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Guias e Dicas
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Teste Farsa de Inês Pereira, Exercícios de Português (Gramática - Literatura)

Teste sobre a obra de Gil Vicente

Tipologia: Exercícios

2021
Em oferta
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Compartilhado em 20/03/2021

Rita.Samorinha
Rita.Samorinha 🇵🇹

4.7

(4)

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Baixe Teste Farsa de Inês Pereira e outras Exercícios em PDF para Português (Gramática - Literatura), somente na Docsity! Teste Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente (Sequência 4) Teste de avaliação sumativa (Ver nota no final) GRUPO I A Lê o texto. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado. Inês Jesu, Jesu! Manas minhas!1 Sois vós aquele que um dia em casa de minha tia me mandastes camarinhas2, 5 e quando aprendia a lavrar mandáveis-me tanta cousinha? Eu era ainda Inêsinha3 não vos queria falar. Erm. Señora, tengoos servido, 10 y vos a mi despreciado; hazed que el tiempo pasado no se cuente por perdido. Inês Padre, mui bem vos entendo… Ò demo que vos eu encomendo, 15 que bem sabeis vós pedir! Eu determino lá d'ir à ermida, Deos querendo. Erm. E quando? Inês I-vos, meu santo, 20 que eu irei um dia destes muito cedo, muito prestes. Erm. Señora, yo me voy en tanto. [Inês Pereira torna para Pero Marques] Inês Em tudo é boa a concrusão. 25 Marido, aquele ermitão é um anjinho de Deos… Pero Corregê-vos esses véos 1 A dupla exclamação mostra que Inês ficou feliz ao reconhecer o Ermitão; 2 frutos da camarinheira; 3 eu era ainda muito nova; 1 ©Edições ASA  2015  Entre Palavras 10  António Vilas-Boas e Manuel Vieira Teste Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente (Sequência 4) e ponde-vos em feição4. Inês Sabeis vós o que eu queria? 30 Pero Que quereis, minha mulher? Inês Que houvésseis por prazer de irmos lá em romaria. Pero Seja logo sem deter. Inês Este caminho é comprido… 35 Contai ũa estória, marido. Pero Bofá5 que me praz,6 mulher. Inês Passemos primeiro o rio. Descalçai-vos. Pero E pois7 como? 40 Inês E levar-me-eis no ombro, não me corte a madre o frio8. Põe-se Inês Pereira às costas do marido, e diz: Inês Marido, assi me levade. Pero Ides à vossa vontade? 45 Inês Como estar no Paraíso! Pero Muito folgo eu com isso. Inês Esperade, ora esperade! Olhai que lousas9 aquelas, pera poer as talhas nelas! 50 Pero Quereis que as leve? Inês Si. Ũa aqui e outra aqui. Oh como folgo com elas! Cantemos, marido, quereis? 55 Pero Eu não saberei entoar… Inês Pois eu hei de só de cantar e vós me respondereis cada vez que eu acabar: «pois assi se fazem as cousas». 60 Canta Inês Pereira: Inês Marido cuco10 me levades 4 Pero Marques repara que as roupas da mulher estão desarranjadas e diz-lhe para se arranjar; 5 interjeição: verdadeiramente; 6 me agrada; 7 depois; 8 de modo a que a água fria do rio não me enregele; 9 pedras achatadas e compridas sobre as quais se colocavam as «talhas», grandes recipientes de barro para guardar vinho ou azeite; 10 na cultura popular, tal como o «cervo» e o «gamo», o «cuco» significa o marido traído; 2 ©Edições ASA  2015  Entre Palavras 10  António Vilas-Boas e Manuel Vieira Teste Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente (Sequência 4) Em Portugal o humor, como representação da crítica moral e social, teve a sua expressão mais comum através da palavra escrita, quer sob a forma das cantigas de escárnio e maldizer quer sob a forma de teatro que Gil Vicente tão acutilantemente1 revelou. A Inquisição2 surgiu como censora da liberdade de expressão remetendo o riso e a ironia para a representação iconográfica3 nas artes populares. Como menciona Osvaldo de Sousa, o humor, expresso através do desenho associado à palavra impressa, é referido em Portugal já nos séculos XVII e XVIII (sobretudo de origem estrangeira) mas com maior incidência no século XIX, no contexto da Guerra Peninsular 4. No entanto, só em meados desse século é que emerge, com regularidade, na imprensa a publicação de caricaturas e desenhos satíricos produzidos por autores portugueses que refletem a política nacional ou a crítica de costumes. Este tipo de humor passa a funcionar como uma forma de oposição ao poder instituído. Nas décadas de 60 e 70 do século XIX, nomes como Manuel Macedo, Manuel Maria Bordalo Pinheiro e sobretudo Raphael Bordalo Pinheiro, inseridos na corrente naturalista, irão marcar uma nova visão da caricatura e do humor em Portugal. A publicação dos seus trabalhos, bem como de outros artistas, era divulgada através de periódicos como A Berlinda, O Binóculo, O Sorvete, O Charivari ou o Pontos nos ii, entre outros. Dos temas tratados, com mais ironia, destacava-se a política monárquica, denotando-se a tendência republicana de muitos caricaturistas que se acentuará no final desse século. A implantação da República e os tempos conturbados que se lhe seguiram, assim como o facto de aquela não ser afinal a derradeira solução para o país, tornaram-na alvo da sátira e da pena dos humoristas. A partir de 1926, o Estado Novo5 veio refrear a crítica política, condicionando os caricaturistas a abordarem sobretudo temas de crítica social e de costumes. Apesar dos constrangimentos da censura, é por essa altura que surge, no contexto das publicações humorísticas de caráter periódico, um dos jornais de referência da ironia em Portugal no século XX, o Sempre fixe, publicado até 1962. Os seus colaboradores zombavam dos acontecimentos ou astutamente tratavam os temas políticos. A par deste tipo de publicações, diários e semanários de outra índole contavam também com o trabalho de caricaturistas. Para além destes, surgiram jornais associados a instituições que, muitas vezes produzidos de forma quase artesanal, refletiam a atualidade da organização que os editava. Como exemplo, podem referir-se os inúmeros “jornais de caserna 6” que durante o século XX foram sendo editados nas unidades, quer no continente quer no ultramar, os quais tiveram uma larga divulgação durante o período da Guerra Colonial7. Embora não se tratassem de publicações de caráter cómico, muitos eram os humoristas que, estando a prestar o serviço militar, colaboravam com os seus trabalhos nestas edições, ironizando as situações vividas na guerra e nos quartéis. “O humor no Jornal do Exército 1961-1974” resultou de um desafio lançado a dois jovens soldados com o objetivo de pesquisarem, selecionarem e exporem caricaturas e cartoons que ao longo do período em apreço pudessem caracterizar a expressão desta arte gráfica no âmbito da sátira, da ironia, da irreverência, ou da crítica social que, entre outros aspetos, 5 ©Edições ASA  2015  Entre Palavras 10  António Vilas-Boas e Manuel Vieira 40 Teste Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente (Sequência 4) refletissem o dia a dia de um meio profissional que, particularmente no período em causa, atravessava e participava na designada Guerra Colonial/Guerra do Ultramar. http://www.exercito.pt/sites/MusMilPORTO/Actividades/Paginas/4297.aspx. (Texto adaptado, consultado em janeiro de 2016) ______________________ 1 tão acutilantemente – tão bem; 2 Inquisição – tribunal de natureza religiosa, fortemente repressivo; 3 representação iconográfica – representação em imagens; 4 Guerra Peninsular – a guerra entre os exércitos de Napoleão e os de Inglaterra, Portugal ou Espanha (1807-1814); 5 Estado Novo – regime político ditatorial que vigorou em Portugal entre 1933 e 1974; 5 caserna – quartel; 6 Guerra Colonial – guerra travada por Portugal em algumas das suas antigas colónias (1961 – 1974). 1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.7, seleciona a opção que permite obter uma afirmação correta. 1.1 Este texto tem como função principal (A) traçar a história do humor em Portugal. (B) apresentar os principais humoristas militares portugueses. (C) apresentar a história do humor em geral em Portugal e no exército português em particular. (D) indicar o contexto cultural de uma pesquisa efetuada por alguns soldados portugueses relativa ao humor no exército português. 1.2 A censura da Inquisição sobre formas de humor em Portugal exerceu-se principalmente sobre (A) as imagens. (B) a palavra escrita. (C) a palavra dita. (D) as artes populares. 1.3 Em meados do século XIX, o humor, em Portugal, assume forma (A) oral. (B) escrita. (C) iconográfica. (D) religiosa. 1.4 Em meados do século XIX, o humor, em Portugal, debruça-se principalmente sobre temas (A) religiosos. (B) políticos. (C) artísticos. (D) sociais. 1.5 Durante os anos que se seguiram à implantação da República, o humor satírico desenvolveu-se com base (A) numa desilusão. 6 ©Edições ASA  2015  Entre Palavras 10  António Vilas-Boas e Manuel Vieira Teste Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente (Sequência 4) (B) numa oposição de ideias. (C) numa ilusão. (D) numa discrepância. 1.6 O Estado Novo procurou reprimir a crítica de natureza (A) social. (B) religiosa. (C) de costumes. (D) política. 1.7 «O humor no Jornal do Exército 1961-1964» é uma iniciativa cujo objetivo principal é (A) uma pesquisa de documentação humorística. (B) uma seleção de documentação humorística. (C) uma apresentação de documentação humorística. (D) uma exposição de documentação humorística. 2. Responde, de forma correta aos itens apresentados. 2.1 O étimo latino UNITATE- deu origem à palavra «unidade». Indica o processo fonológico presente na evolução de /t/ (no étimo latino) para /d/ (na palavra portuguesa). 2.2 Refere a função sintática de «o humor» (linha 6). 2.3 Classifica a última oração iniciada pela palavra «que» presente no texto. GRUPO III ALTERNATIVA I Escreve um texto no qual aprecies criticamente um livro recentemente lido ou um filme visto há pouco. O teu texto deve ter um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras. ALTERNATIVA II Escreve uma síntese do texto do Grupo II que tenha cerca de um quarto das suas palavras. 7 ©Edições ASA  2015  Entre Palavras 10  António Vilas-Boas e Manuel Vieira
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