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A Relação entre Práticas Parentais e Emoções Autoconscientes de Vergonha em Adolescentes, Esquemas de Psicologia do Desenvolvimento

Uma investigação recente que explora a relação entre as práticas parentais e as emoções autoconscientes de vergonha em adolescentes, com ênfase no sexo masculino e feminino. O estudo mostra que a restritividade parental está associada à vergonha nos adolescentes do sexo masculino, enquanto que práticas parentais baseadas em cuidado estão associadas a uma menor experiência de vergonha em adolescentes do sexo feminino. O documento também discute a natureza da vergonha, sua função adaptativa e as possíveis fontes de sua origem, incluindo genes, vinculação aos cuidadores e comportamentos parentais.

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 27/02/2024

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Baixe A Relação entre Práticas Parentais e Emoções Autoconscientes de Vergonha em Adolescentes e outras Esquemas em PDF para Psicologia do Desenvolvimento, somente na Docsity! Orientadora de Dissertação e Coordenadora do Seminário de Dissertação: PROFESSORA DOUTORA MARIA MANUELA PEDRO VERÍSSIMO Coorientadora da Dissertação: MARIANA GINJA DA COSTA MARTINS Dissertação submetida como requisito parcial para a obtenção do grau de: MESTRE EM PSICOLOGIA Especialidade em Psicologia e Psicopatologia do Desenvolvimento 2022 “PAI, MÃE, TENHO VERGONHA” Associação entre Práticas Parentais e Vergonha na Adolescência RITA OLIVEIRA SANTOS Nº25630 II Dissertação de Mestrado realizada sob a orientação da Professora Doutora Maria Manuela Pedro Veríssimo, e coorientadora, Mariana Ginja da Costa Martins, apresentada no ISPA – Instituto Universitário para obtenção de grau de Mestre na especialidade de Psicologia e Psicopatologia do Desenvolvimento. V Resumo Investigação recente revela que as práticas parentais estão positivamente relacionadas com as emoções autoconscientes de vergonha em adolescentes. Contudo, deparamo-nos com uma carência de investigação que relacione a figura parental e que discrimine entre práticas parentais e estilos parentais. Esta dissertação teve como objetivo perceber as associações entre as práticas parentais, incluindo tanto a mãe como o pai, e a vergonha nos adolescentes. Este é um estudo transversal, que conta com a participação de 207 adolescentes e os seus respetivos educandos (pai e mãe). Os dados foram recolhidos em escolas secundárias de Lisboa, tendo sido aplicado aos pais o instrumento CRPR-Q: Child Rearing Practices Report (Rickel & Lawerence, 1979) e aos adolescentes EVEI–A: Escala de Vergonha Externa e Interna para Adolescentes (Cunha et al., 2021). Os resultados mostraram que, o uso de práticas parentais negativas (restritividade) se encontra associado à vergonha nos adolescentes do sexo masculino. Por outro lado, práticas parentais que tenham por base, feto, aceitação e recetividade (cuidado), estão associadas a uma menor experiência de vergonha sentida pelas adolescentes do sexo feminino. Em conclusão, esta investigação poderá vir a complementar as lacunas existentes e contribuir para a eficácia de futuras intervenções. Palavras-chave: práticas parentais; emoções autoconscientes; emoções morais; vergonha; adolescentes VI Abstract Research reveals that parental practices are positively related to self-conscious emotions of shame in adolescents. However, we require research that includes the parental figure, and discriminates between parenting practices and parenting styles. Therefore, this dissertation aimed to perceive the associations between parental practices, including mother and father, and adolescent shame. This is a cross-sectional study, which has the participation of 207 adolescents and their respective students (father and mother). The data were collected in the secondary schools of Lisbon, and the CRPR-Q: Child Rearing Practices Report (Rickel & Lawerence, 1979) was applied to the parents and the EVEI-A: External and Internal Shame Scale for Adolescents (Cunha et al., 2021) was applied to the adolescents. Results showed that, the use of negative parental practices (restrictiveness) is associated with shame in male adolescents. On the other hand, the more parental practices based on, affection, acceptance, and receptivity (care), the less female adolescents experience shame. In conclusion, this research could complement existing gaps and contribute to the effectiveness of future interventions. Keywords: parental practices; self-conscious emotions; moral emotions; shame; adolescents VII Índice Enquadramento Teórico ..................................................................................................................... 1 As emoções e o desenvolvimento emocional ........................................................... 1 Desenvolvimento Emocional ................................................................................... 2 Emoções Autoconscientes ........................................................................................ 4 Modelo Biopsicossocial da Vergonha ...................................................................... 6 Envolvimento Parental na Adolescência .................................................................. 7 Práticas Parentais ...................................................................................................... 7 A Vergonha dos Adolescentes nas Práticas Parentais .............................................. 8 Objetivo e relevância ................................................................................................ 9 Método .................................................................................................................................................... 11 Delineamento.......................................................................................................... 11 Participantes ........................................................................................................... 11 Instrumentos ........................................................................................................... 12 Procedimento de Recolha de Dados ....................................................................... 13 Tratamento Estatístico dos Dados .......................................................................... 14 Resultados ............................................................................................................................................. 15 Estatística Descritiva .............................................................................................. 15 Controlo das Variáveis Sexo e Idade ..................................................................... 15 Análise das Correlações entre as Variáveis ............................................................ 17 Discussão................................................................................................................................................ 19 Referências ............................................................................................................................................ 23 Anexos .................................................................................................................................................... 30 2 Desenvolvimento Emocional Atualmente, uma das teorias socioemocionais defendida por Case (1991) e outros autores (e.g. Lewis & Granic, 2010), estabeleceram que o funcionamento emocional das crianças depende do seu nível de desenvolvimento cognitivo, sendo crucial entender que cada criança interpreta o mundo de forma única em cada etapa (Lewis & Granic, 2010). Assim, os autores acreditam que o desenvolvimento socioemocional corresponde, na sua maioria, a avanços no desenvolvimento cognitivo que por sua vez proporcionam novas formas de interpretação do mundo, dando origem a novas respostas emocionais e a novas capacidades de controlo dessas respostas (Lewis & Granic, 2010. O desenvolvimento socioemocional é interpretado como um “pêndulo” que balança entre períodos de sensibilidade e períodos de resiliência (Lewis & Granic, 2010). Cada nova etapa do desenvolvimento cognitivo gera na criança uma mudança da sua forma de perceção, dos seus interesses, do que considera importante e/ou frustrante. Os autores defendem ainda que a mudança de desenvolvimento dos mecanismos de avaliação e regulação, voltam a colocar o mundo emocional em sintonia com os marcos do desenvolvimento cognitivo, isto é, os dois mecanismos garantem que a cada mudança no desenvolvimento cognitivo corresponda, também, uma mudança no desenvolvimento emocional. (Case, 1991; Lewis & Granic, 2010). A ligação entre o desenvolvimento cognitivo e a sincronização socioemocional durante o primeiro período de desenvolvimento definido por regulação básica, foi mencionada por Case (1991), como o processo no qual o bebé desenvolve representações das suas próprias ações em simultâneo com as ações da mãe. A atenção do bebé às pessoas e às suas atividades marca uma outra fase do desenvolvimento emocional entre os dois meses e meio e os três meses de idade, sendo considerada pelos autores uma fase em que os hábitos corporais, coordenados entre o cuidador e o bebé se consolidam e este começa a permanecer atento durante longos períodos. As emoções da criança são uma função das suas interpretações cognitivas, e como tal, um esquema sensorial pode ser suficiente para manter uma noção da troca interpessoal com a mãe (Case, 1991; Lewis & Granic, 2010). A reciprocidade, a emoção positiva e a atenção sustentada dos bebés surge por volta dos três, quatro meses de idade, correspondendo este período a uma transição importante do desenvolvimento cognitivo e a um conjunto de mudanças socioemocionais que são sentidas como desafiantes e gratificantes pelos pais (Lewis & Granic, 2010). Por volta dos quatro, cinco meses, os bebés começam a interação e a espera por uma resposta por parte do cuidador, iniciando uma fase considerada de autonomia crescente e maior envolvimento interpessoal. Esta nova fase é marcada pela transição das novas 3 capacidades da criança para coordenar dois esquemas sensoriais permitindo, assim, uma nova abordagem do mundo. Nesta fase definida por iniciativa motora a vida emocional assenta num período caracterizado pela autonomia, independência e resiliência (Lewis & Granic, 2010). Por volta dos seis, sete meses de idade começa-se a desenvolver a capacidade de coordenação bifocal que liga as necessidades e desejos da criança às atividades de outros seres humanos (Case, 1991; Lewis & Granic, 2010). Nesta fase de desenvolvimento socioemocional as crianças desenvolvem um novo tipo de consciência relativamente ao outro, que os autores definem como cognição social (Lewis & Granic, 2010). Em simultâneo inicia-se o período de desenvolvimento da angústia de separação, um comportamento funcional que expressa emoções negativas resultantes de uma nova avaliação cognitiva (Case, 1991; Lewis & Granic, 2010). No período dos doze aos dezasseis meses de idade a criança começa a reconhecer que os seus objetivos estão, cada vez mais, em competição com os objetivos dos seus cuidadores. Este é um período de negociação por parte da criança caracterizado por agressividade e independência, porém, é também uma fase de insegurança relativamente à perceção da necessidade do contínuo cuidado dos pais (Case, 1991). É neste primeiro ano de vida que o bebé vai desenvolvendo as consideradas emoções primárias tais como, a alegria, a tristeza, a raiva, o nojo, o medo e a surpresa (Lewis, 1995; Rosenblum & Lewis, 2003). A criança começa agora a entender que partilha com o mundo pensamentos, sentimentos, objetivos e desejos (Case, 1991; Lewis & Granic, 2010) . É então que por volta do ano e meio a dois anos de idade, que a criança começa a ser capaz de entender que as suas necessidades dependem da sua capacidade de manter a atenção dos pais, e que esta se encontra em concorrência com “o outro”, levando a uma das emoções mais desafiantes, o ciúme (Lewis & Granic, 2010). A criança começa a desenvolver uma maior competência na regulação das suas emoções, assim como na perceção das emoções dos outros. Neste período, já percebe o que poderá causar raiva e angústia, e ajusta o seu comportamento, tentando minimizar estas emoções negativas (Rosenblum & Lewis, 2003). É também por volta desta idade que a criança começa a inventar jogos, cenários e personagens com a sua própria voz na brincadeira, sem necessidade de envolver o outro adquirindo, desta forma, um espaço para lidar de forma autónoma com emoções como a solidão e a ansiedade de separação (Case, 1991; Lewis & Granic, 2010; Rosenblum & Lewis, 2003). Depois de desenvolvidas as competências de controlo dos impulsos, surge então por volta do segundo ano de vida as competências/ recursos para afastar ou modificar os seus sentimentos de raiva, frustração, ganância e ciúmes (Case, 1991). A consciência de que outras 4 pessoas têm os seus próprios objetivos, sentimentos, estados internos, pensamentos e opiniões, é percebida pela criança que começa a ter capacidade de entender que os outros têm os seus próprios pensamentos. Como tal, a criança neste período já consegue separar as suas crenças das crenças dos outros, correspondendo a uma mudança notável na compreensão social (Case, 1991; Lewis & Granic, 2010). Esta compreensão, contudo, poderá levar a um novo conjunto de inseguranças - uma mente privada, com as suas próprias ideias e crenças, que poderá conduzir a pensamentos sobre o seu “eu” que não sejam agradáveis. Para os autores, a perceção de falsas crenças parece provocar um impulso de intensas reações, que refletem emoções autoconscientes como o embaraço e até a vergonha intensa (Lewis & Granic, 2010). Emoções Autoconscientes A experiência de sentir vergonha começa com um autoconhecimento, que se desenvolve num exame doloroso de si mesmo, e culmina numa profunda angústia interior que geralmente permanece privada e não dita (Kaufman, 1974). Assim que surge a tomada de consciência, surge também uma transformação na qual um novo conjunto de emoções, que envolvem o “eu” em ação, emergem. É por volta do segundo ano de vida da criança que a capacidade de consciência e o desenvolvimento das emoções autoconscientes, como o embaraço, a vergonha e o orgulho se desenvolvem e podem ser vistos como comportamentos autorreferenciais. Assim, para Lewis (1995, 2003) as emoções autoconscientes podem ser divididas entre: (a) emoções autoconscientes expostas, que incluem constrangimento, empatia e ciúmes e (b) emoções autoconscientes avaliativas, que emergem com a aquisição de regras de socialização sobre padrões, com as quais a criança desenvolve emoções como a culpa, orgulho, e a vergonha. Deste modo, as emoções autoconscientes expostas são caracterizadas pela capacidade de as crianças avaliarem o seu comportamento contra uma norma podendo esta ser externa, como no caso da sanção parental, ou interna, como no caso das crianças que desenvolvem os seus próprios padrões. A capacidade de comparar o comportamento pessoal com um padrão, dá origem ao conjunto de emoções, ao qual (M. Lewis, 1995b) intitula de emoções autoconscientes avaliativas, que surge por volta do terceiro ano de vida (Elliot & Dweck, 2005; M. Lewis, 1995b). Estas emoções exigem que as crianças tenham um senso de si próprias e que sejam capazes de comparar o seu próprio comportamento com os padrões sociais. Se as crianças falharem face ao padrão, é provável que sintam vergonha, culpa ou arrependimento. (Elliot & Dweck, 2005; M. Lewis & M. Haviland, 1995). 7 também a variável idade, que neste estudo apresentou uma associação significativa e negativa com o bem-estar psicológico dos adolescentes, ou seja, a perceção de bem-estar psicológico (e.g. satisfação e qualidade de vida) diminuem durante a adolescência (Mendes et al., 2020). Envolvimento Parental na Adolescência A adolescência é um período sensível e crucial ao nível do desenvolvimento, no qual os adolescentes experienciam alterações significativas que vão desde as mudanças corporais até ao processamento da informação social (Maia & Pereira, 2021). Embora a adolescência seja uma fase de desenvolvimento com evidentes desafios emocionais e sociais associados à regulação das emoções e ao ajustamento psicológico, pouco se sabe, uma vez que a maioria dos estudos sobre a socialização das emoções e a regulação destas se foca maioritariamente na infância (Morris et al., 2007). Embora considerado um período de desenvolvimento em que os adolescentes se encontram menos dependentes dos seus pais e, consequentemente, o papel dos pares se torna cada vez mais significativo, os pais continuam a ser influentes nas suas vidas emocionais (Morris et al., 2007). A interação e o envolvimento diário por parte dos pais na vida dos filhos é traduzida como uma forma de socialização. Este envolvimento parental consiste em participar ativamente na vida dos filhos, comunicando os objetivos que planeiam que estes atinjam, bem como as aspirações e os valores que desejem que os filhos interiorizem. Estes objetivos e aspirações parentais, são melhor descritos como representações internas de estados desejados ou resultados que os pais têm para os seus filhos (Spera, 2005). Práticas Parentais A parentalidade (parenting) pode ser definida como uma atividade destinada a assegurar a sobrevivência e o desenvolvimento da criança. Deriva do verbo latino parere – “para trazer, desenvolver ou educar” (Hoghughi & Long, 2004, p.5). Atualmente, os processos parentais são definidos como atividades que visam especificamente promover o bem-estar da criança (Hoghughi & Long, 2004) num ambiente seguro (Reder et al., 2005) de modo a torná-la progressivamente mais autónoma (Maccoby, 2000). Adaptado por Hoghughi & Long (2004), o modelo integrativo da parentalidade é constituído por doze dimensões, sugerindo que a parentalidade possa ser subdividida em atividades parentais (i.g. elementos fundamentais para uma parentalidade suficientemente adequada), em áreas funcionais (i.g. principais aspetos do funcionamento da criança) e em pré-requisitos (i.g. conjunto de elementos específicos e necessários para o desenvolvimento da atividade parental). 8 Maccoby e Martin (1983), sugerem a existência de duas dimensões fundamentais quanto às práticas educativas parentais, uma dimensão relacionada com as atitudes coercitivas (i.g. controlo parental ou exigência), tais como a punição física e os gritos, e outra ligada a atitudes afetivas (i.g. apoio parental ou capacidade de resposta), como seja por exemplo mostrar desapontamento, orgulho e afeto. Por outro lado, Darling & Steinberg, (1993) fazem uma clara distinção entre práticas parentais e estilos parentais. Os estilos parentais são definidos pelos autores como o clima emocional em que os pais criam os filhos, sendo caracterizados por dimensões de capacidade de resposta e exigência dos pais. As práticas parentais são definidas como comportamentos específicos que os pais usam para socializar com os filhos, incentivando comportamentos que consideram ser adequados. Este processo de socialização tem influência direta no desenvolvimento de comportamentos e características na criança. Estes comportamentos parentais (ou práticas parentais) são descritos em função de duas dimensões: calor/cuidado e controlo/restritividade (Bornstein, 2002). Complementarmente, Belsky & Jaffee (2006), destacam alguns dos determinantes que parecem influenciar as práticas parentais, como fatores individuais dos pais (e.g. personalidade e psicopatologia), características individuais da criança (e.g. temperamento) e fatores socio- contextuais (e.g. rede de suporte social; comunidade em que o núcleo familiar está integrado; ocupação profissional). Como tal, os autores concluem que o funcionamento psicológico dos pais, que em parte surge como consequência da sua história desenvolvimental, tem influência direta no processo de parentalidade, que por sua vez afeta o desenvolvimento infantil. A Vergonha dos Adolescentes nas Práticas Parentais O ambiente familiar é um domínio a examinar quando se investiga a origem da vergonha (Ferguson & Stegge, 1995; Gilbert, 1998), tal como mencionado anteriormente, os genes podem desempenhar algum papel (indeterminado) na suscetibilidade do pensamento propenso à vergonha ou à culpa. Mas os pais podem também modelar tais emoções morais ou comportar- se de formas a que, repetidamente, induzem sentimentos de vergonha (Tangney, 2002; Tangney & Dearing, 2003). A rejeição por parte dos pais, incluindo as críticas excessivas e humilhação, podem levar a que os seus filhos adotem um estilo emocional de vergonha. Este comportamento de crítica, tende a focar-se na pessoa e não no comportamento, como quando, por exemplo, os pais verbalizam, “nem acredito como és estúpido”, o que consequentemente pode aumentar o sentimento de vergonha e diminuir a tendência para a culpabilidade. Em contraste, comportamentos calorosos e de apoio por parte dos pais podem encorajar o adolescente a sentir- 9 se culpado relativamente ao seu comportamento, mas não globaliza para todo o seu “eu” (Tangney, 2002). A indução da vergonha parental ocorre quando os pais incitam sentimentos de vergonha nos filhos, geralmente como parte do processo de socialização (Baumeister, 1998). Poderá ocorrer de uma forma mais intencional como componente do controlo psicológico, ou seja, quando os pais criticam os filhos como pessoas ou induzem sentimentos negativos sobre preferências pessoais e as suas identidades, ignorando os sentimentos e necessidades destes, levando assim à indução da vergonha (Rote & Smetana, 2017) associada, também, a interações parentais negativas (Rakow et al., 2009). No entanto, a indução da culpa parental muitas vezes produz na juventude sentimentos de culpa e vergonha mesmo quando realizada de uma forma benevolente, verificando-se uma variabilidade substancial nas reações emocionais dos adolescentes a tal paternidade (Rote & Smetana, 2017). Além disso, os autores defendem que que tanto a culpa como a vergonha são mais propensos a resultar em respostas negativas (e.g comportamentos hostis, quando os jovens culpam tais sentimentos por causa dos outros e não sobre si mesmos) (Muris & Meesters, 2014). Em particular, é possível que os jovens com sintomas de internalização possam ser mais propensos a não só sentir mais vergonha e culpa, como também perceber estas emoções como tendo sido “induzidas”. Na verdade, os jovens com sintomas de internalização são mais propensos a denunciar os seus pais como envolvidos no controlo psicológico (Scharf & Goldner, 2018), o que muitas vezes inclui sentirem-se ativamente “culpados” pelos pais (Barber et al., 2012). A investigação feita por Meesters et al. (2017) relativamente à relação entre as práticas parentais e as emoções autoconscientes de vergonha, em adolescentes dos 11 aos 18 anos de idade, concluiu que tanto o calor emocional como a rejeição parental estão significativamente associadas à vergonha. Mais especificamente, o calor emocional tanto da mãe como do pai explicaram significativamente a variância em todos os índices de vergonha. Contudo a rejeição pelo pai foi encontrada mais fortemente associada a várias dimensões de emoções autoconscientes ao contrário da rejeição materna. (Meesters et al., 2017). Objetivo e relevância A pertinência da presente investigação prende-se à carência de estudos anteriores que tenham analisado a associação entre as variáveis consideradas. Por esse motivo, a presente investigação tem como principal objetivo perceber as associações entre as práticas parentais e 12 cuidadores consideram também ter uma relação próxima com os seus filhos/as adolescentes (M = 4.40; DP = .905). Instrumentos Questionário Sociodemográfico O questionário sociodemográfico foi feito às figuras parentais, pai e mãe, sendo que ao adolescente só foi pedido o seu nome e turma para fazer corresponder as suas respostas às dos seus cuidadores. Às figuras parentais foi solicitado que respondessem de forma individual por cada filho adolescente. Desta forma, quer a mãe como o pai responderiam às mesmas questões, não só de si próprios, mas também relativamente à outra figura parental. Primeiramente pediu- se o nome, turma, sexo e idade do(a) filho(a) adolescente. De seguida as características principais dos cuidadores, tais como a idade, nacionalidade, habilitações académicas, estado civil e situação de emprego de ambos os pais. Foram também recolhidas informações sobre a composição do agregado familiar, designadamente se o adolescente é o primeiro filho assim como, o número de irmãos deste. Mais especificamente sobre o adolescente, foi pedido que indicassem a idade em que o adolescente entrou para a escola/creche, o número de horas que passa atualmente na escola e por fim como descreveriam a sua proximidade com o filho. Escala de Vergonha Externa e Vergonha Interna para Adolescentes (E.V.E.I- A) (Silva & Cunha, 2021) A escala da Vergonha Externa e Interna para Adolescentes é uma versão da escala EVEI (Ferreira et al., 2020) adaptada para adolescentes entre os 12 e os 19 anos (Silva & Cunha, 2021). A escala, divide-se em duas subdimensões da vergonha, a Vergonha Externa (e.g. “Os outros julgam-me e criticam-me”) e a Vergonha Interna (e.g. "Eu sou diferente e inferior aos outros"). A EVEI-A manteve os 8 itens da versão da escala para adultos, mas sofreu uma alteração para que a sua linguagem se encontrasse mais familiar para os adolescentes. Cada item é respondido segundo uma escala tipo Likert de 5 pontos. Assim, quanto maior a pontuação maior é a perceção de vivência de vergonha. A escala apresentou ter consistência interna global (α = .79), bem como nas duas subdimensões, Vergonha Externa (α = .75) Vergonha Interna (α = .79) (Silva & Cunha, 2019). No presente estudo, confirma-se a boa consistência interna global (α = .87), assim como uma boa consistência interna nas duas subdimensões, Vergonha Externa (α = .78) e Vergonha Interna (α = .77). 13 Modified Child- Rearing Report Questionnaire (CRPR-Q) (Ribeiro et al., 2021) O instrumento Child- Rearing Report Questionnaire (CRPR-Q) inicialmente de Block, (1965) e posteriormente modificado por (Rickel & Lawerence, 1979) com o objetivo de torná- lo menos demorado, reduzindo assim o número de fatores, encontra-se traduzido para a população portuguesa, tendo sido adaptado e validado por (Ribeiro et al., 2021). É composto por 36 itens sendo avaliado por uma escala tipo Likert, de seis pontos (sendo que 1 = discordo fortemente e 6 = concordo fortemente). Este questionário encontra-se dividido em duas dimensões: O fator de “restritividade”, que abrange 22 questões a avaliarem as práticas parentais que se regem por controlo em relação aos comportamentos e sentimentos das crianças, pelo endosso de regras, requisitos e restrições rigorosas, como por exemplo a forma como uma criança se comporta, ou o que deve sentir, não permitindo espontaneidade ou reflexão, e uma segunda dimensão, o fator de “nutrição/cuidado” que inclui 18 itens, e é alusiva à existência de flexibilidade das práticas parentais na educação dos seus filhos mostrando uma vontade dos pais de ouvir e partilhar sentimentos e experiências com estes, demonstrando feto, aceitação e recetividade às necessidades de seus filhos. Este instrumento apresentou boa consistência interna (α = .77). No presente estudo, confirma-se a consistência interna global (α = .90), assim como uma boa consistência interna das duas dimensões, restritividade (α = .82) e cuidado (α = .94). Procedimento de Recolha de Dados Num primeiro momento pediu-se autorização aos autores para a utilização das escalas neste estudo. De seguida, e devido também ao momento vivido com a pandemia, que dificultou a presença nas escolas, decidiu-se fazer os contactos às diversas escolas secundárias via email. O email continha o objetivo do presente estudo, o procedimento necessário, assim como os links de acesso aos questionários (Anexo A). Concomitantemente foi pedido que fosse reencaminhado o mesmo email para todos os encarregados de educação, e adolescentes dentro da faixa etária pretendida. Os links de acesso aos questionários online através da plataforma Qualtrics, integravam o consentimento informado (para os cuidadores e adolescentes), uma autorização para a participação do filho/a e os respetivos questionários. O método de amostragem aplicado é não probabilístico, uma vez que a recolha de dados foi realizada por conveniência, de acordo com a disponibilidade do acesso às escolas privadas para este estudo e do acesso à internet por parte dos participantes. Como critério de inclusão, 14 teve-se em conta: (a) adolescentes que frequentassem desde o 7º ano até ao 1º ano de licenciatura e (b) pais e adolescentes fluentes na língua portuguesa, excluindo desta forma todos os adolescentes que tivessem menos de 12 e mais de 19 anos de idade. Tratamento Estatístico dos Dados Os procedimentos estatísticos foram realizados através do programa de análise estatística Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Para a caracterização e descrição da amostra, mais especificamente das Práticas Parentais, da Vergonha Total, Vergonha Externa e Interna, e ao nível sociodemográfico foram utilizou-se a análise de estatística descritiva (e.g. médias, desvios-padrão, valores de frequencia e percentagens). Utilizou-se ainda o teste T- Student para comparar dois grupos independentes, especificamente analisar as diferenças de sexo e de idade dos participantes adolescentes. Para melhor potenciar os nossos resultados associados às díades figura de vinculação – adolescente procedemos à junção na base de dados das respostas dos pais e das mães, considerando assim as respostas dos dois, como sendo do cuidador. Para analisar a relação entre as práticas parentais e a vergonha dos adolescentes controlando o sexo e a idade foram utilizadas correlações parciais à amostra global, bem como à amostra de rapazes e raparigas. Não obstante o teste Shapiro-Wilk indica que a totalidade das variáveis em estudo não seguia uma distribuição normal (p < 0.05). 17 Análise das Correlações entre as Variáveis Na tabela 6 são apresentados os coeficientes de correlações parciais entre as variáveis em estudo, a vergonha, e as suas duas subdimensões (vergonha interna e externa) e as práticas parentais (restritividade e cuidado). Tabela 6 Correlações parciais, entre as variáveis em estudo (amostra: total), controlando o sexo e idade 1 2 3 4 5 1.Vergonha Total - 2.Vergonha interna ,944** - 3.Vergonha externa ,950** ,792** - 4.Restritividade ,298* ,288* ,277* - 5.Cuidado ,041 ,058 ,021 ,355** - **. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). *. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed). Verifica-se na Tabela 6, que a restritividade se encontra associada de forma significativa e positiva com a dimensão da vergonha total (r = 0.298, p < 0.026) e das subdimensões, vergonha interna (r = 0.288, p < 0.031) e vergonha externa (r = 0.277, p < 0.039). Contudo, não se conseguiu verificar associações significativas entre a dimensão cuidado e as dimensões vergonha total (r = 0.041, p > 0.762) e subdimensões, vergonha interna (r = 0.058, p > 0.671) e vergonha externa (r = 0.021, p > 0.876). 18 Tabela 7 Correlações parciais (só raparigas) 1 2 3 4 5 1.Vergonha Total - 2.Vergonha interna ,972** - 3.Vergonha externa ,968** ,883** - 4.Restritividade ,052 ,110 -,014 - 5.Cuidado -,415* -,434* -,369 -,006 - **. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). *. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed). Tabela 8 Correlações parciais (só rapazes) 1 2 3 4 5 1.Vergonha Total - 2.Vergonha interna ,925** - 3.Vergonha externa ,946** ,751** - 4.Restritividade ,444** ,395* ,434** - 5.Cuidado ,321 ,354* ,255 ,433** - **. Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). *. Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed). A partir da tabela 7 e da tabela 8, pode verificar-se que na utilização de correlações parciais diferenciando os sexos, e controlando a idade, as raparigas demonstram associações significativas negativas entre a dimensão cuidado e a vergonha total (r = -0.415, p < 0.044) e a sua subdimensão, vergonha interna (r =-0.434, p < 0.034). Por outro lado, os rapazes demonstram associações significativas e positivas entre a dimensão cuidado e a subdimensão vergonha interna, (r = 0.354, p < 0.047) mas também, com a dimensão restritividade e a vergonha total (r = 0.444, p < 0.011) e as suas subdimensões, vergonha interna (r = 0.395, p < 0.025) e vergonha externa (r = 0.434, p < 0.013). 19 IV. Discussão Apesar da literatura referenciar estudos que relacionem comportamentos parentais e o desenvolvimento das emoções autoconscientes na infância, existe uma carência de investigação empírica que relacione diretamente as práticas parentais (cuidado; restritividade) e as emoções autoconscientes, mais especificamente a vergonha. Por esse motivo tornou-se relevante colocar a hipótese de uma possível existência de associação entre as Práticas Parentais e a Vergonha na Adolescência. Considerando o objetivo principal do estudo, os resultados apontaram para uma associação entre a restritividade e a vergonha total, vergonha interna e vergonha externa nos adolescentes, não se verificando estas associações entre o cuidado e a vergonha como seria esperado. É também preciso ter em consideração que, nesta amostra global (controlando as variáveis sexo e idade), os valores nas variáveis da vergonha não foram particularmente elevados (médias < 2.5, numa escala de 1 a 5). Assim, os resultados estão parcialmente em consonância com recentes investigações que têm vindo a abordar o conceito de comportamento parentais e a vergonha em adolescentes. Meesters et al. (2017) demonstrou que a rejeição e o calor emocional por parte dos pais (mãe e pai) são responsáveis de forma significativa pela vergonha em adolescentes com idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos. Destaca-se ainda que, as práticas parentais negativas como a rejeição se encontram de forma significativa e positiva relacionadas com as emoções autoconscientes (Meesters et al., 2017; Stuewig & McCloskey, 2005). A variabilidade reduzida dos valores (já baixos de base) nas variáveis associadas à vergonha dos adolescentes, na amostra, pode ter limitado o efeito esperado da variável cuidado, não se tendo verificado (como seria esperado), uma associação nem negativa, nem significativa. Ainda assim, esta associação encontrada entre a restritividade e a vergonha total, vergonha interna e vergonha externa, são resultados a ter em consideração, que demonstram o peso que, o uso de desaprovação verbal, hostilidade e desprezo, por parte das figuras parentais poderá ter nos seus filhos. Estas práticas parentais negativas podem transmitir desta forma ao adolescente uma mensagem de incumprimento face as expectativas dos pais. Verificando-se um efeito da variável sexo, optou-se por selecionar e analisar os rapazes e as raparigas em separado. O mesmo racional feito para os resultados anteriores, parece poder-se aplicar quando se olha apenas para os rapazes, controlando o efeito da idade. Assim, relativamente à primeira (a) e segunda hipótese (b) colocadas neste estudo, verificou-se que existe uma associação significativa e positiva entre a dimensão restritividade e a vergonha total e as suas subdimensões, a vergonha interna e a vergonha externa, bem como, uma associação 22 2011), diminuindo cada vez mais esse controlo parental com o aumento da idade (Mastrotheodoros et al., 2019). Como limitações deste estudo, destaca-se a necessidade de cuidado na consideração dos resultados, devido à dimensão limitada da amostra, mas também, por ser uma amostra por conveniência não sendo possível, como tal, a generalização das conclusões do estudo para toda a população. Ao nível do instrumento EVEI-A que avaliou a vergonha, este é composto por oito questões, o que poderá ser um número reduzido apesar da sua consistência interna. Devido à situação pandémica, e por uma questão de acessibilidade, o questionário foi realizado online, podendo ter dificultado o número de díades pais-filhos, bem como o esclarecimento de dúvidas. A importância do envolvimento parental como agentes de socialização emocional, e a relevância das próprias emoções dos pais, devem ser consideradas em investigações futuras, uma vez que, estes são os primeiros agentes de socialização, assim como, os primeiros com quem os adolescentes vivenciam emoções. Portanto, a relação entre as práticas parentais e as emoções devem ser examinadas não só na perspetiva do adolescente, mas também na perspetiva dos pais (mãe e pai), pares e professores utilizando medidas não só de autorrelato, mas também observacionais. Sugere-se assim para estudos futuros, a necessidade de mais investigação transversal, assim como longitudinal, para que se possa apresentar uma perspetiva desenvolvimental, mas também, contribuir para uma melhor compreensão dos diversos fatores/causas que levam ao desenvolvimento das emoções autoconscientes negativas como a vergonha na adolescência. 23 Referências Barber, B. K., Xia, M., Olsen, J. A., McNeely, C. A., & Bose, K. (2012). Feeling disrespected by parents: Refining the measurement and understanding of psychological control. In Journal of Adolescence (Vol. 35, Issue 2, pp. 273–287). Elsevier Science. https://doi.org/10.1016/j.adolescence.2011.10.010 Baumeister, R. F. (1998). Inducing guilt. In Guilt and children. (pp. 127–138). Academic Press. https://doi.org/10.1016/B978-012148610-5/50007-2 Behrendt, H., & Ben-Ari, R. (2012). The positive side of negative emotion: The role of guilt and shame in coping with interpersonal conflict. 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(2- tailed) Diferença das médias Diferença dos Erros Padrão 95% Intervalo de confiança da Diferença Lower Upper Vergonha Total Homogeneidade assumida 1,029 ,312 -3,400 158 ,001 -,388 ,114 -,614 -,163 Homogeneidade não assumida -3,409 157,519 ,001 -,388 ,114 -,613 -,163 Vergonha interna Homogeneidade assumida 3,035 ,083 -3,423 158 ,001 -,428 ,125 -,675 -,181 Homogeneidade não assumida -3,440 155,102 ,001 -,428 ,124 -,674 -,182 Vergonha externa Homogeneidade assumida ,209 ,648 -2,963 158 ,004 -,348 ,118 -,581 -,116 Homogeneidade não assumida -2,962 157,441 ,004 -,348 ,118 -,581 -,116 33 Restritividade Homogeneidade assumida 6,971 ,010 -1,581 103 ,117 -,222 ,140 -,500 ,056 Homogeneidade não assumida -1,665 103,000 ,099 -,222 ,133 -,486 ,042 Cuidado Homogeneidade assumida 10,400 ,002 -1,365 103 ,175 -,198 ,145 -,485 ,090 Homogeneidade não assumida -1,439 102,999 ,153 -,198 ,137 -,471 ,075 Tabela 4: Valores médios para cada variável em estudo na amostra global em função da idade (13-15 anos vs. 16-18 anos) Idade da criança N Média Média Erro Padrão Vergonha Total < 16 32 1,988 ,138 >= 16 26 2,289 ,129 Vergonha interna < 16 32 1,852 ,134 >= 16 26 2,212 ,145 Vergonha externa < 16 32 2,125 ,155 >= 16 26 2,365 ,129 Restritividade < 16 47 3,664 ,103 >= 16 47 3,340 ,112 Cuidado < 16 47 5,251 ,092 >= 16 47 5,006 ,121 34 Tabela 5: Valores do teste t-student para cada variável em estudo na amostra global em função da idade (13-15 anos vs. 16-18 anos) Teste para amostras independentes Teste de Levene para Homogeneidade de variâncias Teste t para semelhança entre médias F Sig. t gl Sig. (2- tailed) Diferença das Médias Diferença Erros de Padrão 95% Intervalo de confiança para as diferenças Lower Upper Vergonha Total Homogeneidade assumida ,047 ,829 -1,562 56 ,124 -,300 ,192 -,685 ,085 Homogeneidade não assumida -1,591 55,928 ,117 -,300 ,189 -,678 ,078 Vergonha interna Homogeneidade assumida ,026 ,873 -1,823 56 ,074 -,360 ,197 -,756 ,036 Homogeneidade não assumida -1,828 54,122 ,073 -,360 ,197 -,755 ,035 Vergonha externa Homogeneidade assumida ,932 ,338 -1,159 56 ,251 -,240 ,207 -,656 ,175 Homogeneidade não assumida -1,194 55,688 ,237 -,240 ,201 -,644 ,163 Restritividade Homogeneidade assumida 1,261 ,264 2,132 92 ,036 ,324 ,152 ,022 ,626 Homogeneidade não assumida 2,132 91,297 ,036 ,324 ,152 ,022 ,626 Cuidado Homogeneidade assumida 5,684 ,019 1,609 92 ,111 ,245 ,152 -,057 ,547 Homogeneidade não assumida 1,609 85,950 ,111 ,245 ,152 -,058 ,547
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