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SABERES DA NEUROCIÊNCIA COGNITIVA NA FORMAÇÃO DE EDUCADORES, Trabalhos de Neurociência

SABERES DA NEUROCIÊNCIA COGNITIVA NA FORMAÇÃO DE EDUCADORES

Tipologia: Trabalhos

2020

Compartilhado em 30/03/2023

israel-souza-11
israel-souza-11 🇧🇷

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Baixe SABERES DA NEUROCIÊNCIA COGNITIVA NA FORMAÇÃO DE EDUCADORES e outras Trabalhos em PDF para Neurociência, somente na Docsity! ISSN 2176-1396 SABERES DA NEUROCIÊNCIA COGNITIVA NA FORMAÇÃO DE EDUCADORES Estela Mari Santos Simões 1 -URI Arnaldo Nogaro 2 - URI Idanir Ecco 3 - URI Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente artigo reflete sobre a influência da Neurociência Cognitiva em práticas escolares, bem como sobre como esta pode ser inserida como um saber a mais que os professores necessitam para melhor compreender como se dá o aprendizado. Atualmente à escola apresentam-se muitos desafios e para superá-los é preciso repensar seu papel e atuação, investindo em novas estratégias de ensino, nessa intenção percebemos a importância de conhecimentos científicos na formação de professores, especialmente dos profissionais que atuam na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. Referimo-nos a este grupo de professores, por acreditarmos que é na infância que intervenções apresentam maiores resultados, pois é neste momento da vida que o cérebro apresenta maior predisposição para o aprender. Estudos sobre o cérebro humano vem ganhando destaque nas últimas décadas e desvendando como ocorrem vários processos durante o ato de aprendizagem. Com aporte teórico em estudos de neurocientistas como Kandel (2003), Guerra (2011) , Cosenza (2011) e Izquierdo (1989) bem como em pensadores da área educacional, procuramos refletir sobre uma possível aproximação entre os conhecimentos neurocientíficos e os educadores, visto que tal torna-se indispensável para o desenvolvimento de ações bem sucedidas no ambiente escolar. É nesta intenção que organiza-se este artigo, no qual pretendemos ressaltar a importância de uma ligação mais intima entre os saberes da área da Neurociência Cognitiva e o trabalho do professor, na intenção de pontuarmos características necessárias para que ambientes escolares tornem-se oportunos para ensinar e aprender. Em jeito de considerações finais evidenciamos conhecimentos desta nova ciência que podem auxiliar e transformar práticas pedagógicas. Ressaltamos, ainda, que estratégias de ensino-aprendizagem que levam em consideração como o cérebro aprende são, geralmente, as que mais possuem chances de obter melhores resultados quanto a construção de significações e conhecimentos pelos estudantes. 1 Licenciada em Pedagogia. Pós-Graduada em Psicopedagogia. Professora da Rede Pública estadual do RS Aluna do Mestrado em Educação – PPGEDU – URI – Frederico Westphalen. E-mail: estelasimoes89@gmail.com . 2 Doutor em Educação – UFRGS. Professor da URI Erechim e PPGEDU URI Frederico Westphalen/RS. E-mail: narnaldo@uri.com.br. 3 Mestre em Educação – UPF. Professor da URI Erechim. E-mail: idanir@uri.com.br. 38786 Palavras-chave: Educação. Neurociência. Formação de educadores. Introdução Um ensino de qualidade que contribui para a formação de sujeitos capacitados para atuar em sociedade é indispensável para o desenvolvimento econômico e social de um país. A educação escolar eficiente proporciona a qualificação para a vida cidadã, fornecendo meios para o aperfeiçoamento e o desenvolvimento de conhecimento e saberes necessários para uma ativa atuação social. Dentre as funções da escola está aquela de provocar mudanças, seja na vida ou na mente dos estudantes. Contribui para a aquisição de competências que fortalecem as probabilidades de obter-se um emprego melhor através de um nível de ensino maior e proporciona vivências que facilitam a consciência crítica, a reflexão e a ação social. Mas também deve propiciar o desenvolvimento das potencialidades e capacidades pessoais no sentido de constituir-se e desenvolver-se como pessoa, como ser humano, o que envolve questões relacionadas às emoções, à criatividade, às habilidades de relacionamento com os outros, à expressão oral, dentre outras. Nesta direção Gómez (2015) preceitua que a finalidade da escola não pode se esgotar no ensino e na aprendizagem dos conteúdos disciplinares estabelecidos no currículo e organizados nos livros didáticos. A missão da escola é ajudar a desenvolver capacidades, competências ou qualidades humanas fundamentais que o cidadão contemporâneo precisa pra viver em complexos contextos da era da informação. Nosso país, embora muito tenha avançado e perseguido melhores condições para o fornecimento de formações de qualidade, ainda tem muito a percorrer para atingir o padrão que se almeja. Ao analisar indicadores do desempenho escolar da realidade brasileira percebe- se a enorme dificuldade de nosso país em alcançar os níveis mais alavancados em educação. O sistema educacional no Brasil tem-se mostrado deficitário, com bases frágeis e que frente a resultados apresentados por outros países encontra-se longe do ideal. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2003) o Brasil experiencia o desgosto de estar entre os últimos lugares, num ranking de 36 países, estando à frente somente do México, colocação obtida de acordo com o desempenho dos alunos no PISA, a quantia de tempo que em média os alunos passam na escola e a porcentagem de estudantes que frequentam o ensino superior. 38789 agir quando há dificuldades no processo de aprender e também oportunizando mecanismos para o entendimento de como ocorre a aprendizagem. [...] a neurociência é a área de conhecimento que permite uma aproximação ao conhecimento de como se hão construído e que circuitos neurais estão involucrados e participam na elaboração das decisões que toma o ser humano, a memória, a emoção e o sentimento, e até mesmo os juízos e os pensamentos envolvidos nas condutas éticas. (FERNANDEZ e FERNANDEZ, 2008, P. 32). Conforme estudos, a neurociência pode e deve ser conectada ao trabalho docente, pois permite uma visão mais ampla do educador, que lhe proporciona aceitar a diversidade de indivíduos presentes na sala de aula, compreendê-los melhor e encontrar formas de atender as diferenças cognitivas. Assim, o trabalho do educador pode ser mais significativo e eficiente quando ele conhece o funcionamento cerebral. Conhecer a organização e as funções do cérebro, os processos receptivos, os mecanismos da linguagem, da atenção e da memória, as relações entre cognição, emoção, motivação e desempenho, as dificuldades de aprendizagem e as intervenções a elas relacionadas contribui para o cotidiano do educador na escola. (COSENZA e GUERRA, 2011, p. 143). Já não se pode negar ou ignorar a influência que esta área traz para a área da educação, assim, o estabelecimento de vínculos entre o sistema nervoso central e a aprendizagem é fundamental para se obter melhores resultados no processo ensino-aprendizado. O educador contemporâneo, consciente de seu papel como mediador no processo de aprender, deve entender como funcionam as funções como consciência, linguagem, emoções, estímulos e aprendizagem. Isto permite que estimule o cérebro do aprendiz com a finalidade conseguir resultados mais rápidos e de mais significado para o aluno. Estimular o cérebro é tarefa do professor, pois para os neurocientistas “o cérebro que aprende é o cérebro estimulado” e é nisto que se vislumbra a intervenção pedagógica. A inclusão dos fundamentos neurobiológicos do processo ensino-aprendizagem na formação inicial do educador proporcionará nova e diferente perspectiva da educação e de suas estratégias pedagógicas, influenciando também a compreensão dos aspectos sociais, psicológicos, culturais e antropológicos tradicionalmente estudados pelos pedagogos. (GUERRA, 2011, p. 05). O cérebro humano é programado para responder aos desafios do ambiente ou que lhe são postos. Ele reage de maneira muito natural e segundo as demandas que se apresentam. A vida segue o curso da natureza, a escola faz parte da cultura, do que nós criamos, assim também a escola foi criada e sua organização seguem rituais próprios, muitas vezes contrários 38790 à natureza e para os quais precisamos orientar nosso cérebro para que ele possa conduzir-se na direção que desejamos. O professor deve estar ciente de que é assim que as coisas funcionam para poder intervir adequadamente e conduzir o processo pedagógico na direção do aprendizado orientado e efetivo. A evolução nos garantiu um cérebro capaz de aprender, para garantir nosso bem- estar e sobrevivência e não para ter sucesso na escola. A menos que o bom desempenho escolar signifique esse bem-estar e sobrevivência do indivíduo. Na escola o aluno aprende o que é significativo e relevante para o contexto atual de sua vida. Se a “sobrevivência” é a nota, o cérebro do aprendiz selecionará estratégias que levem à obtenção da nota e não, necessariamente, à aquisição das novas competências. (GUERRA, 2011, p. 02). Quando o sujeito aprende algo novo incorpora essa experiência a tudo que já carregamos do vivido, de experiências e padrões cognitivos. Cada nova atividade ou fato é assimilado pela nossa mente, ou seja, incorporado à estrutura cognitiva do indivíduo provoca modificações nesta estrutura, reconfigurando-a. Para Piaget (1996) esta operação cognitiva nomeia-se por acomodação e assim a define: chamaremos acomodação (por analogia com os “acomodatos” biológicos) toda modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) ao quais se aplicam. A estimulação de conexões neurais leva à reorganização das estruturas cerebrais e ao seu desenvolvimento, e consequentemente, a construção de novas aprendizagens e comportamentos. “A aprendizagem se traduz pela formação e consolidação das ligações entre as células nervosas. É fruto de modificações químicas e estruturais no sistema nervoso de cada um”. (COSENZA E GUERRA, 2011, p. 38). Sendo assim, a aprendizagem não é uma atividade passiva, mas proativa, complexa e extraordinária. É neste processo que atribuímos sentido ao mundo através da formação de nossa teoria pessoal, ao aprender algo novo reelaboramos esta teoria a ampliamos. De acordo com Gómez (2015, p. 49), nós, seres humanos, combinamos as influências que recebemos por meio do estímulo que selecionamos consideramos ou ignoramos, “[...] dos cenários e dos pares que escolhemos, das reações que causamos e das sensibilidades diferenciais que ativamos. Somos o resultado de uma história específica de interações e de um modo construído de organização destas”. As estratégias de ensino que possuem maiores chances de obtenção de sucesso são geralmente as que consideram a maneira como o cérebro aprende. É necessário dar importância aos processos de repetição, elaboração e consolidação de informações. Faz toda a 38791 diferença, também, procurar utilizar diversos caminhos de acesso ao SNC no momento do processamento de informações. Segundo Rogers (1967), o aluno deve ter desejo de aprender e o professor, como o facilitador do aprendiz, deverá ser o motivador da aprendizagem. Ambiente oportuno contribui para a construção de aprendizados significativos Não é pretensão nossa apresentar fórmulas prontas para ensinar e/ou aprender, nem mesmo postular uma nova pedagogia, mas sim agregar novos saberes, que se tornam pertinentes ao trabalho docente num contexto de pós-modernidade e que podem apontar caminhos e metodologias mais adequadas. Guerra (2011) reforça este nosso pensamento e descarta a visão de “receita” ou fórmula mágica de solução de problemas. Segundo sua compreensão, é importante esclarecer que as neurociências não propõem uma nova pedagogia e nem constituem uma panacéia para a solução das dificuldades da aprendizagem e dos problemas da educação. Elas fundamentam a prática pedagógica que já se realiza, demonstrando que, estratégias pedagógicas que respeitam a forma como o cérebro funciona, tendem a ser mais eficientes. De qualquer maneira, a neurociência pode contribuir para a evolução das práticas pedagógicas que permitam desenvolver o indivíduo, aproximando-o da manifestação máxima de potenciais e tendo em vista crescentes demandas da idade contemporânea digital e virtual. (TIEPPO, 2014, p. 40). Além disso, dia após dia ocorrem novas descobertas sobre a organização neuronal do ser humano, que até então, embora a humanidade ao longo da história sempre quisesse conhecer como funciona o cérebro, não eram possíveis de desvendar, mas que agora se tornam viável pelo avanço nas tecnologias. Estes achados devem ser articulados ao processo ensino-aprendizagem, mas antes disso e paralelamente a tal os profissionais da área da educação devem sentir esta necessidade, buscar informações e formações e empenhar-se em por em prática tais saberes, a fim de melhorar e facilitar a aprendizagem de seus alunos. Compreender a existência de plasticidade cerebral, que é a capacidade do sistema nervoso de se adaptar a novos estímulos e influências, permitindo a flexibilização necessária para aprender, é essencial ao professor, pois é a partir da consciência deste mecanismo, que ele vai entender como as estruturas cerebrais se reorganizam a cada novo aprendizado. O conceito de plasticidade cerebral oportuniza o entendimento de que o cérebro continua a se desenvolver, a mudar e a renovar-se durante toda a vida do ser humano. “Neuroplasticidade é 38794 de novas sinapses. As informações do meio, uma vez selecionadas, não são apenas armazenadas na memória, mas geram e integram um novo sistema funcional, caracterizando com isso a complexificação da aprendizagem. Para Pain (1986) a aprendizagem não se configura nem define uma estrutura como tal. Portanto, é preciso enfocar a aprendizagem como um processo complexo, estruturado em atos perceptivos e motores, que reelaborados corticalmente dão origem à cognição. Ou seja, como afirma Carvalho (2011), as experiências em sala de aula estimulam reflexões recursivas sobre os pensamentos, sentimentos e ações, permitindo que a aprendizagem seja concebida como processo reconstrutivo, envolvendo autorreorganização mental e emocional daqueles que interagem nesse contexto. Riech (2002), trata das dimensões que interagem, configurando a aprendizagem humana, e classifica-as em: orgânica, sociocultural, afetiva e intelectual. Nesta estruturação cooperativa, existem elementos sensoriais, perceptivos, cognitivos e motores que habilitam o sujeito a aprender. De acordo com Silver (1994) pode-se dividir o processo de aprender em quatro fases: 1º Registro da informação no cérebro (entrada - por meio dos sentidos); 2º Organização e entendimento dessa informação (integração); 3º Armazenamento (memória); 4º A informação percorre o cérebro e é traduzida em ação no meio (saída-ato motor). Em poucas palavras, sintetiza-se o exposto acima com a seguinte ideia: Assim, a aprendizagem não pode ser entendida como um processo de aquisição de conhecimentos, nem a mente como um contêiner onde eles são armazenados. Em vez disso, a aprendizagem humana tem de ser entendida como um processo complexo de construção e reconstrução permanente de significados, como consequência da participação ativa do sujeito em contextos sociais, nos quais se desenvolvem as práticas culturais, que condicionam e moldam a sua vida profissional, social e pessoal. (GÓMEZ, 2015, p. 48). Através dos estudos do sistema nervoso, a neurociência, procura compreender comportamentos do ser humano, incluindo o processo de aprendizagem. Neste aspecto vem trazendo novos conhecimentos científicos e legitimando os saberes que os educadores já possuem e praticam, como por exemplo, a importância dos estímulos do meio onde a criança se insere para uma aprendizagem satisfatória. Também, permite entender que para aprender é preciso reorganizar as relações cerebrais, ou seja, as conexões neurais (sinapses). Isto se dá através de reações químicas, que ocorrem pela exposição e reexposição a estímulos, a contextos, a habilidades e a conhecimentos. 38795 Obviamente, instaura-se aqui a possibilidade de aprender como as pessoas organizam seus processos cognitivos, bem como de reconhecer as diferenças entre essas organizações. Essa perspectiva permite que a evolução da ciência do cérebro se constitua numa das principais alternativas para compreender a complexidade cognitiva humana. (CARVALHO, 2011, p. 543). Outra questão a ser considerada neste processo é a motivação, pois a criança aprende aquilo que lhe serve para viver melhor, é nisto que demonstrará um maior interesse por conhecer. São os conhecimentos que de fato são importantes para a vida do sujeito, que possuem valor para o seu bem-estar e para responder a questões suscitadas pela curiosidade humana, que enriquecem e aumentam a vontade de aprender. [...] oportunizar aos professores a compreensão de como o cérebro trabalha dá condições mais adequadas para que ele estimule a motivação em sala de aula e, de certa forma, assegura a possibilidade de sintonizar com os diversos tipos de alunos, os quais terão suas capacidades mais profundamente exploradas. (CARVALHO, 2011, p. 545). E é nisto, que está um dos grandes desafios postos aos educadores, usar da criatividade para preparar aulas que mostrem para o aluno a real utilidade daquilo que se está aprendendo, isto irá estimular a criança a se envolver em sua aprendizagem. Para isto, é preciso transformar o que se ensina em algo palatável, entendível e significativo para o aluno, pois, se aprende de forma mais eficiente e rápida aquilo que tem significado para a vida dos indivíduos. As relações entre cérebro e aprendizagem fazem parte do dia a dia do professor, pois “sem o cérebro não há aprendizagem”. É preciso, portanto, entender o cérebro para ensinar melhor, para isto a neurociência cognitiva permite o acesso a conhecimentos novos, que podem proporcionar ferramentas uteis no trabalho pedagógico. Princípios vindos da neurociência e repassados por caminhos seguros aos professores permite ter uma dimensão maior do que é aprender e de como facilitar esse processo. Esta ciência vem descobrindo mecanismos cerebrais que despertam a curiosidade e atenção. Busca-se criar recursos capazes de evocar a curiosidade por aquilo que está sendo explicado. Sabe-se que a curiosidade está ligada à emoção, à recompensa e ao prazer, o que se apresentaria em condutas que levam a experimentar tudo aquilo que lhe parece curioso. Afirma-se que não aprendemos nada, a não ser que seja algo motivador, com significado e que desperte a curiosidade. As emoções despertam e mantem tanto a curiosidade quanto a atenção, o que gera o interesse pela descoberta daquilo que é novo. As emoções são a base do processo de aprendizagem e memória. São elas que nos ajudam a distinguir 38796 estímulos relevantes para a nossa sobrevivência. Entre suas funções está a de armazenar evocar memórias de forma mais efetiva. A formação de memórias é um dos estudos contemplados nas neurociências que recebe bastante ênfase, Izquierdo (1989), diz: a memória dos homens e dos animais é o armazenamento e evocação de informação adquirida através de experiências; a aquisição de memórias denomina-se aprendizado. As experiências são aqueles pontos intangíveis que chamamos presente. Uma das tarefas da neurociência relacionada à sala de aula é entender como as memórias registram informações e as armazenam. É preciso considerar também a relevância do sono nesse processo de consolidação de memórias, que é o que de fato chama-se aprendizado. Isto muito foi comprovado em 1953 com a descoberta do sono REM 4 (Rapid Eye Movement), o que acabou com ideia que o cérebro apenas descansa enquanto dormimos, pois foram revelados padrões de sono e ondas durante o mesmo. Ficou claro também que não somente o sono REM, mas também todas as fases do sono são fundamentais para aperfeiçoar memórias. Outra consideração importante é que durante o sono o sistema nervoso parece ensaiar a realização de etapas mais complicadas de tarefas, até torná-las automáticas. Despertado por estímulos sensoriais o prazer é o mecanismo pelo qual se alcança determinados objetivos, impulsionados pelo desejo. Mas aprender requer mais do que isso, para tornar o aprendizado efetivo é preciso o processo de repetição constante do que se aprendeu. Todos estes processos e conhecimentos são convergentes e podem ser aproveitados na prática escolar respeitando os tempos cerebrais de cada período de vida, adaptando os tempos de atenção reais durante a aprendizagem em sala de aula. Também é preciso considerar a diversidade humana no ambiente escolar e não dissociar emoção e cognição para, assim, potencializar a criatividade e a aprendizagem. A neurociência vem auxiliar também nos casos de dificuldades de aprendizagem, pois pesquisas mostram que parte destas, não estão relacionadas ao cérebro, mas sim ao ambiente, ao sono, a práticas pedagógicas, ou seja, a elementos externos. No entanto, um percentual 4 Segundo Bezerra (2003), o sono normal segue uma estrutura que compreende fases e estágios padronizados. As fases do sono diferem entre si em todo seu ciclo e são divididas em dois estados fisiológicos, denominados fase e sono REM (Movimentos Oculares Rápidos) e de sono NREM (Sem Movimentos Oculares Rápidos). A fase REM possui apenas um estágio e a fase NREM apresenta quatro estágios, onde o sono se inicia através dos estágios do sono NREM. O sono está bem organizado e estruturado em ciclos e o NREM corresponde por 75% do sono total e 25% no estado REM. O sono REM e o sono NREM se alternam durante a noite.
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