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Vacinas de RNA (Thaís Souza), Resumos de Biologia

Se trata de um texto de própria autoria sobre vacinas de RNA.

Tipologia: Resumos

2021

Compartilhado em 10/09/2022

thais-paiva-1
thais-paiva-1 🇧🇷

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Pré-visualização parcial do texto

Baixe Vacinas de RNA (Thaís Souza) e outras Resumos em PDF para Biologia, somente na Docsity! Queria começar esse texto dizendo que é preciso ter um certo cuidado em se pensar que os médicos são todos cientistas. Isso não é verdade. Muitos o são e fazem sérias pesquisas clínicas baseadas em evidências científicas, porém, vimos com essa pandemia que, infelizmente eles não são a maioria. Mesmo estudando em uma boa Universidade, não sabem realmente os conceitos reais da Bioética muito menos da Metodologia científica. E não é preciso ter mestrado ou doutorado para se fazer pesquisa clínica baseada em evidências. Pois bem, é preciso fazer uma série de observações sobre as afirmações do médico em questão. Fui fazer uma pesquisa sobre seu currículo Lattes e infelizmente não achei. Confesso que é bem intrigante um cientista sem Lattes. Ao procurar sobre sua formação, vi que se trata de um cardiologista. Gostaria muito de ver em seu currículo sobre sua formação e especialização em saúde pública e desenvolvimento de vacinas, bem como seus conhecimentos básicos em Virologia e Biologia Molecular, mas como já disse, ele não tem Lattes. Também achei diversas recomendações em vídeos na internet do médico em questão sobre uso de medicamentos para o tratamento da Covid-19. Medicamentos esses já bem elucidados hoje pela ciência, não serem eficazes no tratamento da Covid-19. Mas esse não é o intuito aqui. Bom, ele começa dizendo que é necessário se fazer o uso responsável das vacinas e da importância de a sociedade ter o conhecimento sobre os mecanismos de ação, desenvolvimento e segurança das mesmas. Concordo plenamente, desde que se procure um especialista na área de produção e desenvolvimento de vacinas. Ele começa apresentando dados atuais da taxa de letalidade da Covid-19 no estado do Espírito Santo (2,1%), e claro, ele só não menciona que esse valor no meio do ano passado era praticamente o dobro. Porém, ele apresenta os baixos valores de taxa de mortalidade nas faixas de 0-9 anos e diz que nesse mês de outubro de 2021 não houve nenhum registro de óbito na faixa etária entre 5-9 anos. Ao dar uma passada de “olho” nos dados do final do ano passado para o início desse ano vi pelo menos 12 mortes nessa mesma faixa etária em menos de dois meses. Só no ano passado, foram registrados 1.207 óbitos nessa faixa etária (< 18 anos), sendo 110 entre recém-nascidos com menos de 28 dias de vida. Desde julho de 2021, os casos pediátricos de Covid-19 aumentaram cerca de 240% nos EUA. Mas, infelizmente, esses dados pra ele não devem contar. Diante disso, é importante ressaltar que os dados deveriam ser analisados desde o começo da pandemia, e não somente os dados do mês atual. A seguir ele diz, baseado somente nos dados atuais e do estado do Espírito Santo, que a vacina não deveria ser aplicada em faixas etárias menores, visto seus baixos valores de letalidade. E ainda pergunta qual seria o benefício que essa vacina apresentaria nessa faixa etária. Depois ele diz que o mesmo se aplicaria a outras faixas (até 30 anos), apresentando também baixos valores de taxa de letalidade, e mais uma vez não apresenta os dados anteriores. Bem, já deu pra notar que ele realmente não entende do efeito protetivo coletivo que a vacinação em massa da população trás. Também não sabe que, mesmo as faixas etárias menores apresentando baixa taxa de letalidade, as crianças são as principais transmissoras da doença e que se não vacinadas, vão continuar transmitindo e consequentemente, o vírus permanecerá em circulação bom um longo tempo. Pensando nessa mesma lógica apresentada por esse médico, por que então deveríamos imunizar nossas crianças com vacinas como a da poliomielite (paralisia infantil) ou tuberculose (BCG)? Desde 2010, o número anual de óbitos por Tuberculose no Brasil apresenta coeficiente de mortalidade, de 2,3 a 2,2 óbitos por 100 mil habitantes. O último caso de Poliomielite doença no Brasil ocorreu em 1989, segundo a sociedade brasileira de imunizações (2018/2019). Óbvio que esse argumento não faz o menor sentido. E é exatamente por causa da imunização de crianças, que um dia se tornarão adultos, que os índices de mortalidade dessas doenças são baixos. Mas ainda não acabou! Agora o médico em questão, com a propriedade de um engenheiro genético, nos dá uma “aula” sobre o funcionamento de cada vacina disponível atualmente para a Covid-19! Ele começa falando de forma bem simples, sobre a Coronavac (imunizante produzido pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac Biotech), que ele diz ser de “fato uma vacina de verdade”. Mas ele diz também que o mecanismo utilizando para o desenvolvimento da Coronavac é o único que nós conhecemos até hoje. O que de fato, não é verdade. Muitas vacinas produzidas pelo Instituto Butantan são produzidas a partir da tecnologia do DNA recombinante, por Engenharia Genética, como a vacina do HPV, por exemplo. Imunizante esse utilizado em campanhas do SUS para a faixa etária de 11-14 anos. reversa que converterá o RNA, agora em DNA e este último será “introduzido” no nosso material genético. Pois bem! A transcriptase reversa é uma enzima que produz uma molécula de DNA tendo como molde uma molécula de RNA, presente em alguns vírus, como o vírus da imunodeficiência humana (HIV), que tem como material genético o RNA. Se é o próprio vírus que carrega e que possui a uma transcriptase reversa, como que a vacina de RNA somente, terá a transcriptase reversa? Novamente, dá pra perceber que ele não entende do assunto, explicando de forma errônea, e ainda de forma maldosa dizendo que existem doenças que trabalham com esse “mesmo tipo de mecanismo”, como HIV e hepatite B. Mas uma vez, as vacinas de RNA não trabalham com o organismo viral completo, somente com a molécula de RNA, então não existe essa possibilidade que ele destaca do mecanismo da transcriptase reversa. Ele termina o vídeo justificando que não haveria benefícios em se vacinar tal faixa etária (<18 anos), e que nem os fabricantes recomendam a vacinação dessa faixa etária, pois não existem estudo em tais faixas etárias, o que novamente não é verídico, pois a Pfizer já possui dados suficientes para aprovação nessa faixa etária, e os já enviou à FDA (agência reguladora dos EUA), bem como a Sinovac Biotech (Coronavac) iniciará os testes em crianças a partir dos seis meses de idade ainda este ano. Diante de tudo isso, é preciso refletir sobre a conduta de profissionais, geralmente associados a política, que produzem vídeos e conteúdo da internet, muitas vezes duvidosos. Na dúvida, não compartilhe, ou pelo menos procure um profissional que seja especialista no assunto em questão e que saiba separar o que é ciência, do que é política! Thaís Paiva Porto de Souza Dra. em Biotecnologia. Referências: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/1384989/ https://www.ufsm.br/midias/arco/vacinas-rna-contra-covid-19/ https://www.pfizer.com.br/noticias/ultimas-noticias%20/vacina-de-rna- mensageiro https://butantan.gov.br/pesquisa/ensaios-clinicos https://familia.sbim.org.br/covid-19/vacinas-em-uso-no-brasil/fiocruz- universidade-de-oxford-astrazeneca http://ppgmpa.sites.uff.br/duas-vacinas-contra-covid-19-serao-testadas-em- milhares-de-brasileiros/ https://nrc.canada.ca/en/research-development/intellectual-property-licensing/ adenoviral-vectors-vaccines-cancer-therapy-l-10890 https://bebe.abril.com.br/saude/fase-3-coronavac-inicia-testes-em-criancas-a- partir-dos-seis-meses/ https://www.nature.com/articles/s41541-021-00356-x https://butantan.gov.br/noticias/vacina-contra-hpv-fornecida-pelo-butantan- protege-contra-diversos-tipos-de-cancer
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