Baixe Publicação - Brinquedo e Brincadeiras - Completa e outras Notas de estudo em PDF para Psicopedagogia, somente na Docsity! Brinquedos
e Brincadeiras
de Creches
MANUAL DE ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
APRESENTAÇÃO
Prezado(a) Senhor(a),
Sua instituição está recebendo a publicação Brinquedos e Brincadeiras de Creche — Manual de
Orientação Pedagógica.
Trata-se de um documento técnico com a finalidade de orientar professoras, educadoras e
gestores na seleção, organização e uso de brinquedos, materiais e brincadeiras para creches,
apontando formas de organizar espaço, tipos de atividades, conteúdos, diversidade de materiais
que no conjunto constroem valores para uma educação infantil de qualidade.
O presente documento foi elaborado pelo Ministério da Educação, por meio da Secretaria de
Educação Básica, visando atender ao estabelecido pela Emenda Constitucional nº 59 que deter-
minou o atendimento ao educando em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à
saúde e contou com a parceria do UNICEF O desenvolvimento do trabalho contou com a
participação e colaboração da professora Dra. Tizuko Morchida Kishimoto, membro titular da
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP) e da consultora Dra. Adriana
Freyberger, arquiteta com doutorado em educação, especializada em espaços para crianças.
Esta iniciativa pretende esclarecer que o brinquedo e a brincadeira são constitutivos da infância.
Abrincadeira é, para a criança, um dos principais meios de expressão que possibilita a investigação
e a aprendizagem sobre as pessoas e o mundo. Valorizar o brincar significa oferecer espaços e
brinquedos que favoreçam a brincadeira como atividade que ocupa o maior espaço de tempo na
infância. A aquisição de brinquedos para uso das crianças na Educação Infantil é uma estratégia
de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. As propostas
pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro do planejamento
curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que
vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende,
observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade,
produzindo cultura. A partir dessa perspectiva, as práticas pedagógicas que compoem a proposta
curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e as brincadeiras.
Sugerimos que este material seja colocado à disposição de todos os interessados — gestores
municipais e escolares, professores, coordenadores, formadores, conselhos municipais de
educação, pesquisadores, entre outros -, pois oferece orientações para seleção, organização e uso
dos brinquedos e materiais lúdicos seguindo os princípios das Diretrizes Curriculares Nacionais de
Educação Infantil - DCNEI, publicadas em 09/12/2009 no Diário Oficial da União.
Secretaria de Educação Básica / MEC
Fundo das Nações Unidas para a Infância — UNICEF
MÓDULO |
SUMÁRIO VÁ
INTRODUÇÃO
BRINCADEIRA E INTERAÇÕES NAS DIRETRIZES
CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
1. BRINCADEIRA E INTERAÇÕES NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
E NAS EXPERIÊNCIAS INFANTIS
a) Conhecimento de si e do mundo ii
b) Linguagens e formas de expressão...
c) Narrativas e gêneros textuais, orais e escritos ...........
d) A brincadeira e o conhecimento do mundo matemático
e) Brincadeiras individuais e coletivas .... ii
f) Brincadeiras livres: cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar ............
9) Brincadeiras e vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos
culturais, para favorecer a identidade e a diversidade ...
h) Brincadeiras: mundo físico e social, o tempo e a natureza
i) Brincadeiras com música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia,
dança, teatro, poesia e literatura ...... iii
j ) Brincadeiras, biodiversidade, sustentabilidade e recursos naturais
k) Brincadeiras e manifestações de tradições culturais brasileiras ......
1) Brincadeiras e tecnologia
2. BRINCADEIRA E PROPOSTA CURRICULAR
a) Integração das interações, brincadeiras e experiências da comunidade
b) Preservar valores da comunidade e integrar tecnologias
c) Acompanhamento e avaliação do trabalho pedagógico .....iiiiiiiiiiiiiiiii
d) Registros de adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.) .........
3. BRINCADEIRAS NAS TRANSIÇÕES DA CASA À CRECHE
E DA CRECHE À PRÉ-ESCOLA
15
18
20
25
34
36
37
m
44
.49
50
52
53
54
55)
57
58
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INTRODUÇÃO
Este manual tem a finalidade de orientar a seleção, a organização e o uso de brinquedos e
brincadeiras nas creches destinadas especialmente a crianças com idade entre 0 e 3 anos e 11
meses, com base nas recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (MEC, 2009). Embora o universo de crianças com idade até 5 anos e 11 meses também
seja objeto de atenção, a prioridade está sendo dada à educação das crianças menores que,
historicamente, foram excluídas do sistema público de educação.
Aintrodução de brinquedos e brincadeiras na creche depende de condições prévias.
1. Aceitação do brincar como um direito da criança;
2. Compreensão da importância do brincar para a criança, vista como um ser que
precisa de atenção, carinho, que tem iniciativas, saberes, interesses e necessidades;
3. Criação de ambientes educativos especialmente planejados, que ofereçam
oportunidades de qualidade para brincadeiras e interações;
4. Desenvolvimento da dimensão brincalhona da professora.
Tais condições requerem o detalhamento de aspectos que emergem na prática pedagógica.
Quais brinquedos selecionar e adquirir?
Em que quantidade?
Há certeza sobre sua qualidade?
Como utilizá-los?
Como modificar e recriar o espaço físico para introduzir novos mobiliários, materiais e
brinquedos?
Os interesses e necessidades das crianças de diferentes segmentos étnicos, sociais e
culturais estão sendo contemplados?
Como é possível utilizar um conjunto de brincadeiras que seja, ao mesmo tempo,
adequado individualmente e, também, a todo o agrupamento de crianças?
Como acompanhar e avaliar o trabalho pedagógico em conjunto com a família?
A creche oferece às crianças e a suas famílias o melhor em termos de serviços e
materiais para a sua educação?
A creche tem uma proposta curricular em que o brincar e a interação sejam
contemplados?
São muitas as questões e dúvidas abordadas por este manual, mas é fundamental o empenho da
professora e da equipe da creche para que as sugestões possam ser recriadas, dentro do contexto
de cada prática e que, de fato, ocorra uma mudança duradoura, capaz de promover qualidade
na vida das crianças e de suas famílias.
A educação da criança pequena foi considerada, por muito tempo, como pouco importante,
bastando que fossem cuidadas e alimentadas. Hoje, a educação da criança pequena integra o
sistema público de educação. Ao fazer parte da primeira etapa da educação básica, ela é
concebida como questão de direito, de cidadania e de qualidade. As interações e a brincadeira
são consideradas eixos fundamentais para se educar com qualidade.
A criança é cidadã - poder escolher e ter acesso aos brinquedos e às brincadeiras é um de seus
direitos como cidadã. Mesmo sendo pequena e vulnerável ela sabe muitas coisas, toma
decisões, escolhe o que quer fazer, olha e pega coisas que lhe interessam, interage com pessoas,
expressa o que sabe fazer e mostra em seus gestos, em um olhar, em uma palavra, como
compreende o mundo.
O brincar ou a brincadeira - considerados com o mesmo significado neste texto - é atividade
principal da criança. Sua importância reside no fato de ser uma ação livre, iniciada e conduzida
pela criança com a finalidade de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si
mesma, as outras pessoas e o mundo em que vive. Brincar é repetir e recriar ações prazerosas,
expressar situações imaginárias, criativas, compartilhar brincadeiras com outras pessoas, expressar
sua individualidade e sua identidade, explorar a natureza, os objetos, comunicar-se e participar da
cultura lúdica para compreender seu universo. Ainda que o brincar possa ser considerado um ato
inerente à criança, exige um conhecimento, um repertório que ela precisa aprender.
O brinquedo visto como objeto suporte da brincadeira pode ser industrializado, artesanal ou
fabricado pela professora junto com a criança e a sua família. Para brincar em uma instituição
infantil não basta disponibilizar brincadeiras e brinquedos, é preciso planejamento do espaço
físico e de ações intencionais que favoreçam um brincar de qualidade.
A pouca qualidade ainda presente na educação infantil pode estar relacionada à concepção
equivocada de que o brincar depende apenas da criança, não demanda suporte do adulto,
observação, registro nem planejamento. Tal visão precisa ser desconstruida, uma vez que a criança
não nasce sabendo brincar. Ao ser educada, a criança deve entrar em um ambiente organizado
para recebê-la, relacionar-se com as pessoas (professoras, pais e outras crianças), escolher os
brinquedos, descobrir os usos dos materiais e contar com a mediação do adulto ou de outra
criança para aprender novas brincadeiras e suas regras. Depois que aprende, a criança reproduz
ou recria novas brincadeiras e assim vai garantindo a ampliação de suas experiências. É nesse
processo que vai experimentando ler o mundo para explorá-lo: vendo, falando, movimentando-
se, fazendo gestos, desenhos, marcas, encantando-se com suas novas descobertas.
A brincadeira de alta qualidade faz a diferença na experiência presente e futura, contribuindo de
forma única para a formação integral das crianças. As crianças brincam de forma espontânea em
qualquer lugar e com qualquer coisa, mas há uma diferença entre uma postura espontaneista e
outra reveladora da qualidade. A alta qualidade é resultado da intencionalidade do adulto que, ao
implementar o eixo das interações e brincadeiras, procura oferecer autonomia às crianças, para a
exploração dos brinquedos e a recriação da cultura lúdica. É essa intenção que resulta na
intervenção que se faz no ambiente, na organização do espaço físico, na disposição de mobiliário,
na seleção e organização dos brinquedos e materiais e nas interações com as crianças. Para que
isso ocorra, faz-se necessário a observação das crianças, a definição de intenções educativas, o
planejamento do ambiente educativo, o envolvimento das crianças, das famílias e das suas
comunidades e, especialmente, a ação interativa das professoras e da equipe das creches.
É o conjunto desses fatores - as concepções, o planejamento do espaço, do tempo e dos
materiais, a liberdade de ação da criança ea intermediação do adulto - que faz a diferença no
processo educativo, resultando em uma educação de qualidade para a primeira infância. Não se
separa, portanto, a qualidade da brincadeira da qualidade da educação infantil.
Assim, neste manual, a brincadeira é sempre considerada com o sentido de um brincar de
qualidade. Para educar crianças pequenas, que ainda são vulneráveis, é necessário integrar a
educação ao cuidado, mas também a educação e o cuidado à brincadeira. Tal tarefa depende do
projeto curricular, um documento orientador das práticas cotidianas, das programações diárias
que acompanha a vida das crianças, amplia gradualmente suas experiências em todo o período
de vivência na creche e precisa ser construído pela equipe junto com as crianças e seus familiares.
O brincar e as interações devem ser os pilares da construção deste projeto curricular.
Para atender a essas preocupações, o manual foi concebido em duas versões, com o
mesmo conteúdo.
A primeira versão corresponde ao livro, que inclui o conjunto completo das recomendações
propostas, para ser distribuído às instituições de educação infantil.
MÓDULO | BRINCADEIRA E INTERAÇÕES NAS DIRETRIZES
CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Neste módulo são analisados 3 itens contemplados pelas Diretrizes Curri-
culares de Educação Infantil.
1. Brincadeira e interações nas práticas pedagógicas e nas
experiências infantis
2. Brincadeira e proposta curricular
3. Brincadeira nas transições da casa à creche e da creche à pré-escola
As Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil, de 2009, indicam que:
Brincadeira
CELL TS as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da
UEC Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as intera-
pedagógicas e
nas experiências
ELE
ções e a brincadeira, as quais devem ser observadas, registradas
eavaliadas.
Para iniciar a análise, é preciso pensar no significado de Interação: ação que se
exerce mutuamente entre duas ou mais coisas ou duas ou mais pessoas; ação
recíproca. (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
Na educação infantil, sob a ótica das crianças, ocorrem interações entre:
e as crianças e as professoras/adultos - essenciais para dar riqueza e
complexidade às brincadeiras;
as crianças entre si - a cultura lúdica ou a cultura infantil só acontece
quando as crianças brincam entre si, com idades iguais ou diferentes
(maiores com bebês, crianças pequenas com as maiores);
as crianças e os brinquedos - por meio das diferentes formas de brincar
com os objetos/ brinquedos;
as crianças e o ambiente - a organização do ambiente facilita ou dificulta
a ação de brincar. Uma estante na altura do olhar das crianças facilita o
uso independente dos brinquedos. Um escorregador alto no parque,
além do risco oferecido ao uso pelos pequenos, leva a uma situação de
estresse no grupo quando a professora proíbe utilizá-lo.
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
e as crianças, as instituições e as famílias - tais relações possibilitam
vínculos que favorecem um clima de respeito mútuo e confiabilidade,
gerando espaços para o trabalho colaborativo e a identificação da
cultura popular da criança e de sua família, de suas brincadeiras e
brinquedos preferidos.
Como ampliar a ação recíproca entre a(s) criança(s) e a professora?
A forma como a professora interage com a criança e seu agrupamento
infantil, a relação corporal que estabelece e que envolve corpo e olhar, pode
facilitar ou dificultar o diálogo. Tal relação pode ser de igualdade ou de
superioridade, e será exemplificado nas figuras que se seguem.
Nafigura 1, a professora está no mesmo nível que as crianças e junto com
elas. Sua postura corporal aberta revela disponibilidade para interagir
com o grupo, o que representa uma forma de comunicação facilitadora.
Já na figura 2, a professora apenas observa, sua postura é de vigia, ela
não se inclui no grupo. A postura corporal isolada denota uma atitude de
não interação com o grupo.
Na figura 3, professora e criança mantêm contato direto pelo olhar e
estabelecem um diálogo que as envolvem. Essa forma de interação
possibilita a construção de uma cultura partilhada entre a professora e a
criança, criando um fluxo positivo que potencializa a aprendizagem.
A figura 4 mostra uma relação corporal distante, de um adulto que
sempre olha para a criança “de cima” e não facilita a criação de um
vínculo de confiança e proximidade, fundamental para processos comu-
nicativos na primeira infância, em especial na faixa etária de O a 3 anos e
11 meses.
Portanto, as figuras 1 e 3 indicam interações positivas e partilhadas e as 2 e 4, a
ausência de interações facilitadoras para a comunicação. As interações e a
brincadeira, que não podem ser separadas na educação infantil, aparecem na
forma de práticas pedagógicas planejadas pelas professoras e em experiências
vividas pelas crianças.
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
Experiências expressivas — entre as brincadeiras interativas que levam o bebê
a se expressar, é muito conhecida a de “esconder e achar” com fralda, dizendo
“cucu”, “escondeu”, “achou”. Essa brincadeira ajuda a criança a aprender os
significados dos movimentos, regras e a expressão da linguagem oral e dos
gestos. Mas somente quando o bebê inicia a brincadeira e a conduz,
escolhendo se vai esconder a si mesmo, ou seu bichinho de estimação, há
aprendizagem e desenvolvimento cognitivo. Nesse momento, ele teve
agência (decisão própria). Essa forma de brincar para esconder outros objetos
desperta a curiosidade e o prazer — da descoberta, da repetição e recriação da
ação. Há muitos brinquedos em que se colocam bolinhas dentro de estru-
turas com túneis que possibilitam a expressão do prazer do “desaparecer”
e“reaparecer”.
Brincadeiras de adultos e crianças de esconder objetos em baixo de almofadas
ou copinhos, além de divertirem as crianças que procuram encontrá-los, criam
desafios para as mentes infantis em desenvolvimento.
b. Linguagens e As crianças expressam significações quando brincam: com gestos, falam,
formas de expressão desenham, imitam, cantam ou constroem estruturas tridimensionais. São tais
ações que se denominam formas de expressão: gestual, verbal, plástica,
dramática e musical. No interior dessas formas de expressão se encontram
diferentes modalidades de linguagem e gêneros textuais: falar, escrever cartas,
contos de fadas, contos fantásticos etc.
EXPRESSÃO GESTUAL E VERBAL
As crianças comunicam-se por diferentes linguagens, por gestos, expressões,
olhares, pela palavra. Os bebês se expressam inicialmente por gestos e sorrisos
e, depois, pelas palavras.
O aprendizado da fala (linguagem verbal) se inicia no nascimento com a comu-
nicação entre as crianças e seus pais em casa e, depois, entre a professora e a
criança ou entre as crianças na creche. Há diversos estilos de comunicação
familiar que levam as crianças a aprenderem a falar e que fazem parte de suas
culturas quando ingressam na creche.
A comunicação na creche, que valoriza as interações e a brincadeira, acontece
em diversos momentos:
e quando a professora conversa com o bebê e ele responde com
um gesto, olhar ou sorriso;
20
EE
e nas brincadeiras, ao relacionar nomes dos objetos e situações
do seu cotidiano;
e nas brincadeiras corporais de exploração dos objetos do ambiente;
e nas brincadeiras de imitação;
e nas danças e nas músicas;
e nos desenhos e grafismos;
e nas comunicações cotidianas e no recontar histórias;
e na expressão de poesias, parlendas, adivinhas, cantigas de roda e de ninar.
EXPRESSÃO DRAMÁTICA
A expressão dramática começa a surgir quando as crianças manifestam o
desejo de assumir papéis, como os de motorista, mãe, professora. Quando
entram no faz de conta compreendem as funções desses personagens na
sociedade: do motorista que dirige carros, da professora que educa as crianças
ou da mãe que dá comida para o bebê. Essas imitações, embora importantes,
são repetições de ações observadas pelas crianças sem a compreensão do
significado dos papéis desempenhados. A dramatização de situações imaginá-
rias, tanto nas brincadeiras de faz de conta como no recontar histórias, deve ser
livre para que as crianças possam expressar suas emoções e seus desejos. Nessa
atividade, a variedade de acessórios, como bonecas de diversos tipos, berço,
carrinho, caminhões de diferentes tipos — cegonha, caçamba, bombeiro, posto
de gasolina, fantoches, bichinhos e kit médico, auxiliam a representação de
papéis, ampliando o repertório das brincadeiras.
21
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
EXPRESSÃO PLÁSTICA
Atividades relacionadas às artes plásticas incluem brincar com tinta ou utilizar-
se da natureza para fazer tintas - com plantas, com terra, possibilitando tanto
experiências sensoriais e prazerosas quanto plásticas. Brincadeiras com cores
iniciam-se com a exploração das tintas com as mãos, com o corpo, com pincéis,
mas ganham em qualidade ao saber misturá-las e recriá-las.
Para iniciar atividades relacionadas às artes plásticas para as
crianças pequenas de creches, convém introduzir primeiro a
brincadeira livre de explorar tintas, de sentir a sensação de
pintar as mãos, o corpo, o papel, de misturar tintas e utilizá-
las em diferentes tipos de papéis, superfícies e objetos
pequenos e grandes. Com as crianças maiores, avançar em
projetos relacionados à construção de uma paleta de cores -
o conjunto de cores de uma determinada obra, seja ela
pintura, escultura ou desenho.
Para as maiores da pré-escola, em uma atividade ligada à
construção de cores a partir de elementos da natureza,
pode-se oferecer inicialmente uma paleta com tons marrons,
terras everdes.
Em uma atividade plástica ligada a pintura de flores, pode-se
oferecer outro conjunto com tons roxos, rosas, branco, verdes,
azuis e laranjas. A paleta de cores é uma combinação inicial
que visa oferecer suporte às crianças em atividades plásticas
que buscam aprimorar os conceitos de arte e estética.
Um brincar de qualidade inclui a experiência com a arte, as atividades plásticas
e o uso de cores como suporte prévio para que as crianças encontrem prazer e
reconheçam na sua produção artística uma estética e uma beleza próprias.
As diversas técnicas voltadas para os trabalhos plásticos (argila, pintura,
colagem etc.) requerem materiais apropriados.
Crianças gostam de fazer marcas para expressar sua individualidade e as tintas,
nas artes plásticas, são ferramentas que cumprem essa finalidade.
Brincar com massinhas, argila, gesso ou materiais de desenho, pintar, fazer
colagens e construções com diferentes objetos, são linguagens plásticas
associadas a experiências sociais, motoras e sensoriais prazerosas. Entretanto,
é preciso dispor de grande quantidade de massinha e argila para que as
crianças possam construir seus projetos (cerca de um quilo para cada uma).
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BRINCADEIRA E INTERAÇÕES NAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
c. Narrativas e No processo de interação com o mundo, as crianças adquirem experiências de
gêneros textuais, narrativas veiculadas pelas linguagens oral, escrita e visual.
orais e escritos a ao e A
Há várias formas para narrar experiências e mostrar significados, seja utilizando
cada uma das linguagens seja integrando-as.
Para favorecer as experiências de narrar, as crianças podem ser levadas a
apreciar as várias modalidades de linguagens e com elas interagir:
FALADA - praticar a conversação, ouvir músicas, cantar, contar e ouvir histórias, brincar
com jogos de regras, com jogos imitativos, ver e comentar programas de TV,
vídeos e filmes.
ESCRITA - usar ambientes impressos, livros, cartazes, letras, revistas, jornais, embalagens
de brinquedos e alimentos.
VISUAL - ver e criar imagens, desenhos, construções tridimensionais, ilustrações,
retratos, animação, TV, filmes.
COMBINAÇÃO DE - baseia-se em equipamentos que utilizam a tela como suporte e possibilitam a
LINGUAGENS interação entre máquina e espectador, a exemplo dos computadores e da TV.
VISUAL / ESCRITA / FALADA Internet, jogos eletrônicos e filmes possibilitam a conjunção das linguagens
falada, escrita e visual, enquanto as embalagens de brinquedos e alimentos,
livros, revistas, capas de CD, privilegiam as linguagens escrita e visual.
MEDIAÇÕES CRÍTICAS - ao analisar os programas televisivos ou propagandas, pode-se ampliar a
experiência das crianças por meio da mediação crítica da professora, que
consiste em comentários críticos durante as brincadeiras, enquanto olha a
imagem de um livro ou vê algum programa de TV.
Há dois fatores importantes para ampliar as narrativas das crianças: o trabalho
integrado com a família e o uso da sua cultura popular .
Quando se estreitam as relações entre a casa e a creche ou se conhecem os
brinquedos e brincadeiras preferidos pelas crianças, seus familiares e comu-
nidade, ou seja, a sua cultura popular, caminha-se na direção da ampliação das
experiências de narrativas infantis. Considerar os saberes das crianças implica
em não rotular como inadequada uma música cantada por elas, ou uma
preferência de dança ou um gesto, mas procurar ampliar suas experiências.
Q e Escutar as crianças - deixar as crianças falarem de situações ou brin-
cadeiras que aprenderam nos ambientes pelos quais circularam antes da
sua vinda à creche;
e Perguntar às famílias - quais são os brinquedos, materiais e brinca-
deiras preferidos pelas crianças, para dar continuidade na creche às
experiências do lar.
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BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
e Usar a narrativa das crianças - especialmente na hora da roda de
novidades, ou no momento em que as crianças se reúnem para falar sobre
o que fizeram no dia anterior, aproveitar qualquer narrativa sobre suas
experiências e brincadeiras prediletas para a exploração das várias lin-
guagens. Se o menino conta que jogou bola com o pai, escrever em um
papel ou cartolina “Pedro jogou bola com o pai”, mostrar para as crianças
e ouvi-las, pois podem surgir discussões interessantes sobre as letras
escritas no papel. Em outro momento, se Pedro quiser, poderá desenhar
usando essa cartolina com a frase criada com sua narrativa. Desse modo
haverá continuidade da experiência significativa vivida por Pedro, e a
linguagem verbal se transforma em linguagem escrita e, depois, em
plástica, por meio do desenho. O letramento se fortalece com o uso da
diversidade de linguagens para expressar os mesmos significados. A cada
expressão as crianças vão ressignificando melhor suas experiências e, em
contato com o adulto e outras crianças, vão aperfeiçoando sua forma de
ver o tema de seu interesse.
Dar um pequeno papel para desenhar o mesmo tema de interesse das
crianças, depois outro maior, ou pintá-los com diferentes tipos de
materiais. Lápis, crayon, tintas variadas, criam sempre oportunidades para
ampliar experiências.
Visitar, se possível, a casa de cada criança - para conhecer como brincam e
quais são os seus brinquedos e brincadeiras. Pode-se, como alternativa,
solicitar à mãe ou à criança para comentar quais são seus brinquedos
prediletos. Ao comentar na creche a respeito dos brinquedos de cada um, a
criança se sente valorizada. Solicitar às crianças que tragam brinquedos não
mais utilizados para pendurar na sala ou fora dela, organizando o ambiente
e tornando-o lugar de curiosidade, de exploração e de conversação. São
objetos que lembram a casa e com muitas histórias para contar e partilhar.
Valorizar a cultura das crianças - deixar as crianças contarem o que gostam
de fazer em suas casas, valorizar experiências vividas, são oportunidades
de trazer e ampliar suas narrativas. Após essa escuta, a professora poderá
mostrar outros conteúdos da cultura oral, introduzindo novos contos,
parlendas, trava-línguas, adivinhas, músicas, danças, livros, programas de
TV e outras brincadeiras, ampliando desse modo ainda mais as expe-
riências das crianças.
Participar da conversação diária com adultos e outras crianças, ouvir e
cantar músicas, contar e ouvir histórias, brincar com jogos em que se
discutem as regras ou os pontos ganhos ou perdidos, partilhar temas das
brincadeiras de faz de conta com outros parceiros são momentos que
enriquecem as experiências das crianças.
26
EE
NAS DIRETRIZE:
MEET
O contato com a diversidade dos textos orais e escritos por meio da participação
em conversas cotidianas, contato com outros textos, como bilhetes e receitas,
acesso aos textos da cultura oral como cantigas de ninar, de roda, parlendas,
trava-línguas, fórmulas de escolha, adivinhas, enigmas, linguagens secretas,
histórias de bichos, de animais, contos e lendas brasileiras e de vários povos,
amplia o repertório das narrativas infantis.
Crianças que aprendem gêneros de texto como “Serra, serra, serrador, serra o
papo do vovô”, facilmente tornam-se autoras quando inserem o seu próprio
nome ou o de uma pessoa querida no lugar do “vovô”, É comum, também, o
aproveitamento de frases de histórias que elas ouviram.
As crianças ampliam suas narrativas ao dispor do acervo de textos da literatura e
da cultura oral que permanecem como estruturas básicas para novas recriações.
ATENÇÃO:
- As crianças pequenas deixadas sozinhas permanecem passivas diante dos programas de TV ou filmes e
pouco compreendem o que se passa, pela dificuldade da linguagem. Elas precisam de ações corporais,
de exploração do ambiente e de interação para compreender o mundo e desenvolver a sua linguagem.
- Os momentos da programação para crianças maiores, em que se oferecem práticas de ver programas de
TV, ver vídeos e filmes, devem ser acompanhados de conversas com a professora. Não podem ser
momentos estáticos, em que as crianças apenas absorvem passivamente o que se passa nas telas desses
equipamentos. Conversar com a professora nos momentos de ver e ouvir a TV, vídeos e filmes, leva à
promoção da visão crítica através dos comentários, sem proibir — é o que os especialistas chamam de
letramento crítico. Ao ouvir e recontar histórias, as crianças experimentam o prazer de falar sobre o que
viram na TV, o que conversaram com os amigos ou com os pais, incluindo suas experiências e outras
histórias que conhecem.
- Quando as famílias partilham informações com a equipe da creche / pré-escola sobre o que as crianças
gostam de fazer em casa e escutam o que a professora diz sobre o que seus filhos fazem na instituição,
criam-se pontes para a construção de um currículo que amplia a responsabilidade pela educação das
crianças pequenas (pais e creche / pré-escola /comunidade).
Essa é a ponte de ligação para ampliar a imaginação e a brincadeira mas, também, para criar entre a
professora e os pais um sistema de apoio contínuo, de mediações que potencializam e enriquecem as
experiências das crianças.
- O conteúdo da escuta das crianças deve ser ampliado pela inserção de novos conhecimentos,
especialmente provenientes da literatura infantil e da vida cotidiana. Essa prática requer o planeja-
mento curricular e programático da creche, a formação das professoras para que tais gêneros de textos
estejam presentes nas suas práticas cotidianas. Não se pode esquecer que há a necessidade de
supervisão das práticas para verificar a continuidade dessas experiências na creche e a ação política de
dar suporte material para que elas sejam implementadas.
27
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
e As músicas e danças são outras formas de expressão da criança para narra-
rem suas experiências. Observar tais atividades significa compreender
suas narrativas.
e A manipulação de objetos dentro do Cesto dos Tesouros (cesta de vime,
redonda e sem alça) é uma experiência narrativa da criança que mostra
pelos gestos, expressão facial e envolvimento, seu nível de exploração
desses objetos.
Ouvir histórias e recontar
As crianças gostam de ouvir vários tipos de histórias e, também, fazer
comentários, mas não de ficar apenas ouvindo, caladas. Ao participarem, vão
se tornando leitoras, ouvindo, vendo, falando, gesticulando, lendo, dese-
nhando sua própria história e construindo novas histórias.
e As histórias podem ser contadas em qualquer lugar e a qualquer
momento. No entanto, cada agrupamento deve dispor de um tempo
cotidiano para essa importante atividade.
e Criar, por exemplo, alguns rituais para iniciar o momento de contar
histórias, como acender uma vela para criar envolvimento, usar um
espaço coberto com tecido, utilizar palavras mágicas que as crianças
gostam ou trazer o personagem preferido , um boneco construído por
elas, para partilhar do momento da história.
e Ler o livro, contar do seu jeito, dramatizar a história, incluir diversas
formas de recontar histórias usando diferentes gêneros literários.
e No gênero literário dos contos de fadas, o mundo dos reis, princesas,
bruxas e dragões encantam as crianças.
e As histórias do mundo encantado trazem uma estrutura de começo,
meio e fim, acompanhadas de expressões típicas, como “era uma vez”,
“depois...”, “e viveram felizes para sempre”, que auxiliam as crianças a
recontarem a história e ampliarem suas narrativas.
e Somente quando as crianças têm agência, ou seja, quando são elas que
recontam de seu jeito, incluindo os personagens que querem, trazendo
suas experiências do cotidiano, misturando personagens de outras
histórias, elas vão se tornando leitoras, criando suas próprias narrativas.
30
ERR E
NARRATIVAS
DAS Uma criança de 3 anos, de um centro de educação infantil na cidade de São Paulo,
e) após ouvir várias vezes a história da Branca de Neve, discutia com seus amigos e a
professora a razão de ser sempre “branca” a personagem. Propôs uma história com
a “Morena das Neves”, alternativa que reflete o contexto de diversidade em que
vivem as crianças, em sua maioria, de famílias afrodescendentes.
Outra criança utilizou a história de Chapeuzinho Vermelho para criar uma narrativa
sobre o lobo. Na sua história, havia dois lobos, um bom e outro mau. O “bom”
morava no zoológico e o “mau” matava os animais de lá.
Essa versão expressa a vivência da criança, por ocasião da matança dos animais do
zoológico por homens, fato ocorrido na cidade de São Paulo.
Outra incluiu uma experiência familiar, ao dizer que Chapeuzinho Vermelho levava
na cesta bolinhos de chuva que a vovó gostava.
Ouvir histórias de todos os gêneros, deixar as crianças recontarem para inserir
suas vivências e seus saberes ampliam as narrativas.
As histórias têm elementos diferentes conforme as idades, as origens étnicas,
sociais, culturais, o gênero e os interesses das crianças. Aos 3 e 4 anos, as
crianças respondem mais fisicamente, representando, batendo palmas, imi-
tando os personagens; as de 4 a 6 anos respondem por meio de movimentos
corporais como danças e aplausos, compartilham descobertas em livros por
meio de ações e fazem representações baseadas na literatura .
Ampliar a vivência de ouvir e recontar histórias
Essa é uma tarefa que requer ampliação de dois tempos no cotidiano das
creches: a escuta de muitas histórias e o tempo para o seu reconto pelas crianças.
Q e Criar no tempo cotidiano momentos para contar histórias e deixar as
crianças recontarem.
e Modificar as formas de apresentar as mesmas histórias: lendo, contando de
seu jeito, trazendo personagens para ilustrar a história, montando uma
tenda (um lençol pendurado no canto da parede, um tecido elástico, liso ou
colorido, com diferentes texturas), ou à sombra de uma árvore.
31
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
e Os brinquedos na forma de monstros, animais, bruxas, princesas, super-
heróis, personagens preferidos das crianças podem, também, desen-
cadear um “mar de histórias” se for dada a liberdade para cada criança
narrar suas experiências.
e Fantoches na forma de famílias brancas e negras, animais domésticos ou
do zoológico, personagens do folclore como o saci, o curupira, são
importantes recursos nas atividades de narrativas. Dedos pintados com
carinhas ou dedoches são alternativas simples e desencadeiam o imagi-
nário e o mundo de interações por meio de brincadeiras.
e Caixas de papelão ou de madeira contendo cenas e personagens da
história. Esse material dá visibilidade aos personagens e ajuda as crianças
a acompanharem a história por meio do cenário montado na caixa, o que
proporciona um maior envolvimento.
e Livros estruturados, contendo formas tridimensionais que aparecem
subitamente na abertura das páginas, com figuras e cenários que se
abrem diante das crianças, como uma flor que desabrocha ou um castelo
que emerge, encantam as crianças e criam um clima de envolvimento, de
prazer e de encantamento.
e Dramatização da história com a encenação de um teatro e participação
das crianças e adultos (professoras, funcionárias/os , pais).
e As histórias podem ser contadas em qualquer lugar e em qualquer
momento do tempo cotidiano. No entanto, cada agrupamento deve
dispor de um tempo cotidiano para essa importante atividade. Promover,
por exemplo, alguns rituais para iniciar o momento de contar histórias,
como acender uma vela para criar envolvimento, usar um espaço coberto
com tecido, utilizar palavras mágicas que as crianças gostam ou trazer o
personagem preferido (um boneco construído por elas), para partilhar
do momento da história.
Desde o nascimento, as crianças vão entrando no mundo letrado. Esse
mundo se inicia com gestos, olhares, depois com a oralidade, desenhos e
construções tridimensionais, até chegar à escrita propriamente dita. A orali-
dade, a escrita e a imagem visual têm papel importante nesse processo e
integram o que se entende por letramento. Como ampliar o letramento para
crianças menores?
32
BRINCADEIRA E INTERAÇÕES NAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
A entrada no mundo da matemática ocorre quando a professora sabe como
encaminhar a criança para brincadeiras em que se vai descobrindo o signi-
ficado dos números. O bebê ingressa no mundo matemático pelo uso do
corpo no espaço, pelas experiências que realiza com os objetos. Crianças
maiores já vão medindo a sala com cabo de vassoura, de braços abertos ou
com as palmas das mãos, fazendo marcas ou números. Assim vão compreen-
dendo o significado de tamanho e quantidade.
BRINCADEIRAS PARA PENSAR SOBRE COMO MEDIR E QUANTIFICAR
e Desenhar os móveis e objetos dentro da sala.
e Brincar em diferentes posições: deitado, em cima, em baixo, de lado.
e Contar os dias, observar quantas crianças vieram e quantas faltaram,
anotar no calendário diário, se há sol, chuva ou nuvens, verificar as
atividades ao longo do dia.
e Classificar conjuntos de objetos com palavras como “nenhum”, “muito”,
“pouco”, “bastante”.
e Criarsímbolos para indicar quantidades.
e Fazer coleções de objetos de modo que elas possam compor o cotidiano,
asala, os espaços de sua casa ou da creche.
e Brincadeiras como a dança das cadeiras, de correspondência entre a
criança e a cadeira: a cada criança que sai tira-se uma cadeira.
e Boliche (de tecido, macio para os menores e mais duro, de plástico, para
os maiores) ou argolas no poste, para contar os acertos.
e Brincar de medir as crianças.
e Apostar corrida para ver quem chega primeiro a um lugar marcado.
e Cantar, pular corda e recitar parlendas, trava-línguas, em ritmo
rápido e lento.
e Marcar as batidas com as palmas e os pés, aumentar ou diminuir o
tom de voz.
e Jogar bolas coloridas, cada cor em uma cesta.
e Pescar e anotar com marcas ou números os peixes pescados.
e Fazer compras em supermercado, pagando com “dinheiro” feito
pelas crianças.
35
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
e. Brincadeiras As crianças brincam sozinhas ou em grupos em qualquer lugar, inclusive na
individuais e coletivas | creche. É importante ter um tempo individual para “pensar” sozinho, para
“falar” com seu amigo imaginário, ou explorar um brinquedo. Uma educação
de qualidade deve ofertar tempos para brincadeiras individuais e grupais.
e Valorizar a organização da sala depois da brincadeira contribui para a
N construção da autoestima e da identidade da criança e do grupo. A partir
de um ano e meio, as crianças começam a gostar de organizar seus
brinquedos. Criar com elas sistemas de organização faz parte da brinca-
Algumas deira, pegando, brincando e depois guardando os brinquedos.
e Toda situação nova pode trazer um pouco de
tensão. O desconhecimento de brincadeiras pode
levar a criança a se afastar do grupo, por isso,
para uma boa integração, nada melhor do que
iniciar com brincadeiras conhecidas por todas.
e Brincadeiras tradicionais como esconde-esconde,
pique, pular corda, amarelinha, brincadeira de
roda, facilitam a integração no grupo.
e Depois de integradas, elas adquirem confiança e
pode-se ensinar novos jogos.
e Nas brincadeiras em pares, podem ser usados
brinquedos como carros com dois lugares para
os bebês serem puxados e triciclos, com assento
regulável e apoio traseiro, para pedalar e até dar
carona a um amigo.
e Escolher um escorregador com a prancha larga
para que duas a três crianças possam escorre-
gar juntas.
e Nas atividades individuais, pode-se oferecer a
diversidade de materiais e brinquedos interes-
santes para as crianças. Um bom exemplo é o
recipiente com materiais de uso cotidiano, conhe-
cido como Cesto dos Tesouros, em que as crianças
podem manipular e explorar num mesmo lugar vários objetos que lhes
interessem, de acordo com seu ritmo.
e Para grandes agrupamentos, deve-se prever não só a diversidade, mas a
quantidade de materiais e brinquedos para garantir o brincar de cada um
e ampliar contatos sociais.
36
f. Brincadeiras livres:
cuidado pessoal,
auto-organização,
saúde e bem-estar
BRINCADEIRA E INTERAÇÕES NAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
e O clima de confiança se estabelece quando se criam momentos em
que as crianças ensinam as brincadeiras que conhecem aos novos
coleguinhas, em situações de cumplicidade entre crianças de idades
iguais e diferentes.
ATENÇÃO:
Cada criança é diferente da outra. Uma vive no centro, outra na
periferia, em bairros nobres ou populares. Algumas vivem em
famílias que falam outras línguas, têm hábitos alimentares e
formas de brincar que são diferentes, porque trazem a cultura de
outros países. Enfim, todas são crianças, mas diferentes na forma
de falar, pensar, relacionar-se e até de brincar. Desta forma,
um agrupamento da mesma faixa etária pode ter interesses
comuns específicos, mas a singularidade de cada criança precisa
ser respeitada.
Para aprender novas formas de brincar, as crianças precisam ter
contato diário com outras crianças não só do seu agrupamento,
mas com as mais velhas, em espaços da própria instituição infantil
efora dela..
Muitos acreditam que a brincadeira livre é natural nas crianças. Ao imaginar
que as crianças nascem sabendo brincar, que não precisam aprender, que
brincam em todo lugar e com o que existe, concluem inadequadamente que
nada precisa ser feito.
Deve-se lembrar que este manual aborda as brincadeiras de qualidade que
precisam de planejamento.
As brincadeiras livres devem ocorrer em ambientes planejados para essa
finalidade, de modo que as crianças possam vivenciar durante esse processo
experiências de cuidado com o corpo, capazes de lhes propiciar bem-estar e
oportunidade de auto-organização.
37
e As experiências mediadas que focam a saúde e o bem-estar também
estão relacionadas com a disposição e o planejamento do uso do espaço
no edifício escolar, bem como com as diversas opções de atividades para
ascrianças.
e Aintegração de ambientes internos (sala de atividades)
com os espaços externos (pequenos parques
conjugados às salas) possibilita à criança autonomia
para entrar e sair durante determinado momento do
dia, de acordo com a atividade e a proposta curricular
da instituição. Estar ao lado de um parque pode fazer
muita diferença nas atividades cotidianas de um
berçário: para a criança, abre a possibilidade de estar
ao ar livre e de ter mais espaços para brincar; para a
professora, significa dispor de recursos que a auxiliem
na realização de um trabalho de qualidade que integre
espaços internos e externos.
e O bem-estar das crianças tem relação com suas
necessidades: dormir ou brincar, comer ou ficar com
seus brinquedos afetivos. Deve-se promover atividades
interessantes para aquelas que não querem dormir ou
reservar sempre espaços para aquelas que, mesmo
durante os tempos de atividade, precisam dormir.
* Deixar em espaços delimitados e conhecidos pelas crianças os seus
brinquedos de afeto, para que possam pegá-los quando quiserem, por
exemplo, seu bichinho de estimação. Garantir essa tranquilidade é
exemplo de um ambiente de bem-estar.
e A edificação de estabelecimentos de educação infantil influi no bem-
estar das crianças. O projeto arquitetônico do edifício da creche deve
atender às normas brasileiras de conforto ambiental para que bebês e
crianças pequenas não sejam submetidos a situações de risco e descon-
forto (temperaturas muito altas ou baixas, ruídos excessivos, pisos frios
para engatinhar, refeitórios barulhentos, parques sem sombra etc.),
prejudiciais ao seu desenvolvimento e à sua saúde.
e O edifício da creche deve ser composto por ambientes acolhedores, áreas
diferenciadas para brincadeiras em ambientes internos (espaços de
movimentação, espaços para apresentações teatrais, espaços para artes,
BRINCADEIRA E INTERAÇÕES NAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
música, salas de atividades etc.) e externos (parques com relevos,
vegetações e situações que promovam desafios saudáveis para bebês e
crianças pequenas).
9. Brincadeiras e VIVÊNCIAS ÉTICAS INCLUEM:
vivências éticas
e estéticas com
outras crianças e os brinquedos e esperar sua vez de usá-los;
grupos culturais,
para favorecer a
identidade e
a diversidade
- ações, como respeitar o espaço de brincar do outro, guardar, emprestar
- ações de responsabilidade e de democracia.
VIVÊNCIAS ESTÉTICAS INCLUEM:
- uso dos objetos ao modo individual de cada criança;
- uso de acordo com a cultura estética de sua família e de sua comunidade.
e Brincadeiras com sucata e blocos desenvolvem a criatividade e tais
materiais ganham formas variadas nas mãos das crianças, que por meio
deles expressam sua visão do mundo.
* Uma criança que, por exemplo, observa o pai reformar o jardim de sua
casa e, na creche, reproduz a atividade a seu modo usando blocos de
construção, fazendo um jardim similar ao construído por seu pai, está
oferecendo um exemplo de vivência estética. Ela reproduz na brincadeira
a mesma estética que o pai utiliza na organização dos blocos para
construir o jardim de sua casa.
”
Espaço do faz de conta - a estética adotada por cada cultura diferencia,
por exemplo, a panela de barro ou de alumínio utilizada para fazer
comida; a rede, o berço ou o cesto para pôr a boneca para dormir - a
criança organiza os utensílios domésticos no espaço da casinha,
conforme suas experiências prévias, adquiridas em casa.
Respeitar as vivências estéticas de grupos culturais significa utilizar as
práticas cotidianas das famílias na organização do seu espaço de vida
cotidiano. A organização da casa, do jardim, é um exemplo de vivência
estética que pode ser utilizado para organizar os espaços de faz de conta.
As vivências éticas podem aparecer nos jogos em que se ganha ou se perde,
em que se discutem as regras e as implicações quando forem burladas.
As vivências éticas podem manifestar-se no respeito ao espaço do brincar
do outro, em não destruir a construção feita pelo amiguinho, de aprender
a guardar os brinquedos utilizados, a partilhar os brinquedos, empres-
tando ou esperando sua vez de brincar. Para favorecer as vivências éticas é
importante construir, com as crianças, regras para o convívio no dia a dia.
CRIAR NORMAS
1. Discutir com as crianças o que elas acham que está
correto ou errado, o que se pode fazer ou não.
2. A professora escreve em uma frase cada norma criada
pelas crianças.
3. As crianças fazem o desenho de cada norma.
4, As crianças selecionam o desenho que melhor
representa cada norma.
5. A professora organiza um grande cartaz em que
aparecem as normas escritas e os desenhos selecionados.
6. Colocar na parede ou em um grande quadro as normas
escritas e desenhadas pelas crianças, que servem de guia para
as ações do dia a dia.
42
EE
Brincando com água usando tubos, peneiras, canecas e garrafas, as
crianças questionam a razão da água não parar na peneira, o que faz
emergir a hipótese de “segurar” a água com a mão debaixo da peneira.
Brincando com água, fazendo chuva, vapor ou gelo, as crianças
aprendem a mudar a natureza das coisas do mundo físico.
Brincando com objetos para produzir som, desenhando com carvão ou
giz de cera, fazendo sombra ou luz com vela ou lanterna, produzindo
tintas com plantas e terra para criar cores, as crianças entram em con-
tato com as transformações do mundo físico.
e Ampliam seu conhecimento quando o adulto propicia materiais e
tempo para brincar, observando ou desenhando situações que transfor-
mam o mundo físico, utilizando água, areia eterra.
MUNDO SOCIAL
As pessoas vivem em mundos sociais, com suas famílias e seus vizinhos, em
locais em que compartilham suas vidas com as pessoas no mundo do
trabalho, da escola, do lazer, da vida doméstica, onde estudam, aprendem,
trabalham, passeiam ou convivem com seus familiares.
45
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
O mundo social, ao conter a diversidade de profissões, de situações da vida
na cidade, no campo, nos acampamentos, é rico de experiências que as
crianças aproveitam para ampliar seu repertório de brincadeiras, por meio
de interações com outras pessoas e para expressar novas formas lúdicas.
e Conforme a região do país, há diferentes formas de brincar e deno-
minações diferentes para a brincadeira como pipa, pandorga, quadrado
ou rodar pião com regras diversas.
e As práticas sociais de expressão de brincadeiras incluem desde fazer
boneco de sabugo de milho a relógio de sol, pisar na sombra dos outros,
desenhar os pingos da chuva, pisar nas poças-d “água, esconder-se, ser
perseguido pela mula sem cabeça, o monstro ou o super-herói.
e Jogos de tabuleiro, brincadeiras em grupo e suas regras são criações da
sociedade e trazem tanto valores da competição, em que se ganha ou se
perde, quanto aqueles portadores de valores éticos como cooperação,
proteção ao meio ambiente, saúde, biodiversidade, entre outros.
e Para ampliar esse tipo de brincadeira, construir com as crianças maiores
os jogos de tabuleiro, introduzindo as experiências das crianças no
percurso do jogo. Uma ida ao zoológico pode oferecer inúmeras
experiências que podem figurar nas caselas do jogo.
e Desenhar em uma cartolina uma trilha contendo dois percursos iguais,
ou um esquema em cruz com ponto de partida e chegada para dois
jogadores. Em algumas caselas a criança desenha, por exemplo, a girafa
eo elefante como animais maiores, o que requer parar para olhar. Outros
personagens do zoológico como o jacaré e o leão podem figurar como
perigosos e nessas caselas o jogador perde uma casela, tendo que voltar
atrás. Momentos prazerosos como o de tomar sorvete ou brincar no
parque representam a sorte, em que se avança uma casela.
e Discutir com as crianças as regras: sortear com os dados a quantidade de
caselas que se pode avançar; quem chegar no final do percurso ganha;
parar quando encontrar caselas com as figuras de animais como a girafa e o
elefante; voltar uma casela quando encontrar um jacaré ou leão. Avançar
uma casela quando encontrar um sorvete ou um parque para brincar.
e Para crianças de creche, a professora já disponibiliza o tabuleiro com o
traçado e solicita às crianças que desenhem nas caselas os personagens ,
conforme as regras definidas. Para os pré-escolares, o tabuleiro pode ser
construído por eles.
46
4
BRINCADEIRA E INTERAÇÕES NAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
e Adquirir dados ou construí-los com cartolina ou argila. Desenhar os
números ou pontinhos nas suas faces.
e Cada dupla pode escolher os personagens e situações que desejar para
suas caselas. Depois é só desenhar e brincar.
e A temática do mundo social aparece na brincadeira de faz de conta,
nos personagens que a criança assume: médico, professora, motorista.
Os personagens do mundo social nem sempre são os mesmos, pois
dependem do contexto vivido pelas crianças. Se as crianças conhecem
apenas o pediatra, pode-se ampliar a brincadeira introduzindo o orto-
pedista, o oftalmologista, o otorrino, o cardiologista e as práticas asso-
ciadas a tais profissões. Dispor na sala e na área da brincadeira de médico,
apetrechos como estetoscópio, termômetro, aparelho de medir pressão,
injeção, ataduras e bengalas. Nem sempre os personagens agem da
mesma forma, pois cada criança experimenta situações sociais que são
diferentes. Cada criança expressa o personagem do “médico”, conforme
experiências próprias ou vivenciadas em filmes, nas revistas, nas
conversas domésticas.
NATUREZA
A natureza é farta de elementos que enriquecem o brincar infantil.
Brincadeiras como fazer cabanas com folhas e galhos e brincar nos troncos
das árvores expressam valores relacionados a comunidades rurais, mas pode-
se recriar tais modalidades em qualquer lugar. Os brinquedos carregam signi-
ficações de lugares e tempos diferentes.
* Usar recursos da natureza para fazer colares, anéis e brincos ou utensílios
domésticos, de caça ou pesca, utilizando frutos, cipós, argila, madeira
macia como a palmeira de meriti para, junto com as crianças, produzir
brinquedos e objetos.
e Utilizar pedrinhas do rio e fazer desenhos em sua superfície ou usá-los
como peças dos jogos criados pelas crianças valorizam a natureza e
oferecem novas oportunidades de expressão .
e Aproveitar os troncos de madeira caídos ou de árvores que foram
cortadas para criar cenários de brincadeiras de expressão motora em que
se pula, se sobe ou desce, ou se fazem mesas e bancos, que servem para
brincadeiras imaginárias.
47
Brincadeiras,
biodiversidade,
sustentabilidade e
recursos naturais
-
uma brincadeira divertida, quando se oferecem oportunidades para
expressões livres. Lembrar que o brincar de qualidade significa que a
criança deve ter iniciativa para começar uma ação como dançar e cantar,
mas necessita um suporte cultural. Se ela desconhece as danças e
músicas, não poderá expressar uma brincadeira de qualidade, que
significa sempre a recriação de algo que a criança já domina. Se o
conteúdo cultural da criança é pobre de referências, sua expressão
também será.
Lembrar que há necessidade de previsão e planejamento desses progra-
mas culturais que devem fazer parte do currículo e necessitam sempre da
mediação da professora, do apoio da equipe, da família e da comu-
nidade, que abre as portas para o mundo das exposições e ativida-
des artísticas.
As crianças utilizam os saberes adquiridos a partir dessas vivências externas
(programas culturais) para se expressar e se relacionar. Durante as brinca-
deiras, utilizam a experiência cultural que adquiriram, apropriando-se das
canções, das danças, fazem desenhos, fotografam, dramatizam, tornam-
se poetas e narradoras durante suas expressões lúdicas.
As crianças podem brincar tanto com brinquedos industrializados como
artesanais, construídos por adultos e crianças, além de utilizar materiais de
sucata e da natureza. Como interagir com tais materiais e preservar os recursos
que são escassos?
50
BRINCADEIRA E INTERAÇÕES NAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
e São muitos os brinquedos que podem ser feitos com materiais de sucata
que divertem as crianças e devem ser utilizados com responsabilidade.
É importante aprender a usar, limpar, guardar e reutilizar os materiais.
e Respeitar o meio ambiente significa não jogar papéis e brinquedos pelo
chão, usar os materiais sem desperdiçar, reutilizar caixas, copinhos de
iogurte e garrafas de plástico para construir brinquedos.
e Lembrar que as crianças adquirem muito mais experiência quando
podem explorar os espaços externos à creche. Os passeios no quarteirão,
no supermercado, na vendinha, no parque, nos espaços próximos à
creche são momentos importantes para a observação da natureza, da
cidade, do campo, do trabalho e oferecem os “conteúdos curriculares”,
que são as vivências para as conversas e projetos das crianças. Esses
momentos devem ser programados e fazer parte do currículo de cada
agrupamento infantil.
e Para explorar o mundo, as crianças precisam sair da instituição para
observar casas, prédios, morros, florestas, árvores com flores e frutos,
pássaros, animais, nuvens, o céu, plantações, rios e riachos, jardins, ruas,
bueiros, lixos, fumaça das fábricas, mangues, supermercado e carros. São
referências que poderão ser utilizadas em outras atividades expressivas
como desenhos, pinturas, esculturas, contação de histórias, danças,
músicas e brincadeiras. Quanto mais uma experiência aparece sistema-
ticamente representada livremente pelas crianças com uso de várias
linguagens, mais elas se tornam compreendidas de forma mais complexa.
e Brincar com água, tomando cuidado para evitar o desperdício, é
aprender a preservar os recursos naturais.
* Fazer explorações em parques e jardins no entorno da creche, para
colecionar folhas e flores caídas, pedrinhas, cascalhos e utilizá-los na
produção de obras de arte, de coleções, classificações e de suporte para
suas narrativas.
e A sustentabilidade implica na oferta constante da mesma qualidade do
trabalho ao longo dos anos. Uma atividade considerada rica pelas crianças,
pelos pais e pela creche, não pode ser exercida apenas de vez em quando.
Ela deve integrar o currículo e ser oferecida sistematicamente na progra-
mação cotidiana, para que todas as crianças que chegam nessa fase da
creche possam ter o direito a um brincar de qualidade. Esse é o sentido da
sustentabilidade das experiências significativas, que garante a qualidade
do trabalho da instituição.
51
k.
Brincadeiras e
manifestações de
tradições culturais
brasileiras
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
Ariqueza cultural do Brasil proporciona uma rica diversidade de manifestações
tradicionais do folclore, com as festas do boi-bumbá, maracatu, congada,
festas juninas, carnaval, reisado, entre outros. Acompanham essas expressões
os instrumentos musicais, os objetos e as fantasias. Como aproveitar essa
riqueza das tradições da cultura brasileira?
e Convidar pais e membros da comunidade que conheçam tradições
do folclore brasileiro a repassá-las às crianças da creche para que possam
construir os instrumentos musicais que acompanham essas manifestações.
e Incentivar os pais a levarem seus filhos para conhecer as festas populares.
e As professoras podem promover a continuidade da experiência da casa
na creche, ao aproveitar a cultura popular que as crianças já dominam
para aprofundar a significação de tais tradições culturais brasileiras.
e As crianças podem construir com caixa de papelão e fitas decorativas o
boi-bumbá, para ter o duplo prazer da construção e da brincadeira de
sero boi.
COMO CONSTRUIR?
1. Selecionar caixas de papelão que se encaixam no corpo da crianças e
cortar as abas das caixas.
2. Fazer um buraco no fundo de cada caixa para que a criança possa
entrar dentro dela.
3. Amarrar um fio nas duas laterais de cada caixa, de forma a possibi-
litar à criança segurá-la pelo fio que passa pelo seu pescoço. A caixa
deve ficar suspensa pelo fio, na altura da cintura da criança.
4. Solicitar às crianças a pintura das caixas e a decoração nas suas
laterais com pedaços de papel colorido ou fitas.
5. Oferecer às crianças toquinhos de madeira como instrumentos
musicais para acompanhar as danças do boi -bumbá.
52
BRINCADEIRA E INTERAÇÕES NAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Propostas curriculares que valorizam o brincar levam crianças a experi-
mentarem situações que impliquem a compreensão de noções como peso,
quando elas brincam com uma balança, ou na gangorra do playground,
quando duas crianças com pesos diferentes brincam juntas. Quando se
oferece no espaço da brincadeira com água, tubos ou canecas com furos, as
crianças experimentam diferentes situações, observam e fazem suas reflexões.
Os significados das profissões podem ser experimentados quando as crianças
entram no faz de conta, assumindo personagens adultos do mundo do
trabalho. Para isso, é necessária uma equipe pedagógica com perfil brinca-
lhão, que programe espaços, materiais e tempo para que, por meio das brin-
cadeiras e interações, as crianças possam compreender o mundo ao seu redor.
Adotar o brincar como eixo da proposta curricular significa compreender que
éa criança que deve iniciar a experiência.
Toda educação tem valores. Para ter raízes na cultura é preciso que a educação
inclua os valores da comunidade na qual está inserida. Cada comunidade
deve ter o direito de escolher para suas creches propostas curriculares que
reflitam os valores de seu povo e espelhem as escolhas do grupo.
a. Integração A qualidade da educação infantil depende da integração entre a creche, a
das interações, família e a comunidade. Essa integração pode ser feita por meio da circulação
brincadeiras e das brincadeiras. Assim, aproveita-se a diversidade da cultura lúdica das
experiências famílias e da comunidade e, ao mesmo tempo, propicia-se às crianças a
da comunidade manutenção de suas identidades culturais.
personagens como a onça, o macaco, as aves e os peixes estão presentes
nos contos e brincadeiras das crianças, há interação entre as experiências
da comunidade e as brincadeiras.
q e Nas práticas curriculares das creches de comunidades indígenas, quando
* Respeitar o direito de comunidades que educam suas crianças no contexto
em que vivem: brincar no riacho, subir nas árvores, construir brinquedos
com sementes, frutos e galhos, para preservar valores e tradições.
* Quando as práticas cotidianas garantem a memória do povo e a continui-
dade de sua cultura, a língua materna, a escrita, as músicas, os contos, os
jogos e as brincadeiras indígenas fazem parte do repertório de suas creches.
e Sea mãe indígena carrega o bebê preso ao seu corpo durante os afazeres
domésticos, esta prática interativa deve ser considerada relevante, ampli-
ando-se, no entanto ,as experiências do bebê na creche, por meio de
interações com outras crianças, espaços e materiais.
55
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
e Utilizar brinquedos como chocalhos de cascas e sementes de frutas é
uma forma de preservar as práticas culturais de uma comunidade. No
entanto, introduzir na creche as brincadeiras interativas com o bebê,
utilizando outros brinquedos para ampliar suas experiências.
e Ao aprender as brincadeiras de seus amigos de descendência americana,
indígena, asiática, europeia ou africana, a criança amplia seu repertório
de brincadeiras e aprende a respeitar os povos.
e As crianças podem brincar à moda japonesa com “janquempô”, um
meio de escolher o pegador usando a mão como pedra, tesoura ou
papel, brincando de bola, usando termos como “pelota”, como seus
amigos latino-americanos, de “pandorga”, como dizem seus amigos do
sul, brincando com personagens do mundo animal ou com algum outro
jogo típico.
e Abola é um brinquedo universal carregado de magia, que pode ser feita
de tecido, jornal, palha, madeira, borracha ou plástico. Ela penetra no
universo infantil e oferece oportunidade para manipulação, exploração,
desenvolvimento de habilidades mas, especialmente, para estabelecer
relações sociais com os outros, compreensão e recriação de regras e
expressão da cultura lúdica.
e Bonecas negras e brancas, com traços físicos diferentes, contribuem para
que as crianças compreendam a identidade de cada povo e aprendam a
respeitar as especificidades etnicorraciais, evitando preconceitos e
discriminações.
e As crianças que vivem na zona rural têm experiências diferentes das que
moram na cidade. Vivem em contato direto com a natureza, em florestas
ou matas, junto a rios ou campos. Os pais caçam, pescam, plantam e
colhem cereais e frutos, fazem artesanato. As crianças brincam nas
árvores, fazem cabanas, gangorras e balanços com cipós, nadam nos rios
eriachos, mas também brincam com bonecas e assistem televisão.
e Para aproveitar essa vivência, pode-se instalar na instituição infantil
brinquedos com troncos de árvores, carrinhos de madeira, cabanas com
troncos e galhos, madeira para fazer brinquedos, flores e frutos para
“fazer comida” e outros objetos industrializados.
* Uma pedrinha tem muitas utilidades, pode se tornar uma peça de jogo,
servir para marcar os pontos e objeto para expressão do imaginário.
Quando se pinta sua superfície, deixa-se uma marca ou pode-se utilizá-la
para criar um personagem como um besouro ou uma formiga, utilizando
fios de plástico ou de arame fino, pintando e dando asas para a imaginação.
b. Preservar valores
da comunidade e
integrar tecnologias
ERR Ee
e A pescaria, quando a criança “conta” quantos peixes pescou, contribui
para a iniciação do letramento no mundo da matemática.
e Os utensílios de cozinha estimulam o faz de conta. Panelas de barro para
brincar de “fazer comida”, rede para a boneca dormir, reproduzem a
vivência cotidiana das crianças.
e Cestos de mandioca e de abóbora, enxadas, peneiras, redes, varas de
pescar e cestos com estilos regionais servem para brincar e explorar a
temática do trabalho nas brincadeiras.
* Com a argila, abundante em certas regiões, pode-se fazer artesanato,
brinquedos em miniatura com as formas típicas do lugar.
e Fantasias de caipira, bailarina, pirata, Peter Pan, bruxa ou outras produ-
zidas pelos pais e professoras, que reproduzem os personagens locais,
são suportes para as brincadeiras imaginárias e ampliam as interações
entreascrianças.
A tecnologia faz parte do mundo atual, mas muitas vezes ela não tem
penetração em certas comunidades. Como integrar a tecnologia preservando
os valores da comunidade? Como conseguir manter a tradição do passado,
de construção de brinquedos pelos brincantes e, ao mesmo tempo, garantir o
acesso aos brinquedos tecnológicos?
Nos centros urbanos é mais fácil essa integração porque a tecnologia se faz
presente em tudo, mas na zona rural, isso não ocorre.
Cabe à creche e à pré-escola selecionar o que é importante, para criar um
espaço onde coexistam a tradição e a modernidade.
e Na zona urbana, há diversidade de situações: algumas têm a forte pre-
sença dos brinquedos tecnológicos, outras preservam práticas tradi-
cionais de construção de brinquedos e há as que procuram integrá-los.
Há projetos curriculares que se diferenciam, quando a creche se alia a
outros grupos formadores como universidades, centros de formação,
outros serviços sociais ou culturais como bibliotecas ou grupos musicais.
Nesses casos, utiliza-se a tecnologia, mas preservam-se as tradições do
passado, mantendo as brincadeiras tradicionais, o contar histórias, as
danças, as músicas ou a construção de brinquedos com recursos da
natureza, sucata doméstica ou industrial.
57
d.
Registros de adultos
e crianças (relatórios,
fotografias, desenhos,
álbuns etc.)
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
Como fazer registros e documentação?
Escutar as crianças é um procedimento importante para melhorar a qualidade
da educação infantil. Essa escuta se faz por meio de observações e registros do
que a criança faz, de seus desenhos, produções e falas. Todo esse material é
importante para identificar os seus interesses e experiências e para planejar
etapas subsequentes.
e Planejar como e quando colher os dados e sistematizar os registros: usar
fotografias, selecionar desenhos e outras produções das crianças, verifi-
car os preferidos pelas crianças e pela professora, esclarecendo as razões
dessas escolhas e elaborar relatórios de atividades. Do conjunto de
registros disponíveis, pode-se selecionar o material para a elaboração de
um portfólio, ou documentação pedagógica.
e Há diferentes tipos de portfólios ou documentação pedagógica.
Alguns exemplos: os que documentam o processo de aprendizagem de
cada criança, os que tratam das atividades desenvolvidas pelo agrupa-
mento infantil ou os que evidenciam projetos desenvolvidos pelas crian-
çasea professora.
e Essa documentação pedagógica pode aparecer na forma de uma
sequência de imagens e frases que mostra, por exemplo, as ações de um
bebê ao explorar objetos, brincadeiras interativas entre o bebê e a profes-
sora ou, ainda, as ações imitativas de uma criança que dá de comer ao
seu ursinho.
e A documentação visual ou tridimensional, exposta nas paredes da sala
ou no corredor da creche, serve de consulta para as crianças, que gostam
de ver suas produções e fazer comentários, ou para os pais compreen-
derem o trabalho realizado.
e Há portfólios ou formatos de documentação em grandes cadernos, que
podem circular nas casas das crianças para que os pais possam dar
continuidade aos registros. Outros podem existir no formato tecno-
lógico, em CDs ou DVDs.
e A documentação pedagógica indica o que as crianças gostam e sabem
fazer. A documentação da brincadeira livre possibilita identificar inte-
resses das crianças, para aproveitá-los no planejamento de atividades
planejadas em conjunto com as crianças e familiares. Assim nascem
os projetos.
60
BRINCADEIRA E INTERAÇÕES NAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
e O portfólio ou a documentação pedagógica dos brinquedos e brinca-
deiras, ao circular na casa das crianças, divulga o processo vivido por elas
na creche/pré-escola, possibilitando às famílias dar continuidade a esse
processo em casa, ampliando a cultura lúdica das crianças.
Trata-se de um material que auxilia a integrar a família à creche, quando
os pais dão sequência, em casa, às atividades do centro de educação
infantile o complementam com comentários, fotografias ou objetos que
tenham significado para tais registros.
e Aexposição dos documentos nas paredes da instituição infantil, na altura
do olhar das crianças, é importante recurso de avaliação e divulgação do
seu trabalho. Assim, crianças e familiares encontram na documentação
pedagógica um instrumento de avaliação do trabalho da instituição e um
documento que evidencia a ampliação das experiências das crianças no
brincar, no domínio de rica cultura lúdica que é fruto das interações e da
brincadeira.
As transições ou mudanças são muito difíceis para toda criança. Há transições
Brincadeiras nas de uma atividade para outra, de um ano a outro, no interior de uma creche e
EE To IIS RE entre instituições. Passar de uma atividade a outra requer flexibilidade de
horário, para deixar a criança que ainda está brincando, que tem um ritmo
mais lento, terminá-la com tranquilidade, evitando o choro e o desconforto. Ir
da casa para a creche e passar da creche para a pré-escola são transições
temidas pelas crianças.
casa à creche e
da creche
à pré-escola
Como tornar essas transições tranquilas, sem traumas?
N e Quando se conhece o lugar, não se tem medo. Assim, a primeira provi-
dência é fazer visitas e passeios ao novo local, conhecer o espaço, as
professoras e o que as crianças fazem.
e Dentro da mesma instituição, criar brincadeiras de integração, em que as
crianças ensinam brincadeiras aos outros, constroem brinquedos e
brincam com seus colegas de agrupamentos mais adiantados.
e Para preparar a transição para outra instituição, brincar de entrevistar
futuros amiguinhos, conhecer seus brinquedos, fotografar, desenhar,
construir brinquedos para presentear seus novos amigos e falar sobre o
novo lugar.
e Criar momentos em que as crianças ensinam as brincadeiras que conhecem
para os amiguinhos de outra instituição infantil são alternativas de transição
que facilitam a mudança para um novo lugar e não criam traumas.
61
Leda
Ea
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R
N
pe
MÓDULO II
BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS
ANTA GI 1:15
(0 A 1 ANO E MEIO)
ERES EASTER)
BRINCADEIRA DE SEGUIR O BRINQUEDO
Com o bebê recostado em cima de suas pernas, pode-se fazer inúmeras
brincadeiras interativas. Quando o bebê seguir o brinquedo com os olhos,
move-se o brinquedo lentamente diante do rosto do bebê para que ele
aprenda o movimento de acompanhar com o olhar.
PRODUZIR SONS
Emitir sons com objetos, do lado esquerdo e direito do bebê, fazendo peque-
nos comentários, para observar se ele presta atenção.
MORROS CRIADOS POR ALMOFADAS
O bebê pode ser desafiado a pegar um brinquedo colocado do outro lado de
uma almofada ou estrutura de espuma, com desníveis e buracos, criada para
explorações motoras.
MÚSICA COM BOLA PARA BEBÊS
Usar uma bola grande inflável, colocar o bebê em cima e movimentá-lo,
acompanhando o ritmo da música.
PALAVRA CANTADA
Cantar para falar com os bebês. Cantar o nome dos bebês, transformar a
conversa em um musical utilizando melodias diferentes para ampliar suas
experiências musicais.
PEGAR O BEBÊ NO COLO
Colocar o bebê no colo, de costas para que ele enxergue o mundo atrás da
professora, ou de frente, segurando seu bumbum e peito bem firmes, ou de
lado. São posições diferentes para ver o mundo e aprender a equilibrar a cabeça.
BRINCAR NA REDE
Balançar suavemente o bebê na rede, segurada
por duas pessoas, ou numa colcha ou cobertor.
Utilizar redes comerciais ou cobertores de
solteiro tamanho 90x180cm, prevendo duas
peças porturma.
65
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
BEBÊ NO COLO EM FRENTE DA MESA PARA EXPLORAR
Sentar-se à mesa e segurar o bebê no colo. Ele vai apalpar o canto e a
superfície do tampo da mesa, tentar pegar o brinquedo colocado sobre ela
ou, mais tarde, bater com as mãos no tampo.
PLANO INCLINADO
Brincar com o bebê deitado em um plano inclinado, protegido por cobertor
outoalha.
PEGAR UM OBJETO
Selecionar vários objetos e ir oferecendo para o bebê, que deve estar de frente,
deitado ou sentado. Oferecer objetos, como uma colher de madeira, na
posição horizontal e outra, na vertical, para verificar o interesse do bebê na
exploração desse objeto. A exploração cotidiana auxiliará no ajuste das mãos
para pegar os objetos.
( G MÓBILES
São estruturas simples ou complexas que balançam, em
geral penduradas, ou podem permanecer próximas das
crianças para sua exploração. O móbile acessível ao bebê
e ao seu toque deve prever uma estrutura mais resistente,
que não desmonte ou quebre com o toque das mãos ou
pés. Os móbiles que se penduram no teto não tem essa
característica.
Os móbiles em geral representam estruturas que englo-
bam texturas, volumes, cores, formas e cheiros.
CONSTRUIR ESTRUTURAS DE EXPLORAÇÃO
Pode-se construir, com ajuda da equipe, dos pais e da
comunidade, pequenas estruturas de madeira ou de PVC,
em que se penduram objetos coloridos que emitem sons
quando movidos e que encantam a criança que, deitada
em cima de um tapete ou colchonete, observa ou tenta
alcançar com as mãos ou pés os objetos pendurados. Há
brinquedos industrializados no formato de estruturas ou
tapetes de exploração.
66
ERES EASTER)
EXPERIÊNCIA PELO TOQUE
No berçário, a criança aprende pelo toque, pelo tato, pelo olfato. Ao pendurar
móbiles, observar se eles estão seguros ao toque das mãos e pés dos bebês
(costumam ser toques fortes sem dimensão/controle de força/direção).
ESTÉTICA E VALORES
Valorizar a estética tanto em estruturas simples ou complexas, pequenas ou
grandes, considerando, desde o início, a importância das relações entre a
criança, sua família e a creche e o respeito aos valores culturais e sociais,
importantes na construção de um ambiente educativo partilhado.
CONVERSAR COM O BEBÊ
Conversar com o bebê por meio de frases curtas, deixando que ele responda
com um olhar, um sorriso ou balbucio. Cantar o nome do bebê ou usar a
palavra cantada para conversar com o bebê.
PRODUZIR RUÍDOS
Fazer pequenos ruídos de um lado e depois do outro para observar se o bebê
vira a cabeça em sua direção .
CHOCALHOS
Chocalhos são brinquedos que produzem sons ao balançar. Em geral contém
no seu interior bolinhas ou outros objetos que se movem e fazem som. Lembrar
que os chocalhos construídos com latinhas, garrafas pet ou embalagens de
iogurte não são adequados aos bebês que colocam tudo na boca, mordem e
correm o risco de ingerir as partes da embalagem. As produções feitas pelas
professoras e mães servem para crianças maiores. Nesse caso, observar se o som
produzido não está muito estridente (atentar para o conforto acústico do
ambiente) e se a criança pode manusear o brinquedo com segurança (sem que
peças internas se soltem ou vazem do brinquedo).
BRINQUEDOS MUSICAIS
Brinquedos musicais são aqueles que, mesmo não sendo instrumentos,
produzem música ou emitem sons. Pode ser um rádio, um toca-disco, uma
pelúcia musical ou um passarinho com uma cordinha que, puxada, produz o
canto. Há brinquedos em forma de animais, de estruturas com múltiplas
funções, com botões para apertar e que acendem luzinhas produzindo
67
ERES
DEIXAR CAIR PARA VER O QUE ACONTECE
Quando o bebê deixar cair alguma coisa durante a refeição, fazer disso uma
brincadeira, falando sobre o que acontece com o objeto: “Agora a colher está
no chão”, "Quando você soltar a colher, ela cai no chão”. Quando ele jogar
uma bola no chão para ver o que acontece, diga: “Olhe, a bola está rolando”,
"OQ brinquedo caiu debaixo do armário”, “A bola está pulando”. Essa brinca-
deira repetitiva auxilia a criança a compreender o que se pode fazer com o
objeto, além de auxiliar a compreensão da linguagem.
RABISCAR
Colocar um giz grosso de cera na mão do bebê e deixar que ele produza seus
primeiros rabiscos no chão, sobre um papel grande. As crianças se divertem
com o movimento de rabiscar e se encantam com as marcas que conseguem
deixar no papel.
BRINQUEDOS PARA CHOCALHAR
Há inúmeros modelos de chocalhos para os bebês que sentam e seguram
objetos para chocalhar. Há variações na forma, textura, cores e tamanhos.
Atentar para o nível de ruído do brinquedo que deve ser suave. Procurar os
brinquedos que tem o selo do INMETRO que já contemplam esse item.
BEBÊS GOSTAM DE BRINCAR JUNTO COM OUTROS
Mesmo pequenos, os bebês já interagem e se aproximam de outros para se
comunicar. Não impedir essa aproximação, mas cuidar para que um não
machuque o outro pela falta de coordenação de suas ações.
BRINCAR COM ÁGUA Bebês adoram brincar na água, na banheira ou
E E bacia. Enquanto se dá banho em uma criança,
* colocar outras em bacias com água e deixar canecas
para que elas possam encher e esvaziar.
O CESTO DO TESOURO
Cesto do tesouro é a coletânea de objetos do-
mésticos, de uso cotidiano, utilizada com o fim de
ampliar as experiências sensoriais. A variedade de
texturas e características dos objetos possibilita a
exploração livre do bebê oferecendo, pela senso-
rialidade, oportunidades de novos conhecimentos.
70
BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS E MATERIAIS PARA BEBÊS (0 A 1 ANO E MEIO)
CESTO COM OBJETOS PARA BEBÊS
O que é o Cesto com Objetos?
O Cesto do Tesouro é uma estratégia pedagógica para despertar diferentes
interesses em bebês, criada por Elinor Goldschmied (2006). Dentro de uma
cesta de vime, redonda, sem alça, baixa e forte, mistura-se uma variedade de
objetos para exploração do bebê que já senta mas não engatinha. O cesto
oferece a oportunidade de entrar em contato com os objetos, em sua diversi-
dade de formas, texturas e cores, disponíveis no universo cultural em que a
criança está inserida. Deve-se dar preferência aos objetos naturais e de uso
doméstico evitando os brinquedos de plástico, as sucatas tecnológicas
(pedaços de telefone etc.) para os muito pequenos, incluindo somente alguns
que forem característicos da cultura da comunidade do bebê. Se não for
encontrado um cesto redondo, seguro, sem farpas, pode-se substituí-lo por
uma caixa de papelão rígida ou de madeira, redonda, ou por uma bacia de
plástico, revestida com tecido.
Importância do Cesto com Objetos
O Cesto com Objetos é importante para ampliar a experiência do bebê, que
usa os sentidos para manipular, explorar e experimentar os objetos e entender
o mundo em que vive. Quando coloca tudo na boca, está aprendendo as
características do objeto (5 a 10 meses de idade); quando enche, esvazia e
empilha, tenta descobrir o que fazer com os objetos (10 a 20 meses de idade).
Quando começa a compreender e usar a linguagem oral para a imaginação,
uma caixa pode se tornar um carro (em torno de 20 meses de idade).
Aspectos importantes para compreender a
relação da criança com o objeto
Relações afetivas e segurança, equilíbrio entre ansiedade e
curiosidade, risco, esforço e criatividade, saberes da criança e
ambiente apropriado.
Relações afetivas e segurança
Os Indicadores de Qualidade na Educação Infantil (2009) e as Diretrizes
Curriculares de Educação Infantil (2010) apontam para a importância das
relações afetivas entre as crianças e a professora e do ambiente de segurança
para a educação.
nm
ERES
O mais importante na creche é o estabelecimento de vínculo entre as crianças,
as famílias e a equipe que dá o suporte educativo. As ciências cognitivas mos-
tram que os contatos positivos que os bebês estabelecem desde pequenos
possibilitam o desenvolvimento do cérebro e a aprendizagem, sendo o amor e
a atenção fatores importantes para levar os bebês e as crianças pequenas a
aprenderem. Quando a professora do agrupamento é gentil, amorosa e
responde às demandas das crianças, cria um ambiente que leva à ampliação
de experiências. Pegar os bebês no colo e dar-lhes afeto é essencial para a
construção de relações afetivas. A falta de amor gera ansiedade e bloqueia
a aprendizagem.
Equilíbrio entre ansiedade e curiosidade
A curiosidade leva à ampliação de experiências
A criança pode ficar ansiosa por querer brincar com um brinquedo novo que
está com outra criança, mas quando compreende que é preciso esperar sua
vez de brincar com o objeto, o contexto lhe dá segurança. Mas a curiosidade
pode também trazer perigo: crianças que não sentem medo de nada podem
criar situações perigosas, inesperadas, caso não haja constante supervisão da
professora. Crianças que evitam situações de ansiedade ficam passivas e não
demonstram curiosidade, precisam de muita atenção e carinho para desen-
volver relações afetivas e vínculos. O brinquedo e a brincadeira são as
melhores formas de criar tais vínculos.
Risco e segurança
Quando a criança está iniciando sua experiência na creche, fica com medo de
assumir riscos e, por isso, é importante a ação da professora para iniciar uma
interação com uma brincadeira que ela já conheça ou com o brinquedo que
ela usa em casa, que não cria ansiedade e lhe dá segurança. Depois, gradativa-
mente, pode inserir novas situações para a criança explorar, tomar iniciativa e
expressar sua curiosidade. Quando o bebê quer se comunicar com outro, ofe-
recer segurança para que ele realize sua intenção, mas permanecer atenta e
próxima, para evitar riscos de confrontos físicos.
Esforço e criatividade
Quando envolvida na exploração de qualquer objeto ou brinquedo, a criança
se esforça, presta atenção e se empenha no que está fazendo, mostra sua
concentração e perseverança para encaixar ou encher e esvaziar . O brincar é
72
BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS E MATERIAIS PARA BEBÊS (0 A 1 ANO E MEIO)
e Substituir os objetos do cesto ou providenciar vários cestos com itens
diferentes, para utilizá-los de forma rotativa.
e Substituir os itens estragados, lavar ou limpar regularmente os objetos.
e Se houver crianças maiores no mesmo ambiente, separar a área dos
bebês com um tapete.
e Dependendo do contexto regional, cada creche pode escolher objetos
compatíveis com seus usos e práticas, incluindo as preferências dos
grupos etnicorraciais das crianças.
e Selecionar diferentes objetos naturais ou feitos com materiais naturais
como couro, tecido e madeira, utilizados pelas diversas comunidades
etnicorraciais e regionais no Brasil.
e Ao oferecer o cesto, guardar outros brinquedos para que as crianças
possam se concentrar na exploração dos materiais.
e Objetos feitos com cascas de árvores, sementes de frutos, ossos, dentes
e chifres de animais , escamas de peixes, cocares com plumas, colares,
bolsas e cintos de couro, madeira ou palha dourada, conchas, objetos
musicais, pedras, cipós, tapetes e enfeites de materiais naturais, pratos,
canecas e panelas pequenas de barro, cestos pequenos de vime, com
padrões típicos de cada região, representam a variedade de objetos do
cotidiano de várias comunidades brasileiras.
e Durante o uso do cesto procurar, calmamente, sem tirar a concentração da
criança, recolher e recolocar no lugar os objetos que ficarem espalhados.
75
Para fazer a coleção de objetos há outras sugestões nos quadros a seguir.
SUGESTÕES PARA O CESTO COM OBJETOS DA NATUREZA E DE USO COTIDIANO
Objetos da natureza
Mini-abóboras secas
Limão, maçã, laranja, pepino,
cenoura, pimentão de várias
cores, beterraba,
tomate, abobrinha
Conchas grandes e de caramujos
Cones de pinho, de diferentes
tamanhos, sem os espinhos
Nozes e castanhas grandes
Caroço de abacate
Esponja (bucha)
Pedra-pome
Casca de árvore e
pedaços de cortiça
Casca do coco
Pedaço de couro
Pedaços de madeira
de palmeira de meriti
Cabaças pequenas
Objetos feitos com materiais naturais
ou outros materiais de uso cotidiano
Sacolas feitas de bambu, tecidos
Rolhas e enfeites de cortiça
Bola de fios de lã, de seda, de tecido
Enfeites de geladeira feitos de madeira ou couro
como casinhas de casca de árvore, Lampião e Maria
Bonita encontrados no Nordeste
Escovas feitas de cerdas naturais ou
escovas de dentes e de cabelo (sempre novos)
Pequenos cestos
Pincéis de pintura, barba (observar o cabo: deve ser
curto, grosso e arredondado)
Vasinho ou enfeite de palha dourada
(capim dourado de Goiás)
Lixa de escamas secas de peixe
Pulseiras e colares de materiais naturais
Cocar indígena ou enfeites feitos com penas
Presilha ou pente de osso ou madeira
Suportes para prato de comida
quente de vime, palha, sisal
ERES
Objetos de madeira
Apitos de bambu,
flauta pequena
Aros de cortina,
de bambu ou madeira
Lápis grosso feito com
casca de árvore
Caixinha forrada
de veludo
Castanholas e
chocalhos
Cilindros, bobinas,
carretel de linha
Colher ou espátula
Tambor de
madeira pequeno
Pregadores de roupa
Copos ou pratinhos
Presilhas, pulseiras
Bichinhos de madeira
Suporte de ovo
Suporte de copo e
de prato quente
76
SUGESTÕES PARA O CESTO COM OBJETOS DE METAL E PAPEL
Objetos de couro, têxteis, borracha e pele Papel, papelão
Objetos de metal
Apito de escoteiro,
campainha de bicicleta
Chaveiro e molho de chaves
Calçadeira de metal
Aros de cortina de metal
Bijuterias, correntes com
aros grandes
Espremedor de alho, forminhas
Colheres de vários tamanhos
Sinos, funis
Porta-guardanapo de metal
Tampas de latas e latinhas
sem as bordas afiadas
Coleira para cáezinhos
Bola de borracha, de golfe, de pele, de tênis,
de couro, de tecido
Bonequinha de retalho, fitas coloridas
Estojo de couro para óculos
Tapetinhos de tecido, ráfia, fibra de coco, cipó
Saquinho de pano contendo flores e
ervas secas, canela, cravo
Bolsa decorada com bordados
Cinto de couro, pele, tecido
Chapéu de couro
BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS E MATERIAIS PARA BEBÊS (0 A 1 ANO E MEIO)
Rolo de toalhas
de papel
Papel impermeável,
papel manteiga
Forminhas de papel
colorido para docinhos
Pequena caixa
de papelão
Pequeno caderno
com espiral
Papel celofane
Livrinho em miniatura
Marcador de livro
Cartão de Natal
com dobradura
Pode-se acrescentar a essa lista
objetos feitos com outros
materiais, de acordo com a
criatividade e as práticas culturais
de cada comunidade.
Ver outras informações em
Goldschmied (2006).
77
e
Brinquedos e
materiais
para bebês
que andam
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
BATER, FAZER SONS, CANTAR, PINTAR
Outras brincadeiras que encantam essas crianças incluem brinquedos para
bater, para fazer sons, cantar e pintar.
LEMBRAR QUE
Muitos desses materiais podem ser construídos pelos pais junto com
as professoras, em oficinas que ensinam os familiares a brincar com
seus filhos. A educação partilhada entre a instituição e os pais é a que
oferece melhor qualidade.
Bebês que engatinham continuam gostando de coisas para encaixar,
poretirar ede explorar objetos.
Quando os bebês andam, eles não deixam de brincar de encaixar, de empilhar, de
bater, tirar e por objetos, brincar na água, com tintas, com o corpo, de explorar
os brinquedos e materiais, como já faziam antes de andar. Agora, exploram os
mesmos materiais e outros, com novas preocupações, porque adquirem maior
autonomia com o andar e podem realizar brincadeiras mais complexas.
BRINQUEDOS DE EMPILHAR
Tais brinquedos fazem parte da cons-
trução, que implica em montar. No
entanto, o grau de complexidade é
o empilhamento sem derrubar.
Costuma-se oferecer “peças” cons-
truídas com materiais de reciclagem
como caixas de papelão ou copos de
iogurte, alternativos aos brinquedos
produzidos pela indústria.
8o
CITE EEE
BRINQUEDOS DE EMPURRAR
São aqueles utilizados para auxiliar no aprendizado e desenvolvimento motor
do andar. Eles devem ser capazes de sustentar o peso da criança e ter
resistência suficiente para auxiliar no equilíbrio dos primeiros passos. Há
carrinhos de madeira resistentes, com suporte para puxar e empurrar.
BRINQUEDOS DE PUXAR
Tais brinquedos oferecem ótimas oportunidades para crianças que estão
iniciando os primeiros passos. O carrinho de madeira serve ao mesmo tempo
para empurrar e puxar.
BRINQUEDOS DE ENCAIXAR
Encaixes e quebra-cabeças com poucas peças são ótimos para criar desafios
para as crianças pequenas experimentarem como encaixar a peça correta.
BRINQUEDOS DE AFETO
Ursinhos de pelúcia, um pedaço de pano ou de cobertor ou a boneca
preferida são os brinquedos "de afeto”, objetos importantes para a tranquili-
dade e segurança dos pequenos. Devem receber cuidado e atenção da
professora e ser colocados em lugar de fácil acesso, para que a criança consiga
pegá-los quando quiser.
81
ERES
BOLAS
São ótimos brinquedos para apertar, sentir a textura, cor e formato e
deixar cair para ver como rolam. Ao deixar cair, os bebês experienciam, pela
observação, como esses objetos rolam. Testam a gravidade e verificam, pela
repetição, o comportamento sistemático do objeto, por isso a importância da
variedade de formas, materiais e tamanhos, para que os bebês possam repetir
as experiências com materiais diversos. Há bolas com múltiplas funções, que
possibilitam experiências de tocar para conhecer sua textura, ver a cor,
produzir som ao toque, faces espelhadas que auxiliam o conhecimento desi e
com buracos para por as mãos e explorar.
BRINCADEIRAS COM MATERIAIS DIVERSOS
Há inúmeros tipos de brincadeiras para crianças pequenas que começam a
andar: brincadeiras com o próprio corpo, com movimentos, explorando a
sensibilidade para a produção de sons, experiências com argilas, tintas e
materiais para vivenciar formas, cores e texturas; organização de cenários e
ambientes mais estruturados que possibilitem a exploração, a socialização e a
solução de problemas que envolvem e ampliam as experiências das crianças.
BRINCADEIRAS DE EXPLORAÇÃO
Criação de ambientes de exploração, com materiais pendurados no teto: tiras
de jornal, papel laminado ou celofane ou objetos que produzem sons criam
ambientes sonoros para a exploração musical e resultam em brincadeiras
coletivas para a socialização da criança.
BRINCAR DE IMITAR
Crianças pequenas gostam de imitar as pessoas, especialmente as situações
que lhes chamam a atenção. Apreciam pegar a colher e dar de comer ao seu
ursinho, colocar panos na cabeça. Portanto, é indispensável favorecer tais
iniciativas e dispor de áreas ou cestos com tecidos e roupas.
BRINCADEIRAS COM ÁGUA E TINTA
Crianças bem pequenas gostam de brincar com água, fazer pinturas, brincar de
imitar. Portanto é importante criar ambientes para essas experiências. Brincar
com canecas dentro de bacias nos dias quentes, banhos de esguicho, pintar
82
mópuLo Ill BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS
E MATERIAIS PARA CRIANÇAS PEQUENAS
(1 ANO E MEIO A 3 ANOS E 11 MESES)
Para facilitar o trabalho das professoras, este módulo contém práticas para
crianças com idade em torno de 2 e 3 anos, separadas de forma didática.
É preciso lembrar que cada criança é diferente de outra e que a idade não
é o único critério para verificar os interesses e necessidades de cada uma.
As crianças continuam gostando dos brinquedos e brincadeiras que já
conhecem, mas ampliam suas experiências e a complexidade do brincar.
Assim, as sugestões para os menores podem servir aos maiores e vice-versa.
Neste módulo serão incluídas as experiências mais significativas para essa fase
da criança.
Durante o segundo ano, as crianças caminham na direção da independência
Segundo ano de movimentos, utilizando materiais mais estruturados para praticar ativida-
des físicas e de manipulação. As professoras exercem um papel fundamental
ao oferecer um ambiente que prepare as crianças para a autonomia no brincar
e oportunidades para aprender a se organizar. Esta também é a fase em que as
crianças apreciam permanecer juntas. Diante de tais responsabilidades,
torna-se fundamental pensar, igualmente, no conforto da professora durante
as brincadeiras.
Compõe o segmento para crianças em torno de 2 anos:
a) Brinquedos e materiais para a área interna e externa;
b) Papel do adulto na brincadeira com objetos e na
reorganização dos brinquedos;
c) Atividades coletivas com agrupamentos de crianças com
idade entre 1 e 2 anos;
d) Conforto para a professora durante a observação.
85
a. Brinquedos e
materiais para a área
interna e externa
Escorregador para crianças
com idade a partir de 2 anos,
com cantos arredondados.
Dimensões sugeridas:
33 centímetros de largura por
62 centímetros de altura
Degraus com 32 centímetros
de profundidade e
32 centímetros de largura
ESCORREGADOR
Estrutura simples, sólida, de madeira, com
três pequenos degraus, plataforma com
escorregador do outro lado. Pode ser utili-
zado tanto na área interna ou externa, inde-
pendentemente do clima.
CAIXA PARA BRINCADEIRAS
Caixa quadrada grande com furo grande dos dois lados, para que a criança possa
engatinhar para fora e para dentro. Uma cortina pode ser fixada para cobrir o
furo, possibilitando brincadeiras de esconde-esconde, que as crianças gostam.
86
BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS. E S PEQUENAS (1 ANO E MEIO A 3
CAIXAS DE EMPILHAR
Caixa resistente de madeira, com duas caixas menores dentro. A caixa maior
deve ter 43cm de comprimento por 28cm de altura e 28 cm de profundidade,
para que a criança possa subir nela sozinha; a caixa menor pode estar cheia de
bloquinhos de madeira. Trata-se de um brinquedo versátil, por atender crian-
ças com diferentes interesses e idades e a creche poderá ter, pelo menos, duas
ou três caixas desse tipo, para que as crianças as utilizem o ano todo. Juntas,
as caixas se tornam um trenzinho; de lado, um lugar para se esconder; sentar
em cima ou subir e equilibrar-se. Com a criança dentro, a professora pode
puxar ou empurrar. As caixas devem ter feltro de proteção nos cantos, mas
sem rodinhas.
CAIXA DE CORREIO
Para brincar de mandar cartas e ser usada junto à casinha, na cerca que separa
os ambientes.
COLCHÕES
São boas alternativas para brincar de rolare dar cambalhotas.
ÁREA EXTERNA
O acesso direto a uma área externa, coberta ou aberta, propicia o livre movi-
mento de entrar e sair da sala, separados dos maiores, evitando colisões com
bicicletas ou carrinhos de bebês. Em certas regiões brasileiras, com altas
temperaturas, faz-se necessário que os locais sejam sombreados.
Na área externa pode-se criar atividades planejadas para oferecer desafios
motores para as crianças maiores com a criação de circuitos que incluem subir,
descer, entrar em túneis, pular obstáculos, utilizando tábuas, caixotes e mesas.
ESTOCAGEM DE BRINQUEDOS E MATERIAIS
Para organizar o trabalho, é essencial dispor de espaço para estocagem de
materiais e objetos de brincadeiras. A creche deve organizar um espaço
conhecido pelas crianças para a guarda de seus objetos “de afeto”, para que
elas possam encontrá-los facilmente, bem como, deixar também à vista os
outros brinquedos, para serem usados pelas crianças de forma independente.
ÁREA DA BIBLIOTECA
Cada sala deve dispor, para seu agrupamento de crianças, de uma área para
ver livros e revistas, que devem estar guardados em cestos ou em estantes na
altura das crianças. A professora deve contar histórias, ver livros com as
crianças, envolver os pais, emprestar livros para os familiares.
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TANQUE DE AREIA
Na área externa, protegida do sol, dispor um tanque de areia com torneira
próxima para “molhar” a areia e fazer bolinhos. Escolher materiais resistentes
para baldes, copinhos e pás e objetos para brincar de lavar a areia.
LAVAR A AREIA
Convidar as crianças para lavar a areia como prática cotidiana. Lavar antes de
brincar. Basta colocar um pouco de areia no fundo do balde, encher de água
mexer com a colher e encher novamente de água, para que a sujeira saia junto
coma água.
BRINCAR COM ÁGUA
Junto ao tanque de areia disponibilizar um espaço com água: tanque baixo
com torneira, uma pequena piscina ou várias bacias grandes ou mangueira
para brincar com água nos dias quentes. A integração do espaço da areia com
a água possibilita a criação de novas brincadeiras.
Pode-se brincar na banheira, durante o banho, tendo objetos para encher,
para flutuar, livros de plástico para “ler”. Outra opção é o banho coletivo em
dias bem quentes, que oferece o prazer de correr atrás do esguicho de uma
mangueira. Ao deliciar-se com o frescor da água, compartilha-se da alegria
de um brincar coletivo, de corpos movidos pela liberdade de expressão e de
espíritos carregados da essência lúdica.
90
INTEGRAR ÁREAS PARA BRINCAR
Se houver uma parede próxima da área da água, cobrir
a superfície com azulejos brancos para favorecer a
brincadeira de fazer pinturas coletivas ou individuais,
usar a mangueira para lavar e dispor uma mesa como
suporte para a produção de tintas com diferentes mate-
riais, de modo a criar produções bastante coloridas.
O tanque de areia deve ter área mínima de 15m” com
profundidade de 30cm. Preferencialmente, as muretas
em torno do tanque de areia devem ter largura de
25cm e estarem ao nível do chão. Usar rede removível para proteger a areia de
fezes de animais e resíduos de folhas e outros materiais, higienizando o
tanque com solução de cloro a cada 15 dias. (Para maiores informações e
orientação verificar na Secretaria de Saúde ou de Zoonoses da sua cidade.)
BRINCAR DE MISTURAR E EXPERIMENTAR
Selecionar alimentos para misturar e experimentar. Sob a supervisão da
professora, misturar água, suco, gelatina, sal, açúcar, farinha, cereal, frutas,
verduras, tudo é interessante para experimentar e observar suas características.
MATERIAIS PARA MISTURAR E VER O QUE ACONTECE
Sob a supervisão da professora, misturar terra, areia, argila, água, farinha, tinta,
óleo, para ver o que acontece e fazer desenhos e marcas com estas misturas.
CONSTRUÇÃO DE CABANAS
Brincar de construir cabanas, túneis com cobertores ou
toalhas, presas por pregadores sobre dois fios de nylon
que atravessam a sala. No interior desses espaços
pode-se contar histórias, brincar de faz de conta e de
esconder. As crianças se divertem auxiliando a montar e
desmontar o espaço, solucionando problemas como
tirar e por pregadores. Pode-se criar tais espaços no
parque, prendendo os fios de nylon nos galhos das
árvores, junto aos cantos dos muros. São espaços
móveis que surgem e desaparecem conforme os
projetos de brincadeiras das crianças.
9
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
Materiais para brincar na areia e na água
Além dos tradicionais baldinhos, colheres e pás, sugerem-se:
- 5 canecas com asa;
- 5 recipientes furados na parte inferior;
- 3 regadores de plástico tamanho grande com bico fino para regar
plantas;
- 3 chaleiras de alumínio para chá;
- 5 funis de tamanhos e materiais variados;
- 5 canos de PVC de 3a, comprimento de 30cm, cor marrom;
- 5 canos de PVC de !/2, comprimento de 50cm, cor branca;
- 5 canos de PVC de 1 2, comprimento de 50cm, cor branca;
- 20m de mangueira de regar jardim, cor transparente;
- 10 rolhas;
- 10 bolas de pingue-pongue para boiar;
- objetos para afundar;
- recipientes com boca pequena para encher;
- 10 tigelas ovais de madeira tamanho de 10 a 25em (peças
variadas).
! . .
Ny Sacolas e latas com objetos para brincar
e Envolver professoras e pais na tarefa de selecionar objetos de uso domés-
tico ou típicos da comunidade e comprar os itens que não podem ser
doados (ver relação de itens nas sugestões do Cesto de Objetos).
e Escolher 15 variedades de objetos e guardar cada item em uma sacola de
pano fechada com uma cordinha. As sacolas devem ficar penduradas em
ganchos nas paredes e identificadas pelo tipo de item.
92
EEE E S PEQUENAS (1 ANO E MEIO A 3
É necessário, então, aproveitar essa riqueza de interesses e preparar o ambi-
ente de modo que haja espaços para a ocorrência de brincadeiras imaginárias
e a expressão da individualidade. Um espaço estruturado com mobiliário,
brinquedos e materiais compatíveis com os temas das brincadeiras e enrique-
cido com a interação da professora, proporciona maior qualidade ao brincar.
Em razão do desenvolvimento rápido da linguagem da criança, é importante
utilizar não só a fala, como também a escrita e as imagens para ampliar as
narrativas. A conversa diária na área da imitação, os rabiscos e desenhos que
fazem ao colocar a carta no correio ou escreverem a receita médica na área do
médico, são brincadeiras capazes de integrar essas diferentes modalidades de
linguagem: o brincar de fazer a consulta, conversar com a mãe para
“escrever” a receita, já mobilizam a fala e a escrita, que também é visual, pois
o desenho ou o rabisco são formas visuais de expressar significados.
Essa fase de desenvolvimento intenso da linguagem requer um ambiente
tranquilo, sem excesso de ruído, que possibilite a compreensão da fala da
professora e das outras crianças, mesmo durante as brincadeiras movimen-
tadas. Como as histórias são momentos prazerosos, as crianças, além de
ouvir, querem também participar, por isso grandes agrupamentos não são
adequados, por criarem maior volume de ruídos, exigindo um maior controle
por parte da professora e a obrigando a pedir silêncio constantemente para
ser ouvida. Se, por exemplo, houver 15 crianças e 2 adultos, é melhor dividir o
agrupamento, e cada professora contar histórias separadamente, dando
assim maior oportunidade às crianças de participarem com menor nível de
ruído. Podem-se planejar momentos para um grande grupo e outros para
pequenos grupos, em que exerçam atividades diferentes das que ocorrem ao
mesmo tempo, de modo a atender melhor às necessidades de cada pequeno
agrupamento. Basta organizar o tempo, o espaço e os materiais e fazer a
supervisão e as mediações.
Além do acesso diário aos livros, que devem permanecer em áreas apro-
priadas para serem escolhidos e “lidos”, as crianças devem ter a oportunidade
de aproveitar o gosto que nessa idade possuem pela música.
Nessa fase, as crianças já dominam um bom repertório de canções infantis,
dançam e acompanham a professora, o pai, a mãe ou convidados que toquem
violão. Portanto, é essencial aproveitar essa forma de expressão das crianças.
95
BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE CRECHES
Brincadeiras no exterior, na areia, com água, agora demandam a presença
constante do adulto para fazer perguntas, de modo a levar a criança a pensar
sobre suas ações e levantar hipóteses.
Também nessa idade as crianças se interessam por pequenos animais, bichi-
nhos, aves, borboletas, joaninhas, minhocas. Esse interesse pode propiciar
conversações livres, criando momentos de atividades dirigidas para aprender,
junto com as outras crianças e a professora, por meio da reflexão e investi-
gação sistemática. Este é o potencial do brincar nessa fase da vida da criança:
forma de expressão que, pela interação com a professora e as outras crianças,
amplia experiências e impulsiona novos estudos. Fazer minhocário, jardim,
horta ou composteira são projetos que envolvem as crianças.
Meninos e meninas devem ter a mesma oportunidade para brincar com tudo:
carrinhos, bonecas, construção. Pessoas de outros grupos culturais, com seus
materiais, brincadeiras e brinquedos, contribuem para ampliar as experiências
lúdicas das crianças.
Para pensar nas possibilidades de brincadeiras para atender as caracte-
rísticas dessas crianças, organizou-se as sugestões em oito segmentos:
a)
b)
e)
d)
e)
9)
h)
Brincadeira de faz de conta - atividade principal da criança;
Construção de mobiliário para áreas de faz de conta;
Ampliação da qualidade do brincar;
Dançar, pintar, desenhar e construir: outras formas de
expressão lúdica;
Brincar na areia e na água;
Construção da identidade da criança por meio do brincar;
Valorização das diferenças nas crianças;
Desenvolvimento de projetos e o conhecimento do mundo
físico, social e matemático.
96
a. Brincadeira de
faz de conta
atividade principal
da criança
E EI e IO A 3 ANOS E 11 MESES)
Para que o brincar se transforme na atividade principal da criança, com
impacto positivo na sua educação e na ampliação de suas experiências, é
preciso organizar o espaço e selecionar materiais e objetos que provoquem
sua imaginação. Diante de um estetoscópio, ela é levada a entrar na temática
de “ser médico”; ao ver a mamadeira, torna-se “a mãe que dá mamadeira ao
filho”; um carrinho a leva a “passear com seu bebê”. A ausência de mobiliário,
brinquedos e acessórios (que acompanham especialmente as bonecas)
dificulta o brincar imaginário.
MOBILIÁRIO, BRINQUEDOS E ACESSÓRIOS
PARA FAVORECER BRINCADEIRAS IMAGINÁRIAS.
e Bonecas-bebê (com corpo macio e diferentes identidades étnicas e
raciais); roupas fáceis de tirar e por; mamadeiras; cobertor/lençol de
boneca; cama/berço, carrinho
* Fogão no tamanho da criança ( pode ser construído com caixas de leite)
e Pia, bacia ou tacho para lavar louças
e Geladeira do tamanho da criança
* Mesas e cadeiras do tamanho da criança
e Telefone/celular (de brinquedo ou de uso doméstico)
e Armário para guardar a louça
* Vaso de flor ou fruteira como enfeite na mesa da cozinha
e Toalha na mesa da cozinha
* Quadros ou cortina imitando uma janela, que podem ser feitos pelas
professoras ou mães com tecido cru, pintado pelas crianças com
rolinhos e tinta guache
e Panelas de alumínio, barro, ferro ou aço
e Copos, tigelas, pratos de plástico e outros materiais, conforme usos locais
e Colheres, conchas, colher de pau, colheres de medida
e Escovas para limpar frascos
e Embalagens vazias de alimentos
e Objetos ou brinquedos diversos para fazer comida
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