, como a E. coli. Tetraciclinas e polimixina B tiveram ação intermediária à Staphylococcus coagulase negativos e Staphylococcus aureus e foram eficientes ao Streptococcus spp. e a E. coli. 4. IMUNIDADE DA GLÂNDULA MAMÁRIA 4.1 Introdução A glândula mamária é um órgão singular, sob o ponto de vista de sua complexidade fisiológica, biofísica e anatômica. Corresponde a uma glândula sudorípara modificada que secreta leite para nutrição da prole. De acordo com Giraudo (1996) uma glândula mamária normal é protegida por uma variedade de mecanismos de defesa naturais frente às infecções. Esses mecanismos podem ser não imunológicos (inespecíficos) ou imunológicos(específicos). Esses mecanismos inespecíficos podem ser físicos e reativos, este último formado ou não por componentes celulares; e os mecanismos imunológicos que são divididos em sistema imune humoral e sistema imune celular. As estruturas e mecanismos fisiológicos da glândula mamária serão abordados nesse capítulo. 4.2 Anatomia da Glândula Mamária Origina-se embrionariamente a partir do espessamento linear bilateral do ectoderma ventrolateral na parede abdominal, denominados de “linhas lácteas” ou “cristas mamárias”. Nelas se formam os botões mamários que dão origem a porção funcional da glândula mamária. Isto ocorre quando o embrião tem cerca de 35 dias de idade. O interior dos quartos mamários é composto por um sistema de ductos que conectam a porção glandular (parênquima) envolvidos por tecido conjuntivo, gordura, vasos e nervos (estroma). O conjunto encontra-se sustentado por uma cápsula fibro-elástica . O parênquima consiste de camada única de células epiteliais secretoras formando os alvéolos mamários que drenam para ductos pequenos que vão progressivamente se unindo aos ductos maiores até abrir em uma cisterna ou diretamente na teta. Os alvéolos, conjunto de células epiteliais secretoras responsáveis pela síntese dos componentes do leite, são agrupados em unidades conhecidas como lóbulos, cada um deles envolvido por um septo distinto de tecido conjuntivo. Estes agrupados formam os lobos e são recobertos por células contráteis de natureza mioepitelial e que respondem ao reflexo de ejeção do leite. O leite é drenado dos ductos principais para a cisterna da glândula e daí passivamente para a cisterna da teta onde fica retido. A cisterna da glândula comunica-se com a cisterna da teta através de uma crista circular (ânulo) que contém uma veia e algumas fibras de musculatura lisa. A cisterna da teta comunica-se com o exterior por uma abertura estreita no final da teta, chamada de ducto papilar (canal da teta). O óstio papilar dispõe de fibras musculares lisas. A estrutura primária responsável pela retenção do leite é um esfíncter muscular que rodeia o canal da teta, o orifício do teto é mantido fechado entre as ordenhas por meio de um grupo de fibras musculares que formam o esfíncter do teto. O úbere, conjunto de quatro glândulas mamárias individuais, encontra-se na região inguinal. Dispõem de dois ligamentos (lateral e mediano) como estruturas primárias de suporte e ligamentos suspensórios laterais que penetram na glândula e se tornam contínuas com o tecido intersticial do. A Figura 2 mostra o quarto mamário e suas estruturas anatômicas. Figura 2 – Glândula mamária As duas metades do úbere (direita e esquerda) recebem suprimento sangüíneo das artérias ipsilaterais existentes (artéria pudenda externa direita e esquerda). A drenagem sanguínea do úbere da vaca é feita pelas veias pudendas externas de cada lado. Elas recebem o sangue dos quartos mamário cranial e caudal do mesmo lado e drenam para a veia epigástrica superficial caudal do mesmo lado. Caudalmente drena para a veia perineal. As veias das glândulas mamárias são desprovidas de valvas. Um intenso fluxo sanguíneo é a condição para uma alta produção secretória das glândulas mamaria. 4.3 Fisiologia da Glândula Mamária O sistema mamário da vaca foi desenvolvido para utilizar os nutrientes absorvidos no trato gastrointestinal ou oriundos das reservas corporais dos animais, os quais se encontram disponíveis na corrente sangüínea, para a síntese de leite pela glândula mamária. Os compostos do leite são formados pela atividade específica do epitélio mamário e não simplesmente retirados do sangue. A lactose se forma na mama, na dependência da glicose do sangue e os lipídeos provêm da alimentação assim como as proteínas em sua maior parte. A proporção parênquima secretor e tecido conjuntivo é controlada por mecanismo hormonal. Durante a lactação da vaca encontra-se maior proporção de parênquima do que de estroma, e fora da lactação (período seco da vaca), isto se inverte. Na natureza, o leite é liberado pela mãe quando o bezerro mama. Já no sistema industrial de produção leiteira, as vacas devem ser treinadas para responder aos estímulos do ordenhador e do equipamento de ordenha. O estímulo táctil no teto ativa receptores nervosos da pele, os quais enviam esse estímulo até a medula espinhal e de lá até o hipotálamo, causando a liberação de ocitocina pela hipófise. Esse hormônio é carregado pela corrente sangüínea até a glândula mamária em aproximadamente 19 a 22 segundos e se liga a receptores nas células mioepiteliais, estimulando sua contração e, assim, a expulsão do leite para grandes ductos e cisterna da glândula. Para produzir 1 litro de leite é necessário circular pelo úbere 500 litros de sangue. A manutenção da lactação requer a conservação do número de células alveolares, uma intensa atividade de síntese celular e a eficácia do reflexo de ejeção do leite. A ocitocina é requerida para a retirada do leite, enquanto diversos outros hormônios são essenciais para a manutenção de intensa síntese e secreção do leite. Nos ruminantes o papel mais importante é desempenhado pelo Hormônio do crescimento (GH) entre outros. O reflexo de ejeção do leite é inibido por vários estímulos estressantes. O estresse aumenta a descarga de adrenalina e noradrenalina, que causam a contração dos músculos lisos e dessa forma obstruem os ductos mamários e vasos sanguíneos, evitando que a ocitocina atinja as células mioepiteliais. A adrenalina também pode bloquear a ligação da ocitocina as células mioepiteliais. 4.4 Mecanismos de defesa da Glândula Mamária Figura 3 - Organograma dos mecanismos de defesa da glândula mamária. 4.4.1 Defesa Inata (Inespecífica): Defesas físicas O formato anatômico do teto está diretamente relacionado à predisposição de infecção intramamária (IIMs). Tetos em forma cilíndrica têm maior predisposição ao acúmulo de leite ao contrário de tetas afuniladas em que esse acúmulo na cisterna do teto é mais difícil de ocorrer. Animais com canal do teto curto ou maior diâmetro são mais predisponentes à infecção que animais com resistência encontrada em algumas delas à infecção intramamária. Além disso, em bovinos, o fator C3 é considerado eficiente em opsonizar amostras de Staphylococcus aureus isolados de casos de mastite nesta espécie, apesar da presença deste fator não trazer alterações significativas na fagocitose das bactérias, o que sugere que a ligação do C3 com componentes da superfície de S. aureus não contribui para a defesa da glândula mamária bovina, relata que o mecanismo de fagocitose é facilitado pelo componente C3b do sistema complemento devido à presença de receptores desta opsonina sobre a superfície dos neutrófilos. Defesas reativas celulares Sistema Imune Celular O mecanismo de defesa celular de uma glândula mamária é composto por um sistema fagocítico do sistema mielóide, formado por neutrófilos polimorfonucleares, eosinófilos e basófilos; pelo sistema mononuclear fagocitário formado por monócitos e macrófagos. Sistema Fagocítico Macrófagos Fagocitam leite residual, detritos de tecido e microrganismos, em que processa seus antígenos e os expõe ao sistema imune. Estimulam os linfócitos T helpers a produzirem citocinas como interleucina e interferon que são capazes de estimular mais linfócitos T e outras células de defesa . Neutrófilos Polimorfonucleares (PMN) O estímulo imunológico para que essas células entrem em ação ocorre porque substâncias quimioatrativas, como produtos de degradação bacteriana, agentes inflamatórios, complexos antígeno-anticorpo, entre outros, são liberadas provocando o recrutamento dos PMN da corrente sanguínea para o local da inflamação 2002). A fagocitose é um processo complexo, através do qual os PMN produzem, quando estimulados, interleucina (IL-1) e mediadores lipídicos, sendo estrategicamente posicionados nos locais de defesa primários, como os ductos alveolares . Logo depois da fagocitose a morte bacteriana se faz pela ativação do oxigênio através da união de imunoglobulina e complemento, gerando substâncias reativas como superóxido e peróxido de hidrogênio. Este processo é bastante efetivo contra bactérias Gram negativas. Pode haver também outro mecanismo de ação, o oxigênio independente em que atuam enzimas bactericidas como a lisozima, porém esta atividade é reduzida devido à ingestão de glóbulos de gordura e caseína além da baixa concentração de anticorpos opsonizantes no leite de vacas saudáveis. 4.4.2 Defesa Adquirida (Específica): Imunidade Celular Sistema Linfocítico Os linfócitos T possuem em sua superfície uma estrutura de reconhecimento capaz de distinguir determinantes antigênicos. Existem três tipos de linfócitos T, os helpers, os citotóxicos e os supressores. Os linfócitos T helpers participam na resposta inflamatória por produzir citocinas, em resposta ao estímulo antigênico e induzem a diferenciação dos linfócitos B e várias outras células que integram o sistema imune. Os linfócitos T citotóxicos são células capazes de lisar células estranhas ao hospedeiro como células secretórias velhas, células infectadas por microrganismos e células destruídas de maneira específica. Primeiramente, as células Natural Killer (NK), uma outra população de linfócitos com citoplasma grande e granular, que em uma fase inicial, lisam as células estranhas de maneira inespecífica, defesa inata, de modo a conter a infecção. Os linfócitos T supressores ou reguladores tem a função de suprimir a resposta de outras células a um antígeno causando uma relação de tolerância, é o que ocorre, por exemplo, em um animal. Os linfócitos B produzem anticorpos contra antígenos através de receptores de superfície. Assim que o antígeno é processado e apresentado aos linfócitos T helpers, se transformam em células de memória, que participarão na segunda exposição ao antígeno e também se diferenciam em plasmócitos, responsáveis pela secreção de anticorpos. Imunidade Humoral A resposta imune humoral envolve um antígeno, constituído por um material estranho que estimula uma resposta imune específica e um anticorpo, constituído por uma proteína especial sintetizada pelos linfócitos B e células plasmáticas, capaz de se combinar ao antígeno específico. Os anticorpos são divididos em classes de proteínas denominadas de imunoglobulinas (IgG, IgM, IgA, IgD e IgE), cuja função é formar complexos antígeno anticorpo, com intensificação da fagocitose, neutralização do antígeno e ativação do sistema de complemento principalmente o C3b. Existem três tipos de imunoglobulinas no colostro de bovinos (IgG, IgM e IgA). IgM e IgA são sintetizados pelos plasmócitos da glândula mamária. Existem dois tipos de IgG, IgG1 e IgG2, provenientes do soro sanguíneo e que são transportados para glândula mamária graças a presença de sítios receptores presentes nas membranas basais ou intercelulares das células epiteliais glandulares. A IgG1é um anticorpo aglutinante, neutralizante e atua como opsonina na fagocitose de macrófagos sendo o anticorpo mais importante em uma glândula saudável. A IgG2 atua como opsoninas dos neutrófilos que possuem receptores específicos. A IgM tem a mesma função da IgG, porém atua mais em uma resposta imune primária do que secundária, devido a predominância de IgG nesta situação. A IgA está concentrada no colostro para que o neonato receba imunidade passiva através da proteção da mucosa intestinal contra agentes infecciosos. A concentração de imunoglobulinas na glândula dependerá do seu número de células secretoras, para produção de IgA e IgM além da capacidade de captação de IgG proveniente do epitélio mamário. O número de sítios de recepção às IgG1 tende a aumentar com a proximidade do parto. Normalmente, as imonuglobulinas estão aumentadas na colostrogênese e diminuídas na lactação. Células Somáticas Células somáticas são primariamente os leucócitos do sangue, incluindo monócitos, linfócitos e neutrófilos e, ainda, os macrófagos e células de descamação do epitélio glandular secretor, estas em menor porcentagem. Essas células apresentam duas funções: combater os microrganismos nas infecções intramamárias e auxiliar na reparação dos tecidos secretores do leite, lesados pelo processo infeccioso. A contagem de células somáticas (CCS) tem sido usada como uma importante ferramenta para o monitoramento da qualidade do leite e da saúde da glândula mamária, seja para detecção de mastite subclínica em nível de rebanho, como para estimar as perdas de produção de leite em decorrência da mastite relatam que o número de células somáticas normal está entre 50.000 a 250.000 cél/ml tendo variações de vários autores. Fisiologicamente há um aumento na contagem das células somáticas com o avanço da idade, estágio de lactação, estação do ano relacionado ao estresse, todos os quartos mamários têm elevada CCS imediatamente após o parto. O pico da CCS ocorre no oitavo dia pós parto o que está associado a mudanças fisiológicas para a secreção de leite, como o edema no úbere e aumento de imunoglobulinas na secreção láctea. Observa-se uma elevação na CCS no final da lactação o que está associada a maior probabilidade dos animais se infectarem ao longo da lactação e à medida que ficam mais velhos. cita que o aumento da CCS, associado ao avanço da lactação, se deve à concentração do número normal de células somáticas em menor volume de leite. Voltolinni explicam o aumento da CCS no final da lactação devido a maior descamação das células epiteliais da glândula mamária. Fonseca sugerem que o estresse nas épocas de verão causado pelo aumento de temperatura e umidade pode aumentar a suscetibilidade à infecção, assim como diminuem o consumo de alimento e consequentemente a produção de leite, elevando a concentração de células somáticas.
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