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Guias e Dicas
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Em Defesa da Comida: Um Manifesto por Michael Pollan, Provas de Diagnóstico

Michael pollan, jornalista e autor, critica a dieta ocidental industrializada e defende a importância da comida e da alimentação na obra 'em defesa da comida'. Neste livro, pollan explora os efeitos do conhecimento reducionista na cadeia alimentar e oferece recomendações para se alimentar de maneira saudável dentro do sistema atual.

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Wanderlei
Wanderlei 🇧🇷

4.5

(131)

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Baixe Em Defesa da Comida: Um Manifesto por Michael Pollan e outras Provas em PDF para Diagnóstico, somente na Docsity! Ambiente & Sociedade ■ Campinas v. XII, n. 1 ■ p. 203-206 ■ jan.-jun. 2009 RESENHA/BOOK REVIEW *Em defesa da comida. Michael Pollan. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2008 1Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política na Universidade Federal de Santa Catarina e Bolsista do CNPq e Membro do Núcleo Interdisciplinar em Sustentabilidade e Redes Agroalimentares (NISRA) 2Graduanda em Ciências Sociais na UFSC, Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq) da Dra. Julia S. Guivant e Membro do NISRA Autor para correspondência: André Luiz Bianco, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal de Santa Catarina e Bolsista do CNPq e Membro do Núcleo Interdisciplinar em Sustentabilidade e Redes Agroalimentares (NISRA), e-mail: amdreluiz@gmail.com Recebido: 19/3/2009. Aceito: 28/3/2009. Superalimentados, mas subnutridos – um diagnóstico do sistema alimentar industrial* André Luiz BiAnCO1 AnA CArOLinA riBEirO LOBO dE CASSiAnO2 Os produtos alimentares têm se multiplicado nas prateleiras dos supermercados mais rapidamente do que nunca. Apesar do intenso fluxo de informação proveniente de cientistas e marqueteiros da alimentação, jornalistas e diretrizes alimentares do governo, as pessoas parecem cada vez menos capazes de responder à simples pergunta: “O que devo comer?”. Em meio à proliferação crescente de livros que procuram recomendar “A” dieta para se viver mais, para se ter mais beleza, para se ser sempre magro, e muitas outras promessas, destaca-se o lançamento do livro “Em defesa da comida: um manifesto” (Rio de Janeiro, Ed. Intrínseca, 2008, p. 272), do jornalista Michael Pollan. Este livro não foge da pergunta sobre o que devemos comer, mas, ao mesmo tempo, faz um diagnóstico preciso e bem documentado dos motivos que nos levaram a essa condição de desorientação. Assim, a contribuição de Pollan navega entre orientações práticas, jornalismo documental e também contribui com informações preciosas para áreas acadêmicas. A obra objetiva fazer uma crítica à dieta ocidental (alimentação industrializada), que minou a cultura alimentar americana, substituindo durante o século XX a “comida de verdade” por “produtos alimentares”. Isto inclui a sugestão de uma percepção mais abrangente da saúde e da sua relação com a alimentação e com o ambiente. Tal temática já havia sido trabalhada pelo autor no livro “O Dilema do Onívoro” (Rio de Janeiro, Ed. Intrínseca, 2007, p. 480), considerado um dos 10 melhores do ano de 2006 pelo jornal The New York Times. Neste trabalho, resultado de cinco anos de pesquisa, Pollan analisou três 204 Bianco e Cassiano Ambiente & Sociedade ■ Campinas v. XII, n. 1 ■ p. 203-206 ■ jan.-jun. 2009 cadeias alimentares: a industrial, a orgânica e aquela associada à caça e à coleta. O trabalho consistiu em esmiuçar como surgiram e como se dá o funcionamento de cada uma dessas cadeias. Enquanto “O Dilema do Onívoro” foca a questão da produção alimentar, “Em Defesa da Comida” explora os efeitos do conhecimento científico reducionista em toda a cadeia alimentar, porém com uma interface direcionada à prática de consumo. No livro “Em Defesa da Comida”, sua posição é evidente já no subtítulo do livro: um manifesto (no original: An eater’s manifesto). Seu objetivo principal é defender a comida e a alimentação da ciência da nutrição, da indústria alimentícia e do jornalismo (intermediário entre os cientistas e o público), e a sua argumentação é conduzida neste sentido: nas duas primeiras partes do livro, ele nos apresenta um diagnóstico do sistema alimentar ocidental atual e, na terceira, dá suas recomendações de como podemos nos alimentar da melhor forma possível dentro deste sistema – ou fugindo o máximo que podemos dele. Esse sistema alimentar foi construído no século XX com base em uma ideologia do nutricionismo (p. 15), defendida pela indústria alimentar, que conseguiu ter poder e influência para gerar consenso em torno de três mitos: 1) o mais importante não é o alimento, mas sim o nutriente; 2) por ser este invisível e incompreensível, precisamos de especialistas para decidir o que comer; e 3) o objetivo da alimentação é promover a saúde física. A primeira parte do livro, intitulada “a era do nutricionismo”, visa entender como se chegou ao estado atual de confusão e ansiedade nutricional. Para isso, Pollan retoma o surgimento da ciência da nutrição. Desde o século XIX, a ciência procurou determinar os componentes fundamentais dos alimentos (macronutrientes: proteínas, gorduras e carboidratos) e, a partir do início do XX, passou a pesquisar os micronutrientes (vitaminas). Essas descobertas possibilitaram a cura quase imediata de doenças como escorbuto e beri- béri, legitimando a então incipiente ciência nutricional. A partir dos anos 1950, difundiu-se a “hipótese lipídica” – isto é, a gordura e o colesterol oriundos principalmente de carnes e laticínios são responsáveis pelo aumento de doenças do coração –, que passou a influenciar decisões políticas. Pollan demonstra isso exemplificando o que aconteceu na Comissão Superior do Senado dos EUA para Nutrição e Necessidades Humanas. A Comissão organizou um documento contendo recomendações alimentares que foram orientadas por essa hipótese, mas ele teve que ser reformulado às pressas por conta de lobbies de indústrias de carne e laticínios que não gostaram do conteúdo. Substituiu-se a recomendação “reduza o consumo de carne” por “escolha carnes que reduzam o consumo de gorduras saturadas”. O efeito mais importante disso foi a mudança na linguagem: deixou-se de falar em alimentos e passou-se a falar em nutrientes. A “língua alimentar oficial” – falada em termos como poliinsaturado, colesterol, monoinsaturado, carboidrato, fibra, polifenóis, aminoácidos, flavonóis, etc. – logo passou a fazer parte “do espaço cultural previamente ocupado pelo material tangível, antes conhecido como comida” (p. 33). O reflexo do nutricionismo no mercado é a eliminação da distinção entre natural e processado: mesmo um alimento altamente processado pode ser considerado “mais saudável” se possuir as quantidades apropriadas de nutrientes. O princípio nutricionista operacional é a capacidade científica de determinar a equivalência nutricional entre quaisquer alimentos, assim tornando-os substituíveis. Enquanto os alimentos naturais sobem e descem de acordo
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